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architexts ISSN 1809-6298

abstracts

português
Este artigo trata da devoção a São Benedito nos conventos franciscanos do Nordeste no período colonial, e destaca a trajetória ascensional dos espaços destinados ao seu culto.

english
This article addresses the devotion to São Benedito in North-Eastern Franciscan convents during colonial times and focus on the ascension trajectory of spaces destined to his worship.

español
Este artículo trata sobre la devoción a San Benito en los conventos franciscanos del noreste en el período colonial, y destaca la trayectoria de ascensión de los espacios destinados a su culto.


how to quote

CAVALCANTI FILHO, Ivan. São Benedito e sua devoção nos conventos franciscanos do Nordeste colonial. Uma trajetória ascensional. Arquitextos, São Paulo, ano 20, n. 238.04, Vitruvius, mar. 2020 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/20.238/7662>.

Morte de Benedicto, painel azulejar, Convento de Sirinhaém PE
Foto Ivan Cavalcanti Filho, 2017

Apesar da contundente presença de Santo Antônio no repertório de invocações das casas franciscanas do Nordeste, sendo inclusive titular de sete dos treze conventos fundados na região entre 1585 e 1660, outras devoções masculinas foram bastante prestigiadas nos retábulos das respectivas igrejas conventuais, como o próprio São Francisco, São José, São Pedro de Alcântara e São Luís. Numa escala inferior, porém significativa, tanto no tocante ao prodígio da devoção, como do espaço onde era entronado no cenóbio, figurava São Benedito. Canonizado pela Igreja Católica em 1807, seu culto foi introduzido no Brasil já no início do século 17, aproximadamente duas décadas após seu falecimento em 1589. Por ser negro, descendente de etíopes, era venerado sobretudo por escravos, que com ele se identificavam quanto à cor e à posição que ocupavam na sociedade colonial. Afinal, o santo fora irmão leigo, tendo ocupado as posições de porteiro e cozinheiro no convento de Santa Maria de Jesus, na Sicília, Itália. O presente trabalho trata da presença de São Benedito nas casas franciscanas nordestinas, destacando os espaços destinados ao seu culto, a iconografia adotada, e as irmandades que se formavam em torno da devoção. Para tanto, a investigação recorre aos três Livros dos Guardiães subsistentes ao tempo – Ipojuca, Paraíba e Salvador; às Atas Capitulares da Província de Santo Antônio do Brasil; ao Novo Orbe Seráfico Brasílico de Frei Jaboatão, principal crônica dos frades menores no Brasil no período colonial; às publicações de franciscanos que, no século passado, se empenharam em divulgar velhos escritos da Ordem; e a trabalhos recentes sobre o franciscanismo no Brasil. A partir dos dados obtidos, e considerando a segregação social que imperava na colônia, a pesquisa aponta a trajetória ascensional por que passou a devoção no tocante aos locais de culto nos cenóbios franciscanos, e atribui as mudanças de sua localização ao status canônico do santo no âmbito da Igreja.

Antecedentes

No contexto do Brasil colonial, a Igreja Católica exerceu papel decisivo no projeto colonizador português, o qual tinha como meta prioritária a pacificação com os nativos. Afinal, sem um acordo de paz, era impossível a fixação dos lusitanos em solo brasileiro, e, consequentemente, a implementação de práticas produtivas e de negócios que promovessem o êxito do projeto (1). Nesse sentido, o clero regular teve uma participação fundamental no processo através das atividades catequéticas junto aos nativos, dando suporte ao clero secular na assistência religiosa aos colonizadores, que encontravam nos rituais católicos celebrados numa terra estranha, a relação de identidade com sua vida na Metrópole. O Padroado Régio, convênio celebrado entre a Igreja e a Coroa Portuguesa, onde a primeira dava poderes à última de tomar todas as decisões relativas à religião na colônia, foi o instrumento basilar que garantiu a sustentabilidade do projeto. Através do aludido acordo, o Rei de Portugal podia nomear padres, fundar casas conventuais, cobrar dízimos eclesiásticos, aplicar penalidades a eventuais infrações por parte do clero, tudo como representante oficial do Papa (2).

A primeira ordem religiosa oficialmente estabelecida na colônia foi a Companhia de Jesus, instituição fundada em 1540 por Inácio de Loyola (3), cujo objetivo principal era a evangelização, que constituía grande desafio num contexto temporal adverso, quando a Igreja perdia adeptos para o Protestantismo. Os religiosos da Companhia chegaram ao Brasil em 1549, integrando a comitiva do 1º Governador-Geral Tomé de Souza, com a missão de catequisar os nativos (4). As outras ordens religiosas com incumbência congênere só foram estabelecidas na colônia cerca de três decênios depois, na primeira década do período da União Ibérica (1580-1640), quando Portugal passou para o jugo do rei Felipe II de Espanha; os beneditinos chegaram em 1581, os carmelitas em 1583, e os franciscanos em 1585 (5). A introdução desses grupos de religiosos em terras brasileiras traria resultados alvissareiros para o projeto colonizador, já que descentralizava a missão catequética dos jesuítas, dividindo com eles tal atribuição, e dando apoio aos religiosos seculares aptos a ministrar os sacramentos no âmbito das paróquias.

Como as quatro ordens supracitadas foram originadas na Europa a partir do século 9, todas já tinham suas devoções consolidadas, sendo as mesmas transferidas para a colônia junto com os respectivos cultos, pautados na trajetória de piedade e fé a elas atribuídas. Nesse contexto, as igrejas franciscanas, já animadas com São Francisco de Assis, Nossa Senhora da Conceição e Santo Antônio de Lisboa como devoções principais, no início do século 17 seriam contempladas com um novo protagonista – São Benedito – cujo culto tornar-se-ia recorrente na colônia através de irmandades estabelecidas nos conventos da Ordem.

