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drops ISSN 2175-6716

abstracts

português
O Prêmio APCA 2016 – Categoria “Preservação de Patrimônio Moderno” foi concedido ao escritório Piratininga, Luciana Brito, Klara Kaiser, Koiti Mori, André Paoliello e André Paoliello. O crítico Hugo Segawa é responsável pela redação da ata justificativa.

how to quote

SEGAWA, Hugo. Prêmio APCA 2016: Luciano Brito Galeria – antiga Residência Castor Delgado Perez / Piratininga Arquitetos e outros. Categoria “Preservação de Patrimônio Moderno”. Drops, São Paulo, ano 17, n. 115.05, Vitruvius, abr. 2017 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/17.115/6492>.


Luciano Brito Galeria, antiga Residência Castor Delgado Perez, São Paulo. Piratininga Arquitetos, readequação arquitetônica
Foto Rômulo Fialdini


Entre o cubo e a casa

A residência Castor Delgado Perez era até há pouco uma daquelas obras enigmáticas que ajudaram a construir a mitologia em torno da arquitetura de Rino Levi.

Pouca gente a visitou. Era conhecida apenas por sete ou oito fotografias em branco e preto, publicadas em revistas da época de sua edificação (1) e posteriormente em livros (2). O reconhecimento dessa casa se consumou apenas através desse punhado de imagens, ainda hoje reproduzidas quase como retratos únicos.

Em abril de 2016, a discreta residência na movimentada avenida Nove de Julho foi aberta ao público como as novas instalações da Luciana Brito Galeria.

A exposição inaugural, Residência Moderna, reunindo artistas representados pela galeria, apontava para a cumplicidade entre o significado desse espaço como ícone da modernidade (tombada pelo Condephaat em 2013) e a interação desses criadores com o ambiente outrora doméstico.

Foi a proprietária da galeria que encontrou o imóvel, e a entusiástica aprovação do arquiteto José Armênio de Brito Cruz para transformá-lo viabilizou uma iniciativa extraordinária.

Por cerca de quinze anos a Luciana Brito Galeria funcionou em um galpão reformado na Vila Olímpia, com projeto do escritório de arquitetura Piratininga, dentro do espírito “cubo branco”, como conceituado em 1976 por Brian O’Doherty. O crítico escreveu: em uma galeria “o mundo exterior não deve adentrar, portanto as janelas geralmente são lacradas. Paredes são pintadas de branco. […] Sem sombras, branca, limpa, artificial – o espaço é devotado para a tecnologia da estética” (3).

Na nova Luciana Brito Galeria, convivem um “cubo branco” e seu antípoda. A sua porção principal, a antiga residência refuncionalizada, não deixa de emanar uma sacralidade com o espírito “cubo branco”. Seus aspectos arquitetônicos básicos foram preservados (até por imposição do tombamento), à exceção de um corpo posterior, construído sobre a demolição de um anexo da residência, que é uma porção explicitamente “cubo branco”.

O novo espaço é menor que o anterior, na Vila Olímpia. Abriu mão da funcionalidade, dos rigores da conservação das peças à mostra, da “imparcialidade” do ambiente expositivo. As obras de arte não passam incólumes dos humores da temperatura, da umidade, da luminosidade que caracterizam a maestria de Rino Levi em configurar o ambiente doméstico moderno. Tampouco as curadorias ou os artistas residentes podem ficar alheios à original fragmentação doméstica, que sugere a apropriação da outrora adega subterrânea aos pergolados e jardins que envolvem a sala principal (e sua lareira) da ex-moradia.

