Geise Brizotti Pasquotto: No seu livro Economia da cultura e desenvolvimento sustentável, agraciado com o prêmio Jabuti em 2007, você traz casos práticos de mais de vinte países para mostrar como a estratégia de política pública por meio da cultura pode gerar riqueza, empregos e inclusão socioeconômica. Em sua opinião, quais são as confluências apresentadas em todos os casos, desconsiderando as especificidades de cada local?
Ana Carla Fonseca Reis: Muito embora os exemplos sejam bastante distintos e complementares, é possível identificar traços comuns, a exemplo da consideração da cultura também por sua faceta econômica (sem detrimento de suas dimensões simbólica e identitária); do entendimento das várias etapas de um fluxo econômico (criação, produção, distribuição, exibição e demanda, que por sua vez alimenta nova fase de produção); da busca da compreensão da lógica e das ferramentas da economia para sanar gargalos nesse fluxo, de modo a fortalecer as possibilidades de que um trabalhador da cultura possa viver do que faz; de inovação e empreendedorismo.
GBP: No capítulo 10 do seu livro você define alguns conceitos sobre o impacto econômico do turismo cultural nos países europeus, como França, Espanha e Itália e americanos, como os EUA e o Brasil. Quais são as diferenças de impactos entre os países e como o poder público e o privado estão inseridos neste aspecto?
ACFR: O impacto econômico do turismo, como o de qualquer outro setor, pode ser avaliado por diferentes ângulos. Muitas vezes a análise se atém à magnitude do recurso gerado. Igualmente importante, porém, é destrinchar esse número ao longo da cadeia, para verificar como se distribui, seu potencial de alavancar inclusão e os motivos pelos quais eventualmente não é maior. Via de regra, como é usual, o impacto econômico é tão maior quão mais bem articulada for a governança – ou seja, o respeito aos papéis e responsabilidades cumpridas pelo setor privado e pelo governo.