São Benedito e sua devoção no mundo português

Nascido por volta de 1524, Benedito era filho de escravos negros de origem etíope, de propriedade dos Manasseri, família siciliana que lhe deu a liberdade logo ao nascer, em consideração aos seus genitores, honestos empregados e piedosos cristãos (6). Aos dezoito anos, deixou sua atividade de lavrador, se recolhendo numa comunidade de franciscanos eremitas sob a tutela de frei Jerônimo Lanza, em Santa Domênica, perto de S. Filadelfo, onde foi admitido como religioso leigo. Vinte anos depois, com a dissolução da comunidade pelo Papa Paulo IV, ingressou no convento franciscano de Santa Maria de Jesus, localizado a 6 km de Palermo, onde, também na aludida condição canônica, exerceu diferentes ofícios: cozinheiro, porteiro, faxineiro e sacristão (7).

Benedicto cumprindo voto da Santa Obediência, painel azulejar, Convento de Sirinhaém PE
Foto Ivan Cavalcanti Filho, 2017

O fato de só ser aceito nas citadas comunidades como religioso leigo se devia à sua origem e cor da pele, já que as normas da Ordem proibiam o ingresso de noviços que não fossem brancos. Os Estatutos da Província de Santo Antônio de Portugal, que obviamente seguiam a Regra Geral da Ordem dos frades menores, no seu Capítulo 1, condicionavam a admissão do noviço nos seguintes termos: “Aquele que vier à Ordem... seja de boa geração, convém a saber, que não seja descendente de judeos, nem Mouros convertidos, nem de Hereges, por remotos que sejão, nem de Gentios modernos” (8).

Apesar de sua ascendência ‘impura’ aos olhos da Regra, e do seu analfabetismo, já que no modelo escravocrata em que vivera não lhe foram permitidos os estudos, através de seu testemunho de caridade, humildade e fé, mesmo sendo frade leigo, impedido de exercer o sacerdócio, foi eleito superior na assembleia trienal do convento supracitado – o capítulo provincial realizado em Palermo em 1578 (9). Faleceu onze anos depois, fiel aos princípios cristãos e à normativa da Ordem que o acolhera. A partir do testemunho exemplar e dos prodígios a ele atribuídos, foi beatificado em 1743 pelo Papa Bento 14, e canonizado sessenta e quatro anos depois, pelo Papa Pio VII (10), consumando processo iniciado em 1780. Benedito seria, assim, o primeiro africano negro reconhecido como santo pela Igreja Católica Romana (11).

Não obstante sua santidade só ser oficializada em 1807, sua fama de milagres se espraiara na Espanha e Portugal já no século 16. Afinal, a Sicília estava, desde o início da citada centúria, sob o domínio da Casa de Aragão, sendo os espanhóis e os portugueses os principais fornecedores de escravos no mundo cristão (12). Essa relação comercial teria, portanto, estreitado as redes de comunicação entre a Sicília e as nações ibéricas, contribuindo para que, no capítulo provincial de 1581, realizado em Agrigento, Sicília, houvesse um grande afluxo de lusitanos e espanhóis ávidos por conhecer Benedito (13), pois como guardião de convento, ele não podia faltar à importante reunião trienal (14).

Benedicto dá vista a cegos cura aleijados, Convento Sirinhaém PE
Foto Ivan Cavalcanti Filho, 2017

Tais evidências explicam a introdução do culto à figura de Benedito pelos portugueses no Brasil já no início do século 17, poucos anos após o seu falecimento, sem ter passado pelos processos de beatificação e canonização. A literatura destaca a devoção ao africano já em 1613 no Rio de Janeiro, e dez anos depois no convento franciscano de Salvador (15). Com efeito, São Benedito teve grande aceitação na colônia, sobretudo no âmbito das comunidades de escravos, que com ele se identificavam, tanto pela cor da pele como pela condição de subalternidade que lhes era imposta no sistema escravista.

Na América Portuguesa, a devoção a São Benedito estava usualmente associada ao culto a Nossa Senhora do Rosário, que era venerada por escravos procedentes de Angola e do Congo. Afinal, a Virgem sob tal invocação já era conhecida na África desde 1526, quando dois pretos livres da Ilha de São Tomé solicitaram ao Rei de Portugal licença para o seu culto, apesar da primazia da devoção ser dos dominicanos, que gozavam dos privilégios canônicos para tal, atuando nos seus mosteiros de Portugal desde o século 15 (16).

No Brasil, os jesuítas propagaram a devoção entre escravos vindos da Guiné a partir de 1552, tanto no contexto dos pequenos povoados (17), como, trinta e sete anos mais tarde, nas zonas rurais onde ficavam os engenhos de açúcar (18). Assim, os templos dedicados à Nossa Senhora do Rosário que, via de regra, entronavam sua imagem no nicho central da capela-mor, tinham o santo de Palermo num de seus retábulos colaterais; e no outro, uma devoção também de origem etíope – Santa Efigênia – que, por gozar de grande aceitação dos negros africanos, formava com as outras invocações, notável tríade no repertório devocional dos negros no período colonial.

Diversamente de São Benedito, Santa Efigênia, filha dos soberanos do pequeno reino da Núbia, era nobre, se convertendo ao Cristianismo na época que Mateus pregou o Evangelho na África. Após ser batizada junto com os pais, a futura santa foi recrutada para a Igreja pelo apóstolo como exemplo de pureza e castidade (19). A consolidação dessas invocações nos templos dedicados a Nossa Senhora do Rosário, bem como a prática dos respectivos cultos seriam finalmente oficializados através da criação de irmandades, sendo a do Rosário dos Pretos a mais antiga do Brasil colonial (20).

