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interview ISSN 2175-6708

abstracts

português
Daniela C. Lima entrevista o arquiteto Sérgio Ferro, que fala sobre o tema do canteiro de obras, com ênfase na divisão do trabalho, nas relações sociais de produção nele existentes e as experiências realizadas na década de 1950 pelo grupo Arquitetura Nova

english
Daniela Colin Lee interviews the architect Sergio Ferro, a conversation about a construction site, with emphasis on the division of labor and social relations of production within it and the experiences made in the 1950s by the Grupo Nova Arquitetura

español
Daniela C. Lima entrevista al arquitecto Sérgio Ferro, sobre el tema del cantero de obras, con énfasis en la división del trabajo y en las relaciones sociales de producción existentes en él y las experiencias realizadas en la década de 50

how to quote

LIMA, Daniela Colin. Sérgio Ferro. Entrevista, São Paulo, ano 07, n. 027.01, Vitruvius, jul. 2006 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/07.027/3301>.


Acrópole 319, número especial sobre o Grupo Arquitetura Nova. Capa de autoria de Arnaldo Martino e Mateus Gorovitz

Daniela Colin: O grupo Arquitetura Nova propôs uma metodologia de trabalho que, até então, não era muito comum nos canteiros de obras no Brasil. Na sua opinião, vocês conseguiram atingir o objetivo do canteiro realmente participativo?

 

Sérgio Ferro: Eu acho que nós não conseguimos nunca realizar efetivamente nossa experiência por uma razão bastante simples: o operariado com o qual a gente trabalhava era operariado, isto é, assalariado, que vendia a própria força de trabalho e, portanto, no momento em que se transformava em assalariado, já se vendia, já se alienava. Se transformava em propriedade do outro. Isso impedia fundamentalmente que a participação atingisse os níveis que a gente desejava, a verdade da equipe participativa que a gente desejava. Havia uma participação mais ou menos comedida, ligada à nossa simpatia, ao fato de a gente se aproximar deles e dar liberdade. Quando era possível, até de aumentar salário em conseqüência mesmo dessa participação, que diminuía custos, etc. Mas eu acho que é utopia pensar em experiências de liberdade participativa no meio da não-liberdade, no meio da sociedade em que a gente vive. Entretanto, eu acho que hoje em dia, em certos bolsões de liberdade que começam a se criar – junto ao Movimento Sem Terra, o Movimento Sem Teto ou da auto-gestão participativa, etc. – muito mais do que no meu tempo, é possível avançar nessa experiência. Aí há realmente um chão menos destruído, menos corrompido do que era o nosso chão, no nosso tempo.

DC: Então a relação dos trabalhadores com o produto do trabalho no canteiro era como em um canteiro tradicional?

SF: Exatamente.

DC: Como vocês [grupo Arquitetura Nova] explicavam suas intenções para os operários?

SF: A gente tentava explicar um pouquinho a partir do Marx, a lógica da exploração, a lógica da divisão do trabalho injusta, a exclusão deles do ato de pensar, essas coisas todas. E pouco a pouco, de uma maneira lenta, gradativa, eles iam compreendendo a mola do sistema, as regras do sistema e tentando, conosco, partir para uma prática alternativa que não fosse só exterior ao ato de fazer, mas que transformasse o ato produtivo ele mesmo.

DC: O senhor acha que nos mutirões autogeridos, hoje, se consegue algum avanço em relação a isso?

SF: Eu acho que sim, sem dúvida nenhuma. E o próprio fato que me interessa muito nos trabalhos do Pedro [Arantes], por exemplo, é a participação das mulheres que muda, já é uma coisa radicalmente nova, não só pela presença delas, mas porque elas trazem de outro tipo de consideração do trabalho, outro tipo de carinho e isto é bastante importante.

DC: De que maneira vocês trabalhavam o conceito de Marx com os operários? Pergunto isso porque são conceitos meio densos, não acha?

SF: Sim, mas olha, o Marx mesmo dizia: são muito mais os burgueses intelectuais que tem dificuldade de entender o Marx do que os operários. Muito mais! Isso é frase do Marx, não é minha não. Quem tem isso na carne, na vida cotidiana, no dia-a-dia. Mesmo que eles não tenham os conceitos preparadinhos para traduzir, quando eles encontram esses conceitos, para eles é evidente na hora. Na hora!

Esquemas de de montagem de abóbadas. Rodrigo Lefèvre, dissertação de mestrado na FAU-USP, 1981

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