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PORTAL VITRUVIUS. Concurso Público Piratininga Acessível. Projetos, São Paulo, ano 05, n. 051.01, Vitruvius, mar. 2005 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/05.051/2448>.


Proposta

Após a identificação das limitações impostas pelas barreiras arquitetônicas encontradas na área, propomos sua eliminação visando uma potencialização da aproximação entre partes desconexas (polaridades), que estimularão o vínculo físico e social entre elas. Este fator dinamizará a ocupação democrática dos espaços construídos para todos os indivíduos, independente de suas características físicas, sensoriais e mentais.

Buscamos através de nossa proposta tornar a Praça Dom Jose Gonçalves da Costa e o Bairro de Piratininga mais acessíveis, o que significa melhorar a “costura” da Região Oceânica com o município de Niterói e, conseqüentemente, com a cidade do Rio de Janeiro; de Piratininga com os bairros vizinhos; e da Praça com as sub-centralidades locais e com as áreas lindeiras, estabelecendo vínculos mais fortes, consolidando uma identidade local e uma percepção de “pertencimento”.

Estas diretrizes buscam uma valorização não só do espaço urbano, mas também da coletividade, através do estímulo ao desempenho social, político, histórico e simbólico do espaço. Entendemos que esta valorização e requalificação venham a estimular e fortalecer o aspecto de centro de bairro desta área. Este dado orientou critérios gerais de atuação em cada uma das escalas de observação, para consolidação das relações entre partes importantes do entorno.

Praça em Piratininga Niterói / Contextualização

A Região Oceânica do Município de Niterói foi efetivamente configurada depois do Plano de Urbanização das Regiões de Piratininga e Itaipú entre os anos de 1940 a 1960. Sua conformação urbanística foi solidificada pela criação de loteamentos e condomínios promovidos pela iniciativa privada neste mesmo período, definindo-a como área de expansão urbana destinada principalmente às classes mais abastadas. Isso gerou um parcelamento destinado a habitações unifamiliares isoladas em lotes individuais. Com o passar dos anos, seu território passou a apresentar todos os padrões construtivos, incluindo favelas e posses. No entanto esses bairros apresentam as maiores taxas de crescimento demográfico e crescente valorização do município, provocadas pela chegada de infra-estrutura.

A área objeto da proposta de requalificação da Praça Dom José Gonçalves da Costa é delimitada pelas Avenidas Francisco Gabriel de Souza, Celso Aprígio Guimarães, Adolfo Bezerra e pela Rua Francelino Barcel. O loteamento em que esta área se insere, Jardim Piratininga, tornou-se emblemática para o entendimento do inicio da ocupação da Região Oceânica. Exemplificando fisicamente seu processo de parcelamento e explicando suas matrizes ideológicas, nos reportamos ao modelo da “cidade jardim”, criado por Ebenezer Howard (1850-1928), que apostava em idéias referenciais de apropriação do espaço e não de planejamento físico.

O movimento das cidades-jardins de Howard possui duas fontes interligadas: de um lado, a tradição das utopias da primeira metade do século XIX, entendida como comunidade perfeita e auto-suficiente, síntese de cidade e campo, com os significados sociais que lhe são tradicionalmente anexos; do outro lado, o conceito da casa unifamiliar no verde, colocando mais tônica, entretanto, na privacidade do que nas relações sociais: uma tentativa de subtrair da vida familiar a promiscuidade e a desordem da metrópole e de realizar o máximo de ruralidade compatível com a vida urbana.

Por outro ângulo, a proposta de Howard e de seus seguidores colocou em segundo plano o problema da cidade enquanto lugar onde todas as atividades humanas se integram. Ao contrário da integração, seu partido adota o desmembramento da cidade tradicional em outros tantos fragmentos distanciados e autônomos.

