Considerando a lacuna existente no que diz respeito à abordagem temática e exploração dos conhecimentos populares na contemporaneidade, este artigo possui como finalidade a reflexão acerca de uma das pautas do debate atual no que concerne a produção arquitetônica realizada por grupos sociais sem a presença de técnicos: suas abordagens e conceituações. Tradicionalmente, a historiografia da arquitetura vem reconhecendo e documentando obras ligadas às instituições oficiais, o que revela o seu caráter academicista, contudo existe uma vasta produção arquitetônica que extrapola a presença do profissional arquiteto. É possível identificar a arquitetura produzida para além do universo dos especialistas (arquitetos, engenheiros e outros profissionais) em alguns conceitos específicos, como “arquitetura vernacular”, “arquitetura popular”, “arquitetura tradicional”, entre outros. Desse modo, busca-se promover uma revisão das terminologias utilizadas para a definição desse universo e uma reflexão sobre os conceitos que abordam a temática em questão.
As reflexões propostas por Marina Waisman (1), nesse contexto, são de grande valor para quem almeja refletir sobre a historiografia brasileira tradicional e as lacunas que ela deixa a respeito da contribuição de grupos historicamente relegados às margens da sociedade, como os afrodescendentes e indígenas. Além disso, dentro da historiografia arquitetônica, há diversas tipologias, modos de construir, técnicas construtivas e contribuições culturais que são invisibilizadas e sobre as quais não se costuma fazer uma análise aprofundada e abrangente. Nesse sentido, Paola Berenstein Jacques reforça que “dirigir o olhar para o universo popular implica questionar a noção hegemônica de arquitetura como arte e saber eruditos” (2). Esse debate se mostra ainda mais pertinente na contemporaneidade, pois o processo de apagamento continua acontecendo sistematicamente sobre os espaços produzidos por segmentos sociais menos favorecidos. Inseridos em um contexto onde a produção arquitetônica é expressivamente resultado de autoconstrução, assim como aponta Márcia Sant'Anna (3), ignorar esse universo é um sinal de alienação.
Ampliando a escala de discussão, segundo Waisman, urge a necessidade de “reformular instrumentos historiográficos adequados à compreensão da nossa realidade enquanto latinoamericanos” (4), já que a historiografia latinoamericana foi, ao longo do tempo, obliterada na historiografia geral, que sempre foi construída a partir de uma perspectiva eurocêntrica. O sistema de valores, aspecto que sempre está presente no exercício da historiografia, se mostra um empecilho para o estudo da contribuição arquitetônica dos povos tradicionais e excluídos, pois é, muitas vezes, incapaz de compreender as racionalidades e as dinâmicas desses grupos de forma holística. Ainda que seja possível observar o despontar de um olhar para tais questões, não foi criado um sistema alternativo para entender a arquitetura dos países periféricos fora do sistema de valores europeu, que apagou, desprestigiou e desconsiderou diversas manifestações latino-americanas (5).
Nesse contexto, este artigo se inicia pela apresentação da formulação de diferentes conceituações relacionadas à produção arquitetônica em questão. Em seguida, é tecida uma reflexão relacionando os conceitos analisados, tendo em vista a própria noção de conceito como algo fluido e intrinsecamente relacionado a questões específicas de cada universo de pesquisa.
Conceituações: diferentes perspectivas
No que concerne às reflexões sobre as terminologias utilizadas para designar a arquitetura não hegemônica, produzida por grupos sociais fora do universo dos especialistas, adota-se aqui um posicionamento similar ao sustentado por Sant’Anna, que assume uma postura crítica em relação à rigidez conceitual, que trata o conceito como uma descrição final e definitiva sobre determinado objeto (6). Desse modo, assim como postulado pela autora, neste artigo leva-se em consideração o caráter dinâmico da realidade, encarando-se o conceito como uma ferramenta passível de aperfeiçoamento e adequação ao objeto de estudo. Dessa forma, a ideia de conceito adquire um caráter provisório em constante transformação, para auxiliar a compreensão da realidade. Nesse sentido, é importante colocar que esta reflexão é um desdobramento de ações realizadas no âmbito do grupo de pesquisa Invisibilidades na História da Arquitetura e da Cidade (7) e integra o projeto de pesquisa Invisibilidades na história da arquitetura e da cidade: revelando tipologias obscurecidas (8). As investigações em questão possuem como principal finalidade trabalhar temas ligados à escrita da história da arquitetura e da cidade, com ênfase nos apagamentos e invisibilidades que permeiam esse campo do conhecimento documentando, analisando e discutindo essas produções arquitetônicas e urbanísticas.
