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interview ISSN 2175-6708

abstracts

português
Flávio Villaça, em entrevista a Denise Mendonça Teixeira, fala sobre seu novo livro e diversos assuntos sobre as cidades brasileiras e o planejamento urbano no Brasil

english
Flávio Villaça in an interview with Denise Teixeira Mendonça, talks about his new book and several issues in Brazilian cities and urban planning in Brazil

español
Flávio Villaça, en la entrevista a Denise Mendonça Teixeira, habla sobre su nuevo libro y diversos asuntos sobre las ciudades brasileñas y el planeamiento urbano en Brasil

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TEIXEIRA, Denise Mendonça. Flávio Villaça. Entrevista, São Paulo, ano 06, n. 024.04, Vitruvius, out. 2005 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/06.024/3309>.


Quadro da vulnerabilidade social em São Paulo, ilustração do livro "As ilusões do Plano Diretor"

Denise Mendonça Teixeira: Como abordar os problemas urbanos de São Paulo?

Flávio Villaça: Sob a ótica de plano diretor, seria por meio da mobilização das lideranças populares, pedindo a elas que formulem os problemas. Quanto mais conseguirmos extrair das lideranças populares a explicitação dos seus problemas, tanto melhor. O plano diretor tem de começar por aí. Isso já é difícil, mas se for possível eles formularem uma proposta de problemas a serem abordados, seria um bom começo. Neste aspecto, os técnicos nada teriam a ensinar às massas populares. Todos sabem quais são seus problemas. Imagino também, que haveria uma série de problemas que eles não abordariam. Acredito que acontece o seguinte com a população (tanto com a maioria popular, como com a minoria rica): quanto mais alto o nível das lideranças, mais nós chegamos perto das visões gerais, mais amplas e de longo prazo, e mais nos afastamos do pontual e do imediato. As bases populares podem ser rasas, pois são muito em cima do imediato e do pontual. Porém à medida que subimos nas lideranças, elas mostram que são capazes de chegar a um nível de amplitude e generalidade bastante grandes. A participação técnica cresce à medida que nos aproximamos das soluções de longo prazo e das questões gerais da cidade. São duas coisas amplas no tempo e amplas no espaço: a frente da base mesmo, talvez resulte num plano de governo e não vá além disso, e depois as questões gerais, amplas da cidade como um todo e as questões de longo prazo. Essas últimas sim, extrapolarão um plano de governo. Mas essa série de mitos – de que tem que aprovar uma lei que sobreviva, que supere diferentes mandatos, que vá além, que corporifique a vontade da sociedade – ainda estamos longe disso e não sei se isso existe de fato. Destaco sempre que o plano diretor, pelo menos o do discurso oficial, não se limita a zoneamento. Em qualquer dos nossos planos diretores essa questão tem um destaque enorme, mas isso não tem nada a oferecer para a maioria popular. Se realmente as bases forem consultadas e se for feito um plano diretor pautado por elas, o zoneamento vai ter um papel muito pequeno. Por que ele é um instrumento para a elite, da classe média para cima, dos 15% ou 20% da população, que têm renda mais alta.

DMT: Mas o zoneamento não seria útil numa periferia; regularizar vizinhanças inconvenientes, por exemplo?

FV: Não seremos nós a dizer o que é útil para a população da periferia. Eles sabem. Eu não pergunto se seria útil, eu perguntaria se eles colocariam como um problema importante. Ter uma oficina mecânica ou peixaria como vizinho ou passar ônibus na sua rua não é problema nenhum para eles, muito pelo contrário, pode até ser bom. Na sub-prefeitura de Pinheiros, há bairros aonde ao falar-se em passar ônibus numa rua, os moradores torcem o nariz, pois querem mais tranqüilidade. Os requisitos de qualidade de bairro são completamente diferentes segundo as classes sociais; os problemas são diferente. O Brasil tem uma diferença violenta de classe, portanto os problemas dos 15% mais ricos são totalmente diferentes dos problemas dos 85% mais pobres.

Algo que ficou clara no Plano Diretor de São Paulo foi uma “plotagem" que o Nabil Bonduki (arquiteto urbanista e foi vereador de São Paulo) fez das reivindicações que ele recebeu enquanto relator do Plano Diretor. Foram mais de mil referentes ao uso do solo. A absoluta maioria dessas reivindicações vinha daqui do Quadrante Sudoeste. E há também a questão dos incômodos urbanos. Diante de complicações como ruído, poeira, fumaça, o Plano diz que só atenderá na medida em haja reclamações. É óbvio que a vasta maioria das reclamações virão do Quadrante Sudoeste, e assim vamos ter uma prefeitura voltada para o atendimento de problemas da minoria. Veja-se as queixas oriundas das Z-1, as classes média– alta e alta ficam em pé de guerra, pegam em armas contra Shopping Centers, ampliação da FAAP, prédios altos nos limites de seus bairros etc.. Ela se organiza em sociedades de “amigos de bairros”, contrata assessoria jurídica, tudo por causa de um prédio de quinze andares no meio do seu bairro. Esse tipo de coisa é que move o zoneamento. Mas se formos para a zona leste ou para a zona sul, Cidade de São Mateus, ou Jardim Ângela, lá o mercado não faz prédio de quinze andares. Se fizesse até que seria bom, pois iria valorizar o terreno deles. Portanto essa questão de qualidade de vida do bairro que o zoneamento tanto zela, não tem maior significado pra maioria da população.

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