Unir fragmentos / Rede de relações múltiplas

Sabe-se que Atílio Corrêa Lima, o autor do loteamento Jardim Piratininga, teria se baseado na Cidade Jardim de Howard, um importante modelo nas expansões periféricas das cidades. Este apresenta um traçado que constrói um espaço urbanístico rico pela diversidade de linhas de visão que oferece através da criação de pequenas praças e vias e que multiplicam a possibilidade de circulação de pedestres e lugares de convívio. Além disso, o autor foi também influenciado pelos conceitos da cidade radiosa de Tony Garnier, apresentando um traçado com praças regulares e ruas radiais e concêntricas com setores ligados por diagonais.

Esse modelo de Howard resulta na desarticulação das partes integrantes da cidade. Hoje, esse processo de desarticulação é intensificado, tornando-se incompatível com as atuais dinâmicas espaciais, aonde tudo é fluxo, rede, interface e comunicação, onde o espaço público construído adquire novas dimensões e significado.

Assim sendo, tratar deste tema significa interrogar-se sobre as mutações da cidade e da sociedade contemporânea; questionar-se sobre reconversões e “deslocalizações”; refletir sobre as múltiplas velocidades que marcam o ritmo da vida moderna. É também confrontar o espaço urbanístico de estudo com questões de intermodalidade e as inovações produzidas no espaço decorrentes disso. Exemplificando, devemos pensar nas novas práticas de apropriação do espaço advinda da abertura do Túnel Cafubá-Charitas, que aproximará esta área da nova Estação das Barcas e gerará uma nova opção de caminho para outras áreas da cidade.

Reconhecer-se / Diagnóstico e caracterização

Para a elaboração das propostas de requalificação urbanística da Praça Dom José Gonçalves da Costa (DJGC), nos aprofundamos nos conceitos de acessibilidade universal e de potencialidade urbana.

Desta maneira, construímos diretrizes e metodologias para análise e reconhecimento da área, propondo identificação de seus pontos de múltiplas atividades físicas, legislativas e sociais, além das barreiras arquitetônicas e urbanísticas que tornem inadequadas a utilização da área pela população.

Segundo o PUR da Região Oceânica, esta área permitirá uso misto e gabarito de até quatro pavimentos, visando uma maior flexibilização de usos e favorecendo a estruturação de centros de bairro que possam vitalizar e potencializar a área. Para tal, é importante entender que esta dinâmica proposta pela legislação está diretamente associada à trama que relaciona espaços e usuários. Estipulamos então, como fator fundamental, a consideração desta múltipla rede de conexões, segundo três escalas de estudo compostas pelas relações Cidade – Bairro, Bairro – Área e Área – Praça.

Entende-se, que o resultado físico da Praça passa por um conjunto de “amarrações” urbanas, que vem de fora pra dentro, consolidando-se na observação de espaços complexos imbuídos de significação, conferidos pela própria dialética da vida no seu contínuo deslocar e permanecer.

Polaridades

A estes espaços complexos chamamos de polaridades. Sua identificação se torna possível através da reprodução da energia dos fluxos que a atravessam e reflete o ritmo do lugar. Seja a partir da passagem de veículos, da infra-estrutura instalada, do acúmulo de pessoas, do uso, da passagem de pedestres, do jogo de cartas dos idosos no domingo, da brincadeira das crianças, da existência de equipamentos públicos, dos pontos de ônibus e vans, do futebol no campo de saibro, do mobiliário urbano, dos serviços, nas relações pessoais, no passeio de bicicleta...

É neste conjunto de relações físicas (clima, mobiliário, desenho urbano...) e imateriais (relações sociais), que estão passíveis as conexões diversas. Hoje, em geral, estas conexões são independentes e não se reconhecem, mas podem e devem interagir. Estas polaridades sustentam a idéia básica de potencialização da área em estudo contemplando também a eliminação das barreiras à acessibilidade. Para tal, apresentamos resumidamente três escalas de estudo:

Tempo e Espaço / Escala Niterói – Piratininga (Região Oceânica)

Trabalhar a simultaneidade dos tempos e a multiplicidade de suas expressões espaciais é um desafio que merece nossa contínua atenção.

