O Tema
Enterrar nossos mortos é sem dúvida um problema que exige cada vez mais atenção de autoridades e de comunidade em qual, no sentido de encontrar solução mais viável, mais econômica e principalmente, sem agressões ao meio ambiente.
Os cemitérios horizontais, modelo adotado pela quase totalidade das cidades brasileiras, apresenta problemas cuja solução se torna cada vez mais complexa.
Os terrenos disponíveis (de áreas imensas), quando próximos aos centros urbanos apresentam custos proibitivos, ou então estão longe das cidades, dificultando o acesso da população.
A contaminação do solo, apesar de regulamentação existente, acaba fugindo do controle e causando graves danos ambientais.
O modelo atualmente adotado pela maioria das cidades, os cemitérios parque, além dos problemas acima citados, exigem manutenção constante de enormes áreas verdes, o que naturalmente resulta em altas taxas de manutenção, além da dificuldade na administração e controle da segurança.
Apesar de ainda não totalmente assimilado pela nossa cultura, o cemitério vertical é hoje uma realidade necessária e representa, sem dúvida, um marco notável no conceito de sepultamento com grandes vantagens em relação ao cemitério horizontal sem faltar ao respeito e dignidade exigidos nesse tipo de empreendimento.
Com efeito, o cemitério vertical reúne vários pontos positivos como: ocupa áreas bem menores, sendo possível sua locação em locais mais próximos dos centros urbanos; é ecologicamente correto pois não contamina o ar ou o solo; facilita a administração e manutenção, podendo estar limpo e protegido com custo menor, entre outros.
O Projeto
O tema é extremamente adequado para a utilização de pré-fabricados de concreto, pois se trata de um projeto construtivo onde a repetição é um fator preponderante.
Todo o projeto parte de uma célula base que se repete agrupando-se de acordo com a situação, podendo adaptar-se a qualquer tipo de terreno e nas mais variadas formas de implantação.
A célula é um prisma com base quadrada (7,90m de lado e 3,30 de altura), tendo sempre um dos lados vazio (circulação/permanência) e outro ocupado, sendo:
Além da variação em planta, as células variam também quanto à vedação. Do lado vazio, existe um guarda corpo em vidro. Do lado ocupado existem três tipos de vedação: painel alveolar cego, painel cortado na diagonal e, nas células totalmente vazias, o guarda corpo se repete nos dois lados.
As células se agrupam horizontalmente e verticalmente, formando blocos de fachadas variadas, onde os três tipos de vedação se misturam formando composições de cheios e vazios.
Para facilitar identificação dos blocos, estes recebem cores diferentes, que são aplicadas nas paredes cegas de vedação.
Por sua característica modular, o sistema permite a implantação em qualquer tipo de terreno e nas mais variadas formas. Impõe-se apenas uma restrição quanto à insolação: os espaços de circulação e/ou de permanência devem ser sempre voltados para sul e/ou leste. Dessa maneira, teremos sempre o lado ocupado da célula Funcionando como anteparo para a insolação mais forte, proporcionando assim conforto ambiental importante no edifício.
Os vazios dos pilares têm dupla função, de acordo com sua posição no edifício. Os pilares do lado vazio (circulação e/ou permanência) servem para escoamento da água pluvial. Os pilares do lado ocupado (lóculos, banheiros, escada e elevadores) recebem o gás necrochorume através de tubulação adequada e conduzem o gás até a cobertura onde o mesmo passa por um filtro de carvão ativado antes de ser liberado para a atmosfera.
As capelas de velório e a capela de crematório são propostas com o mesmo sistema construtivo do edifício, mas possui vedações diferentes, usando vidro e peças pré-fabricadas de concreto que proporcionam iluminação e ventilação naturais.