Histórico
A idéia de implantar uma Esplanada da Noroeste em Campo Grande (NOB) surgiu logo após o crescimento econômico com a enorme movimentação de cargas e de passageiros, verificados a partir de 1919, com a abertura dos mercados após a Primeira Guerra mundial. Os comerciantes sentiam-se impulsionados em importar produtos de e exportar, principalmente a charque e, com isso, Campo Grande passou a ser analisada pelos dirigentes da NOB – Noroeste do Brasil, como uma localidade onde deveria haver mais investimentos por parte da Companhia. A esplanada da Noroeste de Campo Grande, de acordo com o Departamento de Patrimônio da Rede Ferroviária Federal S/A, escritório de Bauru – SP, possui uma área de 223.200 metros quadrados, localizada na porção centro-norte da cidade. Fazem parte da área os imóveis residenciais e não residenciais, localizados nas seguintes ruas:
- Rua dos Ferroviários: 46 imóveis residenciais, quase todos de madeira, exceto dois;
- Rua Dr. Ferreira: 59 imóveis, sendo 58 residenciais (30 do lado direito, sentido norte e 28 no lado oposto) e a Escola Estadual de Primeiro Grau Álvaro Martins;
- Rua Calógeras: 10 imóveis sendo oito residenciais (as maiores casas da antiga NOB) além da Estação Ferroviária e do Armazém;
- Rua General Mello: 4 imóveis sendo 3 residenciais e o utilizado pelo escritório da RFFSA em Campo Grande;
- Rua Dr. Temístocles: 5 imóveis, sendo 4 residenciais e a sede do Sindicato dos Trabalhadores Ferroviários;
- Rua 14 de Julho: 27 imóveis sendo 26 residenciais e o Antigo Clube da Noroeste, atualmente usado pela Associação dos Aposentados da RFFSA.
Além desses imóveis localizados com acesso frontal para os logradouros públicos, existem outros imóveis que se encontram na parte mais central da área da Esplanada, sendo o maior de todos, em área construída, a unidade de manutenção das locomotivas – Oficina da NOB e uma outra Oficina de Apoio, que com a Rotunda, compõem um espaço interno de muito valor. Outros prédios desse miolo da Esplanada são o Galpão de Locomotivas, um Almoxarifado, os edifícios do pernoite, a Casa de Guarda e alguns galpões de madeira. Ainda no interior da área, um conjunto de trilhos ligando os prédios operacionais, contribui para que a área se constitua em um único espaço, dotado de acessos independentes, mas que guarda um certo zoneamento de funções planejadas há mais de 80 anos pelos engenheiros da NOB.
Assim, ao todo, a Esplanada em Campo Grande possui 160 imóveis nessa área, sendo a maioria em alvenaria (110, ou 68%) e o restante, 50 imóveis sendo 46 residenciais, em madeira.
Os imóveis, sua descrição e caracterização
Dos 160 imóveis existentes, de acordo com o levantamento de campo e com os dados da RFFSA – Bauru, alguns de madeira, localizados no miolo da Esplanada, foram demolidos nos últimos 10 anos. Todos os demais edifícios existem, apesar da referência na Planta da NOB, coincidente com o número do Patrimônio da RFFSA, possui, em alguns casos, dois imóveis na mesma inscrição, no caso as residências. Dessa forma, a partir de levantamentos de campo – com algumas plantas existentes e com as imagens fotográficas registradas, pudemos identificar e caracterizar os imóveis.
1 – A Estação Ferroviária de Campo Grande. Av. Calógeras, 3.045 - Patrimônio 28 e 29 RFFSA 420.0307 e 420.6243.