Tais irmandades eram associações através das quais os negros se integravam à Igreja Católica, garantindo-lhes a participação em atos litúrgicos e outros direitos que lhes eram cerceados em igrejas de “brancos bons”. Tais grêmios eram regidos por Compromissos aprovados pela Mesa de Consciência e Ordens de Lisboa (21), a qual, ao mesmo tempo que conferia aos negros a sensação de inclusão na sociedade, imprimia limitações de comportamento para garantir a subserviência deles à ordem constituída.

Com efeito, os escravos, ao se associarem a tais entidades, tinham garantia de assistência na doença, suporte religioso no evento da morte, e a efetiva participação nas procissões e festividades em homenagem às invocações às quais as confrarias eram dedicadas (22), sem contar as comemorações de caráter profano, como a procissão e coroação do rei e da rainha do Congo na Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, cujos primeiros registros na colônia são de 1666. A filiação às irmandades ainda conferia aos seus membros uma importante prerrogativa – a possibilidade de serem levantados fundos para sua alforria (23). Ademais, essas associações ofereciam as condições para que seus membros, usando o imaginário católico, traduzissem seus ideais culturais e simbólicos através das devoções aos santos de cor citados, e a outros também de origem africana (24).

São Benedito nos conventos franciscanos nordestinos

Apesar da devoção a São Benedito nas igrejas de Nossa Senhora do Rosário que acolhiam irmandades a ele dedicadas, os conventos franciscanos do Nordeste também cederam espaços para o culto ao santo de Palermo. Afinal, Benedito tinha sido um franciscano leigo com vasto currículo de prodígios, como já foi mencionado. Na sua obra Novo Orbe Seráfico Brasílico, Frei Antônio de Santa Maria Jaboatão, nomeado cronista da Ordem dos Frades Menores em meados do século 18, assim se referiu à devoção ao virtuoso irmão leigo nas casas franciscanas:

“Desde os principios, e fundações destas Capitanias, foi sempre em todas ellas tido em huã veneração, e servido com especial culto o gloriozo Saõ Benedicto de Palermo ou de S. Fratello, geralmente de todos os Catholicos, e com particular e devoto obsequio da Gente da sua côr, ou seja, por affecto da natureza, ou por sympatia dos accidentes. Naõ ha Cidade, Villa, Parochia ou lugar aonde esta Gente naõ tenha Igreja sua, consagrada á Senhora com titulo do Rozario, primeyro objeto e móvel das suas adorações, e que nestas taes Igrejas naõ dedique altar próprio ao seu Saõ Benedicto, com confraria e Irmandade sua. E naõ satisfeitos com estes expressivos de seo affecto, e devoção, ainda em os nossos conventos, em que os Domesticos e Escravos da caza levantaõ Altares e capelas ao Santo, como o hiremos vendo em seos lugares, com suas Irmandades e confrarias, para estas concorrem taõbem muitos Irmãos e Pretos de fora, naõ obstante terem nas suas Igrejas e nos mesmos lugares outras em que servem ao seo Santo” (25).

Todos os treze conventos franciscanos fundados no nordeste brasileiro entre 1585 e 1660 tiveram uma Irmandade de São Benedito. A confraternidade, enquanto instituição, não pressupunha a provisão de uma capela exclusiva para o culto ao santo, como acontecia com a Ordem Terceira (26), que via de regra, gozava de espaços para a realização de seus atos litúrgicos nas casas conventuais. Com efeito, o acolhimento dessas associações de pretos nos cenóbios revelava o zelo que os frades tinham por seus escravos, já que lhes asseguravam os privilégios garantidos em confrarias congêneres, sobretudo no tocante ao evento da enfermidade, da morte e sufrágios (27), conforme foi dito acima.

Com relação à iconografia do santo, suas principais versões foram adotadas, a exemplo do modelo italiano, onde Benedito apresentava roupa franciscana, segurando o menino Jesus nos braços, este, via de regra, com roupa clara em tecido verdadeiro; e o modelo português, cuja imagem trazia flores na mão esquerda, fazendo alusão ao ‘milagre dos pães’ que foram transformados em flores – uma aproximação com o hagiológico de Santa Isabel de Portugal, onde moedas foram transformadas em rosas. O atributo de um coração ou um tecido manchado de sangue na mão direita do santo consistia a contribuição espanhola à iconografia (28), alusiva à passagem do desperdício de pão, cujos restos quando cingidos na esponja com a qual ele lavava os pratos no convento, se transformaram em sangue – o sangue dos pobres que necessitavam do alimento (29).

São Benedito, Capela da galilé, Convento de Cairu BA
Foto Ivan Cavalcanti Filho, 2018

São Benedito, sala da portaria, Convento de Cairu BA
Foto Ivan Cavalcanti Filho, 2018

Para compreender a presença de São Benedito nos cenóbios franciscanos, é essencial que se conheça a hierarquia dos seus espaços no tocante à sacralidade. O convento consistia em todo o complexo construído, compreendendo uma quadra claustral com quatro alas providas dos ambientes necessários para o bom funcionamento da comunidade de frades: portaria, capítulo, refeitório, cozinha, oficinas, dormitórios, e, ocupando uma lateral completa, a igreja conventual. No contexto franciscano nordestino, a igreja era comumente precedida por espaço coberto guarnecido de arcos plenos – a galilé. A organização espacial da igreja refletia o modelo geral adotado nos templos católicos do mundo português – nave única provida de capela-mor, seu espaço mais sagrado onde ficava o altar principal. Tal compartimento, que na igreja cristã primitiva era voltado para Jerusalém, na Idade Moderna manteve a atribuição simbólica de apontar para o Oriente, mesmo sem estar às vezes voltado para o Leste verdadeiro, sendo, portanto, chamado leste litúrgico.