Assim, como o Rio de Janeiro, a cidade de Niterói possui diversidades geográficas e sua expansão urbana se deu progressivamente pela orla marítima. A partir da década de 70, a Região Oceânica teve sua ocupação intensificada e conseqüentemente a necessidade de dotar a região de infra-estrutura adequada aumentou nas mesmas proporções.

Atualmente o principal acesso a esta região é feito a partir do Largo da Batalha no Bairro de Pendotiba, através da Estrada Velha de Itaipu (Estr. Eng Pacheco de Carvalho) e da Estrada Francisco da Cruz Nunes (FCN), existindo segundo o PUR (Lei 1157/92), a possibilidade de implantação da ligação Charitas-Piratininga, através de túnel. Grande parte do comércio significativo da região localiza-se ao longo da estrada FCN e vem ampliando-se desde então, valorizando terrenos, intensificando o comercio local (através do Shopping Itaipu Multicenter), criando núcleos residenciais fechados (condomínios), estimulando novos usos e restringindo outros, gerando pontos de favelização, e expandindo os serviços públicos, ainda deficientes na área.

A região de estudo possui grande apelo ambiental, através da presença de lagoas, restingas e áreas de mata atlântica, um conjunto paisagístico que aos poucos vem sendo absorvidos pelo progresso, apesar dos esforços municipais em mantê-los. As encostas, principalmente do morro da Viração, possuem quadras ocupadas por posseiros sem seguir arruamento aprovado e chegando a favelização em alguns trechos.

Centro de Bairro / Escala Piratininga – Área

A área Cafubá, ainda necessita de um sistema mais eficiente de transporte, de infra-estrutura urbana, de equipamentos públicos (atualmente está em construção o Hospital de Emergência) e de um centro de bairro mais consolidado, uma vez que depende da zona comercial da estrada FCN. No trevo de Piratininga, por exemplo, na Estrada FCN encontra-se o DPO, igrejas, creches, bancos, padarias, centros comerciais, concessionárias de veículos, lojas de imóveis, postos de gasolina, além de um grande numero de residências.

Esta área, fundamentalmente composta por residências unifamiliares, muitas destas de veraneio, possui um trecho com acesso restrito realizado por parte dos próprios moradores, numa tentativa de se auto-instituir um condomínio, chamado de Fazendinha. Algumas comunidades de baixa renda se inserem neste contexto, como as comunidades do Caniçal, da Lagoa e Inferninho.

O programa municipal de Medico de Família funciona em dois postos na redondeza, na Rua Deputado José Luiz Freitas e na Av. Raul de Oliveira. Duas entidades de ensino e apoio pedagógicos estão próximas à Praça DJGC, o colégio Municipal Maralegre, na rua Dr. Waldir Costa, que funciona no período de dois turnos e possui 385 alunos de 1º a 4º série, e a entidade beneficente FENASE, que trabalha com crianças e adolescente de ate 17 anos, situada na rua 60, além da Escola Gomes Pereira.

A infra-estrutura ainda é precária na maioria das vias locais, como iluminação, calçamento, manutenção das áreas públicas, escoamento de águas pluviais. Os sistemas de abastecimento de água e esgoto são satisfatórios, porém existem alguns pontos de afloramento de esgoto. A coleta de lixo é feita pela empresa CLIN três vezes por semana através de caminhão de lixo com apoio de garis. Existem alguns pontos de coleta, mas normalmente não dão vazão ao volume de lixo e entulhos, que muitas vezes são colocados em terrenos baldios da redondeza. Nesta área, próxima à Lagoa, localizam-se pontos de tráfico de drogas, sem maiores interferências do DPO da Região.

