Abilio Guerra: O que esteve em jogo na primeira eleição para a direção do CAU?
Daniel Amor: A primeira eleição foi um desafio, pela falta de informações confiáveis que existia. Esta primeira eleição foi um plebiscito onde se estava opinando pela construção de um Conselho novo. Com todos os problemas enfrentados, internos e externos, o processo foi vitorioso e mostrou que os arquitetos e urbanistas queriam sair do antigo sistema e que querem participar dos destinos de sua profissão.
AG: O CAU nasce com a participação de diversas entidades. Elas se fundirão ou manterão sua atuação autônoma?
DA: O CAU é um Conselho, uma autarquia, um órgão governamental que tem a finalidade de orientar e fiscalizar o exercício profissional do Arquiteto e Urbanista e no qual todos os profissionais de arquitetura e urbanismo deverão estar registrados para exercer a profissão.
As entidades são de livre associação e tem fins culturais no âmbito de seus estatutos. O sindicato tem sua atuação definida por lei na defesa do profissional nas suas relações de trabalho. Portanto, não devemos confundir atividades de entidades com atuação de um Conselho fiscalizador.
AG: Do ponto de vista da atuação profissional, por que a fundação do CAU foi tão importante?
DA: Os arquitetos e urbanistas estavam vinculados a um sistema (Confea/Creas) que hoje reúne mais de 300 profissões. Nesse contexto, profissionais de áreas diversas à da arquitetura e urbanismo fiscalizavam e julgavam processos de arquitetos e urbanistas. Recentemente, um caso ganhou publicidade na mídia especializada: o plenário do Confea, onde participam só quatro arquitetos no total de 21 membros, votou um processo onde aprovou um parecer de uma conselheira técnica agrícola, que retirava dos arquitetos e urbanistas a atribuição de restauro. Felizmente, depois de alguns meses em nova votação nossos representantes conseguiram reverter a situação.
AG: Qual a relação entre a constituição do CAU e valorização da profissão arquiteto na sociedade brasileira?
DA: É clara a relação vantajosa da valorização da profissão com um Conselho uniprofissional. Até agora não vimos nenhuma campanha publicitária do sistema na qual a sociedade tenha sido esclarecida sobre a profissão do arquiteto e urbanista. Agora poderemos, e deveremos nos comunicar com a sociedade e com o governo e desvendar as duvidas sobre a nossa profissão.