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research

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architexts ISSN 1809-6298

abstracts

português
A investigação busca compreender a origem das discussões teóricas, base do conceito do YPD desenvolvidos pelo Arquiteto Guillermo Jullian, e a composição de este conceito projetual nos Edifícios Habitacionais para as superquadras de Brasília.

english
The research has its focus in the origin of the theoretical discussion of the concept of YPD and the composition of this projetual concept in the residential buildings part of the Brasilia construction.

español
La investigación busca comprender el origen de las discusiones teóricas las cuales fueron base del concepto de YPD y la composición de ese concepto en el proceso proyectual en los Bloques de Viviendas para las super-cuadras de Brasilia.


how to quote

COSTA, Claudia Puzzuoli dos Santos. Os estudos conceituais do Yello Peripherical Distinction nos edifícios habitacionais de Brasilia de Guillermo Jullian. Arquitextos, São Paulo, ano 14, n. 162.01, Vitruvius, nov. 2013 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/14.162/4957>.

Yellow Peripherical Distinction é um sistema projetual desenvolvido por Guillermo Jullian de la Fuente, aplicado primeiramente no projeto da Embaixada da França em Brasília, e nos projetos dos edifícios habitacionais para os funcionários da Embaixada.

O conceito foi discutido pela primeira vez em abril de 1973 no encontro do Team X (1) em Berlim, no qual Jullian foi convidado a expor suas ideias. Na ocasião, Jullian apresentou a versão final do Hospital de Veneza e os projetos realizados recentemente para a Embaixada da França em Brasília. Os projetos de Brasília expostos estavam em etapa de ante-projeto e junto a eles, foi exposto também, os desenhos e métodos desenvolvidos para compor os edifícios. Nas laminas apresentadas, se demonstrou de forma gráfica a estratégia arquitetônica conceitual, adotada nos projetos.

De acordo com Jullian, ele explica o YPD a partir do conceito de “In-between” de Aldo Van Eyck, um dos componentes do Team X. “In-between” foi aplicado por Van Eyck nos orfanatos de Amsterdã, e é entendido por ser o lugar geométrico que articulas as diferentes partes do programa. Propõe, assim, no alargamento desse limite, um novo lugar no projeto. O conceito de Van Eyck usa o traçado quadricular como principal ferramenta de composição, e busca assim, levar ao edifício uma condição urbana, capaz de aceitar um grau de mudança e indeterminação no tempo.

Tais ideias debatidas sobre o conceito de “In-between”, influenciaram os membros do Team X. O trabalho de Van Eyck com o conceito de “In-between”, resultou em uma série de investigações por meio de projetos urbanos de forte caráter horizontal, nominados de “Mat-Building”. As principais idéias trabalhadas nos estudos são: a relação da edificação com a cidade, a flexibilidade de seus usos, sua condição de “infra-estrutura habitável” e a adaptação que os usuários pudessem fazer dela no passar do tempo.

Jullian, imerso nas discussões do Team X, desenvolveu o conceito do YPD, em que o representou a través de uma trama habitável, formalizada pelo tartam. O tartam seria composto por faixas de espessura variável, o qual agregava sempre o conceito de “In-between”. As medidas dessas faixas de tartam correspondem com o programa do projeto, expressadas pelas cores azul, amarelo, laranja e verde. Tais espessuras levam diversos significados, mas sempre com uma das espessuras flexível, representado pela cor amarela, que adapta as dimensões. As medidas dessas espessuras são baseadas no Modulor (2), de Le Corbusier. Assim, as medidas básicas da primeira régua que compõe o YPD são 35, 70, 1.56, 43.

Régua do Yellow Peripherical Distinction [arquivo pessoal do autor]

As outras medidas são em base a essas medidas básicas. Por exemplo, levando em consideração que a medida da faixa mais grossa, de dimensão 1,56, representado pelas cores laranja e verde, as medidas da régua seguinte são resultado da soma de um ou mais módulos de faixa amarelo ou azul, à faixa laranja.