Afetividade – Efetividade / Escala Área – Praça

Para a compreensão das relações e complexidades do local de estudo, foram necessárias diversas visitas à Praça DJGC durante dias e horários diversos, além de uma aproximação com a população e entidades que habitam e usam o local. Propusemos junto a estes (Escola Maralegre, comerciantes do entorno, moradores locais, usuários inconstantes da Praça e associações de moradores da Fazendinha e do Cafubá) um exercício de identificação do local de intervenção tal como ele é e uma posterior formatação de seus intuitos e desejos para com esta.

O objetivo principal da metodologia adotada, através da análise “petonal” e da aproximação com a população, foi o de constatar diversos desejos e sobrepor as afinidades referentes aos diversos usuários. A identificação do desempenho social do lugar é necessária para que o objeto Praça seja socialmente reconhecido como espaço público e usufruído pela sociedade.

Além disso, os resultados obtidos através desta análise estabeleceram grande segurança na materialização das propostas de desenho urbano para o entorno imediato e para a área da Praça propriamente dita, uma vez que acreditamos no estabelecimento de relações de afetividade entre o homem-usuário com o espaço-lugar como possibilitador da efetividade de uma intervenção que prioriza a população existente.

De modo geral, pode-se dizer que a população não identifica e reconhece a praça como tal. A apropriação de seus espaços se dá maneira confusa e indefinida, até porque ela é mais caracterizada como simplesmente uma rótula, por onde passam os carros e ocasionalmente as pessoas. Hoje, a utilização da praça é feita por algumas crianças que moram nas redondezas assim como a FENASE e a Escola Maralegre que realiza algumas atividades como colônia de férias naquele espaço. Ocorriam atividades como projeto de ginástica para a terceira idade e escolinha de futebol, mas há algum tempo não vem ocorrendo.

Com exceção da quadra, a praça não oferece atrativos para a população, como mobiliário urbano, área de brinquedos e um paisagismo voltado a um lazer contemplativo. Seu piso apresenta defeitos na pavimentação por falta de manutenção, assim como a vegetação que vem crescendo indevidamente. A praça em si é um local completamente desabrigado, sem a presença considerável de árvores, apresentando, portanto, temperaturas elevadas.

O transporte coletivo não possui paradas definidas ou demarcadas nem possui abrigos ao redor da praça. Em alguns pontos pôde-se observar que a própria população instituiu como abrigo a sombra de uma das poucas árvores ali existentes. O mesmo ocorre com a travessia de pedestres, que se torna extremamente perigosa pela falta de demarcação e sinalização adequada. Portanto, estes fatores dificultam ou mesmo inviabilizam a circulação e utilização da praça por portadores de deficiências físicas, idosos, crianças e mães com carrinhos de bebê.

A própria largura excessiva da caixa de rolamento ao redor da rótula torna-se uma barreira para a população, ou seja, torna-se juntamente à falta de atrativos, mais um fator repulsivo ao uso daquele espaço potencialmente não explorado. Essa não criação de vínculos e até mesmo de identidades da população com este local se reflete não só na apropriação da praça, mas de seu entorno imediato, que apresentam inúmeros terrenos baldios e alguns focos pontuais de atração de pessoas, como a banca de jornal e a padaria durante o dia e o “Forró Universitário” nos fins de semana à noite na Av. Paulo de Melo Kauff.

O tema

“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.”
(Artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos)

A acessibilidade é um conceito ligado à qualidade do Projeto que se baseia num conjunto de normas que estabelece parâmetros e critérios para proporcionar a todos, sem distinção, a utilização segura e autônoma dos ambientes. Isso se reflete, principalmente, na questão da conscientização em relação às diversidades humanas.

Em nosso entendimento, acessibilidade é definida como algo simples e direto de ser resolvido, "é executar um caminho, que, na pior das situações, seja possível de conduzir adequadamente e com segurança alguém que se desloca..."

