Nascido na cidade mineira de Uberlândia em 19 de fevereiro de 1930 e formado pela Faculdade Nacional de Arquitetura em 1954, Severiano Porto atuou no Rio de Janeiro, Roraima, Rondônia, Mato Grosso do Sul, Ceará e especialmente no Amazonas, tendo concluído em torno de 300 projetos. Para os órgãos governamentais projetou escolas, campus universitário, centrais telefônicas, sedes administrativas, secretarias de Governo, centros culturais, reservatórios de água, plano diretor, projeto de urbanização.
Desenvolveu ainda grande variedade de programas particulares como banco, lojas, restaurante, hotéis, e ainda uma significativa produção de natureza residencial (unifamiliares e multifamiliares). Diversas vezes premiado no Brasil, ganhou repercussão internacional ao receber a láurea máxima na Bienal de Arquitetura de Buenos Aires em 1985.
Em 1987 foi escolhido pela revista francesa L’Architecture d’Aujourd’Hui, em edição especial dedicada ao Brasil, como um dos três grandes representantes da arquitetura brasileira ao lado de Oscar Niemeyer e Lina Bo Bardi. Em 2003 o arquiteto recebeu o título de professor honoris causa pela FAU/UFRJ e em 2011 o título de Professor Emérito da Universidade Federal do Amazonas.
Durante as décadas de 1970 a 1980 suas obras ganharam as páginas das principais revistas nacionais e estrangeiras dentre as quais Techniques et Architecture, Process, Summa, La Revista, ARS, Architécti, Topos, Planta Libre, Arquitectura Panamericana, Domus, Spazio e Societá, Ville Giardini, Los Angeles, Times Home Magazine, Zodiac, A&V, Nikkei e tantas outras.
Na Amazônia Porto desenvolveu uma arquitetura que alterasse o menos possível a integridade do sítio, com desenhos que aproveitassem o máximo a ventilação passiva, mais econômica e menos poluente, com espaços concebidos de forma flexível, suscetível de serem modificados sem muitas alterações de custo e sempre que possível utilizando-se dos materiais renováveis, onde era possível também aproveitar a mão de obra local.
Sua aproximação da disciplina arquitetônica sempre foi no sentido de saber como as coisas se dão no mundo concreto, mais do que no abstrato. Era através da sua vivência do canteiro de obras que ele podia dominar teoricamente aquilo que elaborava na prancheta. Foi desta forma que ele adquiriu um conhecimento vasto dos detalhes construtivos e emprego dos materiais.
Na Amazônia deixou-se interagir com a sabedoria do homem da terra, pois eles indicavam a maneira certa de agir. Relembrando suas palavras: “Eles [os caboclos, os ribeirinhos] têm muito a nos ensinar de como sobreviver, de como fazer, de como viver e morar na Amazônia”. À sabedoria do homem local ele somou sua formação erudita com bases na arquitetura moderna.
No seu vasto currículo destacam-se a Residência do Arquiteto (1971), Suframa (1971), a Residência Robert Schuster (1978), a Pousada de Caça e Pesca na Ilha de Silves (1979-1983) o Campus da Universidade do Amazonas (1973-1990), o Centro de Proteção Ambiental da Hidrelétrica de Balbina (1983-1988), a Aldeia SOS do Amazonas (1993-1997).
Passados meio século do início de uma produção que mostrou que a arquitetura vai além do meramente construir, para se inserir em um projeto maior onde edificar é contribuir com a condição de civilidade, percebemos que os procedimentos de projeto utilizados por Severiano Porto se mostram especialmente atuais. Por este motivo, suas obras foram e continuam a ser uma referência para uma geração de arquitetos, estudantes e pesquisadores.
Parabéns Severiano Porto por este dia especial e pelo legado à arquitetura brasileira.
sobre a autora
Mirian Keiko Ito Rovo é autora da dissertação O Lugar da Adequação em Severiano Porto: Aldeia SOS do Amazonas (PROARQ/FAU/UFRJ-2004). Atualmente cursa o doutorado na mesma instituição na linha de pesquisa Teoria, História e Crítica, com enfoque na obra do arquiteto Severiano Porto do período 1965-1985.