O edifício da estação ferroviária de Campo Grande, construído em 1935 pelo engenheiro Aurélio Ibiapina (1), constitui-se num corpo prismático alongado e baixo, com dimensões retangulares no pavimento térreo de 11,70m x 165,72m; a Plataforma de Embarque Coberta possui largura única de 3,95m por toda a extensão do prédio. No pavimento superior, uma área de 13,20 m x 8,85m com acesso por uma escada estreita, sem patamar, localizada na parte lateral do saguão. A área construída da parte térrea é de 1.938,92m2, e mais 116,82m2 no piso superior, totalizando 2.055,74m2, distribuídos em diversos espaços cobertos, abertos e fechados. No corpo principal e frontal do edifício, composto do saguão de entrada com 102,48m2 de área de piso, existe uma escada e é o único cômodo que possui laje de concreto. Os demais ambientes não possuem laje de teto e apenas um forro de madeira separa a cobertura em estrutura de madeira com telha de barro francesa. A área de embarque de passageiros, na parte sul da estação, possui uma área coberta de 646,80m2 (11,55 x 56,00m) onde se apresenta uma estrutura usando trilhos curvados de apoio, datados de 1906, 1907 e 1908, de ferro inglês, importados da Europa e cujo sistema construtivo era bastante utilizados em todo o país em pequenas estações. As paredes são de alvenaria de tijolos, tanto as de vedação quanto às de fechamento interno; a alvenaria externa está rebocada no corpo central e lateral direito enquanto que no, corpo lateral esquerdo, a alvenaria está aparente e pintada com tinta látex cinza; as esquadrias são de ferro com vidro liso ou canelado e as portas em madeira. As molduras das portas e janelas são em argamassa de areia e cimento e muito usadas em edifícios ferroviários. O telhado, em telha de barro francesa, possui, no corpo principal com dois pavimentos, quatro águas; nos demais corpos, duas e quatro águas; a cobertura da plataforma de embarque é em telha de fibrocimento ondulada.
2 – O Armazém Ferroviário de Campo Grande. Av. Calógeras, 3.045 Patrimônio 30 RFFSA 420.6262.
O edifício do armazém ferroviário de Campo Grande, mais conhecido como Galpão da NOB, construído em 1938, também se constitui num corpo prismático alongado, com dimensões retangulares de 11,50m x 125,90m, sendo que o interior do edifício possui área de 1.447,85 livres acrescidos de mais 71,40m2 de uma área adicionada, que soma um total de área construída em 1.519,25m2 e aproximadamente 7.500,00 m3 de volume interno. A Plataforma Coberta de Carga e Descarga, tanto na parte leste – frontal-, como na parte oeste, possui uma cobertura com 4,50 m de proteção e calçada de 1,85m de largura de m por toda a extensão do prédio na parte frontal e 2,00m nos fundos. Na parte central do edifício, uma entrada principal pela Av. Calógeras é marcada por elementos e frisos verticais, com a presença da marca NOB, na parte superior e janelas de ferro marcando a simetria. Uma porta de enrolar, sem proteção ou marquise, define a entrada. Na parte de carga e descarga, um conjunto de portas de madeira de correr, num total de oito (quatro para ambos os lados), define as aberturas ao salão. A cobertura desse espaço se dá com um conjunto de tesouras de madeira em um beiral descontínuo do corpo principal do telhado, com telhas metálicas. O salão não possui forro, deixando aparente a tesoura de madeira que se apóia em estrutura embutida na parede de tijolos aparente, que se sobressai nas quatro fachadas do edifício. A cobertura é em telha metálica, de zinco com duas águas e um frontão marcando as laterais. O pé-direito do salão é de 5,55m e de 3,50m na plataforma e o piso interno do edifício está, em relação ao nível da rua, erguido, em média, 0,65 cm.
3 – A Rotunda: oficinas, o giradouro e o edifício da lavagem de máquinas. Av. Calógeras, s/n - Patrimônio 104 e 114 RFFSA 420.7178 e 420.6351.