Na sequência, serão abordados alguns aspectos dos conceitos de arquitetura primitiva, arquitetura vernacular, arquitetura popular e tradicional.
Arquitetura primitiva
Um dos termos relacionados ao universo em questão é o conceito de arquitetura primitiva. Para entender a utilização desse termo, buscou-se a explicação de Sant’Anna sobre a definição proposta por Amos Rapoport (9). Para ele, a arquitetura primitiva refere-se àquela feita em sociedades “tecnológica e economicamente pouco desenvolvidas”, mas nas quais são utilizadas as habilidades e recursos que esses grupos dispõem. Nessas sociedades, a tradição orienta a relação entre forma e cultura, e há um grau de especialização alto, fazendo com que todos os membros do grupo possuam os conhecimentos necessários para a construção de edificações (10). Por isso, para o autor, também é considerada uma arquitetura primitiva aquela que não conta com a figura do construtor, distinguindo-a do que ele define como “arquitetura vernacular”, que teria a presença dessa figura, mesmo que não se tratasse de um arquiteto formado tradicionalmente.
Contudo, o emprego dessa terminologia na contemporaneidade possui riscos, já que pode ter uma conotação evolucionista, fazendo com que haja a rotulação de determinados grupos sociais como menos desenvolvidos, levando em conta critérios que são advindos de diferenças socioculturais. Assim como apontado por Francisco Andrade (11), o uso das expressões “arquitetura primitiva” e “arquitetura espontânea” apresenta cargas pejorativas e vinculadas a concepções naturalistas da cultura humana, que são equivocadas. Nota-se que as diferenças culturais possibilitam a manifestação de diversas e múltiplas formas arquitetônicas, que não devem ser hierarquizadas, ainda mais pelo critério da presença de um profissional construtor ou de uma comparação direta entre essas comunidades. Nesse sentido, busca-se o afastamento de um sistema de valores que, simplesmente, oponha e estabeleça uma hierarquia entre a produção arquitetônica de profissionais e das demais produções. É necessário que a diversidade cultural seja reconhecida e compreendida em função de sua própria autenticidade.
Arquitetura vernacular
Para abordar o termo “arquitetura vernacular” e suas derivações, utiliza-se aqui como ponto de partida a conceituação de Paul Oliver (12), que vem servindo como base para grande parte dos estudos que tratam dessa temática. Conforme menciona Oliver, “ao usar o termo ’arquitetura vernácula’ abraço todos os tipos de construções feitas por pessoas em sociedades tribais, folclóricas, camponesas e populares onde um arquiteto ou designer especializado não está envolvido no processo” (13).
Esse conceito é amplamente utilizado pelos estudiosos brasileiros para descrever algumas produções arquitetônicas de povos tradicionais do país. Mesmo que parte desses estudiosos não recorram aos termos “tribais” ou “folclóricas” para descrever tais comunidades, a essência da definição de Oliver permanece nesses trabalhos: são produções arquitetônicas, realizadas em comunidades tradicionais, nas quais não há um arquiteto envolvido. Além disso, muitas vezes associa-se a definição de arquitetura vernacular como aquela que é feita com a utilização de materiais locais e provindos diretamente da natureza, como a palha, a madeira e a terra. Andrade coloca que essa definição é inadequada ao contexto brasileiro, já que, pelas heranças coloniais, a maior parte das produções arquitetônicas no país utiliza materiais locais. Para o autor, a questão do emprego dos materiais na arquitetura vernacular não concentra-se em seu local de origem, mas no modo como os materiais eram agenciados nos canteiros de obras, nas relações criadas no processo construtivo e na formação de culturas construtivas (14).
