Introdução: um panorama inicial
Um corpo de saberes que não reconhece a constituição de seus campos e abordagens pode ter dificuldades em conhecer seus limites e avançar em relação a eles; em entender novos desafios frente a um mundo empírico em constante movimento; em objetivar as motivações dos esforços de pesquisa e em reconhecer possibilidades, interesses e objetivos, em territórios tanto epistemológicos quanto políticos e institucionais. Questões sobre a possibilidade de uma agenda nacional de pesquisa e suas implicações, ou se há de fato um caráter que diferenciaria a pesquisa feita no Brasil daquela desenvolvida em outras regiões do mundo, não podem ser problematizadas sem um trabalho recorrente de auto reconhecimento.
Os problemas enfrentados na realidade urbana no Brasil são diversos e conhecidos, ao mesmo tempo, há um esforço sistemático no país para a produção de conhecimento sobre essa realidade, envolvendo pesquisadores, programas de pós-graduação e publicações com diferentes ênfases e que compõem um cenário próprio. Mas há uma relativa escassez de debates que façam o reconhecimento desse tecido de abordagens distinguindo sua constituição, relações entre temas e visões disponíveis e lacunas. Exceções são encontradas em alguns trabalhos com foco em campos historiográficos (1) e em gestão urbana (2).
Este artigo traz a primeira parte de um mapeamento da produção em estudos urbanos no Brasil a partir da observação desse cenário. Desejamos oferecer um panorama que ampare a auto-observação e a autocrítica como formas de entender a área e suas ênfases, realizações e limites, além de estimular a leitura transversal de seus campos e o debate sobre sua composição. Esse panorama propõe uma taxonomia de campos temáticos e suas ênfases, derivada de uma leitura interpretativa, incluindo temas teóricos, empíricos e normativos, a partir de uma gama de veículos.
Um exame aprofundado desse mapeamento foi base para a análise empírica da produção dentro dos campos aqui descritos. Por limitações de espaço esse trabalho foi dividido em duas publicações, trazendo uma abordagem quantitativa e leitura interpretativa em sua segunda parte (3).
O estado dos estudos urbanos: uma visão inicial dos seus campos
A área dos estudos urbanos é jovem enquanto corpo de saber científico, remontando aos esforços dos sociólogos da Escola de Chicago nos anos 1920 e 1930, e a pioneiros nos anos 1950, como Kevin Lynch. Desde seus pilares nos anos 1960, como em Jacobs e Alexander, e 1970, em Harvey e Tuan, os estudos urbanos vêm se ramificando, incluindo a recente ideia de uma “nova ciência das cidades”, como clama Batty (4). No Brasil, usualmente chamamos esse corpo de “urbanismo”– um termo difuso, que endereça ao mesmo tempo uma subdisciplina, uma prática e um fenômeno. Mesmo diverso e fragmentado os estudos urbanos parecem se reconhecer enquanto corpo de saber constituído interdisciplinarmente. Exemplos desse desenvolvimento heterogêneo incluem discussões recentes sobre um “urbanismo global”, capturado na forma de teorias gerais e integradoras (5), e propostas de um “urbanismo comparativo” em torno de diferentes culturas de teorização urbana, incluindo abordagens pós-coloniais (6). E em nosso contexto, qual é o status da pesquisa urbana? Quais são os temas e abordagens explorados no Brasil hoje?
Dada a crescente produção e o leque de campos que constituem a área, qualquer esforço de reconhecimento enfrenta a dificuldade de mapear trabalhos publicados em longos períodos de tempo. Nossa intenção é oferecer esse panorama, a partir de um levantamento de abordagens disponíveis em publicações brasileiras. Naturalmente, a análise enfrenta a impossibilidade de cobrir todas as áreas e de examiná-las com a devida profundidade. Não teríamos condição logística de fazer um exame total, nem de exaurir o estado da arte dos campos, sendo nosso objetivo identificar tendências e oferecer elementos iniciais para uma base de autoconhecimento. Mesmo analisando publicações diversas, a amostra resultante não busca representar a totalidade dos trabalhos e autorias, nem sugerir qualidade ou preferência. Estamos cientes de que os trabalhos tendem a se desdobrar em diferentes interesses de pesquisa, e sua acomodação em eixos centrais e campos de pesquisa não deve ser interpretada como encerrada em si. Muitas abordagens têm fortes sobreposições e desdobramentos, levando um mesmo autor a ser referenciado em diferentes campos, cujas bordas são porosas, se existentes, e não desejamos estabilizá-los demais ou ignorar suas conexões. Outros autores preferirão outros arranjos e divisões e a genealogia dessas ramificações deve ser tema para debates na área.