Rotunda é definida como toda construção de planta circular, freqüentemente coberta com uma cúpula, podendo constituir-se em edificação isolada ou um corpo de edificação. Em Campo Grande, a Rotunda é conhecida como um conjunto de edifícios inscritos em um círculo, alguns de planta em segmento de círculo, com a adição de um corpo menor nos fundos, onde funciona a Oficina que dá suporte simultâneo a 13 (treze) Locomotivas, servidas por um Giradouro com diâmetro de 20,00m e anteparadas por um edifício de planta em segmento de curva menor, onde funciona a lavagem das máquinas de ferro. Todo esse conjunto arquitetônico foi erguido nos anos 1941 e 1943 (2) e está inserido num espaço de 102,40m de diâmetro, localizado na parte central da Esplanada, com acesso pela Rua 14 de Julho, localizado entre os imóveis 123 e 125 ou ainda por um outro acesso pela Rua Eça de Queiroz. O edifício das oficinas possui uma estrutura rígida de pilares, vigas e terças de concreto que apóiam um telhado de telha de barro francesa em duas águas, em curva. Nas laterais, as empenas de fechamento possuem aberturas – janelas de ferro –, a, no alto, a inscrição da logomarca “NOB”. As paredes são de alvenaria de tijolo aparente de vedação das superfícies externas. Um anexo, na parte posterior da oficina, complementa a composição dos espaços internos do edifício. Na oficina, uma colunata, espaçada 3,75m uma da outras, suficiente para a entrada de uma locomotiva. O Giradouro é uma peça com 20,00m de diâmetro que conduz a locomotiva para uma das 13 baias da oficina. Movida mecanicamente, é uma das mais belas peças do conjunto ferroviário de Campo Grande. Um fosso foi construído para abrigar o maquinário de movimentação da carenagem. Já o edifício de lavagem das locomotivas possui uma planta de 25,00m de comprimento e uma face menor com 11,40m e a outra maior com 22,45m de segmento de raio. O espaço é aberto e coberto com telha de barro francesa; as empenas possuem elementos de arquitetura encontrados na empena da oficina. Apesar do tamanho da área da Rotunda, não há cerca de proteção ou de vedação desse grande espaço o que contribui para o acesso de pessoas estranhas ao serviço. Na parte externa e interna da Oficina, a Novoeste agregou, recentemente, um mobiliário ferroviário com aspecto museológico, dando mais qualidade aos espaços ali existentes.
4 – Os galpões internos e o setor do antigo pernoite. Av. Calógeras, s/n - Patrimônio 107, 108, 109, 110, 111, 112, 113 E 135. RFFSA 420.6327, 420.6316, 420.6299, 420.6332, 420.6334 e 420.6336.
Ainda na parte interna da Esplanada, entre o Espaço do Armazém e a Rotunda, há um conjunto de 8 (oito) edifícios, sendo dois de madeira e seis em alvenaria, onde ainda funcionam um Galpão de Manutenção de Veículos um depósito e almoxarifado das oficinas. Antigamente, funcionava o setor de pernoite de ferroviários, nos edifícios 110, 111 e 112. Esses prédios são construídos em alvenaria de tijolos, com forro de madeira e telhado em telha de barro francesa. O imóvel 135, abandonado, é uma pequena guarita de vigília e controle de locomotivas e tem a mesma tipologia dos anteriores, apesar das modificadas esquadrias em madeira. O imóvel 107, uma galpão de 802,00 m2 (10,00 x 82,00m) em cobertura de tesoura de madeira que apóia telhas de barro, com empenas em madeira com aberturas em arcos e um beiral lateral de proteção, apoiado em uma mão francesa em madeira.
5 – O Colégio Álvaro Martins e o Clube da Noroeste. Rua General Mello esquina com a Rua Dr. Ferreira, 28 e Rua 14 de Julho 3.268 - Patrimônio 66 e 124 - RFFSA 420.6261 e 420.6314 SP.
São dois edifícios de natureza institucional, construídos em épocas diferentes embora com estilos e significados concordantes. A escola, um edifício de 1934, com planta retangular de 19,20 x 12,40m e área construída de 238,08m2 e um acréscimo com mais 32,00 m2 onde funcionam os banheiros e a cozinha, totalizando 270,08 m2; o Clube, edificado em 1967, mesma ocasião do Hospital da Rua Cândido Mariano, é um prédio de arquitetura simplificada, com 902,00 m2 de área construída, composto de salões, espaços da Diretoria, cozinha, depósito e sanitários. Atualmente o imóvel está com a Associação dos Aposentados, mas mantém seu caráter de clube de lazer aos ex-funcionários.