No Brasil, a categoria dos povos tradicionais é formada por uma enorme variedade de grupos: indígenas, ribeirinhos, comunidades quilombolas, dentre outras. Esses grupos, apesar de apresentarem uma variedade cultural, geográfica, arquitetônica e de costumes, carregam, em sua maioria, as práticas da coletividade e da vivência comunitária. Os conhecimentos adquiridos ao longo das gerações, no que tange aos modos de construir, às práticas religiosas, aos hábitos cotidianos, às raízes culturais e à compreensão da natureza, são repassados, de forma coletiva e muitas vezes oral, entre gerações. Essa vivência cíclica promove o fortalecimento constante da identidade cultural local, que compõe o universo da arquitetura vernacular (15).
Por fim, cabe uma reflexão acerca do alcance da utilização da terminologia “arquitetura vernacular”, já que, como levantado por Sant’Anna (16), o seu emprego está fortemente vinculado ao meio acadêmico, se mostrando pouco acessível popularmente, inclusive aos próprios agentes produtores dessa arquitetura. Ao estudar e buscar ampliar a visibilidade sobre produções arquitetônicas de grupos obscurecidos, é importante entender, também, se a linguagem utilizada comunica e abarca todos os envolvidos nesse debate.
Arquitetura tradicional
Para compreensão do termo “arquitetura tradicional”, partiu-se da análise do próprio conceito de cultura tradicional. Ao abordar o conceito de um ponto de vista marxista, Antônio Carlos Diegues (17) estabelece que as culturas tradicionais se pautam em um modo de produção pré-capitalista, no qual o trabalho ainda não se tornou uma mercadoria e existe uma relação de simbiose com os recursos naturais e ciclos da natureza. Ainda que uma dependência do mercado possa estar presente, ela não é não é total. No contexto de culturas tradicionais, o manejo de recursos naturais visa a reprodução social e cultural e não apenas o lucro. Consequentemente, sua concepção e representação do mundo natural difere essencialmente do mundo capitalista, no qual a força de trabalho e a natureza são tomados como objetos de compra e venda.
Dentro desse contexto, a compreensão de Rubenilson Brazão Teixeira (18) reforça essa concepção das tradições e formação do tradicional, ao definir a arquitetura vernacular em um campo mais amplo. Ainda que use o termo arquitetura vernacular, a questão da tradição se destaca em sua análise. Para ele, a presença da tradição não configura automaticamente uma arquitetura vernacular, mas toda a arquitetura vernacular é inerentemente tradicional, já que essa produção é pautada na transmissão geracional dos saberes construtivos ao longo do tempo. Teixeira define a arquitetura vernacular como
“Uma arquitetura tradicional, resultante do desenvolvimento histórico de um determinado povo. […] Não cabe nas classificações estilísticas da arquitetura convencional. Origina-se ou é mais frequente em área rural. Respeita e se adapta bem às diversas limitações tecnológicas e físico-ambientais. A tecnologia é autóctone, primitiva, rudimentar, quando comparada à tecnologia formal. Ela permite variações ao nível da língua, mas não da palavra. A arquitetura vernacular é fundamentalmente a expressão de um povo, e, portanto, um ato cultural” (19).
Por outro lado, Andrade (20) se opõe à utilização da terminologia “tradicional”. Em sua perspectiva, essa ideia pode estar vinculada a uma estratificação cultural, que também se aplica ao conceito de "arquitetura popular", desenvolvido a seguir. Ainda assim, o autor afirma que o termo “arquitetura tradicional” pode ser adequado para um uso menos rigoroso, em situações que demandam certa diferenciação, principalmente de cunho temporal.
As perspectivas abordadas por esses autores permitem uma reflexão acerca da terminologia “tradicional”, observando-se que as produções arquitetônicas assim denominadas se mantêm e se fortalecem por meio de símbolos e significados socialmente compartilhados, além de se manter, também, por meio de seus produtos materiais, próprios do modo de produção tradicional e afastados da lógica capitalista.