Um pequeno obstáculo, às vezes imperceptível para quem desconhece os fatos e não convive diariamente ou de perto com o problema, pode causar uma queda ou uma interrupção no deslocamento de uma pessoa, além do inconveniente desconforto.

Proposta: acessibilidade universal + potencialidade urbana

Após a identificação das limitações impostas pelas barreiras arquitetônicas encontradas na área, propomos sua eliminação visando uma potencialização da aproximação entre partes desconexas (polaridades), que estimularão o vínculo físico e social entre elas. Este fator dinamizará a ocupação democrática dos espaços construídos para todos os indivíduos, independente de suas características físicas, sensoriais e mentais.

Buscamos através de nossa proposta tornar a Praça Dom Jose Gonçalves da Costa e o Bairro de Piratininga mais acessíveis, o que significa melhorar a “costura” da Região Oceânica com o município de Niterói e, conseqüentemente, com a cidade do Rio de Janeiro; de Piratininga com os bairros vizinhos; e da Praça com as sub-centralidades locais e com as áreas lindeiras, estabelecendo vínculos mais fortes, consolidando uma identidade local e uma percepção de “pertencimento”.

Estas diretrizes buscam uma valorização não só do espaço urbano, mas também da coletividade, através do estímulo ao desempenho social, político, histórico e simbólico do espaço. Entendemos que esta valorização e requalificação venham a estimular e fortalecer o aspecto de centro de bairro desta área. Este dado orientou critérios gerais de atuação em cada uma das escalas de observação, para consolidação das relações entre partes importantes do entorno.

Escala Niterói – Piratininga

Criação de um anel viário que contorne os loteamentos a fim de minimizar o impacto da presença do futuro túnel que ligará Charitas ao Cafubá, tornando mais clara a hierarquia viária. Posterior requalificação das áreas impactadas por esta presença, permitindo assim, sua solidificação quanto à ocupação e distribuição dos espaços.

Priorização à presença do pedestre nas ruas internas ao anel viário e a cuidadosa conexão entre este e a Lagoa.

Valorização das pessoas portadoras de deficiências físicas, idosas e crianças ao distribuir atividades no espaço.

Propor às empresas de transporte público a adaptação universal a seus veículos, já que o suporte a este tema tem sido influenciado pelo Governo Federal. Desta maneira evita-se criar um ônus monetário maior ao Estado, e potencializa a maior participação de partes interessadas na resolução do reflexo do direito ao transporte público a cada cidadão.

Busca pelo menor ônus em termos de manutenção, o que aponta a economia como um dos critérios relevantes de desenho.

Qualificação e reconhecimento da identidade espacial em termos perceptivo-comportamentais dos usuários e de relações dimensionais, tanto funcionais como harmônicas, ou seja, em termos de excelência como um todo formal significativo.

Participação da comunidade – contexto vivenciado pelos moradores e sua integração.

Escala Piratininga – Área

Transformação da Lagoa de Piratininga em elemento de grande importância à preservação do meio ambiente, através do estimulo a atividades relacionadas a lazer e preservação, como atividades didáticas e estímulo à coleta seletiva de lixo.

Conexão das ciclovias com as conexões viárias do novo anel e principais vias de penetração, como as av. Paulo de Mello, Raul de Oliveira Rodrigues, av 07 (túnel) e futura rua projetada junto à Lagoa.

Redesenho das arestas do encontro das vias Francelino Barcellos, av. Raul de Oliveira, av. 10 e av. 08, criando espaços articuladores do anel viário proposto pela presença do futuro túnel.

Elevação dos níveis da caixa de rolamento das Ruas Vereador Luiz Botelho (trecho entre Av. 10 e Rótula do Cafubá) e Dr. Osíris Pitanga (trecho entre a Av. Francelino Barcellos e a Rotula do Cafubá), a fim de valorizar o pedestre e inibir a passagem constante de veículos.