Propomos definições iniciais, a fim de estabelecer uma linguagem em comum com os leitores. Em que pesem ambiguidades no ambiente acadêmico, entendemos neste trabalho os estudos urbanos como uma área de conhecimento transdisciplinar, mesmo que relacionada fortemente a uma disciplina, arquitetura e urbanismo. Por sua vez, entendemos a configuração de campo como uma concentração de temas de pesquisa afins em termos substantivos ou empíricos, ainda que haja diferenças entre abordagens quanto a sua epistemologia e métodos. Eixos temáticos são configurações mais amplas, abrangendo conjuntos de campos interconectados, comumente usados para identificar estruturas em meio à heterogeneidade de produção na área.
Buscando afinidade aos eixos encontrados em periódicos e eventos no país, organizamos os campos dos trabalhos publicados. Esse arranjo busca um balanço entre desagregação e proximidades dos problemas e abordagens, suficiente para reconhecermos diferenças, evitando a extensão a um número de campos que dificultasse seu entendimento.
Pobreza urbana; assentamentos informais e déficit habitacional; direito à cidade
No contexto de um dos países mais desiguais do mundo, não surpreende a atenção ao tema da pobreza urbana em pesquisa. Parte dos trabalhos foca no cenário empírico da falta de moradia para as populações de menor renda, envolvendo locais periféricos ou de risco, a autoconstrução e o mercado informal (7). O campo se desdobra em investigações historiográficas sobre a produção da habitação (8) e do conceito de direito à cidade, originado em Lefebvre, incluindo movimentos sociais e dinâmicas imobiliárias da exclusão, regularização fundiária (9) a situação dos sem teto e as soluções das ocupações (10), entre outras urgências empíricas.
Habitação social: programas, implicações urbanas
O século 20 conviveu com diferentes ações de produção de moradia, desde as remoções forçadas na sua primeira metade e os projetos do Banco Nacional de Habitação nos anos 1970, o déficit habitacional seguiu crescendo no país, alcançando mais de 8 milhões de unidades no começo dos anos 2000 (11). Assim, muitos estudos constituem análises históricas e críticas, abordando características e impactos dos programas habitacionais (12). A tradição historiográfica reflete a urgência empírica do problema e a natureza do Programa Minha Casa Minha Vida. Têm destaque: o desenho do programa e seus agentes de produção (13); a relação entre faixas de renda e segregação espacial dos empreendimentos; os problemas de mobilidade decorrentes da localização; impactos nos laços e redes sociais dos moradores; a localização das novas habitações em relação à anterior; a carência de infraestrutura, bem como impactos e análise tipológica dos conjuntos habitacionais; a crítica da reprodução e da qualidade de modelos construtivos; entre outros.
Segregação social e urbana
Investigações sobre segregação buscam entender como as diferenças de renda, a discriminação, a marginalização e o distanciamento entre grupos afetam suas relações e moldam a cidade. Remontando à Escola de Chicago, a segregação social costuma ser vista como uma consequência natural da divisão social do espaço, reconhecendo este como uma explicação para a distância social. O foco tradicional na segregação residencial inclui a formação do espaço segregado na cidade brasileira no trabalho clássico de Villaça (14). A multidimensionalidade do fenômeno vem sendo reconhecida, numa visão de segregação para além do território. Um aspecto explorado é a relação com as redes sociais: a formação de grupos segregados a partir de graus de homofilia (ou homogeneidade) e graus de localismo ou dependência de proximidade da moradia para estabelecer laços sociais (15). Outra abordagem foca na constituição do encontro a partir da mobilidade e trajetórias de atores de classes distintas na cidade (16). Outros trabalhos têm focado na microssegregação (17) dos condomínios fechados e assentamentos informais, no auto isolamento de grupos sociais e no papel da configuração espacial. Em número menor, há trabalhos recentes sobre a segregação regional, movimentos pendulares e mapeamento da segregação racial.
