O partido
No recinto geográfico de Vitória, ambiente natural e paisagem urbana são indissociáveis. Cidade-porto assentada em topografia peculiar, seus canais e morros são eventos geográficos e endereços urbanos, uma memória consolidada.
Considerando o Morro do Barro Vermelho e a extensão de área verde, um patrimônio da cidade, e reconhecendo a preocupação da Petrobrás em minimizar o inevitável impacto do programa demandado, o partido assume naturalmente toda a área enquanto um problema urbanístico, formulado sob três condições:
1. Preservar visualmente o caráter de parque urbano para toda a cidade com especial cuidado junto ao perímetro da área, respeitando a vista próxima do morro para o usufruto cotidiano do bairro e arredores.
2. Afirmar o conjunto edificado na sua escala espetacular – um complexo de atividades, não apenas um edifício de escritório – nas cotas mais altas da área, mantendo, não obstante, a integração do centro de negócios à vida da cidade através do seu endereço, o Morro do Barro Vermelho, redesenhado na cota da avenida.
3. Defender o princípio de equidade no tratamento de toda e qualquer parte do programa, assegurando à convivência dos diversos níveis e hierarquias funcionais o benefício da urbanidade. Descarta-se a idéia de áreas secundárias, residuais ou meramente ornamentais, tratando todo o complexo como um único projeto ambiental.
Proposta arquitetônica
A concisão do programa resulta da prioridade aos acessos e articulações entre cidade, conjunto edificado e morro-parque. Implantação e Partido estrutural condensam o Programa em apenas três decisões:
1. Uma estrutural de expansão modular e linear configura o edifício para escritórios, atividades e serviços complementares. Locado na cota 40, articula-se verticalmente aos estacionamentos na cotas 21.50 e 25, e horizontalmente, por via externa na cota 30, à CUT e Setor de Manutenção.
As demais atividades estão articuladas internamente por extensa rua-varanda (cota 40) ao longo da face norte, protegida por brises de painéis foto-voltaicos.
Esta rua-varanda voltada para o parque e ligada à Praça de Eventos por rampas, abriga o Centro de Vivência e Suporte de Vida.
2. Uma estrutura linear com 200 metros de extensão e 30 metros de largura destinada ao estacionamento principal junto à Av. N. S. da Penha, suspensa na cota 21.50 com acesso pelo viário previsto. Destacada do talude a 15 metros de altura, a estrutura libera toda a extensão frontal do terreno para uma praça de acesso resguardada e em parte escavada no Morro do BarroVermelho. A praça acolhe um grande hall transparente envolvido por rochas afloradas e vegetação recomposta, um patamar levemente isolado para a Praça das Bandeiras e pequena área de estacionamento entre árvores.
3. Os serviços de suporte ao Canteiro de Obras estão alocados na velha sede da Chácara Paraíso. Aproveita-se no possível os embasamentos existentes para as futuras edificações, visando preservar ao máximo a mata mais antiga em seu entorno. Uma agradabilíssima praça entre árvores, próxima ao orquidário, organiza as edificações para funcionários em serviço, seus instrumentos, vestiários e o refeitório. Os arruamentos ora existentes estão igualmente articulados à circulação e acessos projetados. Adequadamente tratados, conformam passeios para usufruto dos funcionários e visitantes.
O programa organiza o complexo como um pequeno bairro suspenso sobre a cidade. Mais do que finalidade e função, em qualquer atividade o modo como se usam os espaços define uma estética, aquela própria e essencial à vida pública e marca necessária de uma empresa estatal do porte da Petrobrás.
ficha técnica
Autores do projeto
Arquitetos Marcelo Consiglio Barbosa (responsável técnico) e Julio César Corbucci (Jupira Corbucci – coordenador)
Co-autores do projeto
Arquitetos Ana Cecília Siqueira Parente de Mello, Carlos Amadeo Arellano Rivera, Fabio Ferreira Lins Mosaner, Heralcir Cesari Valente da Silva, Luiz Fernando Farkas Crepaldi; Historiadora Sophia S. Telles
Colaboradores
Estagiárias Laura Elisa Poggio e Sarah Mota Prado
Consultores
Eng. Fernando de Moraes Mihalik (Concreto)
Eng. Júlio Fruchtengarten (Metálica)
Eng. Publio Penna Firme Rodrigues (Fundações, Projeto Geométrico, Terraplanagem, Pavimentação e Drenagem Superficial)
Eng. Francisco Del Nero Landi (Instalações Elétricas e Hidráulicas)
Eng. Willem Scheepmaker (Instalações de Exaustão / Ar Condicionado)
Eng. Svetslav Tomas Andreyevitch (Energia)
Claudia Souza Ramos (Paisagismo)Patrícia Madeira (Acessibilidade)