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interview ISSN 2175-6708

abstracts

português
Professor do Instituto Universitário de Arquitetura de Veneza, Guido Zucconi é um dos maiores especialistas em História da Arquitetura e do Urbanismo dos séculos XVIII ao XX

english
Professor of Graduate Institute of Architecture of Venice, Guido Zucconi is a leading expert in the History of Architecture and Urbanism from the eighteenth to the twentieth centuries

español
Profesor del Instituto Universitario de Arquitectura de Venecia, Guido Zucconi es uno de los mayores especialistas en Historia de la Arquitectura y del Urbanismo de los siglos XVIII al XX

how to quote

RETTO JR., Adalberto. Guido Zucconi. Entrevista, São Paulo, ano 05, n. 018.01, Vitruvius, abr. 2004 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/05.018/3331>.


La cittá dell´ottocento, livro de Guido Zucconi, Laterza

Adalberto da Silva Retto Júnior: Em La città dell’Ottocento (2001), a cidade aparece dominada por fatores dinâmicos, que serão fornecidos pela demografia, antes que da economia (Zucconi, 2001). À frente de estrepitosas performances quantitativas, se difunde e se impõe o termo “metrópole”. Queria que o Sr. respondesse a uma pergunta feita pelo senhor mesmo em seu livro: O que caracteriza a história da cidade ocidental de modo particular? Quais fatores de continuidade recordam um longo período, entre o fim do século XVIII e o início do século XX?

Guido Zucconi: Difícil dar uma resposta seca. Preferiria contudo falar de “cidade européia”, incluindo nesta definição também as que Braudel havia definido as “novas Europas” (neste caso entrariam também cidades que estão nominalmente no leste, como Vladivostok ou Sidnei). Começaria com um dado quantitativo: a onda demográfica se manifesta na Inglaterra e na metade do século XVIII, depois avança para a Europa continental de norte a sul, para depois dirigir-se para novas Europas. Nos últimos cinqüenta – quarenta anos voltou-se para além das novas Europas: o que hoje está acontecendo em Djacarta ou em Seul é, portanto, a “cauda” de um fenômeno iniciado há mais de duzentos anos, nas ilhas britânicas. Nisto há uma perfeita continuidade entre Ocidente e Oriente, entre não-Europas e Europas, sejam elas velhas ou novas.

Mas cheguemos aos aspectos qualitativos. Se nos detivermos no período que antecede 1970, talvez possamos chamar para a causa, a persistência de uma acomodação topográfico-formal que nas velhas e novas Europas tinha “sustentado” também a passagem da cidade para metrópole, por quanto estivessem dilatadas desmedidamente. Londres, Boston ou Rio de Janeiro haviam conservado as noções de centro e de limite, já amplamente “demolidas” em lugares como Tóquio ou Calcutá. Neste processo de manutenção acredito tenha desenvolvido um papel importante a presença de algumas instituições bem localizadas: a igreja, a prefeitura, os prédios governativos que, nas cidades das velhas e novas Europas mantiveram uma relação de identidade com os lugares. No oriente, a “volatilidade” dos lugares das instituições tem contribuído com uma lentidão na relação forma-identidade.

Enfim, após um certo período, também no ocidente, a dimensão da megalópole parece ter submergido uma série de consolidadas coordenadas urbanas, como bem demonstra o caso de São Paulo.

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