Morfologia urbana e dinâmicas sociais
O estudo da forma urbana e suas implicações sociais se desdobra no Brasil derivado de áreas como as escolas tipológicas alemã (Conzen), italiana (Muratori e Canniggia) e francesa (Panerai), a escola de Cambridge (Martin e March), a teoria urbana de Jane Jacobs, a topologia de “A cidade não é uma árvore” e a linguagem de padrões de Alexander, a sintaxe espacial de Hillier e a interação espacial de Batty, entre outras. Estudos da morfologia têm se dedicado a entender a configuração particular da cidade brasileira, desenvolver formas de análise e dinâmicas como movimento do corpo e deriva (18). Enfoca, ainda, em implicações da fragmentação e padronização de morfologias construídas, dos “efeitos da arquitetura”, perda de vitalidade urbana (19) e condições da caminhabilidade (20) e viagens a pé. O campo trabalha com temas como vitalidade urbana, apropriação dos espaços públicos, desempenho e sustentabilidade e desenho urbano.
Urbanidade e relações entre sociedade e espaço
Estudos da “urbanidade” tratam de um dos conceitos mais usados e menos definidos na disciplina, em circulação desde os anos 1900 significando a “condição de vida na cidade”. Lewis Mumford fundiu essa condição à noção de senso comum do modo cortês de “viver juntos” em seu ensaio de 1953, “East End urbanity”, dando à urbanidade um valor positivo de uma vida urbana coletiva civilizada e de autorrealização pessoal, visto por ele como a finalidade das cidades. No Brasil, o tema cresce nos anos 2000, relacionado à constituição do espaço como condição da vida urbana e da presença de pedestres introduzida sobretudo por Holanda (21), Aguiar (22). O campo aborda dimensões experienciais múltiplas (23), as “urbanidades amalgamadas” no espaço, a teoria Ator-Rede, suas condições éticas e dimensões fenomenológica, comunicativa e ontológica vêm sendo adicionadas – bem como seu oposto, a “desurbanidade” crescente em cidades brasileiras (24).
Demais esforços teóricos exploram as relações entre sociedade e espaço a partir da geografia marxista de Harvey e Soja, as teorias da reprodução social via Durkheim (Hillier e Hanson) e da interação em Anthony Giddens. Dimensões materiais dessas relações aparecem na economia urbana, na interação espacial em Batty, ou na time-geography de Hägerstrand. No Brasil, além da etnografia urbana (25) e da geografia humana de Milton Santos, aparecem: a cartografia da ação social, as explorações da sociabilidade urbana (26), as leituras da “crise nas matrizes espaciais” (27), as “tramas da prática e seus espaços” e as relações entre arquitetura e sociedade (28).
Esfera pública, espaço público e sistemas de espaços livres
Estudos da relação entre cidade e vida social ainda se desdobram a partir dos conceitos políticos de “espaço público” de Hanna Arendt e de “esfera pública” de Jürgen Habermas. O espaço público como local da diversidade e da indiferença, da privatização e da gentrificação (29), de controle e de conflitos; sua dimensão social e política (30), etnografias e historiografias dos usos da rua; e a crise do espaço público são alguns dos temas em um campo hoje profícuo. Investigações da dimensão urbana da esfera pública encontram relações com outro campo centrado no “sistema de espaços livres” (31) como condição morfológica.
Dinâmicas e desempenho urbano: mobilidade, dispersão e infraestrutura
Acerca da estrutura das redes urbanas, pesquisas abordam a frágil coordenação junto a influência do mercado moldam estruturas de acessibilidade e infraestrutura precárias ou mesmo ausentes, gerando encargos para o Estado, a população e o meio ambiente. As investigações percorrem os custos da ineficiência na relação entre área coberta e densidade populacional; o problema da dispersão, das baixas densidades e eficiência dos transportes públicos (32); e as redes de mobilidade e transporte ativo (33). Outras abordagens focam na saturação de estruturas e infraestruturas, suas consequências para redes de interação social e econômica, e na acessibilidade a centros e equipamentos comunitários; pendularidade e migração; bem como na ideia de cidades partidas geográfica e economicamente, estudos que pouco parecem repercutir no planejamento, reordenação e melhoria dos sistemas urbanos no país.