Com esse jogo de adicionar um ou mais módulos se obtém uma variedade de padrão de malhas, resultado da escolha ao dispor as faixas do quadriculado, no momento da composição dos programas de um projeto específico.

Medidas BSCU e YPD [Archivo Original de la Pontificia Universidad Católica de Chile. Fondo Guillermo Jullian d]

Jullian também trabalhou a ideia de unidade mínima espacial ao compor o quadriculado do tartam. Nomeado de BSCU (Basic Square Unit), esse conceito trabalha as dimensões desse tartam com unidades que ordenam o projeto. O trabalho da unidade posterior a essa medida corresponde ao YPD (Yellow Peripherical Distinction) que é conhecido por ser a unidade com a espessura periférica amarela. A composição do YPD com a espessura amarela é a que converte o quadriculado em tartam. O exercício de conceituar o YPD também tratou de trabalhar posteriormente a ideia de agrupamento dessas unidades, compondo a ideia de: SG (Spatial Grid) e CZ (Circulation Zone), ambas compostas pelo BSCU.

Esquemas Unidades de YPD [Archivo Original de la Pontificia Universidad Católica de Chile. Fondo Guillermo Jullian d]

Contrapondo as dimensões trabalhadas na régua do YPD, o BSCU corresponde a uma unidade de faixa laranja somada a quatro unidades amarelas. Que resulta, assim, na dimensão de 2,96. O YPD é então um BSCU, mais quatro faixas amarelas, assim levando a lógica de: 0,70+2,96+0,70=4,36 (YPD)

A trama é traduzida nas três dimensões do projeto, como um quadriculado 3D e esse quadriculado é reproduzido em até quatro dimensões, expressada pelo que chamou Jullian de SSS (Stage Setting Shift). De acordo com Jullian a tentativa de reproduzir em escalas ainda maiores, as dimensões da régua original, perdem proporção.

SG, Spacial Grid. [Archivo Original de la Pontificia Universidad Católica de Chile. Fondo Guillermo Jullian d]

Assim, com esse quadriculado de medidas ajustáveis, nomeada como Yellow Peripherical Distinction, Guillermo Jullian formalizou o trabalho incumbido a ele na Embaixada da França em Brasilia e os blocos habitacionais dos funcionários da Embaixada.

O trabalho da Embaixada é parte da construção da cidade de Brasilia, capital do Brasil inaugurada em 1960, feita no período da presidência de Juscelino Kibitschek(3) O desenho urbano, assim como o plano maestro, foi encarregado ao arquiteto Brasileiro Lucio Costa(4) ao ganhar o concurso promovido pelo governo brasileiro que propunha a construção de uma nova capital localizada na planície central do país.

Plano Urbano de Brasilia
MARSHALL, Catalina. La ciudad comprimida, el bloque como soporte y contenedor de múltiples

No seu plano maestro, Lucio Costa propõe uma cidade organizada por dois eixos principais, os quais organizam as escalas propostas à serem trabalhadas: a monumental, a residencial, a gregária e a bucólica. O eixo menor é concebido como um eixo monumental, e abre espaço para o centro cívico e administrativo. Os setores comerciais de serviço e cultura. As áreas residenciais são compostas por quadras ortogonais organizadas pela autopista, e formam assim o eixo maior, unidas como duas asas em seu centro por um terminal rodoviário.

A área residencial é composta pelo que dominou Lucio Costa de super-quadras. As super-quadras são organizadas paralelas a autopista, cada uma agrupa quatro quadras de 300m de lado cada uma.

A área residencial tem as quadras cercadas perifericamente por uma densa arborização e tem o padrão de seis pavimentos sobre pilotis, com a idéia de livre circulação e permanência nas áreas comuns. Com esse conceito, o projeto buscou eliminar a rua tradicional como eixo articulador entre dois volumes construídos e o loteamento privado. Esperava, assim, gerar um espaço livre, continuo, sem barreiras nem transito de automóveis, um espaço com caráter de um grande parque público. Essas áreas formam uma vizinhança servida de infra-estrutura comercial e serviços para a comunidade local. O conceito desse urbanismo proposto em Brasília tem a ideia de fornecer uma mescla de usos ao residente de tais áreas.

