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architexts ISSN 1809-6298


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Neste artigo a autora fala sobre a produção dos arquitetos Rodrigo Lefèvre, Sérgio Ferro e Flávio Império, num breve percurso por alguns textos e obras, destacando o processo crítico que anima essa produção


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ROCHA, Angela Maria. No horizonte do possível. Arquitextos, São Paulo, ano 07, n. 075.05, Vitruvius, ago. 2006 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/07.075/331>.

Qual o significado da arquitetura paulista atual? Qual a função social do arquiteto? Estas questões vêm sendo colocadas em diversas situações, com maior ou menor intensidade, e encontrar repostas seria resultado do trabalho de muitos ensaiando nesta direção. A obra de Rodrigo Brotero Lefèvre, Sérgio Ferro Pereira e Flávio Império possibilita o contato com uma produção pouco conhecida, particularmente pela geração mais jovem, e que é intensamente vinculada às questões sociais, revelando temáticas e caminhos ainda hoje postos como problemas.

Rodrigo, Flávio e Sérgio participaram, direta ou indiretamente, da formação das novas gerações que hoje se defrontam com a prática profissional e com as teorizações sobre as práticas arquitetônicas. Suas reflexões puderam ser divulgadas através das atividades didáticas ou da edição de textos e as problemáticas colocadas tomaram seus próprios caminhos na difusão das idéias. Entretanto, estes arquitetos também experimentaram as contradições de nosso tempo nas suas próprias obras, na prática do projeto, tomando-as como momentos de crítica, de reflexão e expressão destas contradições.

Eles concluem a FAUUSP em 1962, informados por um lastro de problemáticas elaboradas como ideário da arquitetura moderna em São Paulo que, de modo genérico, poderia ser expresso como uma preocupação com o desenvolvimento da industrialização e racionalização da construção em vista do déficit habitacional do país. Trabalharam em conjunto ou em duplas em alguns projetos. Outros foram desenvolvidos em separado, mas sempre mantendo a discussão a respeito de cada trabalho. As diferentes personalidades se expressam, se influenciam e deixam traços em cada projeto, em textos. Por isso torna-se difícil hoje abordar a contribuição individual de cada um e ao mesmo tempo é impossível ignorar as diferenças.

Proponho um breve percurso por alguns textos e obras, destacando na medida do possível o processo crítico que anima essas produções.

Em 1961, quando ainda estava se formando, Flávio Império executou um projeto em Ubatuba, na praia da Enseada, SP. Trata-se da residência Simão Fausto, que tem a estrutura da cobertura em abóbadas de tijolos comuns das olarias locais assentados sobre armação de madeira. Na parte superior da estrutura, um jardim pretende restituir ao lote a área construída. Os tímpanos das abóbadas são em elementos vazados. Este tipo de abóbada foi usado por Le Corbusier nas casas Jaoul, em Paris. Projetadas em 1952, foram construídas por imigrantes argelinos. Seria uma apropriação dos procedimentos construtivos tradicionais “terceiro-mundistas” por parte de Le Corbusier? Nas mãos de Le Corbusier tais procedimentos podem ser interpretados por europeus como “arte pela arte”, como um fim em si. Flávio Império parece ter encontrado outras afinidades que o levaram a interpretar essas abóbadas. Recém-formado e informado pela obra de Artigas, de quem foi aluno, está permeável à expressividade das práticas construtivas das casas populares que consegue identificar nessa obra de Le Corbusier.

Em 1962, Sérgio e Rodrigo realizam o projeto da residência de Marietta Vampré, no Sumarezinho, SP. A estrutura e a cobertura são em concreto, os vedos em blocos também de concreto – um repertório muito comum da arquitetura paulista do período. A preocupação com a racionalização do processo construtivo fez com que, na prancheta, cada parede fosse detalhada localizando cada bloco e prevendo os encaixes dos encanamentos. Ao terminar a construção não sobraram nem faltaram blocos.

Poética da Economia

Em 1963 Sérgio e Rodrigo assinam o texto: “Possibilidade de atuação” (2). Trata-se de um texto de seis páginas editado pelo GFAU. Uma proposta para debate. “Nada mais angustiante e penoso do que a definição e a escolha de caminhos, não só práticos, mas principalmente teóricos, na arquitetura, quando se encara o problema com responsabilidade devida”. Assim iniciam o texto. Há o reconhecimento dos conflitos que percorrem nossa realidade, e “é com a consciência clara desta situação-no-conflito que devemos atuar”. Uma preocupação de se inserir no presente: “As previsões e antecipações de uma solução, por mais que tentem se fundamentar, não passam de meras hipóteses, pela insistência nestas visões de futuro, a obra se torna freqüentemente inadequada para o caso presente”. São propostas as bases de uma “poética da economia”: o mínimo útil, o mínimo didático e o mínimo construtivo.