Violência e segurança pública; tecnologias da vigilância
No Brasil são encontradas 21 das 50 cidades mais violentas do mundo (34). Considerando que o problema tem raízes estruturais na produção da pobreza, é inevitável que pesquisadores se debrucem sobre ele e busquem explicitar as condições de reprodução da violência e insegurança das áreas urbanas (35). O campo engloba as condições espaciais de eventos violentos, com aspectos que vão da segregação e o status da apropriação do espaço público à sociologia do crime. Ganham destaque as condições das ocorrências; a geração da “arquitetura da violência” (36) e da “cidade de muros”; e os novos mecanismos de tecnologias da vigilância (37) e controle urbano que ganham o espaço público e se infiltram em territórios e formas de vida.
Percepção e relações ambiente-comportamento
Teorias da percepção da forma urbana e relações ambiente-comportamento, desenvolvidas a partir da influência de Lynch, fizeram-se sentir no país sobretudo desde os anos 1980, com o trabalho de Maria Elaine Kohlsdorf e, adiante, de autores também orientados para dimensões comportamentais (38). Abordagens são desenvolvidas via entrevistas e instrumentos mais recentes da chamada “avaliação pós ocupação”. São interesses do campo: a problematização dos ruídos e circularidades na coleta da leitura de usuários; as dificuldades de passagem de experiências espaciais não-discursivas para o discursivo; as impressões movidas pela construção de imaginários urbanos via marketing imobiliário e estilos de vida; e a interpretação pessoal dos “efeitos do urbano” sobre comportamentos espaciais e sociais. O campo hoje se beneficia de conceitos como o wayfinding (39) e teorias da cognição em desenvolvimento na geografia cognitiva e ciência da cognição.
Lugar, território, identidades
O conceito multidimensional de “lugar” percorre a geografia, a filosofia e os estudos urbanos, focando o sentido, a expressão e a corporeidade do lugar (40). Desdobramentos na forma de conceitos de “lugaridade” vêm ocorrendo na fenomenologia e geografia urbanas. As relações entre lugar e identidade aparecem nas interfaces da psicologia, urbanismo e arquitetura (41) e em definições de placemaking e placemarketing (42). Outros temas incluem processos de subjetivação e formação de identidades em relação ao território; experiências subjetivas do urbano, do lugar e da paisagem; paisagens sonoras; significados e sentidos do lugar e do território; paisagem cultural e unidades estéticas.
Alteridades e corporeidades; imaginário e cybercultura
Aspectos da vida urbana vêm sendo abordados em leituras interpretativas que evocam o lugar do sujeito e formas de inclusão do múltiplo e do incerto da experiência urbana, influenciadas sobretudo por Derrida, Deleuze e Guatarri (43). Pesquisas abrangem políticas culturais (44), a produção de discursos, imagens, textos e subtextos (45), seus ecos e expressões no cinema, e a cidade como interface de signos e a comunicação de massa (46). Outras vertentes fazem a crítica da racionalização da interação, do desenvolvimento urbano e da modernização; abordam a produção de saberes locais e populares; os usos da cultura como resistência e capital simbólico, bem como as tendências da vida urbana contemporânea; a relação entre alteridade e dominação; e a micropolítica, os campos sociais e territorialidades. Por sua vez, temas recentes como a cybercultura e interfaces de espaços urbanos e redes digitais têm recebido pouca atenção na área, sendo tematizados mais frequentemente em áreas de tecnologias da comunicação e informação.
Cartografias, redes e sociabilidades; conflitos urbanos
Leituras têm se desdobrado em cartografias como formas de representação e afirmação de grupos e redes de ações no cotidiano, a partir de Lefebvre, Michel de Certeau, e outros. Desenvolvimentos incluem a “cartografia da ação social” e das resistências de segmentos marginalizados; estudos da presença do corpo e das experiências não discursivas no espaço urbano (47); as identificações e ligações territoriais com o sujeito, as desapropriações materiais e simbólicas, e os movimentos sociais (48). Ainda englobam, impactos das novas tecnologias sobre redes de sociabilidade (49), disputas cartográficas e territoriais, simbólicas e materiais, e a representação de grupos e sujeitos, ações e modos de vida não hegemônicos (50). Aparecem ainda, as conexões entre esses contextos e tendências globais da economia e política, as arenas políticas ocultas e condições urbanas em regiões periféricas do capitalismo. Muitos trabalhos extrapolam contornos ortodoxos da pesquisa, em busca da visibilidade política de grupos nos contextos em que atuam – na forma de narrativas, reivindicações e ocupações simbólicas em torno da legitimidade de campos e práticas sociais (51).