Arquitetura popular
Günter Weimer (21) oferece o seu conceito de arquitetura popular, relativizando-o com o qualificativo vernacular. No entanto, para ele o termo "arquitetura vernacular" é um neologismo e não está dicionarizado devidamente, sendo assim o emprego mais correto seria “populus”’, popular, que remete a conjunto de cidadãos, do que é próprio de camadas intermediárias de uma população (22). Nesse sentido, por meio de uma análise complexa sobre os povos da américa e a heterogeneidade étnica na formação cultural do Brasil, aborda a arquitetura popular como o objeto derivado de uma divisão por dominância. Desse modo, Weimer afirma que a arquitetura popular é resultado direto das técnicas e materiais empregados em uma longa tradição histórica, ou seja, é definida pelas obras e pelo trabalho do “homem pobre” de acordo com as necessidades do seu dia-a-dia, utilizando a sabedoria popular na escolha de materiais e técnicas de acordo com sua disponibilidade local.
Por fim, as características gerais da arquitetura popular, segundo Weimer (23), encontram-se na simplicidade dos materiais e técnicas utilizados, as limitações econômicas, a adaptabilidade, perante o clima, de tal modo que o processo construtivo esteja em uma relação direta de sobrevivência do homem com a natureza. Porém, com o aumento do poder aquisitivo dos "dominados", ocorre o distanciamento do homem com relação ao meio ambiente, logo, desviando-se da arquitetura popular. Sendo assim, para o autor, a definição de arquitetura popular exclui a arquitetura realizada para as elites, conhecida por erudita (24).
No que concerne a utilização do termo arquitetura popular, Andrade (25) aponta como problemático o seu emprego pois no campo de estudos da história, da arquitetura e do patrimônio a terminologia é comumente usada com aproximação à correntes marcadas pela rigidez conceitual e de caráter classificatório. Desse modo, para o autor, a expressão “arquitetura popular” deve ser evitada por sua vinculação com paradigmas classificatórios entre “cultura erudita” e “cultura popular”, cujos critérios de classificação são demasiadamente tipológicos e formalistas. Entretanto, Sant’Anna (26) enfatiza a capacidade comunicacional do termo com os grupos sociais que o universo popular envolve: sujeitos situados fora dos circuitos especializados. Assim, a denominação “arquitetura popular” visibiliza aqueles que detêm os conhecimentos e produzem essa arquitetura, respeitando e valorizando suas produções.
Por fim, Sant’Anna reforça que a utilização da expressão
“Não decorre, portanto, de considerações de ordem etimológica, como em Weimer (2005, p. XXXIX; p. XL), mas deriva também do fato de que o neologismo ‘vernacular’, quando aplicado à arquitetura, restringe-se ao campo acadêmico e especializado e não é facilmente compreendido fora dele” (27).
Considerações finais
Considerando os diversos pontos de vista apresentados acerca das terminologias para designar uma arquitetura tradicional, geralmente feita sem a presença de um arquiteto e com cultura construtiva particular, pode-se ter um olhar mais amplo para essa produção arquitetônica. Para além de tipologias categorizáveis, com elementos arquitetônicos concretos e palpáveis, essa produção envolve uma teia complexa de relações sociais, com os materiais e com o meio em que estão inseridas. Essas relações e expressões, que se transformam em uma linguagem própria, autônoma e interligada ao canteiro de obras (28), apesar de carregarem uma riqueza cultural muito grande, que faz parte da identidade arquitetônica de um ou mais povos, não receberam um olhar aprofundado da historiografia da arquitetura até a contemporaneidade.
A arquitetura, nesse contexto, pode desempenhar um papel significativo enquanto instrumento de ressignificação e subsistência de processos de construção de identidades e consolidação de tradições e linguagens de culturas obscurecidas e dominadas historicamente (29). Para Waisman, a admissão potencial das produções populares e o reconhecimento e aprofundamento em um lado histórico posposto que contempla a multiplicidade cultural dos povos segregados, decorre de um processo de reflexão, consciência e autonomia de suas culturas e do lugar que ocupam política e historicamente na construção das concepções atuais.
