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interview ISSN 2175-6708

abstracts

português
Flávio Villaça, em entrevista a Denise Mendonça Teixeira, fala sobre seu novo livro e diversos assuntos sobre as cidades brasileiras e o planejamento urbano no Brasil

english
Flávio Villaça in an interview with Denise Teixeira Mendonça, talks about his new book and several issues in Brazilian cities and urban planning in Brazil

español
Flávio Villaça, en la entrevista a Denise Mendonça Teixeira, habla sobre su nuevo libro y diversos asuntos sobre las ciudades brasileñas y el planeamiento urbano en Brasil

how to quote

TEIXEIRA, Denise Mendonça. Flávio Villaça. Entrevista, São Paulo, ano 06, n. 024.04, Vitruvius, out. 2005 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/06.024/3309>.


Sistema Interligado de Transporte Público de São Paulo. Estação de transferência, esquina da Av. Paulista e Rua da Consolação

Denise Mendonça Teixeira: Quais os mais graves problemas de São Paulo?

Flávio Villaça: Transporte, moradia e saneamento. Há mais de dois séculos são os maiores problemas urbanos. Transporte (principalmente com o intermunicipal, trem e metrô) e saneamento são mais questões estaduais do que municipais. No caso dos transportes, a Marta realmente conseguiu um avanço notável e precisamos tirar o chapéu para ela, pois houve uma revolução impressionante nos corredores. No que toca ao município, cabe grande destaque ao sistema viário. Este, entretanto, é totalmente conduzido pelas partes ricas da cidade: os túneis, elevados, passagens por baixo do rio Pinheiros, por baixo do Ibirapuera, túnel Airton Senna, viadutos etc. custaram uma fortuna, assim como o túnel da Rebouças.

DMT: No seu livro, o senhor fala das diferenças significativas entre municípios– subúrbios e os do interior...

FV: Sim. Os do interior são socialmente mais diversificados. Os municípios-subúrbio são mais homogêneos, majoritariamente constituídos por classe baixa e média baixa. Praticamente não há burguesia. Os grandes industriais, os grandes empresários de Santo André ou de Guarulhos não moram lá, moram em São Paulo. Por isso esses municípios não têm essa classe. No entanto o grande industrial, o grande empresário de Ribeirão Preto, Bauru ou Londrina mora na cidade. O município-subúrbio tem mais chances de ter um plano diretor menos conflituoso porque, como tem uma população socialmente muito homogênea, não haverá gente brigando por Z1, por exemplo. Nem vai dar tanta ênfase em zoneamento. Então o zoneamento vai ser bem menos importante para esses municípios. O caso mais interessante, e que deixa-me curioso para saber as conseqüências, é o do município de São Caetano do Sul. Trata-se de município com tamanho territorial exíguo – 100% urbano, quase 100% classe média –, que não é periferia e está num mesmo anel onde estão Tatuapé, Mooca, e vários bairros de classe média do Município de São Paulo. Eu soube que São Caetano nunca teve, não tem e não quer ter plano diretor, por que é muito homogêneo e por isso existem poucos conflitos. A cidade é inteira pavimentada, tem água e esgoto em todo lugar, há escola para todo mundo e está toda equipada pois é central e pequenina. Quero ver como o Estatuto da Cidade vai se virar com São Caetano, obrigado-o a fazer um plano diretor. Se de um lado a Constituição obriga o município a ter plano diretor, por outro essa mesma diz também que questões de interesse local são da exclusiva competência municipal... E agora?

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