Produção e reestruturação urbana; dinâmicas do mercado; política fundiária
O campo se constitui a partir da aproximação entre estudos urbanos e economia, tanto por vias neoclássicas quanto marxistas, orientado aos processos de produção do espaço urbano a partir de matrizes gerais, como decisões locacionais, distribuição de atividades econômicas e circuitos monetários urbanos. Nesses processos se encontram a autoprodução informal e a associação entre mercado imobiliário e outros capitais (52); o mercado do solo urbano; a formação dos preços e estratégias competitivas (53); a reestruturação produtiva, industrialização e movimentos migratórios; o desenvolvimento entre escalas global e local (54); e a reconfiguração espacial da cidade brasileira.
Pesquisas incluem: produção do espaço e legislação, instrumentos de política fundiária (55); indicadores de trabalho e renda; a diferenciação social, incluindo processos de gentrificação e segregação; práticas de incorporação e especulação imobiliárias (56); estratégias mercantis e territórios simbólicos (57); atuação do Estado na produção do espaço; e a mercantilização da habitação e a habitação como investimento no mercado globalizado (58).
Gestão, estratégias e agentes de planejamento; políticas públicas
A dimensão normativa da produção urbana se desdobra em trabalhos focados nas influências do Estado e do mercado no processo de urbanização e na organização espacial de grupos e atividades sociais (59); na incapacidade de mecanismos de mercado garantirem habitação adequada, impactando o direito à moradia (60); os novos instrumentos de legislação como o Estatuto da Cidade e a outorga onerosa (61); e nas relações entre competitividade, guerra fiscal e políticas regionais. O campo ainda inclui críticas ao planejamento estratégico, marketing urbano, parcerias público-privadas e operações urbanas (62), amarrando essas questões à crise societária e a mecanismos de apropriação e produção da riqueza, como desafios para a participação social em processos de planejamento.
Megaprojetos e megaeventos; marketing urbano; espetacularização
Com sua atenção a novas formas de produção urbana, um campo emergiu nos anos 2010 no Brasil. A realização de megaeventos em todo o país, e em especial na cidade do Rio de Janeiro (63), trouxe a investigação dos diversos impactos que eles trazem consigo. A produção inclui análises da espetacularização, marketing urbano e comodificação da cidade; dos regimes de planejamento de exceção (64); os impactos locais de lógicas hegemônicas e homogeneizantes, e transformações urbanas (65). O fato das implicações dos megaprojetos tenderem a se fazer sentir no tempo segue como pauta de investigação.
Historiografias da cidade e do planejamento; patrimônio e memória urbana
Os estudos da história e patrimônio urbanos são produzidos a partir de análises de obras e fontes documentais, a abordagem historiográfica se ramifica em diferentes temas, como as relações entre conservação e tombamento (66), a dimensão simbólica da monumentalização (67), a herança cultural e a história da habitação e da construção. A presença do campo em estudos da cidade e da arquitetura se faz sentir especialmente pela natureza da pesquisa historiográfica, utilizada como uma forma de abordar outros temas em distintas áreas.
Paisagem e ambiente
O tema tem sido objeto de abordagens diversas em suas relações com fenômenos urbanos e socioespaciais, cobrindo – do ponto de vista experiencial e fenomenológico (68) relações sistêmicas entre morfologia e sistemas biofísicos (69); biodiversidade e sistemas hidrológicos (70); vulnerabilidade de ecossistemas e populações; saúde pública; gestão ambiental e da paisagem; relações entre paisagem e cultura; infraestrutura e climatologia urbana (71); desigualdades e justiça ambiental (72), paisagismo comestível e justiça alimentar (73). Vemos ainda aproximações de temas como paisagismo, sistemas de espaços livres e lógicas de apropriação e produção do espaço.