Uma proposta estética que não é encontrada em nenhum texto posterior. “Assim é que do mínimo útil, do mínimo construtivo e do mínimo didático necessários, tiramos, quase, as bases de uma nova estética que poderíamos chamar a ‘poética da economia’ do absolutamente indispensável, de eliminação de todo o supérfluo, da ‘economia’ de meios para formulação da nova linguagem, para nós inteiramente estabelecida nas bases de nossa realidade histórica” (3).

Na revista Acrópole em número dedicado a Sérgio Ferro, Rodrigo B. Lefèvre e Flávio Império, a residência Marietta Vampré é comentada por eles: “A exigência de máxima economia levou à absoluta racionalização da construção. A dureza do espaço resultante deixa claro o significado da exigência” (4).

É em 1964 que Sérgio e Rodrigo executam o projeto da casa Cleômenes Dias Batista, no Alto de Pinheiros, SP. Nesta casa em concreto, a estrutura, com tirantes, exterior e visível manifesta o esforço didático. O “mínimo útil” agrega a cada traço necessário um desenvolver-se em alguma coisa além. O parapeito projeta-se em bancada, a bancada prossegue em patamar da escada; a circulação em torno do pé-direito duplo se transforma em mezanino onde um painel de concreto, guarda-corpo, no seu verso abriga um sentar... Todo o espaço é útil, ainda para ser contemplado se exibindo ao olhar.

Entre estas duas residências, houve o projeto da casa de Cotia, em 1963, também publicado na Acrópole de 1965. Verificamos que ela forneceu bases para uma mudança de direção em relação às colocações anteriores. O fato de ter sido construída em Cotia com a disponibilidade do material e mão-de-obra locais, parecer ter incidido no processo em curso. No artigo referente a esta obra uma tomada de posição: “Enquanto não for possível a industrialização em larga escala o déficit habitacional exige o aproveitamento de técnicas populares e tradicionais” (5). Foi esta primeira experiência em abóbada de Sérgio Ferro. Trata-se de “uma abóbada circular, constituída de vigas retas de tijolo furado, com o auxílio de cambotas simples de madeira, (...) foi erguida em poucos dias por um só homem” (6). Quanto ao espaço resultante desta abóbada: “a independência da cobertura permite, simultaneamente, o rigor estrutural e o livre manejo do espaço interno, a distribuição de funções e áreas de acordo com um sistema de vida mais integrado e dinâmico, a mobilidade e economia espacial, podendo cada ambiente, desprovido de desnecessários excessos, ter mais de um uso” (7).

A observação dos procedimentos de produção no canteiro já presente nas outras obras, nessa casa adquire um outro significado. Se essa observação é necessária no sentido do controle de uma racionalização prevista no projeto, em Cotia assume uma postura receptiva de assimilação da tradição da mão-de-obra, incorpora erros que acabam por favorecer o caráter expressivo da obra. Aqui também a diferenciação das funções (estrutura, vedo e cobertura) anteriormente colocadas como base para a maior racionalidade da construção ao formularem a “poética da economia”, abre caminho para a indiferenciação destas funções. Posteriormente Rodrigo desenvolverá a estrutura em abóbadas e essa indiferenciação, com ele, terá justificativas de ordem econômica, de eficácia construtiva e de uso.

Precária em refinamentos

A residência Simão Fausto, projeto de Flávio Império, permite aproximações da casa de Cotia, projeto de Sérgio Ferro. Ambas localizadas fora de um centro urbano, diversamente das outras, empregam mão-de-obra pouco especializada e materiais como tijolos comuns, numa “execução precária em refinamentos e inteiramente crua” (8).

Em Artigas, o uso de processos construtivos e materiais do repertório popular se integram no trabalho de desenvolvimento e emprego dos meios tecnológicos possíveis na procura da significação expressiva da obra arquitetônica. Uma postura como arquiteto e artista identificado com as forças sociais mais progressistas a engajar na sua prática essa visão de mundo.