Valorização das faixas livres nos passeios com largura mínima de 1,20m desobstruídas e sem interferências (arborização para além desta faixa), privilegiando o pedestre.

Utilização de pisos com superfície regular, antiderrapantes, firmes e estáveis, que não provoquem trepidação em dispositivos com rodas e inclinação transversal máxima de 3% e longitudinal máxima de 5%. Em situações que envolvam risco de segurança, para marcação de embarques em ponto de transporte público ou faixa de pedestre, utilização de pisos cromo-diferenciados e tátil-perceptíveis,

Utilização de rebaixamento de calçada nos cruzamentos e focos de circulação, na direção do fluxo de pedestres, com inclinação de 8% e largura de 1,20m. Essas rampas deverão ser sinalizadas e atender a Norma NBR 9050/2004.

Sinais de trânsito com acionamento manual para travessia de pedestres e sinalização sonora nas Avenidas Cons. Paulo de Melo Kalle e Av. Raul de Oliveira Rodrigues.

Acesso livre aos equipamentos urbanos das proximidades, permitindo a todos a possibilidade e condição de alcance, penetração e entendimento para utilização com segurança.

Distribuição de vagas de estacionamento nas vias radiais à Praça, sendo 2% destas sinalizadas e destinadas a portadores de deficiência com sinalização horizontal.

Pavimentação das vias e tratamento dos passeios do entorno imediato à Praça, além da telefones públicos, caçambas de recolhimento de lixo, abrigos de ônibus e demais mobiliários urbanos.

Implementação de sistema de iluminação de maior eficiência. Para as vias laterais, a iluminação pública deve ser locada na calçada oposta às arborizadas, com 12m de altura e afastamento de 15m. Em alguns trechos como passeios mais largos, propõem-se as alternâncias entre arborização e posteamento. Sugerimos que todo o capeamento do sistema de Iluminação da área seja subterrâneo, prioritariamente no entorno da Praça.

Requalificação urbanística como um todo estimulando a ocupação de terrenos vazios através da valorização e fortalecendo o centro de bairro.

Escala Área – Praça

O desenho urbano formador da atual Rotula do Cafubá gera, naturalmente, oito pontos focais de visibilidade, advindos das oito ruas radiais à praça. Este fator foi explorado diretamente na proposta de requalificação do espaço da Praça e seu entorno imediato. Marcados seus eixos viários principais, propomos uma clara hierarquia viária através do ajuste de caixas de rua, estacionamentos e passeio. Também sugerimos, tomando como base as condições climáticas e de insolação na região, a locação de arborização natural da mesma, amenizando o micro clima e esteticamente pontuando eixos de penetração a Praça Dom José Gonçalves da Costa.

Grafismo

A proposta de desenho feita para a Praça baseou-se em sua matriz radial, respeitando fatores históricos e simbólicos formadores do atual desenho do loteamento. Organizamos o sentido de penetração e identificação dos espaços da Praça a partir destes raios que geram formas através da locação de jardins, pisos, texturas, cores e mobiliário urbano.

Seu desenho também valoriza os percursos vivenciados na Praça, possibilitando ao visitante estabelecer de uma identificação sensorial, transformando e utilizando cada espaço. No entanto, não privilegiamos pontos de interesses particulares, e sim, criamos setorizações funcionais às atividades passivas e ativas da Praça. Desse modo, o acesso é possível em todas as direções, permitindo ao usuário livre circulação e percepção da hierarquia das atividades.

As edificações destinadas a abrigar as atividades de exposições, administração, sanitários, e guarda de equipamentos formam um conjunto desfragmentado e permeável, buscando não impedir a livre circulação de pessoas e a visibilidade na direção dos eixos por através da praça. O módulo destinado a exposições é composto por portas pivotantes que se abrem possibilitando expandir seus espaços para o exterior da edificação. Este conjunto é amarrado por uma pérgula, que avança e cria espaços sobreados, amenizando a temperatura em alguns pontos. O sombreamento gerado pela pérgula gera grafismos diversos de luz e sombra no piso da praça e nas edificações. O conjunto é dotado ainda, de uma cisterna e uma caixa d’água sobre os sanitários.

