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interview ISSN 2175-6708

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Nesta entrevista concedida à Alessandro Rosaneli, a arquiteta e paisagista Anne Vernez Moudon apresenta importantes considerações para aqueles interessados no estudo da forma urbana e nos possíveis desdobramentos metodológicos

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ROSANELI, Alessandro Filla; SHACH-PINSLY, Dalit. Anne Vernez Moudon. Entrevista, São Paulo, ano 10, n. 040.01, Vitruvius, out. 2009 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/10.040/3397/pt_BR>.


Biblioteca pública de Seattle, projeto de Rem Koolhaas, com o estuário Puget ao fundo
Foto Alessandro Filla Rosaneli, 2008

Alessandro Filla Rosaneli e Dalit Shach-Pinsly: No Brasil, Arquitetura e Urbanismo são ensinados juntos na excepcional maioria das Instituições de Ensino Superior. Já nos Estados Unidos, são cursos separados e a sua união fica a cargo da decisão individual de cada aluno. Contudo, o relacionamento entre ambos os campos é inegável ao mesmo tempo em que as questões que carregam são enormes, dificultando a apreensão total pelo aluno. Como ensinar futuros arquitetos e urbanistas a relacionar melhor essas questões em suas atividades práticas cotidianas?

Anne Vernez Moudon: Isto é o que nós estamos tentando fazer aqui ao procurar integrar desenho urbano com planejamento urbano. Nós não esperamos que cada estudante se torne um urban designer, mas nós tentamos colocar juntos os estudantes de arquitetura, paisagismo e planejamento urbano com a intenção de propiciar um conhecimento comum sobre a cidade. É uma boa forma de começar, com um bom legado experimental quando se vivencia a cidade. Mas nós também temos que convencer alguns estudantes a se inscrever nos cursos de desenho urbano, porque eles não são obrigatórios. Um estudante de arquitetura não é obrigado a assistir aulas de planejamento urbano e vice versa. E isto é estranho porque estamos no mesmo departamento de arquitetura e urbanismo! Na minha vida acadêmica em Berkeley eu era obrigada a me inscrever em disciplinas de planejamento urbano. Assim se relaciona o projeto e a construção do edifício com o planejamento urbano de várias formas. E eu leciono uma disciplina de forma urbana com uma abordagem arquitetônica e urbanística. Este tipo de abordagem é muito importante não somente para se apreciar os “lugares”, mas para entender como as cidades são produzidas. Planejamento urbano por vezes é tão divorciado em escala do processo de desenvolvimento. Neste país, alguns anos atrás, as escolas de planejamento urbano adoravam admitir vários estudantes de todos os campos disciplinares menos arquitetura! [rs]. Planejamento urbano, naquele tempo, estava tentando se posicionar contra a forma física e o determinismo físico. Tudo era sócio e economicamente orientado. Os planejadores estavam tentando fazer as pessoas acreditar que as cidades eram somente entidades sociais ou econômicas. Agora as coisas mudaram. A razão para que não só temos escolas de planejamento urbano específicas é porque o sistema de planejamento não é tão forte. Finalmente, eu diria que arquitetos e planejadores urbanos, quando agem como profissionais distintos, desenvolvem suas próprias teorias. Como resultado, eu acredito que ainda não se tem boas teorias para se trabalhar na escala do desenho urbano. Tem uma quantidade enorme de trabalho a ser executada nesta área.

AFR / DSP: Seu foco de pesquisa tem mudado ao longo dos anos, mas, no entanto, tudo se relaciona significantemente com o ambiente urbano e a forma urbana. Ademais, suas pesquisas se apóiam, sobretudo, em métodos quantitativos, mais que qualitativos, que mensuram os diferentes elementos ou aspectos do ambiente construído. Quando e como a senhora descobriu que a base fundamental para a pesquisa é examinar os elementos quantitativos e objetivos primeiro? Quais eram suas aspirações quando da escolha da relação entre ambiente construído e saúde?

AVM: Considere que os elementos objetivos do espaço foram pesquisados em São Francisco (no livro “Built for Change”). Ao mesmo tempo, aquele trabalho foi muito arquitetônico. Eu usei uma abordagem ambiental e comportamental. Assim, eu estou sempre preocupado com as questões objetivas do ambiente e com a affordance do espaço: como as pessoas o usam, como se pode usá-lo, etc. Meus interesses de pesquisa depois do trabalho realizado em São Francisco foram as regiões metropolitanas de Boston e Seattle sob o prisma das estratégias de ocupação dos vazios urbanos e novas tipologias construtivas. E eu lecionei em vários ateliês sobre estes temas. Naquele tempo, estávamos concentrados em estudar a mistura de tipologias construtivas e usos, um tópico comum hoje em dia, mas meus colegas admitiam que eu era louca, naqueles tempos... E isto era uma grande inovação, edifícios multiuso em padrões contemporâneos! Acreditam? Mas, para dar créditos a Seattle, seu zoneamento permitia mistura de usos em muitas áreas. Então eu dizia aos meus colegas: já que o zoneamento permite, talvez pudéssemos mostrar aos incorporadores o que eles poderiam fazer! Neste mesmo momento, eu estava esperando pelo SIG (Sistema de Informação Geográfica) aparecer. Editei um novo livro (Public Streets for Public Use, Van Nostrand Reinhold, 1987). Paralelamente, nós pesquisávamos que para áreas urbanas com os mesmos parâmetros urbanos de densidade e mistura de usos, havia três vezes mais pessoas caminhando em áreas comerciais vizinhas ao centro urbano com suas quadras de pequenas dimensões do que em áreas suburbanas com grandes quarteirões e poucas calçadas. E isto foi muito interessante! E nós também encontramos indícios de que existiam muito mais bairros em regiões suburbanas com o potencial para incentivar a caminhada que alguém pudesse imaginar. E, assim, eu consegui mais apoio para continuar observando áreas suburbanas, quando eu iniciei trabalhar na questão da mobilidade. Naquele tempo, nos anos de 1990, não havia nenhuma preocupação com a saúde coletiva. Era tudo ligado ao transporte. As questões de saúde vieram muito tempo depois. O pessoal da Saúde Pública contatou o pessoal que trabalhava com transporte que estavam fazendo pesquisas sobre os pedestres. E este pessoal do transporte me contatou. Nós os encontramos por anos. Eram ótimas conversas sobre como aumentar a possibilidade de deslocamento dos pedestres nas cidades. Até que nós nos questionamos: Por que continuamos a nos encontrar se ninguém paga nosso trabalho, se ninguém está nos “alimentando”? E a frustração foi enorme. Mas ai eu recebi um recurso para estudar a relação entre saúde e o caminhar no início dos anos 2000. E este foi um grande projeto e acabei me assustando porque tínhamos tanta coisa para aprender!

AFR / DSP: E, por último, algumas perguntas sobre sua vida e...

AVM: Oh, minha vida? Está quase no fim! [rs] Vamos beber algo! [rs]

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