Convento de Santo Antônio, planta esquemática, Cairu BA
Edição Ivan Cavalcanti Filho sobre levantamento Iphan/7ªSR, Salvador BA, 2009

O culto a São Benedito em ‘território’ franciscano, via de regra, ocorria em diferentes espaços do cenóbio: a) em capela anexa à galilé, b) em oratório na portaria do convento, c) em sala de oração contígua à portaria, d) em capela próxima à entrada da igreja conventual, e) em capela justaposta à via sacra no lado do Evangelho (à esquerda de quem acessa o templo), f) e em altar do lado homônimo da nave, já próximo à capela-mor; porém nunca nos retábulos colaterais ao arco cruzeiro, o grande arco que separava a nave da capela-mor. Afinal, como era uma devoção mormente cultuada pelos negros, na estrutura social do Brasil colônia, os espaços da igreja conventual acessíveis a tal grupo eram restritos, mais periféricos e distanciados da capela-mor, situados no oeste litúrgico do templo e adjacências.

A historiografia revela que tais restrições de espacialização para o culto a São Benedito impostas às irmandades acolhidas nos conventos estavam relacionadas com o status da devoção no contexto católico da época. Entretanto, as evidências cronológicas atestam que os espaços de culto supracitados não ocorreram simultaneamente; antes foram determinados por fatores socioculturais, litúrgicos e canônicos que envolveram a devoção e suas irmandades ao longo do tempo.

Considerando a galilé e espaços adjacentes da casa franciscana, ou seja, a zona mais ‘desfavorável’ do cenóbio sob a ótica da sacralidade (30), o culto a São Benedito se deu nos quatro primeiros ambientes listados acima. A presença da devoção no convento de Santo Antônio de Cairu, Bahia, pode ser contemplada na primeira e segunda situações elencadas, através das duas iconografias já citadas, respectivamente.

Fundado o aludido convento em 1650, com obras que se estenderam até meados da centúria seguinte, as evidências sugerem que a confraternidade de São Benedito devia se reunir, na segunda metade do século XVIII, nos dois ambientes acima citados (31) já que o Compromisso da Irmandade data de 1777, ano quando, provavelmente, a confraria teria solicitado permissão ao Rei de Portugal para funcionar (32).

Oratório São Benedito, sala da portaria, Convento de Cairu BA
Foto Ivan Cavalcanti Filho, 2018

Capela de São Benedito, Convento de São Francisco, Salvador BA
Foto Ivan Cavalcanti Filho, 2018

Já no convento de Salvador, o espaço dedicado ao santo de Palermo consiste na primeira capela da igreja, próxima à sua entrada, no lado da Epístola. Analogamente a Cairu, o fato de estar localizado na extremidade oposta à capela-mor comprova as restrições que havia para o acesso de escravos nos templos católicos.

É importante destacar que a atual igreja de São Francisco de Salvador é do início do século XVIII, substituindo a primitiva construção da centúria anterior. Não obstante, a literatura destaca a presença de São Benedito no cenóbio baiano já em 1623, como foi mencionado. Os estatutos da Irmandade, por sua vez, foram aprovados pelo arcebispo franciscano D. Frei João da Madre de Deus em 1686 (33). Tais evidências sinalizam para a devoção ao santo e a presença da respectiva irmandade já no primitivo cenóbio, com espaço físico em área presumivelmente análoga àquela ocupada na atual igreja.

Convento de São Francisco, planta esquemática, Salvador BA
Edição Ivan Cavalcanti Filho sobre levantamento do Iphan/7ªSR, Salvador BA, 2009

Na mesma igreja, em localização análoga, mas do lado do Evangelho, foi erguida capela dedicada a Santa Efigênia, também contemplada em pintura de teto adjacente ao orago (34). Assim, as duas irmandades que o convento acolhia, e que incluía escravos do convento e cativos externos, tinham seu território demarcado na área contígua à entrada do templo, e mais remota em relação à capela-mor – “nos últimos altares laterais” (35), “onde se postavam os escravos nas solenidades” (36).

Santa Efigênia, pintura de teto, Convento de São Francisco, Salvador BA
Foto Ivan Cavalcanti Filho, 2018

Capela de Santa Efigênia, Convento de São Francisco, Salvador BA
Foto Ivan Cavalcanti Filho, 2018

Convém lembrar que o acolhimento de duas irmandades de negros na casa de Salvador refletia duas realidades da época: uma externa e outra interna à comunidade dos frades. A primeira dizia respeito ao grande contingente de escravos negros na capital da colônia, ansiosos por um mínimo de inclusão na sociedade soteropolitana; a segunda tinha relação direta com a superpopulação de escravos do convento. Em 1778, apesar dos noviciados estarem fechados, o convento de Salvador acolhia 81 frades e 86 escravos (37), estes sendo assistidos pelos religiosos quanto à administração dos sacramentos: batismo, matrimônio, penitência e extrema unção. Afinal, os frades procuravam justificar a escravidão nos conventos na “oportunidade” que concediam aos negros de ter uma vida santificada, protegida da idolatria, pautada nos ensinamentos cristãos.

Essa superpopulação de escravos na verdade constituiu o resultado da paulatina aquisição de negros ao longo do tempo, tarefa essa realizada pelo síndico, leigo da confiança dos frades, responsável pelas finanças do convento, dada a proibição dos religiosos de usarem dinheiro. O Livro dos Guardiães do convento de Salvador registra tais aquisições, como também “esmolas”, assim se referindo sobre às transações: “Compraram-se seis moleques novos benguelas [...] (1782-1783)”; “Compraram-se dez moleques, três molecotes e deram um de esmola; ao todo quatorze (1827-1829)” (38).