Sustentabilidade
A sustentabilidade como temática multidisciplinar ganhou popularidade no imaginário contemporâneo, em estudos urbanos as pesquisas abordam os impactos da ocupação urbana sobre ecossistemas (74). O alcance teórico abre o debate em diversas frentes: poluição e saúde (75); transporte, infraestrutura verde e urbanismo ecológico; gestão de recursos hídricos; microclimas e distúrbios naturais; monitoramento ambiental (76), requalificação ambiental (77); planejamento ambiental (78); mudanças climáticas (79); desenvolvimento sustentável (80) e desdobramentos políticos (81). Dada à exaustão do uso do termo “sustentabilidade” incluindo suas distorções mercadológicas, explorações recentes do tema vêm sendo feitas sob o conceito de “resiliência” e “desempenho ambiental”.
Ensino e epistemologia
O urbanismo como conhecimento e ensino se mescla com conceitos oriundos da epistemologia, pedagogia e psicologia. Há escassez de debates no país sobre a natureza dos conhecimentos e formas de entender o fenômeno urbano como tema multidisciplinar – iniciando por investigações sobre a pesquisa urbana e os saberes disponíveis. Há um pequeno número de trabalhos descritivos que apresentam experiências didáticas (82) que, contudo, parecem causar impacto limitado no modelo tradicional de ensino para além de eventuais discussões em revisões curriculares. Outro nicho pouco explorado e ainda controverso é o uso da tecnologia no ensino e na representação do planejamento e projeto urbanos, recursos, como os sistemas de informação geográfica, têm sentido forte resistência em sua entrada nas graduações, e mesmo na pós-graduação.
Novas tecnologias e meios de exploração de processos urbanos e planejamento
Apesar dos nichos desconectados de novas técnicas, possivelmente em função de pressupostos de formação disciplinar, sua utilidade pode ser percebida na produção de pesquisa. Recursos computacionais vêm sendo usados para modelar fenômenos e processos urbanos, auxiliando na observação de transformações amplas, com diversos agentes e de dinâmica complexa, frequentemente mesclando aleatoriedade e regularidade. Entretanto, estudos de simulação in silico (83), e em parametrismo (84) ainda são pouco explorados no país, assim como abordagens de cidades como territórios digitais (85), o espaço aumentado e redes tecnológicas.
Breves considerações
Muitos trabalhos e autores não puderam ser incluídos neste mapeamento por limitações de espaço e de varredura. Ainda, nossa proposta de divisão se baseia em uma leitura de diferenças e afinidades temáticas, teóricas e empíricas entre trabalhos produzidos e mapeados em estudos urbanos. Nossa expectativa é a de representar temas de pesquisa, mesmo que em contornos gerais. Mesmo assim, é inevitável que qualquer taxonomia esteja sujeita a interpretações e capacidades de reconhecimento da área como um todo. Portanto, não afirmamos essa divisão como absoluta, mas como uma proposta para amparar o debate que entendemos necessário na disciplina. A partir dessa e outras taxonomias, poderemos fazer investigações mais precisas sobre a distribuição da produção de pesquisa no país, apresentadas na parte 2 deste trabalho (86). Vejamos o quanto essa classificação de campos vai ser efetiva para identificar consistências e heterogeneidades temáticas na produção em pesquisa urbana no Brasil.
notas
NE – Ver a segunda parte do artigo: NETTO, Vinicius M.; FISZON, Maria; MOREIRA, Maria Clara; MORAES, Ivo. Pesquisa urbana no Brasil. Um panorama inicial [parte 2]. Arquitextos, São Paulo, ano 20, n. 239.07, Vitruvius, abr. 2020 <https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/20.239/7680>.
1
FELDMAN, Sarah. Avanços e limites na historiografia da legislação urbanística no Brasil. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, n. 4, mai. 2001; FERNANDES, Ana; GOMES, Marco Aurélio A.F. História da Cidade e do Urbanismo no Brasil: reflexões sobre a produção recente. Ciência e Cultura, vol. 56, n. 2, abr./jun. 2001.
2
FIRMINO, Rodrigo; HOJDA, Alexandre. A comunicação científica em gestão urbana: Revista Urbe, uma autoanálise. Anais do XVI Enanpur, Belo Horizonte, 2015; ULTRAMARI, Clovis, FIRMINO, Rodrigo J.; SILVA, Séfora F.P. La Recurrencia de las ideas en el Estúdio de la Planificación Urbana en Brasil. Ciudad y Territorio,vol. XLV, n. 175, mar./jun. 2013.
