Território
O terreno destinado à implantação do Centro de Informações do COMPERJ constitui uma extensa gleba inserida na região metropolitana do município de Itaboreí, leste fluminense.
O cenário natural é definido por uma geografia levemente ondulada, com vegetação rasteira pontuada por uma área de mata preservada e pela presença distante dos “contrafortes” da Serra do Mar desenhando a linha do horizonte. Contíguo ao terreno, testemunho da ocupação de outrora, as extraordinárias ruínas do Convento de Boaventura se destacam como único marco urbano local.
Nesse contexto a leitura atenta das relações estabelecidas entre arquitetura e paisagem se faz necessária. Estruturar um modelo de ocupação economicamente viável e ambientalmente responsável é o desafio que se coloca na formulação do projeto.
Partido arquitetônico
Por seu inegável valor patrimonial as ruínas foram tratadas como elementos estruturadores da proposta arquitetônica fornecendo os principais condicionantes para a implantação do novo conjunto. Sendo assim, o projeto atribui dois eixos de intervenção em cotas distintas: um perpendicular (leste/ oeste) e outro paralelo( norte/sul) ao sítio arqueológico.
O eixo leste/ oeste se caracteriza por um recorte no solo que acentua a declividade natural do terreno e desenha uma esplanada de acesso. Inicia-se como um plano inclinado para em seguida configurar a recepção principal e por fim acomodar em seus limites a edificação destinada aos espaços multimídia (auditório, sala 3d e sala de vídeo conferência).
O eixo norte/ sul se materializa em um prisma metálico que faceia o sítio arqueológico. O posicionamento dessa lâmina busca transferir para dentro do corpo construído as visuais para a paisagem, incorporando ao seu uso cotidiano a presença do entorno. Um elevador e uma escada realizam os deslocamentos verticais integrando as duas cotas do projeto.
O conjunto proposto tem como fio condutor seus elementos de circulação. Os diversos setores foram dispostos linearmente pontuados por pátios de acesso e conectados por duas grandes varandas. Além de direcionar os fluxos, esses elementos foram concebidos como verdadeiros espaços de convívio diluindo as fronteiras entre o externo e o interno estabelecendo assim uma linha de continuidade entre o edifício e a paisagem.
A necessidade de cohabitação harmônica com um entorno tão delicado determinou a edificação em sua horizontalidade máxima, com absoluto controle das escalas de projeto.
Estrutura
O sistema construtivo adotado buscou conciliar necessidades de redução de custos, rapidez de execução e flexibilidade. Para tanto estrutura, forros e elementos de vedação foram rigorosamente modulados a partir de múltiplos de 1,25m. A criteriosa disposição dos pilares não interfere nos espaços internos permitindo futuras atualizações de layout e prolongando a vida da edificação. As redes de infra-estrutura e lógica distribuem-se por forros, pisos elevados e shafts.
Gestão ambiental
As estratégias de gestão ambiental foram elencadas nos seguintes tópicos:
- Redução do ganho de calor através do uso de cobertura verde e de cores com alto coeficiente de reflexão;
- Uso de brises e varandas que protegem os planos de trabalho de luz direta;
- Águas pluviais captadas pela cobertura, direcionadas para cisternas de armazenamento e reutilizadas posteriormente na irrigação e em vasos sanitários;
- Amplo uso de luz natural indireta;
- Ventilação cruzada permitindo a redução do uso de ar condicionado;
- Criação na cobertura de uma plataforma de suporte para painéis fotovoltaicos e solares capazes de suprir uma parcela do consumo de energia do edifício;
- Amplas áreas de reflorestamento aumentando a biodiversidade local.
ficha técnica
Autores
Luís Eduardo Loiola de Menezes
Maria Cristina Motta