Conceito
O Centro de Informações do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro – COMPERJ – constitui-se em um centro de disseminação de conhecimento, destinado ao atendimento de pesquisadores e visitantes em geral. Sua função é a de receber a população e difundir informações referentes à história do local em que se situa e ao novo complexo, cuja instalação trará grandes transformações para a região. Sua implantação junto às ruínas do Convento de São Boaventura representa um movimento de resgate do patrimônio histórico do município de Itaboraí, um ato de respeito à cultura e tradições locais que não devem ser negligenciados.
Desta maneira, sua arquitetura deve servir como referência às atividades desenvolvidas dentro do próprio COMPERJ, estando assim relacionada a uma série de conceitos tais como racionalidade, sustentabilidade ambiental, eficiência e tecnologia. Contudo, deve também ser um espaço receptivo, aberto à comunidade em geral. Principalmente, deve transmitir uma série de valores relacionados à imagem institucional da Petrobras, os quais podem traduzir-se por meio do respeito ao contexto local, à paisagem e ao ambiente natural, constituindo-se numa entidade de caráter transparente e educativo.
O movimento do olhar como ponto de partida na busca da natureza e dos sinais da história – as ruínas do convento e de seu campanário – é enfatizado pela implantação dos blocos do Centro de Informações do COMPERJ no extremo norte do terreno, onde os volumes construídos não constituem uma barreira à visibilidade das ruínas.
Implantação e Acessos
O visitante é recebido por uma volumetria que conforma uma transição gradativa entre o exterior e o interior. A maior parte do programa encontra-se concentrada sob uma ampla cobertura metálica pavilhonar, de desenho curvilíneo e orgânico que busca mimetizar o edifício junto à paisagem local. Em contraste, alguns ambientes, tais como o Memorial de guarda da pedra fundamental, o Auditório e a Sala de Visualização 3D são abrigados em volumes de aspecto bruto e destacam-se da cobertura, afirmando-se como ambientes de identidade diferenciada do restante do edifício.
Ao adentrar o Centro de Informações, o visitante é recebido no Saguão Central, que possui ampla vista panorâmica através de uma extensa fachada de vidro duplo que abre-se ao panorama da serra de Itaboraí. Este ambiente concentra a chegada dos visitantes e encaminha-os aos locais apropriados de visitação. Na extremidade leste do edifício localiza-se a Biblioteca e Midiateca, isoladas em relação aos demais ambientes para minimizar as interferências acústicas e garantir condições mais propícias às atividades de pesquisa. Já na direção oeste o visitante pode prosseguir rumo ao foyer que oferece acesso à Sala de Visualização 3D, ao Auditório e às Salas de Reunião. Outro percurso possível é a descida de uma rampa suave que segue rumo ao Museu Interno. Esta rampa, além de servir como espaço de circulação, funciona concomitantemente como uma galeria para a exposição de painéis de vídeo-wall que podem apresentar exposições temporárias ou informações preliminares à visitação do museu.
O conjunto da Administração foi locado na região posterior do lote, em pavimento semi-enterrado, abaixo dos eixos contemplativos que se direcionam para a futura instalação do COMPERJ e para as ruínas do Convento. Tal solução garante que estes setores não constituam barreiras visuais, ao mesmo tempo em que garante privacidade aos funcionários do Centro de Informações.
Fluxos, Visuais e Organização
A disposição dos blocos prioriza a funcionalidade e a correta organização dos fluxos, aproximando funções complementares e permitindo a flexibilidade de uso dos ambientes de circulação – Saguão, Foyer e Galeria. Outra questão de grande importância é a integração entre interior e exterior do edifício, a qual ocorre através da grande transparência dos vedos em vidro e da complementaridade opcional entre alguns ambientes, tais como os Museus interno e externo, e o Auditório, cujo palco pode ser aberto para a Praça Cívica no caso de grandes eventos públicos.
Volumetria
O edifício é, em sua maior extensão, coberto por uma ampla cobertura metálica de desenho orgânico, apoiada por pilares posicionados em pontos focais do edifício. Esta cobertura é estruturada por uma treliça metálica espacial e possui uma série de aberturas zenitais estrategicamente posicionadas para garantir condições ótimas de iluminação e ventilação aos espaços internos do edifício.
Esta cobertura orgânica busca um diálogo com a natureza e a topografia do terreno, estabelecendo uma relação de contraste com os elementos independentes do projeto que configuram o Centro de Informações. Três blocos maciços atravessam a cobertura: o Auditório, a Sala de visualização 3D e o Memorial para guarda da pedra fundamental. Estes volumes, destacando-se da cobertura, revelam o novo, o edificado e possibilitam a intenção de remeter às formas rígidas da paisagem do local, como as pedras das ruínas do Convento de São Boaventura e do Campanário. Um edifício surge onde antes não havia nada, sem romper com a paisagem e fundindo-se com a história.
Os elementos abaixo da cobertura, do mesmo modo, representam uma oposição às formas curvas e compreendem a relação com o lugar. Suas volumetrias proporcionam melhores visuais para os usuários na sua relação com o lugar através do percurso, permitindo a perfeita visualização do entorno.
Eco-eficiência e Conforto ambiental
A transparência do edifício garante um contato mais explícito com a paisagem. Além de compor jogos de luz e sombra, permite a visualização dos recursos que garantem o funcionamento sustentável e eco-alfabetizante do conjunto. Sua estrutura metálica viabiliza a forma e a intenção de criar grandes vãos contemplativos, da mesma forma permitindo o controle adequado de temperatura e luminosidade. O desenho do edifício decorre, com base na influencia dos fatores climáticos e de orientação solar, do enfoque sustentável e eco-eficiente, evidenciando-se na utilização de soluções tectônicas e de materiais adequados.
Assim sendo, a idealização de um local de pesquisa, permanência e contemplação, perfeitamente integrado à paisagem ao mesmo tempo em que se afirma como ícone eficiente e tecnológico, busca atender aos ideais da Petrobras através de uma solução arquitetônica inovadora e audaciosa.
ficha técnica
Autores
Arq. André Prevedello
Arq. Alexandre Hepner
Arq. Caio Morenghi
Arq. João Paulo Payar
Arq. Rafael Brych