Abilio Guerra: Temos muitos concursos de arquitetura e urbanismo, mas muitos projetos premiados não construídos. O problema se encontra no edital, júri, contratante ou projetos?
Daniel Amor: Vejo como problema do contratante. O edital tem a participação do contratante, então o que temos é falta de compromisso. O Júri tem que ser aceito pelo contratante, aí vejo o mesmo problema. Se o concurso é bem organizado o projeto escolhido vai ser o que melhor atende o edital.
AG: Como o CAU deve lidar com a distinção entre arquitetos empresários e arquitetos funcionários? Como lidar com a distinção entre produto (igual para os dois) e relação trabalhista (que os coloca em posições com interesses antagônicos)?
DA: O CAU vai lidar com o exercício da profissão regulamentada que é a Arquitetura e Urbanismo. A relação trabalhista não passa pelo CAU, passa pelo sindicato, e temos sindicatos nas duas esferas, seja do trabalhador ou do patrão.
O Sasp tem tido muito bons resultados nas negociações coletivas onde sentamos à mesa com o Sinaenco, e acredito que nenhum dos dois lados tem reclamações quanto ao dialogo estabelecido.
Aliás, o Sasp comanda os sindicatos de trabalhadores que senta nessa mesa de negociações, formada do lado dos trabalhadores por sociólogos, técnicos, tecnólogos, economistas, etc.
AG: O concurso é bom para a arquitetura, para os arquitetos e para a sociedade?
DA: O concurso é uma das formas de contratação de projetos.
O que é ruim para os arquitetos, a sociedade e a arquitetura é a falta de projetos. Estamos vivendo um momento de governos que se elegem com discursos, e que quando assumem decidem fazer coisas que tiram de uma cartola de mágico.
AG: Como encontrar uma solução entre a qualidade necessária para um projeto de arquitetura e a regulamentação das licitações pela Lei 8666/93, mais voltada para a quantidade?
DA: Essa é uma discussão que passa sim pelo CAU. O CAU deverá estudar e propor ao Congresso a adaptação da lei de licitações à existência do CAU. E nesse estudo, essas questões - que não são novas, mas que no antigo sistema não tínhamos espaço para discutir – deverão ser sugeridas.