Assim como sustenta Sant'Anna (30), ignorar o universo popular é um sinal de alienação, já que as técnicas construtivas e a produção arquitetônica pautada na vivência e nos saberes populares são importantes recursos para o desenvolvimento econômico e do patrimônio cultural. Além disso, a autora discorre sobre a carência de estudos sobre os temas acerca dessas arquiteturas invisibilizadas, e comenta a não aplicação desses conceitos nos estudos atuais. Ou seja, ela aponta essa falta de referências como um processo que precisa ser transfigurado e reafirma a importância de uma maior articulação do estudo do espaço arquitetônico fora dos circuitos mais frequentes, que costumam abordar aspectos arquitetônicos e construtivos, e de voltar seu foco para o contexto social, econômico, cultural e ambiental de produção.
Ademais, cabe a reflexão sobre a arquitetura popular e como esta não faz parte do imaginário cotidiano dos arquitetos, visto que, a catalogação de dados referentes ao tema provém quase que exclusivamente de levantamentos de outras áreas de estudo, desconexas à arquitetura. Esse processo aponta a invisibilidade, abordada ao longo do texto, sobre a arquitetura popular e as manifestações populares que dela derivam, culminando em um mecanismo de apagamento de casos particulares relacionados a questões como as contribuições históricas dos povos originários e afrodescendentes do país, bem como as produções advindas das periferias das cidades na atualidade. Logo, é possível notar uma lacuna, talvez até intencional, na abordagem desses temas de forma geral, já que a manutenção do apagamento promove uma invisibilidade ainda maior desses grupos sociais e suas produções, histórias, identidades, direitos e contribuições.
A busca por uma terminologia para designar essas produções arquitetônicas levantadas, apesar de necessária para justamente demarcar a sua existência e importância, não deve ter a pretensão de as descrever de forma definitiva (31). Entende-se que, assim como a realidade, os conceitos devem ser dinâmicos e passíveis de transformação e adequação às novas questões que surgem com o tempo. Se os conceitos são utilizados para compreender realidades que se transformam constantemente, é necessário que eles também sejam atualizados. Por isso, após a análise das diversas terminologias abordadas, não cabe aqui definir uma conceituação ideal a ser utilizada de forma estática, mas refletir sobre suas origens, aplicações, capacidade de comunicação e com quem elas estabelecem diálogos.
Dessa forma, quando há a abordagem das contribuições desses grupos sociais em questão, é preciso que a linguagem adotada, incluindo aqui as conceituações utilizadas para definir as suas produções, dialogue diretamente com esses grupos e seja acessível ao seu contexto sociocultural, político e econômico (32), e não apenas se limite ao universo acadêmico. Sobre essa circunstância, Sant’Anna destaca: "Para tanto, é fundamental o desenvolvimento de uma abordagem integrada, transdisciplinar e adequada às questões suscitadas por seus produtores, pelo contexto sociocultural, político e econômico e pelos saberes que essa produção mobiliza”. Nesse sentido, é necessário um aporte conceitual que dê conta das peculiaridades da realidade arquitetônica que descreve e que, ao mesmo tempo, dialogue com os detentores dessa produção. Mostra-se imprescindível, portanto, a utilização de vocabulário que seja capaz de respeitar os valores e aspectos simbólicos dessas comunidades e de promover a sua inclusão nos debates. Assim, cria-se autonomia para que os indivíduos produtores das diversas arquiteturas sejam agentes ativos da escrita de suas próprias produções na história, fazendo com que o processo historiográfico não seja restrito ao meio acadêmico, democratizando-o.
notas
1
WAISMAN, Marina. O interior da história: historiografia arquitetônica para uso de latinoamericanos. São Paulo, Perspectiva, 2013.
2
JACQUES, Paola Berenstein. Estética da Ginga. São Paulo, Casa da Palavra, 2003, p. 11–20. Apud SANT’ANNA, Marcia. Arquitetura popular: espaços e saberes. Políticas Culturais em Revista, v. 6, n. 2, Salvador, 2014, p. 42 <https://bit.ly/46nJb7J>.