Circulações e vias

Reforçando este partido, locamos os pontos de vans e ônibus para as principais vias de articulação local (Av. Paulo de Mello e Av. Raul de Oliveira), impedindo que o carro e outros veículos se tornem mais uma barreira à acessibilidade universal.

O veículo deixa de ter livre acesso e passa a ter seu acesso controlado e sua velocidade inibida por sinais, texturas e cores de piso, placas indicativas, ponto de ônibus e vans, e balizadores de trafego. Assim, os pedestres são estimulados a circular e a sentir que o espaço passou a priorizar o pedestre, e não mais o veiculo.

Propomos a elevação do nível das esquinas circundantes à Praça, nivelando calçadas e vias (traffic calm), pontuando e protegendo-as com balizadores de trafego. E promovida assim, uma maior integração entre praça-entorno, favorecendo a acessibilidade de pedestres em geral, sem, no entanto, prejudicar o entendimento da hierarquia das possibilidades de ocupação dos espaços coletivos.

A utilização dos materiais deverá facilitar a legibilidade sensorial, facilitando a percepção dos elementos, dos espaços e das circulações. Para tal, propõe-se a utilização de pisos cromo-diferenciados junto a texturas, priorizando as informações visuais e táteis. Sugerimos a aplicação de pisos intertravados de concreto pré-moldado e pigmentado, possibilitando fácil manutenção, exeqüibilidade, informação visual ao usuário dos espaços e economia. Este material é de excelente permeabilidade ao solo, evitando acúmulo de águas pluviais, além de possível utilização de mão de obra local para sua implantação.

Mobiliário Urbano

Este tema teve sua inspiração no reconhecimento da silhueta do entorno da Rotula do Cafubá, formada pelo conjunto natural de montanhas e Lagoa. Pensamos no rebatimento deste contorno, criando a idéia de continuidade poética das estruturas formadoras do espaço físico da Praça e da natureza do lugar. De um único risco, formam-se postes, esculturas, bancos, mesas, brinquedos. A continuidade como metáfora da paisagem que circunscreve a Rótula. Sem limites e barreiras, alusão constante ao direito universal de acessibilidade aos espaços públicos da cidade.

No nosso entendimento, um equipamento de lazer ativo, como a quadra polivalente, deveria ser locado nas proximidades da praça, aproveitando um dos inúmeros terrenos vazios do entorno, pois acreditamos que a área física formada pela Praça não é grande o suficiente para evitar o importuno de tal atividade com o lazer passivo, formado, neste caso, pela presença de crianças e idosos. Visto isso e tendo em consideração as condições do edital, propomos então, a mudança da direção desta quadra para o sentido Norte, por conta da insolação, buscando cercá-la por jardineiras de 20cm, 40cm (bancos) e 60cm, e por uma proteção vazada que minimize o impacto visual de sua presença na Praça e evite o choque entre as atividades.

Assumimos a presença efetiva da quadra polivalente no terreno da Praça tornando-a um objeto de múltiplas finalidades culturais e esportivas para desenvolvimento de atividades diversas, como ginástica para terceira idade, pequenos shows, eventos públicos e reuniões. Este espaço será o resultado de inúmeras necessidades da comunidade e colaborará com a integração social e aproximação das heterogeneidades formadoras da comunidade como um todo, através das possíveis atividades a serem exploradas.

O mobiliário da Praça é um dos elementos mais importantes do projeto. Ele deverá “conversar” com o usuário, ser funcionalmente e esteticamente eficiente, e com reposição e manutenção garantida. Para tal propomos a utilização de mobiliário em concreto armado e madeira, como os bancos, mesas, jardineiras e brinquedos infantis.