Ainda na área menos prestigiada do cenóbio, outro espaço usado pelos irmãos de São Benedito foi a sala contígua à Portaria, que, no caso do convento de São Francisco de Sirinhaém, Pernambuco, teve suas paredes revestidas por painéis azulejares nas cores azul e branco, com passagens da vida prodigiosa do santo. Todavia, há indícios que a encomenda dos azulejos portugueses era para uma capela que a irmandade intentara fazer no lado do Evangelho da igreja conventual, já que os cinco painéis não coincidem em termos de medidas com as paredes do ambiente onde foram assentados. Sobre o projeto inconcluso, devido à instalação de outra capela no local, Jaboatão destaca que já havia “hum arco de pedra lavrada, mandado fazer pelos irmãos de São Benedito [...] o que naõ tinha sortido effeito pela sua indigencia; e naõ chegarem as esmolas da sua confraria para aquelles gastos (39)”.

Convento de São Francisco, planta esquemática, Sirinhaém PE
Edição Ivan Cavalcanti Filho sobre levantamento Iphan/5ª SR – Recife PE, 2009

Benedicto pay dos pobres, painel azulejar, Convento de Sirinhaém
Foto Ivan Cavalcanti Filho, 2017

Como não há dados sobre a encomenda dos aludidos painéis, seu emolduramento, com ornatos concheados se sobrepondo a elementos arquitetônicos, sugere que os mesmos tenham vindo de Lisboa em 1745, junto com os azulejos do convento de Olinda (40). Os painéis denominados “Benedicto cumprindo o voto da santa obediência”, “Benec... e morte pr...”, “Benedicto dá vista a segos cura alejados”, “Benedicto pay dos pobres”, e “Maravilhozo poder de Benedicto” contam passagens da vida do santo. Apesar de não haver dados precisos sobre a data da criação da irmandade no referido convento, evidências apontam para a primeira metade do século 18, pois a capela cujo arco fora erigido pelos irmãos teve sua inauguração em 1755 (41).

São Benedito também foi cultuado em capela anexa à via sacra do lado do Evangelho localizada na altura do presbitério, mas fora da nave da igreja. O convento de Santo Antônio da Paraíba (atual João Pessoa) foi contemplado com tal ambiente de devoção em meados do século 18, pois há registro alusivo à confecção da imagem do santo com resplendor de prata, e à douração do arco da sua capela entre 1753 e 1755. A conclusão da mesma, todavia só se deu entre 1800 e 1801, e a douração do seu altar entre 1802 e 1805, conforme atesta o Livro dos Guardiães do convento (42).

Convento de Santo Antônio, planta esquemática, João Pessoa PB
Edição Ivan Cavalcanti Filho sobre planta do Iphan/20ª SR – J. Pessoa, PB, 2009

São Benedito, Capela da Via Sacra, Convento Santo Antônio, João Pessoa
Foto Ivan Cavalcanti Filho, 2015

O convento de Santo Antônio de Recife teve capela dedicada a São Benedito em espaço similar àquele da Paraíba. Sua construção deve remeter a meados do século 18, já que a respectiva irmandade teve seus estatutos aprovados em 1753 (43), e, como era de praxe, a oficialização do Compromisso acontecia após a confraternidade instalada. A associação teria sido incentivada pelo cronista português Frei Apolinário da Conceição, por ocasião de sua visita à vila do Recife em 1729, pois era grande defensor do culto ao santo negro, sobre cuja devoção publicou três escritos: em 1735, 1744 e 1752 (44). Entre outros privilégios oferecidos pela respectiva irmandade do convento de Recife, estavam treze sepulturas para seus irmãos defuntos na quadra do claustro (45).

Numa sequência ascensional direcionada à capela-mor, outro espaço dedicado ao santo foi o altar/retábulo erigido na nave da igreja, do lado do Evangelho, próximo ao presbitério. O modelo adotado no século 19 aparece nos conventos da Santa Cruz, em São Cristóvão, Sergipe, e de Santa Maria Madalena, em Marechal Deodoro, Alagoas. O último exibe datação – 1845 – e o primeiro, apesar de não ter data inscrita, apresenta linguagem similar (já do período imperial), onde a talha, menos trabalhada, não era totalmente policromada e dourada, mas recoberta por pátina branca com contornos compositivos em ouro.

Convento de S. M. Madalena, planta esquemática, Marechal AL
Edição Ivan Cavalcanti Filho sobre levantamento Iphan/5ªSR- Recife, PE, 2009

São Benedito, altar/retábulo, Convto de S. M. Madalena, Marechal AL
Foto Ivan Cavalcanti Filho, 2018

São Benedito, altar/retábulo, Convento da Santa Cruz, S. Cristóvão SE
Foto Ivan Cavalcanti Filho, 2017

A exemplo do convento de Recife, o de Marechal Deodoro apresenta marcas da devoção nas molduras em pedra das campas dos defuntos da irmandade, que eram sepultados no claustro, na galeria anexa à igreja. Tal prática era comum nos conventos franciscanos, como registrou Frei Jaboatão, ao se referir ao cenóbio de Salvador e às irmandades ali instaladas, de São Benedito e de Santa Efigênia: “aos dous Santos Pretos a Gente da sua cor, e tem suas confrarias com missa, suffragios, e sepulturas” (46).

Campas da Irmandade, Convento de S. M. Madalena, Marechal AL
Foto Ivan Cavalcanti Filho, 2018

A presença de São Benedito nos demais conventos da Ordem no Nordeste é registrada na literatura, porém não há menção dos locais onde o santo era cultuado. As evidências dos cenóbios estudados sugerem que seu culto devia acontecer nos seis espaços elencados neste ensaio. À exceção dessa possível regra, está o convento de Nossa Senhora das Neves de Olinda PE, a primeira casa franciscana fundada no Brasil (1585), cuja irmandade de São Benedito teve seu Compromisso aprovado em 1739 (47), apesar de registros da presença da devoção desde 1680. Atualmente sua imagem encontra-se em altar/ retábulo do lado do Evangelho da capela da Ordem Terceira, anexa à igreja conventual, o que é curioso, pois à época tal confraternidade não permitia a presença de um santo negro na sua casa de oração, tampouco aceitava filiados de cor.