Há negociações entre o cubo e a casa: funcionar dentro de uma residência moderna, reconhecida por sua importância arquitetônica, é prescindir de uma neutralidade e operar um contexto que passa a fazer parte da arte e do tipo de arte que a galeria representa. Sua localização, nos Jardins, reforça um território do circuito de arte. Mas, mais do que isso, franqueia um espaço para além dos habitués do mundo e do mercado da arte para um grupo de interessados em arquitetura – que podem ser arquitetos ou turistas especiais. É uma tendência de novas atratividades urbanas: a Iconic House Foundation, uma jovem fundação holandesa, se dedica a divulgar e valorizar residências de arquitetos e artistas abertas para visitação pública em todo o mundo. A repercussão na mídia respondeu às intenções do novo espaço: “Casa tombada como patrimônio de São Paulo abre ao público como galeria” anunciou o portal G1, da Globo; “Galeria Luciana Brito muda para casa nos Jardins projetada por Rino Levi”, registrou a Folha de S.Paulo; lemos “Casa projetada por Rino Levi é aberta ao público pela primeira vez com a exposição Residência Moderna” no portal ArchDaily Brasil. Nesses títulos se encontram as palavras-chaves: patrimônio – Rino Levi – Luciana Brito Galeria às quais se agrega a novidade: “aberta ao público pela primeira vez”. Essas chamadas confirmam visibilidades inéditas para os empreendedores.

Para além da galeria tradicional, a Luciana Brito aposta em uma inserção mais dinâmica e criativa intramuros e extramuros.

Doravante, podemos dizer mais do que “as fotografias da casa Delgado Perez são lindas”. A casa é linda.

notas

NE – O número especial da revista Drops dedicado à premiação da modalidade Arquitetura e Urbanismo da APCA conta com os seguintes artigos:

GUERRA, Abilio. Arquitetura e Urbanismo na premiação da Associação Paulista de Críticos de Arte. Drops, São Paulo, ano 17, n. 115.01, Vitruvius, abr. 2017 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/17.115/6488>.

RECAMÁN, Luiz. Prêmio APCA 2016: Sergio Ferro. Categoria “Trajetória". Drops, São Paulo, ano 17, n. 115.02, Vitruvius, abr. 2017 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/17.115/6489>.

WISNIK, Guilherme. Prêmio APCA 2016: Projeto Ruas Abertas – Avenida Paulista / Fernando Haddad. Categoria “Urbanidade”. Drops, São Paulo, ano 17, n. 115.03, Vitruvius, abr. 2017 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/17.115/6490>.

CAMARGO, Mônica Junqueira de. Prêmio APCA 2016: Escola Senai São Caetano do Sul / Claudia Nucci e Valério Pietraróia – NPC Grupo Arquitetura. Categoria “Obra de Arquitetura”. Drops, São Paulo, ano 17, n. 115.04, Vitruvius, abr. 2017 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/17.115/6491>.

SEGAWA, Hugo. Prêmio APCA 2016: Luciano Brito Galeria – antiga Residência Castor Delgado Perez / Piratininga Arquitetos e outros. Categoria “Preservação de Patrimônio Moderno”. Drops, São Paulo, ano 17, n. 115.05, Vitruvius, abr. 2017 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/17.115/6492>.

KOGAN, Gabriel. Prêmio APCA 2016: Atlas fotográfico da cidade de São Paulo e arredores / Tuca Vieira. Categoria “Pesquisa”. Drops, São Paulo, ano 17, n. 115.06, Vitruvius, abr. 2017 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/17.115/6493>.

VILLAC, Maria Isabel. Prêmio APCA 2016: Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos / Fernando Meirelles, Daniela Thomas e Andrucha Waddington. Categoria “Fronteiras da Arquitetura”. Drops, São Paulo, ano 17, n. 115.07, Vitruvius, abr. 2017 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/17.115/6494>.

PERROTTA-BOSCH, Francesco. Prêmio APCA 2016: Ocupação Hotel Cambridge / Carmen Silva, Pitchou Luambo, Juliana Caffé, Yudi Rafael e Alex Flynn. Categoria “Apropriação Urbana”. Drops, São Paulo, ano 17, n. 115.08, Vitruvius, abr. 2017 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/17.115/6495>.

1
Acrópole, São Paulo, n. 258, mar. 1960; Habitat, n. 58, jan./fev. 1960.

2
Rino Levi, Milão, Edizioni di Comunità, 1974. ANELLI, Renato; GUERRA, Abilio; KON, Nelson. Rino Levi arquitetura e cidade. São Paulo, Romano Guerra, 2001.

3
Brian O’Doherty, Inside The White Cube: The Ideology of The Gallery Space, Berkeley/ Los Angeles, University of California Press, 1999, p. 15.

sobre o autor

Hugo Segawa é pesquisador, crítico de arquitetura e professor na FAU USP.

 

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