6 – As residências em madeira. Rua dos Ferroviários – 1 a 27, exceto o de número 2; de 82 a 100, exceto o de número 89. Rua 14 de Julho - 126, 127 e 128.
As habitações construídas em madeira em Campo Grande não são diferentes das existentes em Ribas do Rio Pardo e Água Clara, principalmente. De tipologia com planta retangular, janelas e porta principal frontal e lateral, telhado com duas ou quatro águas, ou com corpo frontal avançado, colado a uma varanda frente – lateral; ou com a varanda frontal – lateral engastada na composição da planta, as casas de madeira dos ferroviários constituem um capítulo separado das edificações ferroviárias em geral. A área das edificações é muito variável (de 60,00 a 155, 00m2) de acordo com a quantidade de espaços internos, havendo necessidade de proceder levantamentos internos em todas elas.
7 – As residências em alvenaria. Av. Calógeras – 31 a 34 e 41 a 44; Rua Dr. Temístocles – 38, 40, 45, 46 e 47; General Mello, 48 a 51; Rua Dr. Ferreira – 52 a 65 e 67 a 81; Rua dos Ferroviários – 2 e 89; Rua 14 de Julho – 116 a 123 e 125 e da 129 a 134.
As residências em alvenaria de Campo Grande, excetuada a de número 2, foram todas construídas entre os anos de 1934 e 1939, sendo que a Vila da Rua Dr. Ferreira foi erguida pela empresa Thomé & Irmãos Ltda.
– A primeira casa ferroviária.
Localizada na Rua dos Ferroviários, possui frente voltada para os trilhos, pois, no início da urbanização, não havia ainda a Rua dos Ferroviários e o sentido de ligação era com a estação, aos fundos. Foi erguida no ano de 1920, na gestão de Arlindo Luz. É um edifício que possui características que o diferem de todas as residências de Campo Grande: possui um enorme terreno de 1.227, 48 m2 e uma área de 178,88 m2. No programa da edificação um escritório frontal com 21,0 m2, uma sala menor, outra maior, que abre porta para a varanda; três quartos grandes, uma copa, banheiro, cozinha e uma garage que faz parte do corpo da casa. A varanda em ferro trabalhado, guarda até hoje uma razão européia típica da arquitetura ferroviária; as janelas e as molduras em argamassa são também elementos de arquitetura que a transformam em edifício único na Esplanada. O lambrequim em madeira é único no conjunto, sendo encontrado, apenas, no telhado que liga a estação ao armazém.
– As casas da Rua Dr. Ferreira
As casas da Vila dos Ferroviários, como é conhecida pela população da cidade, estão implantadas de modo geminado, em duas tipologias diferentes: as do Grupo 1, de numeração de 52 a 65 e de 75 a 81 possuem terreno de dimensões variáveis mas o corpo central original em todas é o mesmo, com as seguintes características:
- Planta com 03 quartos, sala e copa além do banheiro, em alvenaria;
- Piso dos quartos em assoalho e dos demais ambientes em ladrilho vermelho;
- A cozinha, nos fundos ocupa quase toda a extensão lateral do terreno e a sua vedação em madeira.
Em alguns casos a cozinha existe com vedação em alvenaria e nos fundos um espaço coberto para lazer da família ou ainda para uma garage. Outra variação da planta encontrada é com um quarto a menos e um aumento da sala de estar; o acesso dessas casas é sempre na lateral, que pode estar coberto ou não, aproveitando como garage para automóveis. A área construída dessas casas é variável, mas, o corpo principal, sem a cozinha, que se repete em todas elas, é de 63,00m2 e com o acréscimo da cozinha aumenta para 81,00 m2. A largura frontal é de 6,60 m para se encaixar nos terrenos desdobrados.
Já as residências do Grupo 2, de número 67 a 74 constituem outra tipologia, em terrenos menos profundos. São plantas com um corpo principal com uma varanda, dois quartos e uma sala com 41,10m2 acrescidos de um espaço com cozinha e banheiro de mais 27,00 m2, totalizando 68,00m2. Essas casas geminadas são cobertas com telha de barro tipo francesas com forro de madeira. As do Grupo 1 possuem duas janelas de madeira com tapador na parte frontal; as do Grupo 2, uma janela frontal e a porta de acesso, pela varanda.