Mas a arquitetura enquanto arte, enquanto formação ideológica, parecia não estar mais se conformando como processo crítico de tomada de consciência dos conflitos existentes. A premência das questões sociais tem como resultado a colocação do aproveitamento de técnicas populares e tradicionais como urgência. Uma postura como essa encontra eco em propostas de arquitetos da geração atual, as quais visam à autoconstrução. Uma resposta técnica às questões sociais. Entretanto, para Sérgio, Rodrigo e Flávio, a casa de Cotia representava um momento em suas trajetórias e por certo alimentou muitas das suas discussões.

Prosseguindo este percurso, cronologicamente se segue em 1964 o projeto da residência Sylvio Bresser Pereira, executado por Sérgio e Rodrigo, construída no Morumbi. Essa casa constitui uma elaboração os procedimentos anteriores, como se manifestasse a procura de uma síntese. A cobertura é em abóbadas, enquanto a estrutura que a sustenta é de um rebuscado formal e construtivo que faz referências ao repertório da arquitetura moderna paulista. A cobertura é uma nítida retomada da experiência de Cotia. Em 1966 a pesquisa com abóbadas pôde avançar mais a partir dos projetos de escolas para o extinto Fece desenvolvidos por Flávio, Sérgio e Rodrigo. É quando o Ginásio Estadual Normal de Brotas foi construído e o Instituto de Educação Sud Mennucci em Piracicaba teve sua construção interrompida por ocasião do seu desabamento quando do descimbramento equivocado das fôrmas. Houve oportunidade de experimentar o uso de abóbadas cobrindo maior área e um programa que não o residencial. As abóbadas são acopladas em seqüência e nas extremidades desenvolvem-se a partir do chão. As vigas são curvas (provavelmente em tijolo furado também) e com “rasgos” para iluminação na própria abóbada.

Raspando o maneirismo

Em 1967, Sérgio Ferro publica um texto no primeiro número da revista “Teoria e Prática”, denominado “Arquitetura Nova”. Nesse artigo, como que se dá conta de que o arquiteto não tem mais lugar no projeto social que contribuíra em delinear. Niemeyer e Artigas “avançaram uma arquitetura sóbria e direta, armada com todos os recursos adequados à situação brasileira” (9), diz ele. Quanto aos arquitetos novos, “preparados nessa tradição, cuja preocupação fundamental eram as grandes necessidades coletivas, já desde 60, aproximadamente, no início da atual crise, sentiram o afastamento crescente entre sua formação e expectativas” (10). Reconhece que houve uma reiteração forçada das propostas, “raspando já o maneirismo”, ocasionada pela “frustração e desmoronamento do desenvolvimentismo”. E acrescenta: “Este consumo contínuo e voraz da linguagem, permanentemente enfraquecida em sua agressividade pela banalização espúria que dilui a carga expressiva, somadas às reduções do campo profissional provocadas pela crise, explica melhor o absurdo concreto que são as manifestações principais da nova arquitetura” (11).

Flávio e Rodrigo continuam as pesquisas, realizando em 1968 o projeto da casa Juarez Brandão Lopes. Essa casa tem somente a cobertura em abóbada assemelhando-se antes à residência Simão Fausto. Houve uma simplificação da estrutura em relação às anteriores. As abóbadas são em vigotas curvas tipo “prel” e o espaço interno, embora lembre a casa Cleômenes, tem uma intenção diversa. Observamos, como exemplo, a escada em concreto, leve e bem conhecida do repertório da arquitetura moderna em uma delas, a casa Cleômenes, em laje dobrada formando os degraus. Já a escada da residência Juarez Brandão Lopes é maciça, em alvenaria que se ergue desde o chão até formar o piso de cada degrau. Uma escada rude, que não exige grandes recursos técnicos para sua execução. A respeito dessa casa, Rodrigo escreve, entre outras coisas: “Mas a ‘agressão’pretendida funciona até um certo ponto, quando os elementos da linguagem arquitetônica utilizados passam a ser considerados ‘bonitos’e são absorvidos como ‘modismo’” (12). Aponta a interferência de aspectos da cultura erudita “causada pela grande dicotomia existente no Brasil, entre a cultura erudita e a cultura do povo, e, portanto, pela dificuldade de se livrar dos resquícios de cultura erudita, taticamente abandonada” (13).

A “agressão” ou o potencial crítico que a arquitetura pode conter enquanto expressão artística são relegados em favor de uma hipótese de atuação no processo construtivo através da elaboração de um modelo de produção fundado na cultura popular. O déficit habitacional é ainda mais uma vez apontado nesse artigo. Coloca como possibilidades: a utilização do conhecimento popular de técnicas construtivas e soluções espaciais provenientes das práticas do “mutirão” ou “ajuda mútua nas horas de folga”, modo como foi construída a maioria das habitações existentes; e “a existência de uma cultura do povo (que inclui esse conhecimento) ainda sem grandes influências da cultura erudita (européia e norte-americana), necessitando de rápida vitalização para a participação do povo nas decisões nacionais” (14). A procura é no sentido de elaboração de um modelo de produção, acrescenta.

