Em somente uma década a Bienal Ibero-americana de arquitetura e urbanismo (BIAU), promovida pelo Ministério espanhol da Habitação, se converteu na mais importante referência para os vinte e dois países que participam nela. Ante o avanço de uma prática alienada dos problemas da destruição dos recursos naturais, e da urbanização descontrolada do território, a luta por elevar a qualidade das obras de arquitetura e pela proteção do patrimônio construído é fundamental para contra-arrestar seus terríveis efeitos. A BIAU foi um sistema de vasos comunicantes que permite conhecer a evolução da arquitetura na Ibero-América, por meio das melhores obras, pesquisas e publicações.
Na VI BIAU, realizada recentemente na cidade de Lisboa, o prêmio à melhor obra de arquitetura foi para o Parque e Biblioteca Espanha, na Colômbia, de Giancarlo Mazzanti Arquitectos. Uma obra cuja qualidade urbana e arquitetônica contribui para melhorar o espaço público e a integração social na periferia urbana da cidade de Medellín; que é parte de um programa que em pouco tempo transformou radicalmente as vidas de milhões de habitantes.
O prêmio à obra de jovem autor foi para a Casa Pentimento, no Equador, de José María Sáez e David Barragán, e a melhor obra de Espaço Urbano foi a pequena Praça Turca, numa cidade da Bahia-Brasil, do Escritório SETE 43 Arquitetura, uma prova de que é possível realizar espaços públicos de alta qualidade, com um manejo engenhoso de modestos materiais e orçamento.
O México teve várias distinções importantes nos prêmios para publicações: para a revista Bitácora, para a coleção de livros Talleres, e para a revista digital Raíces, realizadas na Faculdade de arquitetura da UNAM. Ademais, na 2ª Mostra de Jovens Arquitetos Ibero-americanos, coordenada por José Luis Cortés, destacaram várias obras mexicanas.
O prêmio à trajetória profissional foi outorgado ao arquiteto uruguaio Mariano Arana, impulsor e projetista de extraordinários conjuntos de Habitação. Que foi Intendente da cidade de Montevidéu, Senador da República e Ministro de Habitação, Planejamento Territorial e Meio Ambiente.
Ademais, aconteceram conferências de arquitetos de prestígio internacional como Charles Correa, Mariano Arana, os irmãos Aires Mateus, Paulo Mendes da Rocha, Joaquín Sabaté e Alvaro Siza.
O valor desta Bienal é que distingue as obras de qualidade, realizadas na Ibero-América, que são representativas de correntes arquitetônicas extremamente valiosas, dentro de uma modernidade que integra os recursos e as situações locais; considerando a unidade e a diversidade dos países ibero-americanos, ante a ambivalente dinâmica da globalização.
sobre o autor
Antonio Toca Fernández, arquiteto pela Universidade Iberoamericana, México, arquiteto do Pavilhão da América Latino na ExpoAgua (Zaragoza, 2008), membro do Jurado da Bienal Iberoamericana de Arquitetura (2006), membro do Jurado do Premio CEMEX, Monterrey, autor do livro "América latina: nueva arquitectura", Editorial Gustavo Gili, Barcelona.
Antonio Toca Fernández, Cidade do México DF