No meio do século 20, o Brasil passou por profundas mudanças econômicas e sociais que resultaram no crescimento e verticalização de seus centros urbanos.
Contingentes de imigrantes, muitos dos quais vieram ao país depois da Segunda Guerra Mundial para começar uma nova vida, dirigiam-se a essas cidades, e um otimismo pairava no ar. Na arquitetura e no design, o desenvolvimento de uma linguagem moderna e de uma indústria apta a produzir novos materiais dava ferramentas para responder aos desafios de mobiliar um novo tipo de moradia e atender a um estilo de vida cosmopolita.
Foi nesse cenário que se inseriu Carlo Hauner (1927-96), italiano que chegou a São Paulo em 1948 e em 1950 fundou a empresa Móveis Artesanal para produzir móveis modernos. Hauner foi o principal designer na empresa até a entrada do também imigrante Martin Eisler (1913-77), arquiteto austríaco que veio ao Brasil pela Argentina, em 1953. Os dois seriam responsáveis pelo desenho de peças que se tornaram clássicos do design moderno brasileiro e por gerir uma loja que se estabeleceu como referência de sofisticação à época.
A Artesanal foi ainda incubadora de muitos designers de peso no Brasil, tendo tido funcionários do escalão de Ernesto e Georgia Hauner e Sergio Rodrigues. Embora bem-sucedida, contudo, a empresa teve vida curta: em 1955 reestruturou-se como Forma e Carlo Hauner desligou-se da sociedade.
Esta é a maior exposição já feita no Brasil sobre o trabalho destes dois ilustres designers durante o período em que estiveram à frente da Móveis Artesanal e Forma. Importantes peças estão aqui reunidas num mesmo espaço pela primeira vez desde os anos 1950, retratando o que foi este momento e quais caminhos se abriram a partir dos encontros proporcionados pela empresa.
nota
NE – Texto curatorial da exposição “Carlo Hauner, Martin Eisler e a modernização do móvel no Brasil”, curadoria de Isabela Milagre, participação de Mina Warchavchik Hugert, com 15 peças autênticas dos designers. Museu Belas Artes de São Paulo – MuBA, rua Dr. Álvaro Alvim 76, 23 de agosto a 14 de setembro de 2019.
sobre a autora
Isabela Milagre é curadora da exposição.