Adalberto da Silva Retto Júnior: A freqüência do historiador da arquitetura moderna aos estudos sociológicos, significou criticamente a colocação em discussão de implantes historiográficos, construídos sobre a leitura de edifícios considerados excepcionais pelas técnicas utilizadas (construtivas, formais, etc). Estudos como os de S. Giedion, p. Pevsner, B.Zevi e de G.C. Argan, nas palavras de Olmo (1980), não tem só representado um modo de fazer história, mas, de modo direto, a proposta e a afirmação de uma teoria do habitar. O que é colocado em discussão é a separação entre análise da dimensão urbana, entendida como setor de uma mais vasta realidade econômica e social e a concepção da arquitetura, como a produção de alguns intelectuais e a história de poucas obras excepcionais. A ligação que une a pesquisa de soluções individuais e a cidade como pode ser mediado no estudo urbano?
Guido Zucconi: A análise da habitação, também e através de fontes cadastrais, deveria representar a célula constitutiva de um universo urbano estudado em seu todo e não somente através de alguns episódios emergentes: isto não é utopia, mas uma perspectiva percorrível, como demonstra o quanto se está fazendo na Espanha há alguns anos, graças a geógrafos como Rafael Màs e Mercedes Tatjer. O estudo sistemático sobre a ”vivenda” permitiu reconstruir por inteiro o traçado construtor de alguns bairros residenciais como Barceloneta ou o Bairro de Salamanca em Madri. Eu retomo assim aquilo que eu disse na segunda resposta.
Recortada sobre um aprofundado fundo cognitivo, a análise pontual de algumas obras de realce adquire por isso um valor relativo que se revela fundamental para a interpretação do simples projeto. Em confronto com um quadro definido por inteiro, os casos são dois: ou a obra adquire uma unicidade e excepcionalidade ou afunda no mare magnum de uma produção corrente. O culto difundido para l’Unité lecorbusieriana receberia um sério redimensionamento se colocada em comparação com o panorama das periferias francesas, dominado no segundo pós-guerra pelos grandes imóveis – freqüentemente experimentais – concebidos nos programas HBM e HLM.
Um consistente nexo entre arquitetura e edificação, entra a poesia e a prosa do construir poderia portanto encurtar aquela distância profunda que hoje separa a historiografia quantitativa da historiografia qualitativa (esta, para sermos claros, centrada nas grandes obras de grandes arquitetos).