Em 2014, logo após finalizar meu mestrado sobre a obra de João Filgueiras Lima, Lelé, iniciei uma nova pesquisa: Aldary Henriques Toledo, mestre de meu mestre – Lelé, durante seus anos de estudante, era assíduo frequentador da casa de Toledo, com quem aprendeu sobre a relação da arquitetura e a arte e, posteriormente, de quem recebeu o convite para trabalhar no Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Bancários – IAPB.
Aldary Toledo (1915-1998), carioca, foi personagem importante na formação da arquitetura moderna brasileira. E, ao saber de meu novo interesse, Lelé – que visitava São Paulo pela última vez, acompanhado de sua filha Adriana, para o lançamento do seu livro sobre os hospitais da Rede Sarah (1) – me deu total apoio. Através dele, conheci Luiz Carlos Toledo, filho de Aldary e também arquiteto, que gentilmente me cedeu todo o acervo de seu pai para que eu pudesse desenvolver minha pesquisa.
Foi então que comecei a mergulhar em cartas, fotografias, desenhos, jornais e revistas antigas na tentativa de reconstruir a história desse importante, ainda que esquecido, arquiteto e artista.
Ainda recém-formado, em 1940, Aldary – junto a Hélio Uchoa, Jorge Machado Moreira, Oscar Niemeyer e Atílio Correa Lima – fez parte do grupo liderado por Carlos Leão no Serviço de Arquitetura da Comissão do Plano Piloto para a Universidade do Brasil. Nove anos mais tarde, assumiu o cargo de Arquiteto-Adjunto para a execução do projeto final, naquele momento liderado por Jorge Moreira, do campus da futura UFRJ (Ilha do Fundão).
Ainda com Carlos Leão, Aldary Toledo desenvolveu o anteprojeto do Cine Teatro Edgar em Cataguases, Minas Gerais (1943). Ao que tudo indica, pela análise do material encontrado no Arquivo Público de Cataguases, o projeto executivo e o detalhamento da obra ficou a cargo de Aldary. Sua relação com a cidade lhe rendeu outros três projetos (todos tombados pelo Iphan) e uma obra artística: a Residência Josélia Peixoto (1943), o Hotel Cataguases (1945), o Conjunto Residencial para os operários da Companhia Industrial (1945) e a ilustração do livro de contos eróticos do industrial e poeta Francisco Inácio Peixoto (1981) – que foi, aliás, o responsável pelas encomendas dos projetos arquitetônicos.
Em sua carreira, Aldary Toledo se envolveu por diversas vezes em projetos e propostas urbanísticas de desenvolvimento nacional. Caso, por exemplo, do plano urbano de Barra Mansa, realizado em coautoria com Atílio Correia; e os Centros Petroquímicos Presidente Vargas (1960-1966), em Duque de Caxias, e de Camaçari (1975-1978), ambos para a Petrobrás. Também, teve uma longa carreira de 35 anos no IAPB (1945-1980), chegando ao cargo de chefe da Divisão de Engenharia entre 1957 e 1966.
Junto ao Instituto dos Bancários, Aldary desenvolveu diversos projetos, como, por exemplo, a Superquadra Sul 109 (1960-1965), no qual contou com a colaboração de Lelé. Um caso curioso sobre este projeto: por se tratar de uma proposta que previa um número menor de edifícios para a superquadra do que aquele estipulado pelo Plano Piloto e, também, por propor uma pequena escola no centro da quadra, foi necessária a aprovação direta de Lúcio Costa. Aprovação esta formalizada em 12 de junho de 1962 pela Divisão de Urbanismo da Assessoria de Planejamento da Prefeitura do Distrito Federal.
Muito ainda falta para se desvendar sobre a obra deste importante personagem que foi Aldary Henriques Toledo. Sobre muitos projetos, o que se sabe apenas são a localização e datas de obra/inauguração (informações que constam nas inúmeras cartas do acervo Aldary Toledo). No entanto, pouco se sabe sobre o projeto em si, pois muitos dos desenhos originais foram entregues aos clientes, sem restar nenhuma cópia para o arquiteto.
Por isso escrevo esse texto; para pedir a ajuda de vocês leitores. Estou à procura de fotografias (de obra e/ou da época da inauguração), plantas do projeto e/ou o contato de pessoas ligadas ao Centro Petroquímico da Petrobrás. Qualquer ajuda será bem vinda!
nota
1
LIMA, João Filgueiras. Arquitetura. Uma experiência na área de saúde. São Paulo, Romano Guerra, 2012.
sobre o autor
André Felipe R. Marques é arquiteto (Universidade São Judas Tadeu, 2003), mestre em arquitetura e urbanismo (FAU Mackenzie, 2012) e doutorando na mesma escola. É professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade São Judas Tadeu.