É com imenso pesar que a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ comunica o falecimento do arquivista e restaurador do seu Núcleo de Pesquisa e Documentação – NPD, João Cláudio Parucher da Silva, vitimado pela Covid-19 aos 48 anos, na madrugada de 16 de maio de 2021.
João foi arquivista formado pela Unirio, em 1999. Era também especialista e mestre em Preservação de Acervos de Ciência e Tecnologia pelo Museu de Astronomia e Ciências Afins – Mast, em 2017. Ingressou no NPD por concurso público, em 2005. Desde então, dedicou-se à identificação, descrição e restauração de arquivos como os de Jorge Machado Moreira, Afonso Eduardo Reidy, Carlos Leão e Sérgio Bernardes.
Em sua passagem pelo NPD, mesmo com os cortes orçamentários de nossa universidade, João desenvolveu expertise na restauração de suportes de documentos de arquitetura, tais como papel vegetal e cópias heliográficas. Muito de sua técnica desenvolveu no próprio NPD, compartilhando com estagiários, bolsistas e voluntários que, regularmente, apresentavam suas descobertas nas Jornadas de Iniciação Científica da UFRJ. Arquivistas como João nos ajudam a perceber que um acervo pode ser visto como um verdadeiro laboratório, e não apenas uma caixa com objetos inertes.
João participava, voluntariamente, do resgate do acervo do NPD atingido pelo incêndio da Procuradoria da UFRJ em 20 de abril de 2021, coordenando o trabalho de desumidificação e acondicionamento dos documentos. Diante das pilhas de papéis resgatados, nos mostrou que era necessário aceitar a perda, assim como concentrar esforços para estabilizar danos e conservar bens, mesmo que em fragmentos.
João deixa um legado inestimável para a FAU UFRJ e para aqueles que, mesmo sem conhecê-lo, trabalham ou venham a trabalhar com a história da arquitetura no Brasil. Muitos dos vestígios que serão utilizados para interpretar, no futuro, o que foi o ofício dos arquitetos se conservaram graças ao trabalho de nosso amigo João.
sobre a autoria
A Academia Imperial, de 1826, iniciou o ensino regular de Arquitetura no Brasil, como um dos cursos da Escola Real das Ciências, Artes e Ofícios, como direção do arquiteto Grandjean de Montigny. A partir de 1980, com a República, tornou-se um curso autônomo dentro da Escola Nacional de Belas Artes, para se autonomizar por completo como Faculdade Nacional de Arquitetura em 1951. Após a mudança da capital para Brasília, tornou-se Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e passou a ocupar o edifício atual, projetado por Jorge Machado Moreira.