Desde criança que gosto de barcos.
Admiro deveras o fenômeno da flutuação. Como é possível flutuar?
A banheira da casa de meus pais era meu tanque de provas. Motores elétricos, a vapor e a ar comprimido a transformavam num lab do MIT.
E, sempre me lembro do Eureka de Arquimedes em sua formulação da lei do Empuxo. Brilhante!
Quando adolescente assinava Popular Mechanics, que sempre trazia projetos de barco. Construí uma diluição de um deles, uma prancha que navegou com sucesso nas águas de um pequeno lago em Lorena. Também escrevia para as fábricas que anunciavam na revista pedindo catálogos.
Por falta de oportunidade meu sonho não foi a frente.
Agora, como artista plástico, esse sonho tem voltado na forma de intervenções urbanas flutuantes, projetos mais livres mas que guardam o desejo inicial: Auditório para questões delicadas, 1989; OFNI – Objeto flutuante não identificado Paranoá, 2011; OFNIS Ibirapuera, 2012; e agora o 18 – o barco com dezoito remos, 2016.
Vejo o 18 como um objeto low tech impressionista, aquelas pinturas do Monet, reeditadas em perfis de alumínio. Ou, como um barco construtivista russo, com o camarada Kazimir Malevich no comando.
Lembra também Tales de Mileto e seu teorema dos segmentos proporcionais que utilizei muito para distribuir equidistantes os remos nas vigas.
Lembro dos perfis de alumínio que vêm de fábrica com 6m e que essa medida eu aprendi desde o auditório para questões delicadas em 1989 e se tornou um balizador de muitos projetos.
O 18 será pilotado por amigos que o conheceram aqui em casa e que mostraram o desejo que vivenciar esse experimento, assim já pertence a esse mundo do compartilhamento que me enche de alegria.
Todo mundo no lago do Ibira dia 25!
Arte é energia
18, Guto Lacaz, lago do Parque Ibirapuera, 2016. Vídeo Edson Kumasaka [amplie para ver o vídeo]
nota
NE – Guto Lacaz apresenta nova intervenção no lago do Parque Ibirapuera, o barco 18, no dia 25 de janeiro de 2016, das 8 às 17h.
sobre o autor
Guto Lacaz é artista plástico.