Para valorizar os eixos formados pelas vias de penetração a Praça e criar uma referencia contemplativa, sugerimos a implantação de uma escultura de concreto armado, que através da sua forma assimétrica, proporcione diferentes imagens ao longo dos oito eixos de penetração da praça. Esta escultura funciona também como elemento amenizador do clima, ao incorporar sistema tipo “cuca fresca”.

Além de objeto contemplativo, esta escultura busca interagir com o freqüentador da Praça através de escritas em “braile”, iluminação, apropriação como brinquedo (cuca fresca), tornando-se o marco referencial e simbólico da necessidade de universalizar o direito de ir e vir.

Infra-estrutura

A iluminação foi pensada como um conjunto de elementos que venha a colaborar para a criação de um espaço seguro, acessível e harmônico, valorizando as diretrizes do projeto como um todo, uma vez que sua percepção noturna é absolutamente dependente desta abordagem.

Como forma de explicitação da distinção entre o passeio externo à via circular que contorna a praça e a faixa de rolamento, propomos a instalação de luminárias balizadoras embutidas no piso com emissão de luz lateral rente ao solo, não constituindo obstáculos, apenas sinalizadores. Do outro lado da via, há necessidade de implantação de postes que emitam luz apenas para baixo; de um lado iluminando a via, de outro o passeio – em alturas diferentes, respeitando simultaneamente as escalas do veículo e do pedestre, o que fará com que haja além destes outros postes baixos voltados apenas para o passeio, complementando esta fração do sistema.

No interior da área da praça é fundamental que os postes somente emitam luminosidade de maneira funcional, não constituindo-se objetos luminosos, a fim de não interferir na composição visual do conjunto – polarizada pela escultura central.

Para os canteiros ao redor do campo, propomos a inclusão de iluminação embutida no solo, de modo a evidenciar a composição paisagística e a volumetria do conjunto. Já o campo em si deverá receber iluminação homogênea proveniente de postes, cuja fonte de luz deverá situar-se e uma altura que, ao mesmo tempo, proporcione abrangência e intensidade luminosa necessária à pratica de esportes e a mínima interferência em relação às áreas externas ao campo.

Do outro lado da praça, sob a pérgula, buscamos um tratamento lumínico em suas fachadas vindo do piso que se contraponha à imagem diurna – marcada pelo desenho da sombra provocada pela entrada de luz solar – e que também reduza a sensação de insegurança na área mais sombria da praça à noite.

Ao centro desta composição, a escultura, que demanda uma concepção de luz harmônica, merecedora de destaque. A fim de compor com o desenho do piso radial que conduz ao conjunto central, propomos a criação de linhas luminosas no piso, acompanhando tanto a paginação quanto o alinhamento dos elementos verticais, sugerindo uma relação contínua entre estes, alinhada com o conceito de risco contínuo e continuidade poética. Propomos a instalação de fontes de luz lineares no interior dos próprios elementos verticais cuja emissão luminosa será percebida através dos orifícios de saída de água (cuca fresca), criando uma textura de luz. Com o acionamento do sistema de emissão das gotículas d’água, formar-se-á uma nuvem luminosa, em função do fenômeno de refração. Esta imagem reforçará o caráter estético-artístico da escultura, ao mesmo tempo em que estimulará a interação lúdica com a mesma.

ficha técnica

Projeto
Oficina de Arquitetos / Arquitetos Ana Paula Polizzo, Gustavo Martins e Marco Milazzo; Marta Medeiros (estagiária)

Parceiros
Ricardo Esteves – Mobilidade
Fernando Acylino – Paisagismo

source
Equipe premiada
Rio de Janeiro RJ Brasil

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051.01 Concurso
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original: português

source
IAB - RJ
Niterói RJ Brasil

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051

051.02 Concurso

Concurso Internacional Frente Urbana e Porto de Almería, Espanha

051.03 Concurso

Prêmio Caixa / IAB 2004

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