Edifícios “inteligentes” são: “Edifícios que incorporam tecnologia de informação e sistemas de comunicação, tornando-os mais confortáveis, seguros, produtivos e com otimização de custos (...) Devem dispor de sistemas de controle automatizados tais como: aquecimento, ventilação e ar condicionado (HVAC); detecção e controle de incêndio, segurança patrimonial, gerenciamento de energia e iluminação (...)”.
Ainda acredito que um edifício para ser “inteligente” precisa se beneficiar de iluminação e ventilação naturais, fazendo uso de ventilação cruzada, iluminação zenital, bloqueando o sol quando necessário com utilização de brises, e não construindo verdadeiros panos de vidro e colocando o ar-condicionado para trabalhar 24 horas por dia. Dentro desses quesitos, o Palácio Capanema, antigo Prédio do MEC, é um “erudito”, um edifício “intelectual”, não um mero “inteligente”. E os arquitetos do passado mostraram-se muito mais competentes e inteligentes que os de hoje, pois solucionavam os problemas de arquitetura, com arquitetura, e não com ar condicionado e lâmpadas fluorescentes com sensor de presença.
Mas o problema se mostra muito mais social do que arquitetônico. Nossos edifícios “inteligentes” são construídos por pedreiros analfabetos, cada vez menos capacitados e despreparados para serem cidadãos críticos e questionadores. Enquanto nós, arquitetos e engenheiros, em nossos escritórios devidamente climatizados e iluminados, projetamos confortavelmente, os “Pedros Pedreiros” continuam esperando o trem, recebendo seus salários miseráveis e vivendo em seus casebres nada inteligentes, nada confortáveis e nada seguros.
Esse é o abismo que vemos na construção civil brasileira: edifícios “inteligentes”, projetados por arquitetos nem tão inteligentes assim, são construídos por pedreiros analfabetos...
Gabriel Botelho Neves da Rosa, Rio de Janeiro RJ Brasil