São Benedito, Capela da Ordem Terceira, Convento de Olinda, PE
Foto Ivan Cavalcanti Filho, 2017

No convento de Ipojuca, Pernambuco (1606), a irmandade de São Benedito teve seus estatutos aprovados antes de 1703 (48). O respectivo Livro dos Guardiães documenta a construção de uma senzala para negros casados entre 1718 e 1719, e a presença de onze escravos setenta e sete anos mais tarde, o que representava um número razoável de serviçais negros para uma comunidade onde a média de religiosos era de vinte frades (49).

O convento de São Francisco do Conde, na Bahia (1629), apesar de não mais dispor da imagem de São Benedito, foi contemplado com a devoção no período colonial, já que a peça está citada na literatura, ao remeter à sua restauração em 1852 (50). No convento de Santo Antônio de Paraguaçu (1649), também na Bahia, não foi diferente. O fechamento do noviciado ali existente até 1824, e a cessão do cenóbio ao arcebispado da Bahia pelo Papa Bento XV cerca de um século depois, concorreram para o seu abandono e sua paulatina degradação, motivando a iniciativa da população local de transferir a imagem de São Benedito, e de outros treze santos, para a capela de Nossa Senhora da Glória, situada na Praça São José, próxima ao convento (51).

É oportuno destacar que o culto a São Benedito também incluía os religiosos dos conventos, sob cuja responsabilidade ficavam os ofícios litúrgicos das respectivas irmandades. Não obstante, Santo Antônio, São Francisco e a Imaculada Conceição se mantinham como devoções mais recorrentes, sobretudo no âmbito dos fiéis de cor branca (52). O primeiro, inclusive, era o mais popular pelos títulos que lhe eram atribuídos na hagiologia católica: doutor evangélico, mensageiro da paz, restituidor das coisas perdidas, ressuscitador dos mortos (53). Sobre a terceira atribuição, os escravos tinham suas lamentações, pois no evento de uma fuga, seus proprietários invocavam Santo Antônio para auxiliar os capitães-do-mato a recapturá-los (54). O fato do santo de Lisboa restituir a “coisa perdida” qualificava o mesmo como “santo de branco rico”. Diante dessa prática, São Benedito, por sua própria essência, preenchia os requisitos para ser a devoção ideal do preto cativo e pobre: era negro, filho de escravos, tendo ocupado postos ‘inferiores’ nos conventos onde trabalhara.

Considerações finais

O presente ensaio registra três evidências: a) a presença inconteste da devoção a São Benedito através da criação de irmandades nos conventos franciscanos estabelecidos no Nordeste no período colonial; b) a disposição dos espaços destinados às irmandades do santo de Palermo em três diferentes setores do convento: a extremidade oposta à capela-mor da igreja conventual e espaços adjacentes; a via sacra do lado do Evangelho; e a parede homônima da igreja, próxima ao presbitério; e c) a vinculação do arbitramento dos espaços dedicados à devoção ao seu status canônico no hagiológico católico.

A pesquisa igualmente destaca que, num espaço de aproximadamente dois séculos a partir de 1623, quando a devoção foi introduzida no convento de Salvador, houve uma nítida evolução quanto ao setor ocupado pelo santo. Por volta daquela data, isto é, trinta e quatro anos após sua morte, o culto só acontecia em lugares “inferiores” do cenóbio. Como ele não tinha sequer o status de beato à época, sendo reconhecido apenas por seus prodígios, a orientação devia ser de não lhe dar muita visibilidade no convento.

Posteriormente, Benedito foi “promovido” para setor mais próximo da capela-mor, porém fora do corpo principal da igreja – em capela adjacente à via sacra do lado do Evangelho. Tal ‘promoção espacial’ teria ocorrido em meados do século 18, portanto, ulterior à sua beatificação em 1743 pelo papa Bento 14.

A terceiro setor ocupado pela devoção ocorreria na primeira metade do século 19, quando Benedito foi agraciado com altar/retábulo na nave da igreja, no lado do Evangelho, próximo à capela-mor. Como sua santificação tinha ocorrido no primeiro decênio do século (1807), sua hagiologia já estava consolidada na Igreja, podendo sua imagem ocupar local de prestígio no templo católico.

Fica assim registrada a trajetória ascensional de São Benedito no contexto franciscano, que mesmo antes de ser proclamado santo, já tinha, no alvorecer do século 17 no Brasil Colônia, expressiva aceitação pelos fiéis de cor, apesar das limitações espaciais a ele impostas nos ambientes de culto. Essa aceitação seria ampliada na primeira década da centúria seguinte, quando, reconhecido como santo pela Igreja, entraria em cena, ocupando altar-retábulo na nave do templo franciscano, no lado do Evangelho, em posição de prestígio e de relativa igualdade com outras devoções tradicionais. Afinal, a canonização constituía a cristalização da santidade de Benedito, se sobrepujando a toda sorte de preconceito com relação à cor de sua pele ou aos postos inferiores que teria ocupado em sua piedosa e exemplar trajetória como irmão seráfico.

notas

NE – VII Encontro Internacional de História Colonial (VII EIHC), realizado na UFRN, em Natal, entre 5 e 8 de setembro de 2018, (porém ganhou novo título, foi revisto, modificado e ampliado para atender às recomendações de publicação da revista Arquitextos).