3
Veja “Pesquisa urbana no Brasil: um panorama inicial, parte 2 (no prelo).
4
BATTY, Michael. The New Science of Cities. Cambridge, MIT Press, 2013.
5
SCOTT, Alen J.; STORPER, Michael. The Nature of Cities: The scope and limits of urban theory. International Journal of Urban and Regional Research, vol. 39, n. 1, 2014, p. 1-15.
6
ROBINSON, Jennifer. Comparative Urbanism: New Geographies and Cultures of Theorizing the Urban. International Journal of Urban and Regional Research, vol. 40, n. 1, 2016, p. 187-199.
7
ABRAMO, Pedro (Org.). Favela e Mercado informal: a nova porta de entrada dos pobres nas cidades brasileiras. Porto Alegre, Antac, 2009.
8
SILVA, Maria Lais Pereira da. Favelas Cariocas (1930-1964). Rio de Janeiro, Contraponto, 2005.
9
BIENENSTEIN, Regina, et al. Regularização Fundiária Sustentável: Alguns Desafios. Planejamento e Políticas Públicas, n. 37, Brasília, 2011, p. 153-184.
10
FERRAZ, Sônia M.T, UCHOA, Sara; MACHADO, Bruno A. Eu não tenho onde morar é por isso que eu moro na (areia) rua. Ou como os sem teto viraram moradores. IV Seminário Internacional Direitos Humanos, Violência e Pobreza, Rio de janeiro, out. 2012.
11
Segundo índices da Fundação João Pinheiro de 2015 <http://www.fjp.mg.gov.br/>.
12
BONDUKI, Nabil. Os pioneiros da habitação social. 100 anos de políticas pública no Brasil. São Paulo, Unesp/Edições Sesc, 2014. vol. 1.
13
AMORE, Caio S., SHIMBO, Lúcia Z.; RUFINO, Maria Beatriz C. (Org.). Minha casa... e a cidade? Avaliação do programa minha casa minha vida em seis estados brasileiros. Rio de Janeiro, Letra Capital, 2015.
14
VILLAÇA, Flávio. Espaço Intraurbano no Brasil. São Paulo, Studio Nobel, 1998.
15
MARQUES, Eduardo. Urban poverty, segregation and social networks in São Paulo and Salvador. International Journal of Urban an Regional Research, vol. 39, n. 6, 2015, p. 1067-1083.
16
NETTO, Vinicius M., PINHEIRO, Maíra; PASCHOALINO, Roberto. Segregated networks in the city. International Journal of Urban and Regional Research, vol. 39, n. 6, 2015.
17
MONTEIRO, Clarice M. G. Enclaves. Condominiums, and Favelas: Where Are the Ghettos in Brazil? City and Community, vol. 7, 2008, p. 378-383.
18
ORTIZ-CHAO, Claudia; FIGUEIREDO, Lucas de M. Análise configuracional do ambiente construído: lotes, edifícios e uso do solo. Anais do XVI Enanpur, Belo Horizonte, 2015.
19
SABOYA, Renato T. de; NETTO, Vinicius M.; CELSO VARGAS, Júlio. Fatores morfológicos da vitalidade urbana. Uma investigação sobre o tipo arquitetônico e seus efeitos. Arquitextos, São Paulo, ano 15, n. 180.02, Vitruvius, mai. 2015 <https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/15.180/5554>.
20
LARRAÑAGA, Ana M., CYBIS, Helena B.B.; RIBEIRO, José L. D. Fatores que afetam as decisões individuais de realizar viagens a pé: estudo qualitativo. Revista Transportes, vol. 17, n. 2, São Paulo, 2009.
21
HOLANDA, Frederico. O espaço de Exceção. Brasília, Universidade de Brasília, 2002.
22
AGUIAR, Douglas. Urbanidade e a qualidade da cidade. NETTO, Vinicius M. (Org.). Urbanidades. Rio de Janeiro, Folio Digital, 2012.
23
SCOCUGLIA, Jovanka B. C. (Org.). Cidade, cultura e urbanidade. João Pessoa, Editora UFPB, 2012.
24
FIGUEIREDO, Lucas. Desurbanismo: um manual rápido de destruição de cidades. AGUIAR, Douglas; NETTO, Vinicius M. (Org.). Urbanidades. Rio de Janeiro, Folio Digital, 2012.
