Alfredo Luiz Porto de Britto, o professor Alfredo Britto, de arquitetura e urbanismo, foi queridíssimo por seus alunos nas escolas por onde passou. Na PUC-Rio, desde o começo do curso em 2002 até 2015 e, na FAU UFRJ, entre 1973 e 2005, Alfredo semeou admiradores e discípulos que hoje brilham, tanto como professores e pesquisadores de referência na área de historiografia e crítica da arquitetura, quanto como arquitetos renomados.
Apaixonado pelo patrimônio arquitetônico, marcou o espaço urbano do Rio de Janeiro ao realizar preciosos projetos de restauração de dois prédios fundamentais para a historia desta cidade: o conjunto arquitetônico tombado do Arquivo Nacional (2002) e o Conjunto Habitacional Residencial Prefeito Mendes de Morais conhecido como Pedregulho (2015), também tombado em instância municipal e estadual.
Como jovem arquiteto em inicio de carreira, junto com Claudius Ceccon, Alberto da Silva Telles e Joca Serran, fundou o escritório GAP – Grupo de Arquitetura e Planejamento, com larga produção edilícia, urbanística e de restauração de patrimônio, tendo recebido diversos prêmios em concursos, inclusive a 1ª Premiação Anual do IAB RJ, em 1963, com o projeto do auditório para a Divisão de patologia do Instituto Oswaldo Cruz.
Ainda como arquiteto recém formado já anunciava a necessidade de refletir sobre a sua condição profissional ao formular o Inquérito Nacional de Arquitetura em 1961, publicado no Suplemento Dominical do Jornal do Brasil. Inaugurava-se com tal iniciativa pioneira uma era de debates sobre o tema. Todo o Inquérito foi reunido em um volume e publicado pela Faculdade de Arquitetura da Universidade de Minas Gerais em 1962.
Sempre aguerrido e incansável lutador das causas urbanas e do patrimônio, participou por toda a sua vida de grupos de trabalho, órgãos de Classe, conselhos e Associações de Moradores. Sua relação com o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) começou nos anos 1960, ainda como universitário. Ele foi secretário do IAB-RJ, membro da Direção Nacional do IAB durante a presidência de Fernando Burmeister (1980 a 1983) e, por dez anos, representante do IAB-RJ no Conselho Superior (Cosu).
Foi membro da Comissão de Preservação da Cidade de Petrópolis, do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan, entre 1978 e 1980; Membro do Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro de 1982 a 1989 e Membro do Conselho Estadual de Tombamento de assessoramento ao Governo do Estado de Cultura do Rio de Janeiro – Inepac de 1996 à 2013 e, um dos Fundadores do Viva Rio e do Viva Santa.
Desde muito jovem – por conta de sua vasta cultura especifica – foi constantemente convidado como consultor, tornando-se coordenador e redator de verbetes sobre arquitetura e urbanismo do livro do ano da Enciclopédia Barsa (1966/1968), da Enciclopédia Mirador Internacional (1972/1973) e em edições do livro do ano da Grande Enciclopédia Soviética (1981/1992).
Recentemente, foi chamado a prestar depoimentos em filmes documentários sobre arquitetura e urbanismo como O Pedregulho: o sonho possível de Ivana Mendes; Crônica da demolição de Eduardo Ades; Os Irmãos Roberto de Ivana Mendes e O Porto do Rio de Pedro Evora e Luciana Bezerra, entre outros.
Ainda como autor de projetos podemos destacar o anteprojeto para o edifício Papel Moeda do Brasil realizado em conjunto com os arquitetos Márcio Roberto, Maurício Roberto e vencedor do 1º prêmio do concurso nacional promovido pela Casa da Moeda em 1971; o anteprojeto arquitetônico para a Santa Casa Misericórdia de Ouro Preto, realizado com Cleia Braga, vencedor do 1º prêmio para edificações com fins de saúde premiação IAB/RJ em 1983; o projeto de restauração da Fazenda Monte Cristo, Paraíba do Sul, RJ, em coautoria com Fernando Abreu dos Santos, contemplado com o Prêmio “Rodrigo Mello Franco de Andrade “ da XXIX Premiação Anual do Instituto de Arquitetos do Brasil – IAB-RJ em 1991; e o projeto de restauração e adaptação de sobrado tombado para instalação da Casa do Choro, instituição dedicada a preservação da memória, ao ensino, e divulgação do choro, em parceria com Ana Backheuser e João Pedro Backheuser, inaugurado em 2015.
Autor de inúmeros artigos e livros, em 1991 foi contemplado na XXIX Premiação Anual do IAB-RJ, junto com Ana Luiza Nobre, pelo livro Arquitetura moderna do Rio de Janeiro. Ele também é coautor, em 2000, com Felipe Taborda e Tom Taborda, do livro Paisagens particulares. Em 2011 organizou com Roberto Segre e Regina Zappa o livro Paulo Casé, 80 anos: vida, obra e pensamento editado pela Casa da Palavra e, em agosto de 2015 publicou Pedregulho: o sonho pioneiro da habitação popular no Brasil pela Edições de Janeiro, lançado em agosto de 2015 e já considerado como uma referência na área.
Sua paixão pela música fez da sua casa em Santa Teresa uma espécie de templo do choro, por onde passavam regularmente, ao longo de mais de 30 anos, músicos como Paulinho da Viola, Paulo Moura, Yamandu Costa e Hamilton de Holanda, além de personalidades internacionais como Paquito de Rivera.
Alfredo Britto, nascido em 1935, faleceu no dia 25 de novembro de 2015.
sobre a autora
Lidia Kosovski, arquiteta e cenógrafa. Professora associada da Escola de Teatro da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO. Pesquisadora CNPq.