1
CAVALCANTI FILHO, Ivan. The Franciscan convents of North-East Brazil 1585-1822: Function and design in a colonial context. Orientador Andrew Spicer. Tese de doutorado. Oxford, School of Arts and Humanites, Oxford Brookes University, 2009, p. 23.

2
AZZI, Riolando. A Instituição Eclesiástica durante a Primeira Época Colonial. In HOONAERT, Eduardo et al (org.). História da Igreja no Brasil. Tomo 2. Petrópolis, Vozes, 1979, p. 161-62.

3
FRANCISCO, Elizabete Correia Campos. As Capelas de São Francisco Xavier e S. João Batista na Igreja de S. Roque: a Arte ao Serviço da Fé. Lisboa, Chiado Editora, 2012, p. 31.

4
SALVADOR, Frei Vicente do. História do Brasil: 1500-1627. São Paulo, Editora da USP, 1982, p. 143.

5
AZZI, Op. cit., 1979, p. 213-15.

6
ALVES, J. São Benedito: novena e biografia. 3ª edição. São Paulo, Editora Paulinas, 2011, p. 17-18.

7
Idem, ibidem, p. 25.

8
PURIFICAÇÃO, Frei Manoel da. Estatutos da Provincia de Santo Antonio do Reyno de Portugal. Lisboa, 1645, p. 2.

9
ALBARET, Pol de Léon. São Benedito, o Africano. Tradução Equipe da ECE. São Paulo, Editora de Cultura Espiritual, 1989, p. 44.

10
NEOTTI, Frei Clarêncio. São Benedito: Homem de Deus e do Povo. Aparecida: Editora Santuário, 2016, p.7.

11
ALBARET, Pol de Léon. Op. cit., p. 79

12
ALBARET, Pol de Léon. Op. cit., p. 79

13
Idem, ibidem, p.53.

14
BRANDÃO, Pe. Ascânio. São Benedito de São Filadélfio. São Paulo, Tipografia Rossolillo, 1941, p. 70-71.

15
WILLEKE, Frei Venâncio. Convento de Santo Antônio de Ipojuca. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. v. 13. Rio de Janeiro, 1956, p.46; MIRANDA, Maria do Carmo Tavares de. Os Franciscanos e a Formação do Brasil. Recife, UFPE, 1976, p. 142; CAVALCANTI FILHO, Ivan. Franciscans and the Parish in Early Modern Brazil. In SPICER, Andrew (org.). Parish Churches in the Early Modern World. Surrey, Ashgate, 2016, p. 288.

16
KIDDY, Elizabeth W. Congados, Calunga, Candomblé: Our Lady of the Rosary in Minas Gerais, Brazil. Luso-Brazilian Review, University of Wisconsin, v. 37, n. 1, p. 47-61, 2000, p.51.

17
MULVEY, Patricia A. Slave Confraternities in Brazil: Their role in Colonial Society. The Americas, v. 39, n. 1, p. 39-68, jul. 1982, p. 41.

18
MULVEY, Op. cit., p. 41; SILVA, Leonardo Dantas. Pernambuco Preservado: Histórico dos bens tombados do Estado de Pernambuco. Recife, L. Dantas Silva, 2002, p. 53.

19
SANCHEZ, Roberto. The Black Virgin: Santa Efigênia, Popular Religion and the African Diaspora in Peru. Church History 81 (2012), 631-55, p. 641. CAVALCANTI FILHO, Ivan. Op. cit., 2016, p. 288.

20
MULVEY, Patricia A. Black Brothers and Sisters: Membership in the Black Lay Brotherhoods of Colonial Brazil. Luso-Brazilian Review, University of Wisconsin, v.17, n.2, p. 253-279, inv. 1980, p.256.

21
MULVEY, Patricia, 1982, Op. cit., p. 44.

22
Idem, ibidem, p. 40. STRIEDER, Inácio. A Igreja e a escravidão no Brasil. Revista Ciência e Trópico. Recife, v.28, n.2, p. 219-229, jul./dez. 2000, p. 225.

23
SILVA, Leonardo Dantas, Op. cit., p. 53.

24
TRIBE, Tania Costa. The mulato as Artist and Image in Colonial Brazil. Oxford Art Journal. Oxford, v.19, n.1, p. 67-79, 1996, p.73.

25
JABOATÃO, Frei Antonio de Santa Maria, OFM. Novo Orbe Serafico Brasilico ou Cronica dos Frades Menores da Província do Brasil. Rio de Janeiro: Typographia de Maximiano Gomes Ribeiro, 1859, II, ii, p. 91-92.

26
Associação de leigos que abraçavam a doutrina franciscana, sendo subordinada à Ordem Primeira.

27
ATAS Capitulares da Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil 1649-1853. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Rio de Janeiro, v. 286, p. 92-222, mar. 1970, p. 150; MIRANDA, Maria do Carmo Tavares de. Op. cit., p. 143.

28
OLIVEIRA, Joyce Farias de. Negro, mas belo: São Benedito, o santo preto da Idade Moderna. In: XII EHA – Encontro de História da Arte, Campinas, 2017, Anais …Campinas: UNICAMP, 2017, p.368-375. p. 371.

29
BRANDÃO, Pe. Ascânio. Op. cit., p. 87.

30
Sobre a galilé, ver CAVALCANTI FILHO, Ivan. Segregação ou integração? A galilé nos conventos franciscanos no Nordeste do Brasil colonial. Arquitextos, São Paulo, n. 213.00, Vitruvius, fev. 2018. <www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/18.213/6894>.

31
ARGOLO, José Dirson. O convento franciscano de Cairu: restauração de elementos artísticos. Brasília, Iphan/ Monumenta, 2009, p. 78-79, p.118.