Os blocos implantados nas quadras têm uma medida padrão de 12 x 80 metros de base por 21 metros de altura. Portanto, o conjunto de edifícios encontrados em uma quadra são visualmente homogêneos, ainda que sejam propostos por uma quantidade grande de diferentes arquitetos. A normativa padrão dos edifícios está no plano Costa-Niemeyer. A ideia era criar uma relação de vida nos edifícios habitacionais verticais e o parque no nível da rua. Com esses padrões pré-estabelecidos, começa o trabalho encarregado a Jullian, de desenvolver os edifícios habitacionais dos funcionários da Embaixada da França.

Implantação dos blocos encarregados ao atelier de Guillermo Jullian na quadra 203 Sul.
MARSHALL, Catalina. La ciudad comprimida, el bloque como soporte y contenedor de múltiples [Marshall, Catalina. La ciudad comp]

O projeto da Embaixada da França em Brasília foi originalmente direcionado a Le Corbusier, na época que Jullian era o arquiteto chefe de seu atelier. Com a morte de Le Corbusier o trabalho foi redirecionado a Jullian, o qual conto com a colaboração de Oscar Niemeyer(5). Posteriormente Jullian recebeu o trabalho dos edifícios habitacionais e vila de funcionários da Embaixada da França. O presente projeto centra a investigação do discutido conceito de YPD e o trabalho elaborado por Jullian e seu atelier nos Edifícios Habitacionais.

O projeto dos blocos residenciais surge com a necessidade de agrupar em um mesmo setor os funcionários franceses da instituição, constituídos por um grupo considerado heterogêneo em questão a suas classes sociais. Assim, o trabalho se resumia em três blocos localizados na super-quadra 203 sul, na asa leste do eixo de transporte público, a dois quilômetros da chancelaria da França, chancelaria que a sua vez se localizava na zona das Embaixadas. A super-quadra 203 sul tem limite com uma rua comercial, que se repete cada duas super-quadras, e ao norte se separa da quadra 202, pela massa vegetativa.

Nos padrões da asa residencial de Brasilia, o projeto desenvolvido por Jullian também se relaciona com o solo de forma a gerar espaços livres, possível a través de pilotis. As unidades do bloco tinham dimensões que iam de 30m² a 170m², estudados em seis tamanhos diferentes com um total de quarenta unidades.

“Em um mesmo bloco se deveria alojar familiares de funcionários de diversas categorias. Respondendo a cultura extremamente hierárquica da instituição, Jullian idealizou um engenhoso sistema de acessos na fachada” (6)

Unindo as quarenta unidades, a circulação propõe um percurso localizado no perímetro dos blocos. Essa operação foi inicialmente proposta como um sistema de organização dos apartamentos de diversos tamanhos, assim como, para coordenar a vida dos residentes das unidades. Para o acesso a essas unidades, os apartamentos trabalham com um duplo acesso, comum aos demais blocos de Brasília. Um acesso principal e um acesso de serviço, que dá diretamente à cozinha. Nos blocos da Embaixada da França o modelo foi adotado nas unidades tipo A,B,C e D. Em esses apartamentos é desenvolvido um acesso feito por escadas diagonais externas, expressadas na fachada, que se repete segundo a implantação desses apartamentos no bloco. Com o duplo acesso, Jullian criou duas vezes mais possibilidades de percursos do residente do edifício.