O telhado das do Grupo 1, pelo afastamento na parte interna, nos fundos, possui recortes que contribuem para o surgimento de cinco ou mais águas; as do Grupo 2, possuem, no geral, quatro águas.
Uma característica dessas 58 casas é que as mesmas estão alinhadas na parte frontal, recuadas na lateral e nos fundos, possibilitando uma aeração e uma penetração de raios solares nos diversos cômodos da edificação. A Rua Dr. Ferreira com 9,00 metros de largura e com calçadas de 1,00m, está revestida em paralelepípedo irregular e a calçada em tijolos assentados de forma regular, com paginação própria. O meio fio, também foi construído em tijolos.
– As casas dos funcionários graduados
Esse grupo de residências localizadas frente para a Av. Calógeras, de números 31, 32, 33 e 34, respectivamente 2.960, 2980, 3.002 e 3.018 além do 2.988, uma edícula colada à de número 32 (2.980), foi construído entre 1935, iniciada pelo engenheiro Aurélio Ibiapina e finalizada em 1939 e servia aos funcionários mais graduados empregados na NOB, como engenheiros, pessoal do tráfego, encarregados, dentre outros. A de número 31, mais conhecida como a Casa do Chefe da NOB em Campo Grande, onde residiram todos os que comandavam a NOB aqui, é outro edifício com características arquitetônicas que a difere das demais do conjunto. O corpo principal em forma retangular com 8,90 x 20,50m e área construída de 182,45m2, e uma varanda de 4,20 x 8,50m (35,70m2) que totaliza 218,15m2 de área, possui duas salas, três quartos, uma copa, cozinha e dois banheiros além de um escritório, necessário para o desempenho das funções de chefia. Da cozinha, através de uma varanda-hall se acessa o despejo, com um dormitório e varanda além do serviço e churrasqueira para as festas. A arquitetura dessa residência, tipicamente eclética européia, não é única no conjunto da NOB. A Casa do Chefe de Araçatuba, erguida em 1921, é idêntica, conforme nossos levantamentos realizados. Um alpendre avarandado lateral e frontal compõe a edificação junto ao corpo central; o ponto do telhado frontal, mais alto, encontrado na arquitetura alemã e inglesa, demonstra o interesse do capital internacional pela nossa ferrovia Noroeste do Brasil. Uma das principais características dessa casa é a existência de uma área localizada no piso inferior, com pé-direito de 2,10m que reproduz o desenho da planta da edificação que compõe a fachada com cantaria. Os elementos ornamentais da edificação vão aparecer nos detalhes de vedação em argamassa com frisos, no lambrequim e nos vidros cristais das bandeiras das portas internas. A de número 32 possui uma edícula de número 36 e é a única com dois pavimentos de todo o conjunto ferroviário de Campo Grande e tem 315,00 m2 de área construída num terreno de 1.257,52 m2 (20,70 x 60,25m); a de número 33 possui 207, 30 m2 e uma bela varanda frontal e um terreno de 1.185,80 m2, com 19,60m de frente e 60,50m de fundos; já a de número 35, localizada na esquina da Av. Calógeras com a Rua Dr. Temístocles possui um terreno de 1.047,51 m2 e uma área construída de 220,10m2 e uma enorme varanda frontal com arco em alvenaria de tijolos.
– As casas da quadra Rua Dr. Temístocles com a Calógeras e General Melo
Esse grupo, de números 40 a 51, é tipologicamente muito forte dentre as casas da Esplanada da Noroeste do Brasil, pois, com sua varanda lateral, direita ou esquerda e com 128, 00 m2 de área construída e terrenos estreitos, mas profundos o que contribui para a construção de edículas em quase todas elas. Junto com a varanda lateral, um quarto frontal, com uma única janela em madeira, compõe a fachada frontal.