Toda a relevância atribuída às relações sociais que engendram tanto a exploração do trabalho nos canteiros de obra quanto o déficit habitacional evita mencionar a arquitetura como expressão artística e como forma de conhecimento, por razões táticas. É uma maneira de não desviar as atenções do conteúdo das propostas e cair em “modismos”, como ocorreu com muitas das propostas de Artigas que foram incorporadas ao repertório da arquitetura paulista, o mais das vezes destituídas do vigor crítico que animou o seu processo criador.

Na prática, a intenção plástica sempre esteve presente nas obras realizadas pelos três arquitetos.

Flávio já havia ampliado seu campo de trabalho para a cenografia. Como projeto de edifício, apresentou em 1978 à Secretaria Municipal de Cultura um ante-projeto para construção de teatro em um terreno na confluência das ruas Frei Caneca e Caio Prado. Entretanto, suas atividades estavam então, predominantemente, voltadas para a cenografia. Sérgio manteve, como Flávio e Rodrigo, atividade de professor, desenvolvendo trabalhos teóricos sobre arquitetura e dedicando-se à pintura. Radicou-se na França a partir de 72, sendo também professor na Universidade de Grenoble.

Rodrigo é quem continuará desenvolvendo e amadurecendo as questões postas através destas obras no projeto de edificação. Elabora a abóbada em cada projeto de residência que realiza posteriormente, tanto no seu processo construtivo quanto no uso do espaço que a abóbada propõe. A abóbada fincada no chão define cobertura, estrutura e vedo, tornando-se expressão do encontro do denominador comum abrigo para essas diferentes funções. Do ponto de vista estrutural, propõe abóbadas constituídas por vigotas curvas de concreto do tipo “volterrana”, executadas na fábrica a partir da curva desenhada pelo arquiteto. As abas inferiores das vigotas apóiam os blocos de tijolos cerâmicos furados. Uma camada de concreto fundido no local solidariza o conjunto.

No aspecto construtivo, trata-se de uma proposta que se abre para as possibilidades atuais da industrialização aliada aos procedimentos rotineiros da auto-construção. Nesse sentido, as abóbadas estão fincadas no presente, no horizonte do possível. As propostas para uso desse espaço surgem como combinatórias à disposição do usuário. São sugestões que abdicam do desenhar o homem abstrato que delas fará uso; subjugam-se ao homem concreto que procura, antes de mais nada, o abrigo.

É necessário observar que a prática destes arquitetos nesse período se desenvolve no horizonte de muitas lutas políticas, às quais sempre se mantiveram atentos. A década de 60 foi, para os brasileiros, um período conturbado de sua história. Brasília é inaugurada em 1960. Jango toma posse em 1961, depois da renúncia de Jânio Quadros. Ocorre golpe militar em 1964 e a resistência à ditadura toma corpo: em 1967 e 1968 sai às ruas, se explicita em greve contra o arrocho salarial ou na luta de guerrilha urbana que passa, com o AI-5 no final de 68, a encarnar as expectativas de resistência.

As mudanças políticas e econômicas mobilizaram esperanças e frustrações que, permeando o dia-a-dia, foram conformando as relações sociais com que se inicia a década seguinte: Médici na Presidência e as atenções do país voltadas para a copa mundial.

notas

1
Texto publicado anteriormente na revista AU/Arquitetura e Urbanismo, n. 18, jun./jul. 1988, p. 82-87.

2
FERRO, Sérgio; LÉFEVRE, Rodrigo. “Proposta inicial para um debate: possibilidade de atuação”, In: Encontros GFAU 63, São Paulo, GFAU, 1963.

3
Idem.

4
Acrópole, n. 319, São Paulo, jul. 1965.

5
Idem.

6
Idem.

7
Idem.

8
Idem, p. 37.

9
FERRO, Sérgio. “Arquitetura Nova”, In: Teoria e Prática, n. 1, São Paulo, 1967.

10
Idem.

11
Idem.

12
Ou..., n. 4, São Paulo, GFAU, jun. 1971.

13
Idem.

14
Idem.

sobre o autor

Angela Maria Rocha, arquiteta formada pela FAUUSP, onde é professora doutora desde 2001 no Departamento de Tecnologia da Arquitetura.

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