Croquis de Jullian de um modulo de 9 partes nas quais trabalha a disposição das unidades no bloco de habitação [Archivo Original de la Pontificia Universidad Católica de Chile. Fondo Guillermo Jullian d]

Croquis de Jullian nos quais o programa no grid de 9 partes [Archivo Original de la Pontificia Universidad Católica de Chile. Fondo Guillermo Jullian d]

Esquema no piso do grid repetido 7 vezes na planta [Archivo Original de la Pontificia Universidad Católica de Chile. Fondo Guillermo Jullian d]

As unidades foram inicialmente trabalhadas em módulos compostos em um quadriculado de 9 partes, se repetindo assim, 7 vezes em planta. Essa estrutura permite flexibilidade para criar as diversas unidades. A idéia organizacional das unidades no bloco vem da organização de 40 unidades agrupadas em três barras, ou como chamou Jullian, trens. Essa organização em três barras é possível pelo caráter duplex da maioria dos apartamentos, que assim respeitam o padrão de seis pavimentos por bloco residencial, de Lucio costa.

As unidades estão nomeadas como Apartamentos Tipo A, B, C, D, E e F, e estão dispostas da seguinte maneira:

  • Tipo A são de 170m², e o projeto determina 2 unidades do tipo A por bloco, o acesso é mediante a fachada principal.
  • Tipo B são de 125m², com 16 unidades por bloco. Esses apartamentos são duplex e também estão localizados nos pisos 5 e 6, acesso mediante a fachada principal.
  • Os apartamentos Tipo C são de 100m², e somam 8 unidades. Apartamentos duplex, localizados nos níveis 1, 2. Acesso mediante a fachada posterior.
  • Apartamentos Tipo D são de 70m², com 22 unidades implantadas. Esses se repartem por todos os pisos, ocupando o lado esquerdo do bloco e cada apartamento tem somente um nível de acesso. Os localizados no primeiro piso têm acesso mediante a fachada posterior e o restante a partir da fachada principal.
  • Os Tipo E são de 50m², compondo somente 4 unidades. Localizam-se nos níveis 1 e 2. Os apartamentos Tipo E, juntamente com os Tipo C, são os únicos que têm acesso na fachada posterior.
  • Por fim os apartamentos Tipo F são de 30m², e somam 3 unidades em cada bloco. Estes estavam localizados nos níveis 3 e 5, acesso pela fachada principal.

Ubicación de los tipos de departamentos en el bloque. Dibujo Catalina Marshall.
MARSHALL, Catalina. La ciudad comprimida, el bloque como soporte y contenedor de múltiples

Grilla compuesta por la regla básica del YPD [arquivo pessoal do autor]

Tartan composta pela régua básica de YPD. [arquivo pessoal do autor]

Grilla de la composición del YPD en los departamentos tipo A, piso 5. [arquivo pessoal do autor]

Grilla de la composición del YPD en los departamentos tipo A, piso 6. [arquivo pessoal do autor]

Assim os blocos habitacionais projetados por Jullian e seu atelier, são a soma de: a composição das unidades mencionadas que constituem o programa do edifício no espaço padrão estabelecido por Lucio Costa; a circulação que no caso dos blocos propostos para a Embaixada da França são também compostas de diversos percursos e encontros entre as diferentes famílias residentes do edifício; o conjunto estético do edifício, que ao unir a implantação das unidades, mas a dupla circulação localizada externamente ao edifício, compõem parte do ritmo da fachada, criando assim, uma linguagem única ao edifício.

Ao contrapor o conceito do YPD nesse conjunto arquitetônico, é importante manter a tripla dimensão proposta pelo autor dessa ferramenta. O presente projeto, por fim propõe analisar o resultado obtido por esse conceito no setor do edifício dos apartamentos Tipo A e o corte Cb.

O exercício de contrapor as medidas da régua do YPD nos planos do apartamento Tipo A e no corte Cb tem um mesmo mecanismo: Encontrar as dimensões as quais geram os espaços do programa e comparar-las com a régua básica do YPD. Régua a qual Jullian apresentou juntamente com o projeto da Embaixada e os blocos habitacionais, no encontro do Team X em abril de 1973.