32
FLEXOR, Maria Helena Ochi. Igrejas e Conventos da Bahia, v. 3. Brasília, DF, Iphan/ Programa Monumenta, 2010, p. 88-90.

33
WILLEKE, Frei Venâncio, Op. cit., 1956, p. 46; MIRANDA, Maria do Carmo Tavares de, Op. cit., p.142; CAVALCANTI FILHO, Ivan, Op. cit., 2016, p.288.

34
FLEXOR, Maria Helena Ochi; FRAGOSO, Frei Hugo, OFM. Igreja e Convento de São Francisco da Bahia. Rio de Janeiro, Versal, 2009, p. 246.

35
FLEXOR, Maria Helena Ochi. Igrejas e Conventos da Bahia, v. 2. Brasília, DF, Iphan/ Programa Monumenta, 2010, p.54.

36
FLEXOR, Maria Helena Ochi, Op. cit., 2009, p. 245.

37
WILLEKE, Frei Venâncio, OFM. Senzalas de Conventos. Revista de História, São Paulo, n.106, p. 355-375, 1976, p.359

38
PUBLICAÇÕES do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Livro dos Guardiães do Convento de São Francisco da Bahia 1587-1862. Rio de Janeiro, Ministério da Educação e Cultura/Iphan, 1978, p. 27; p. 40.

39
JABOATÃO, Frei Antônio de Santa Maria, Op. cit., p.511; CAVALCANTI FILHO, Ivan, Op. cit., 2016, p. 289.

40
SIMÕES, J. M. dos Santos. Azulejaria Portuguesa no Brasil. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1965, p. 261.

41
JABOATÃO, Frei Antônio de Santa Maria, Op. cit., p.512; MIRANDA, Maria do Carmo Tavares de, Op. cit., p.142.

42
CENTRO de Estudos Históricos Ultramarinos. Livro dos Guardiães do Convento de Santo Antônio da Paraiba (1589-1885). Studia, Lisboa, n. 19, p. 173-207, dez. 1966, p. 190, p. 197, p. 198. BURITY, Glauce Maria Navarro. A presença dos franciscanos na Paraíba através do Convento de Santo Antônio, 2ª edição. João Pessoa, Gráfica JB, 2008, p. 146.

43
WILLEKE, Frei Venâncio, Op. cit., 1956, p. 46; MIRANDA, Maria do Carmo Tavares de, Op. cit., p.142; CAVALCANTI FILHO, Ivan, Op. cit., 2016, p. 288.

44
VAT, Frei Odulfo Van der, São Benedito, o Preto, e seu culto no Brasil. Revista Eclesiástica Brasileira. Vol. 1, fasc. 4, p. 824-831, dez. 1941, p. 824, p. 830.

45
VAT, Frei Odulfo Van der, Op cit., p. 831. MUELLER, Frei Bonifácio, OFM. Convento de Santo Antônio do Recife 1606-1956: Esboço Histórico. Recife, Imprensa Oficial, 1956, p. 28, p. 33.

46
JABOATÃO, Op. cit., p. 266. SINZIG, Frei Pedro. Maravilhas da Religião e da Arte na Egreja e Convento de São Francisco da Baía. Revista do Instituto Historico e Geographico Brasileiro. Rio, Imprensa Nacional, 1933, p.101.

47
MIRANDA, Maria do Carmo Tavares de, Op. cit., p. 143.

48
WILLEKE, Frei Venâncio, Op. cit., p. 90; MIRANDA, Maria do Carmo Tavares de, Op. cit., p.142; CAVALCANTI FILHO, Ivan, Op. cit., 2016, p. 288.

49
LIVRO dos Guardiães do Convento de Santo Antônio de Ipojuca. Revista do Instituto Arqueológico Historico e Geografico Pernambucano, Pernambuco, v. 46, p. 374-415, 1967, p. 385; p. 408; p. 376.

50
FLEXOR, Maria Helena Ochi, Op. cit., v. 3, 2010, p. 149-150. FONSECA, Fernando Luis da Fonseca. Santo Antônio de Paraguaçu e o Convento de São Francisco do Conde. Salvador, Centro editorial da UFBA, 1988, p. 22.

51
FLEXOR, Maria Helena Ochi, Op. cit., v. 3, 2010, p. 55-64.

52
Sobre tais devoções no contexto conventual franciscano no Nordeste colonial, ver CAVALCANTI FILHO, Ivan. As principais devoções franciscanas e sua relação com o espaço sagrado e a sociedade colonial no Nordeste do Brasil. In: Encontro Internacional de História colonial: Cultura, Poderes e Sociabilidades no Mundo Atlântico (séc. XV-XVIII), 3., 2010, Recife. Anais ... Recife, UFPE, 2011.

53
Sobre os títulos de Santo Antônio, ver RÖWER, Frei Basílio. Santo Antônio: Vida, milagres, culto. 15ª edição. Petrópolis, Editora Vozes, 2007.

54
FRAGOSO, Frei Hugo. Uma dívida que a Província de Santo Antônio ainda não pagou. Santo Antônio, Recife, ano 62, n. 103, p. 59-64, mai. 1984, p.70-71.

sobre o autor

Ivan Cavalcanti Filho é professor associado do Departamento de Arquitetura da Universidade Federal da Paraíba. Tem PhD pela Oxford Brookes University, Inglaterra (2009), é autor de Franciscans and the Parish in Early Modern Brazil in Parish churches in the Early Modern World (Ashgate, 2016); co-organizador do livro Entre o rio e o mar: arquitetura residencial na cidade de João Pessoa (Editora UFPB, 2016), e autor do artigo Segregação ou integração? A galilé nos conventos franciscanos no Nordeste do Brasil colonial, publicado no periódico Arquitextos (fev. 2018).

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