Fundado em 1995 pelos arquitetos japoneses Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa, o escritório SANAA traz à cena um novo estilo de arquitetura. Ao invés de concentrarem-se na forma e no design , a dupla inicia o seu processo com uma pesquisa cuidadosa da comunidade local, do entorno ambiental e das necessidades do cliente; realizam estudos minuciosos com a intenção de produzir significados para os seus projetos. Por exemplo, seus projetos de residências particulares não têm necessariamente o padrão daqueles voltados para famílias convencionais; possuem programas abertos, com flexibilidade para várias situações reais.
Materiais leves, translúcidos ou transparentes, como o vidro, são utilizados com freqüência. Ao promover a interligação dos espaços através desses materiais, suas edificações libertam os visitantes dos roteiros, da experiência de espaços projetados com perspectivas pré-programadas. Conceitos como esse vêm fazendo com que o SANAA tenha um impacto considerável entre os jovens arquitetos.
O processo do SANAA preocupa-se em garantir a manutenção de estilos de vida individuais, ao mesmo tempo em que seus espaços constroem um campo de consciência coletiva. O trabalho conjunto, muito próximo e inteligente de Sejima e Nishizawa, também pode ser percebido como um processo de troca de pontos de vista e ativação de idéias por parte de dois profissionais pertencentes a gerações diversas.
Seu método de trabalho implica em distribuir os elementos do programa arquitetônico em uma planta baixa para depois dar forma às elevações sobre ela. Entretanto, em tempos mais recentes, pode-se vislumbrar nas curvas, formas livres e partidos aparentemente aleatórios, o processo pelo qual os arquitetos se distanciam de preceitos rígidos e se concedem maior liberdade criativa. Mais e mais seus trabalhos são movidos pelo desejo de estabelecer relações flexíveis com o entorno e com a topografia local, promovendo a interação fluida dos espaços exteriores e interiores.
A partir do sucesso do Museu do Século XXI, de Kanazawa, Japão, em 2004, o SANAA atingiu uma linguagem arquitetônica própria. A composição do New Museum, de Nova Iorque, em 2007 – uma pilha de caixas de dimensões diferentes, deslocadas aleatoriamente em relação a um eixo – reforça a leveza simples da estrutura. Além disso, por todo o edifício encontram-se dispositivos sutis cuja função é acrescentar variedade à iluminação interior e ao caráter espacial em contraste ao limitado cenário urbano do bairro em que está localizado.
O projeto para a unidade do Museu do Louvre, em Lens (2010), que consiste em volumes longos e estreitos, conectados entre si formando um conjunto ligeiramente curvo, também teve origem no conceito de criar um conjunto que se adaptasse com desenvoltura e fluidez à topografia local. Para tanto, o SANAA desenvolveu os elementos básicos que atendessem às condições específicas do projeto. Saliente-se, contudo, o particular interesse das provocantes relações estabelecidas entre os espaços interior e exterior, ou mesmo entre os vários espaços interiores, sempre com a finalidade de garantir que o visitante seja investido do papel de verdadeiro protagonista do edifício. O SANAA pratica de forma radical uma estética pautada na “construção de relacionamentos”.
Nesta exposição, a maior parte das obras do SANAA será apresentada sob a forma de 12 maquetes e 20 desenhos. Cabe ressaltar que cada maquete não se limita a ser um modelo arquitetônico, mas uma escultura conceitual.
O SANAA projetou a instalação como se fosse a cenografia de uma nova mostra. Um dos pontos altos desta exposição no Instituto Tomie Ohtake é a maquete produzida em escala 1/20 para o Centro de Aprendizado da Rolex, e que será instalada no átrio.
notas
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Texto curatorial da Exposição “Sejima + Nishizawa / SANAA: flexibilidade, transparência, amplitude”. Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, 14 de agosto a 28 de setembro de 2008.
sobre o autor
Yuko Hasegawa, foi diretora artística do 21st Century Museum of Contemporary Art, em Kanazawa, professora de história da arte na Tokyo National University of Fine Arts and Music e e organizou diversas exposições pioneiras. Foi curadora da 7ª Bienail Internacional de Istambul.
Yuko Hasegawa, Tóquio Japão