25
FERREIRA DOS SANTOS, Carlos N., et al. Quando a rua vira casa. 3ª ediçãoo. São Paulo, Projeto, 1985.
26
FRÚGOLI JÚNIOR, Heitor. Sociabilidade urbana. São Paulo, Zahar, 2007.
27
DUARTE, Fábio. Crise das matrizes espaciais: arquitetura, cidades, geopolítica, tecnocultura. São Paulo, Perspectiva, 2002.
28
NETTO, Vinicius de M. Cidade & sociedade: as tramas da prática e seus espaços. Porto Alegre, Sulina, 2014.
29
SERPA, Ângelo. O espaço público na cidade contemporânea. São Paulo, Contexto, 2007.
30
CAPANEMA ÁLVARES, Lucia. Espaços livres públicos: uma análise multidimensional de apropriações e conflitos. Maria de L. COSTA; Maria L.P. (Org.) SILVA. Produção e Gestão do Espaço. Niterói, Casa 8/Faperj, 2014.
31
MACEDO, Silvio S. et al. Os sistemas de espaços livres na constituição da forma urbana contemporânea no Brasil: produção e apropriação. (Quapásel II). Paisagem e Ambiente, n. 30, São Paulo, FAU USP, 2012, p. 137-172.
32
OJIMA, Ricardo. Dimensões da urbanização dispersa e proposta metodológica para estudos comparativos. Revista Brasileira de Estudos Populacionais, vol. 24, n. 2, 2007, p. 277-300.
33
DUARTE, Fábio. Disassembling Bike-Sharing Systems: Surveillance, Advertising, and the Social Inequalities of a Global Technological Assemblage. The Journal of Urban Technology, vol. 23, 2016, p. 1-13.
34
Segundo índices da Fundação João Pinheiro de 2015: http://www.fjp.mg.gov.br/
35
Vale destacar que a violência no Brasil não está restrita às zonas urbanas, ainda que esta análise trate apenas desse âmbito.
36
FERRAZ, Sônia M. T., et al. Arquitetura da violência: a arquitetura antimendigo como eureca da regeneração urbana. Movimento Revista de Educação, n. 3, Rio de Janeiro, Universidade Federal Fluminense, 2015.
37
FIRMINO, Rodrigo; DUARTE, Fábio. Private video monitoring of public spaces: The construction of new invisible territories. Urban Studies, vol. 53, 2015, p. 741-754.
38
DEL RIO, Vicente; OLIVEIRA, Lívia (Org.). Percepção ambiental: a experiência brasileira. São Paulo, Studio Nobel, 1996.
39
COSTA, Robson X.; ELALI, Gleice V.M.A. Lendo trajetos em museu-paisagem: Um estudo de wayfinding no Instituto Inhotim. Anais do III Enanparq. São Paulo/Campinas, FAU Mackenzie/FAU Puccamp, 2014.
40
HOLZER, Werther. Sobre territórios e lugaridades. Cidades. Revista Cidades, vol. 10, n. 17, 2013.
41
DEL RIO, Vicente; DUARTE, Cristiane R.; RHEINGANTZ, Paulo A. Projeto do lugar: colaboração entre psicologia, arquitetura e urbanismo. Rio de Janeiro, Contra Capa/Proarq, 2002.
42
CASTELLO, Lineu. Rethinking the meaning of place: conceiving place in architecture-urbanism. Londres, Ashgate Pub. Co., 2010.
43
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Idem, ibidem.
sobre os autores
Vinicius M. Netto é doutor em Advanced Architectural Studies (The Bartlett School of Graduate Studies, University College London) e professor associado do Departamento de Arquitetura e Urbanismo e do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense.
Maria Fiszon é mestre em Arquitetura e Urbanismo pelo Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense. Desenvolve trabalhos dentro dos seguintes temas: arquitetura bioclimática, desenvolvimento sustentável e certificações ambientais em arquitetura.
Maria Clara Moreira é graduanda em Arquitetura e urbanismo e bolsista de Iniciação Científica (CNPq EAU UFF).
Ivo Moraes é graduando em Arquitetura e urbanismo e bolsista de Iniciação Científica (CNPq EAU UFF).