3
SANT’ANNA, Marcia. Op. cit.
4
WAISMAN, Marina. Op. cit., p. XV.
5
Idem, ibidem.
6
SANT’ANNA, Marcia. Op. cit.
7
Trata-se das discussões do grupo de estudos Histórias da Arquitetura e da Cidade e do Projeto de Iniciação Científica da aluna Ana Victória Guimarães Paiva, financiado pela CNPq (Edital n.03/2001 PIBIC-CNPq), sob orientação da professora doutora Denise Geribello.
8
O projeto é coordenado pela professora doutora Denise Geribello e recebe apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico/CNPq/Brasil (Chamada CNPq/MCTI/FNDCT n. 18/2021, pProcesso 409445/2021-5).
9
RAPOPORT, Amos. House Form and Culture. Englewood Cliffs, Prentice-Hall, 1969, p. 2–4. Apud SANT’ANNA, Marcia. Op. cit.
10
Idem, ibidem.
11
ANDRADE, Francisco de Carvalho Dias. Uma poética da técnica: A produção da arquitetura vernacular no Brasil. Tese de doutorado. Campinas, IFCH Unicamp, 2016.
12
OLIVER, Paul. Cobijo y sociedad. Madrid, H. Blume Ed., 1978.
13
OLIVER, Paul. Built to meet needs: cultural issues in vernacular architecture. Nova York, Princeton Architectural Press, 2006, p. 30.
14
ANDRADE, Francisco de Carvalho Dias. Op. cit.
15
SANTOS, Soraia Costa dos; COSTA, Silvia Kimo. Arquitetura vernacular ou popular brasileira: conceitos, aspectos construtivos e identidade cultural local. Revista Cadernos de Arquitetura e Urbanismo, v. 24, n. 35, 2017, p. 219–258 <https://bit.ly/3ZyJ8E6>.
16
SANT’ANNA, Marcia. Op. cit.
17
DIEGUES, Antônio Carlos. O mito moderno da natureza intocada. 3ª edição. São Paulo, Nupaub USP, 2000.
18
TEIXEIRA, Rubenilson Brazão. Arquitetura vernacular. Em busca de uma definição. Arquitextos, São Paulo, ano 17, n. 201.01, Vitruvius, fev. 2017 <https://bit.ly/3LCf6cz>.
19
Idem, ibidem.
20
ANDRADE, Francisco de Carvalho Dias. Op. cit.
21
WEIMER, Gunter. Arquitetura popular brasileira. São Paulo, Martins Fontes, 2005.
22
Idem, ibidem, p. XL.
23
Idem, ibidem.
24
Idem, ibidem, p. XL.
25
ANDRADE, Francisco de Carvalho Dias. Op. cit.
26
SANT’ANNA, Marcia. Op. cit.
27
Idem, ibidem, p. 13.
28
ANDRADE, Francisco de Carvalho Dias. Op. cit.
29
WAISMAN, Marina. Op. cit.
30
SANT’ANNA, Marcia. Op. cit.
31
Idem, ibidem.
32
Idem, ibidem, p. 21.
sobre os autores
Ana Victória Guimarães Paiva, estudante de graduação em Arquitetura e Urbanismo na FAUeD UFU.
Jean Antônio Camargo Junior, estudante de graduação em Arquitetura e Urbanismo na FAUeD UFU.
Maria Luiza Silva Oliveira, estudante de graduação em Arquitetura e Urbanismo na FAUeD UFU.
Denise Fernandes Geribello é arquiteta e urbanista (PUC Campinas, 2005), mestre em História (IFCH Unicamp, 2011), doutora em Arquitetura e Urbanismo (FAU USP 2016) e professora adjunta na FAUeD UFU (graduação e pós-graduação). Publicou “Arquitetura Industrial em uso”. In MENEGUELLO, Cristina; ROMERO, Eduardo; OKSMAN, Silvio (org.). Patrimônio industrial na atualidade. São Paulo, Cultura Acadêmica, v. 4, 2021, p. 155–173.