Nota-se a partir dessa comparação, primeiramente nas plantas do apartamento Tipo A, que os espaços são gerados a partir de uma modulação expressada pela faixa azul. Essa faixa ou modulação permite uma flexibilidade ao compor as diversas áreas do programa.

A partir dessa modulação criam-se os diversos espaços formados por quadriculados distintos, ou como chamou Jullian, tartanes distintos.

Grilla azul que compone los dos tartanes estructuralmente. Ellos corresponden respectivamente al piso 5 y 6 del bloque de vivienda. [Archivo Original de la Pontificia Universidad Católica de Chile. Fondo Guillermo Jullian d]

Assim, como indica acima, o quadriculado azul é fixo, dos apartamentos Tipo A. Esse quadriculado indica os eixos estruturais os quais organizam o projeto e permitem a criação de diversos espaços entre eles. O segundo quadriculado é o piso 5, primeiro pavimento dos apartamentos tipo A, que são apartamentos tipo duplex. A terceira lógica organizacional a partir desse conceito expressada, pelo quadriculado que representa o piso 6 (segundo piso do duplex), são as faixas do YPD laranja, amarela e azul. Essas faixas representadas por espessuras ordenam o espaço de forma adaptável, indicando circulações ou espaços de estar com uma dimensão Xm (faixa laranja = 1,56) ou Xm+0,70 (faixa amarela), e assim se representa esse valor adaptável de que fala Francisco Chateau do conceito de YPD.

Os espaços criados por esse quadriculado ordenam o programa contido em um apartamento por uso. Por exemplo, no primeiro piso do apartamento duplex contém espaços comuns e de serviço, o segundo piso, a sua vez, tem usos privados e de serviço que servem esses espaços privados. Dar ordem ao projeto dessa forma tem relação com os espaços de ‘circulação e permanência’, criados pela circulação do edifício, que interconecta as distintas unidades nos pisos 1, 3 e 5. Assim, a composição dos espaços das unidades estão sempre vinculada com uma relação de ideais (expressado pelas cores utilizadas nos croquis de Jullian) desse espaço de circulação privada, com o espaço coletivo de encontros e organização espacial do bloco.

Grilla de la composición del YPD en el corte Cb. [arquivo pessoal do autor]

No estudo do corte que secciona a área dos apartamentos Tipo A (corte Cb), demonstrou que as dimensões do YPD estão também ai representadas, finalizando a idéia de quadriculado 3D. Esse quadriculado vertical é um pouco mais simples e repetitivo por representar principalmente a faixa de estrutura e altura de piso a piso. A mudança mais significativa no ritmo do tartam é no piso térreo e no primeiro piso (comum ao edifício), que tem um maior pé direito, já que tratam das áreas comuns do edifício na super-quadra.

O estudo do quadriculado do Yellow Peripherical Distinction nos edifícios habitacionais revela um caráter organizacional racional ao compor tais espaços, tanto em escala de usos e como esses usos vão organizados no espaço do apartamento, quanto a medidas de corredores, quartos e seus espaços de circulação, cozinhas, escritórios, salas etc.

Plano de colores esquemático de las unidades del bloque de viviendas en Brasilia.
Archivo Original de la Pontificia Universidad Católica de Chile. Fondo Guillermo Jullian d

É notável também como o conceito de “In-Between” está presente principalmente nos espaços que são dimensionados a partir da faixa amarela. O próprio Jullian explica o YPD a partir dos conceitos de “In-Between” de Van Eyck, e assim, ao projetar o corredor principal do bloco no mesmo andar que dispõe os ambientes comuns do apartamento, e ao representar esse grande corredor com a mesma cor da principal área de circulação de dentro de cada unidade, em alguns de seus croquis, revela que as idéias do “In-Between” de propor novos lugares no projeto a partir dos espaços que articulam as diferentes partes do programa, está vivo no projeto. Essa intenção de prolongar nas unidades, o espaço do corredor principal, releva a preocupação de Jullian que o grande corredor não seja somente um corredor de circulação isolado, mas sim, que seja a maior e mais importante ferramenta que articula todas as unidades como um todo. Esse grande corredor vem dimensionado com a largura completa de quatro faixas amarelas que somadas que dão 1,40m, adicionada a uma faixa azul que representa o guarda corpo no corredor. Nas unidades a dimensão dessa faixa diminui levando em conta a escala a ser articulada.