As únicas edificações diferentes desse conjunto são as de número 38, onde funciona a sede do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias de Bauru e Mato Grosso do Sul. A planta em “T”, com corpo menor, contribui para que a parte mais frontal tenha duas águas enquanto que nos fundos existem quatro águas e a de número 51, onde está funcionando o escritório da RFFSA em Campo Grande.
– As casas da Rua 14 de Julho
Na Rua 14 de Julho, as casas de número 116 a 119 possuem tipologia arquitetônica e compositiva das de números 40 a 50; as do grupo 120 a 123, são do mesmo tipo das de 52 a 65, encontradas na Rua Dr. Ferreira. Uma das casas que possui um sistema de esquadrias e de estrutura em madeira na varanda único, é a de número 126, com recortes em segmentos de arco na parte superior da janela frontal e barras simétricas de madeira no apoio da varanda frontal. Da 127 até a 134 as tipologias se repetem das existentes na Rua dos Ferroviários ou na Calógeras.
notas
1
Aurélio Ibiapina, Paulista de Pirassununga e nasceu em 18/02/1899. Aos 12 anos foi para São Paulo estudar no Mackenzie College e de lá saiu formado em Engenharia em 1922. Seu primeiro emprego foi na Companhia Construtora de Santos, de Roberto Simonsen e veio para Mato Grosso trabalhar na construção dos quartéis de Aquidauana, Campo Grande, Nioaque e Bela Vista. Em 04 de maio de 1929, por ato do Presidente da República Washington Luiz, Aurélio Ibiapina foi nomeado engenheiro do quadro de funcionários da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, quando era diretor Victor Gustavo Mascarenhas Tamm. Em Campo Grande, em janeiro de 1935 passou a Inspetor de Tráfego e nessa ocasião ele construiu a Nova Estação da Noroeste em Campo Grande e a casa para a Inspetoria, na Av. Calógeras frente à entrada principal da estação. Aurélio Ibiapina é também responsável pelos estudos de eletrificação da rede, no seu primeiro trecho de Bauru a Araçatuba. Faleceu em 27 de julho de 1956. Fonte: CABRAL, Noélia Ibiapina. Os ferroviários da minha vida. Campo Grande: Associação dos Novos Escritores, 1992.
2
Relatório 44, p. 37.
referências bibliográficas
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ARRUDA, Ângelo Marcos Vieira de. Turismo e Cultura: Novos Usos para a Esplanada da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil em Campo Grande-MS. In: Anais do V Seminário Nacional e do I Encontro Latino-americano de Preservação e Revitalização Ferroviária. UNIMEP – Piracicaba-SP, 15 a 18 de agosto de 2001.
CABRAL, Noélia Ibiapina. Os ferroviários de minha vida. Campo Grande: Associação dos Novos Escritores, 1992.
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NEVES, Correia das. História da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil. Bauru : Tip. Brasil, 1958. 150p.
QUEIROZ, Paulo R. Cimó. Uma ferrovia entre dois mundos : a E. F. Noroeste do Brasil na construção histórica de Mato Grosso (1918-1956). São Paulo, 1999. 559p. Tese (Doutorado em História Econômica) – FFLCH/USP.
___________. A Estrada de Ferro Noroeste do Brasil e o turismo em Mato Grosso do Sul: considerações históricas. In: BANDUCCI JR, Álvaro e MORETTI, Edvaldo César. Qual Paraíso? Turismo e Ambiente em Bonito e no Pantanal. Cão Paulo: Chronos: Campo Grande (MS), Editora UFMS, 2001.
REDE FERROVIÁRIA FEDERAL. Guia Esquemático de linhas, troncos e ramais. Departamento Regional de Via Permamente e Obras. Rio de Janeiro, 1986.
REDE FERROVIÁRIA FEDERAL. Manual de Preservação de Estações Ferroviárias Antigas. Superintendência do Patrimônio. Rio de Janeiro, 1991.
sobre o autor
Ângelo Marcos Vieira de Arruda é arquiteto e professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Uniderp, Secretário- Executivo da ONG Ação Cultural Ferroviária (Ferroviva)