A Pinacoteca de São Paulo inaugurou nesta última segunda-feira, aniversário da cidade, a exposição Coleções em diálogo: Museu Paulista e Pinacoteca de São Paulo (1). Para além daqueles minimamente interessados e comprometidos com nossa arte e cultura, arquitetos, urbanistas e qualquer cidadão têm a obrigação de visitar esta exposição.
Além de ressaltar obras monumentais do Museu Paulista em sua relação com as da Pinacoteca, Valeria Piccoli e Fernanda Pitta – curadoras da exposição – foram muito felizes ao estabelecer um diálogo rico sobre a formação de uma cultura paulista. Arte, história e projetos políticos culturais aparecem sensivelmente marcados no diálogo entre obras, que sinalizam para as bandeiras, o ciclo cafeeiro e a própria constituição do Museu Paulista.
Especificamente sobre a cidade de São Paulo, a relação entre a monumental Inundação da Várzea do Carmo, de Benedito Calixto, um lindo panorama de Guilherme Gansley e outras obras modernistas da coleção da Pinacoteca é reflexão contemporânea de alto nível. Se diferentes expressões e suportes artísticos são cotejados, nota-se também alguns dos projetos e discursos culturais e urbanos empreendidos para a cidade no último século. Impossível não pensar em nossa condição contemporânea e nas escolhas urbanas que se fizeram neste último século, especialmente no que se refere à cidade de São Paulo.
Coleções em diálogo: Museu Paulista e Pinacoteca de São Paulo não é apenas um exposição de peso para o campo das artes. É também exposição imperdível para se pensar a dimensão urbana de nossas cidades. Fortuitamente, assinala que museus são instituições enlaçadas com nosso cotidiano e fundamentais para a formação crítica e intelectual de seus cidadãos.
Trata-se de um belo presente para São Paulo, nestes seus 462 anos, e exposição de alto nível para comemorar os 110 anos da Pinacoteca.
nota
1
Exposição Coleções em Diálogo: Museu Paulista e Pinacoteca de São Paulo, curadoria de Valéria Piccoli e Fernanda Pitta. Pinacoteca do Estado, São Paulo, de 25 de janeiro de 2016 a 29 de janeiro de 2017.
sobre o autor
Eduardo Augusto Costa em graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Unicamp (2004) e mestrado (2009) e doutorado (2015) em História pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas - IFCH da Unicamp. Atualmente, desenvolve Pós-Doutorado em história, no IFCH Unicamp (PNPD-Capes).