O conceito do YPD tem clara influencia nas experiências de vida de Jullian, principalmente o que significou o encontro em Berlim do Team X e o conceito desenvolvido por Aldo Van Eyck sobre “In-Between”. Assim também, como a experiência profissional com Le Corbusier e o Modulor. A ideia de implantar no trabalho referente à Brasília, esse conceito desenvolvido por Guillermo Jullian, mais que resultar nas dimensões organizacionais espacial das diferentes áreas do apartamento, também gerou um linguagem único. Linguagem que não somente faz um papel estético no bloco, mas que é na verdade conseqüência de uma importante discussão que trata os espaços de articulação. Espaço não somente com o simples uso de circulação, mas sim trata de espaços de união, permanência, real articulador da sociedade residente desse edifício.

notas

1
El Team X era composto por Woods-Schiedhelm, Jaap Bakema, Georges Candilis, Giancarlo De Carlo, Aldo van Eyck, Amancio Guedes, Guillermo Jullian de la Fuente, Brian Richards, Manfred Schiedhelm, Alison Smithson, Peter Smithson, Jerzy Soltan, Oswald Mathias Ungers.

2
Sistema de medidas de projeto desenvolvidas por Le Corbusier publicado no livro  “Le Modulor” (1948).

3
Juscelino Kubitsche: Presidente do Brasil no período de 1956-1961, conhecido por sua política de desenvolvimento econômico.

4
Lucio Costa: Arquitecto y Urbanista pioneiro na escola moderna de arquitetura brasileira.

5
Oscar Niemeyer: Arquitecto y urbanista moderno conhecido por trabalhar de forma plástica o concreto armado. 

6
Edifícios de habitação e vilas de funcionários. Guillermo Jullian, Obra Abierta, R. Pérez de Arce, Arquitectura, teoría e obra, Ediciones Arq. 

7
Francisco Chateau: Professor da Pontificia Universidad Católica de Chile, escreveu o artigo “Yellow Peripherical Distincion. Guillermo Jullian en el encuentro del Team X en Berlim, 1973. En el libro Masillia 2007. 

8
Pérez de Arce, Rodrigo. Edificios de viviendas y villas de funcionários.Guillermo Jullian Obra Abierta. Santiago: Ediciones ARQ, 2000. 

9
Chateau, Francisco.-90 Yellow Peripherical Distinction. Guillermo Jullian en el encuentro del Team X en Berlin, 1973. En Massilia 2007 bis, p. 76-89. 

10
Marshall, Catalina. La ciudad comprimida, el bloque como soporte y contenedor de múltiples recorridos. Guillermo Jullian y Brasilia: tres obras, 1970-1972. [Santiago, Chile: Pontificia Universidad Católica de Chile, Escuela de Arquitectura, 2005]

11
Team X Online. <http://www.team10online.org/> (acessado em 10 de junho de 2011)

12
Palanca, Paula San Nicolás. Alonso, Miguel Hernández.Rótulas compositivas. <http://at1patios.wordpress.com/tag/how-to-recognise-and-read-mat-building/> (acessado em 10 de junho de 2011)

sobre a autora

Claudia Puzzuoli dos Santos é arquiteta e urbanista Brasileira formada na Universidade Presbiteriana Mackenzie de São Paulo. Colaborou no escritório do arquiteto Luciano Graber. Atualmente no processo de conclusão de tese do Mestrado em Arquitetura (MARQ) pela Pontificia Universidad Católica do Chile em Santiago. Sua investigação está direcionada aos espaços coletivos de edifícios habitacionais imobiliários e como estes constroem a cidade. 

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