Muito se tem falado da invisibilidade das mulheres. Na história do design há os clássicos das mulheres apenas consideradas esposas (Ray, Charlotte, Lily, Irene, Varvara, Estella, Luiza e tantas mais).
Pediram que eu desse umas dicas sobre algumas delas e pretendo fazer isso aqui, de preferência às terças.
Começo com Anni Albers, que só depois da morte do marido Josef, ganhou reconhecimento público próprio. Anni foi aluna da Bauhaus e trabalhou na oficina de tecelagem. Casou-se com o professor Josef e ambos emigraram para os Estados Unidos com a ascensão do nazismo. Lá continuaram suas carreiras de artistas plásticos e professores e se encantaram, nas viagens, com a arte pré-colombiana. Anni considerava os tecelões peruanos seus grandes mestres.
O que se conhece menos de Anni Albers é seu trabalho como professora, de grande originalidade e que nos confronta com a discussão moderno e pós-moderno no design. Pois vejam só o exercício que ela propôs a seus estudantes: fazer ornamentos do corpo, joias, sem usar materiais preciosos, apenas reconfigurando itens do cotidiano.
Apaixonada por seu trabalho, Anni não separava prazer de pesquisa e trabalho. Suas feições, nas fotos em que ela está no tear, mostram bem isso.
nota
NE – terceiro texto da série “Terça-feira das mulheres”, publicado pela autora em sua página Facebook.
sobre a autora
Ethel Leon é jornalista, pesquisadora, professora na área de história do design brasileiro e autora dos livros Memórias do design brasileiro, IAC – Primeira Escola de Design do Brasil, Michel Arnoult, design e utopia – móveis em série para todos e Design brasileiro – quem fez, quem faz.