Boa tarde a todas e a todos, reitor da Universidade Federal de Pernambuco, professor Alfredo Gomes, demais autoridades acadêmicas e homenageados.
É uma honra poder receber a condecoração Paulo Freire, no ano do centenário desse grande brasileiro, e através de uma instituição pública, a Universidade Federal de Pernambuco. Entre os anos de 1988 e 1992, eu estudei jornalismo aqui, e foi no centro de artes e comunicação onde peguei em câmeras pela primeira vez. Viva a universidade pública.
Fico feliz também de ver um reconhecimento como esse juntar dois elementos cruciais para que um país se enxergue bem, e possa crescer forte: a cultura e a educação. São gêmeas que fornecem inteligência e cidadania a uma sociedade mais saudável.
E que essa homenagem ocorra num momento tão triste do nosso brasil é algo que me toca. Torna-se um gesto importante. Nos últimos cinco anos, o nosso país tem sofrido uma série de destruições contra a nossa cidadania, contra a cultura, a educação, agressões que nenhuma relação tem com o legado de Paulo Freire, que trabalhava para construir.
Ter o meu nome associado ao de Paulo Freire num mesmo papel e tempo histórico me faz enxergar um paradoxo: o do orgulho e o da humildade. Impossível não lembrar aqui dos meus pais, Joselice Jucá e Kleber Mendonça pai, de Stella Mulatinho e do meu irmão Mucio Jucá, dos meus tios Ronaldo Jucá e José Jucá Jr (esse que me representa aqui hoje), todos professores, educadores e difusores de ideias que avançaram o país durante anos, e que ajudam o Brasil a se entender cada vez mais hoje também.
Muito obrigado a todas e a todos, que tenham um final de ano de compreensão e amor, e um 2022 melhor e mais gentil para o nosso Brasil.
sobre o autor
Kleber Mendonça Filho, formado jornalista (UFPE, 1992), é cineasta e diretor dos longas-metragens O Som ao Redor (2012), Aquarius (2016) e Bacurau (com Juliano Dornelles, 2019).