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VIVAS, Fruto. Uma flor da Venezuela para o mundo. Arquitextos, São Paulo, ano 02, n. 014.07, Vitruvius, jul. 2001 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/02.014/870>.

Venezuela é um país localizado ao norte da América do Sul sobre o Equador, banhado totalmente pela luz mágica do trópico que lhe permite compartir com o Brasil e a Colômbia uma das maiores reservas da biodiversidade do planeta, com a presença todo o ano de milhares de espécies autóctones únicas. Com quase dois terços de seu território na floresta amazônica, entre gigantescos "tepuyes" (2) que crescem na imensidão da selva, como templos de arenito rosado, com quedas d'água inimagináveis como o "churun meru" ou Salto do Diabo na língua aborígene, hoje Salto del Angel em honra a seu descobridor, com mais de mil metros de queda livre ou com profundos abismos que penetram no coração da selva até mais de quinhentos metros.

Guardando em suas entranhas as maiores reservas de ouro e diamantes, que os aventureiros espanhóis buscaram há quinhentos anos batizando-os com o nome mítico de El Dorado, ainda porém a maior riqueza dessa imensa selva tropical não é nem o ouro, nem os diamantes, nem mesmo o urânio, mas a força telúrica dos fluxos dos seus grandes rios, o pai Orinoco que se une ao Amazonas, o Caroní, o Caura que hoje produzem energia elétrica suficiente para todo o norte da América do Sul com sua gigante hidrelétrica de Guri e das quedas baixas do Caroní que junto a Itaipu no Paraná, Brasil, conformam o maior tesouro da floresta: água que se transforma em luz, a água criando vida para sempre.

No meio desse mundo paradisíaco coexistem etnias aborígenes que guardam tesouros de vinte mil anos de cultura.

Pelo ocidente a Venezuela recebe uma cadeia da Cordilheira dos Andes com montanhas de até cinco mil metros de altura com neves eternas com uma flora única que muda totalmente a imagem da selva, e ao norte do Orinoco até chegar ao Mar do Caribe a imensidão da planície onde uma fauna exótica de peixes capazes de produzir tanta eletricidade como no terremoto do Orinoco ou peixes carnívoros como o "caribe" ou a piranha. Da mesma forma que as aves mais vistosas, como as garças, que com sua plumagem encheram os penteados das damas do século passado.

E com vinte e dois milhões de habitantes localizados no conjunto de montanhas que começa nos Andes e termina no Oriente onde uma mestiçagem tricultural nos deu o privilégio de ter um povo com sangue europeu, aborígene e africano. Que se expressa em nossa música, em nossas tradições, e em todas as manifestações de arte.

O Pavilhão da Venezuela que propomos não é nada além de uma mostra viva de todo nosso patrimônio biológico, de toda a magia da floresta, da planície, das zonas desérticas e das grandes falhas andinas, da presença viva do homem venezuelano em todo o desenvolvimento de sua história passando pelas culturas pré-hispânicas, a ocupação espanhola e nossa vida independente com seus heróis, suas vitórias e suas derrotas mesclando-as com um presente em plena mudança, caminhando em direção ao futuro.

Com a presença das grandes obras que transformam sua imensa riqueza mineira, o petróleo, o alumínio, o ferro, os recursos florestais em desenvolvimento. E destacando a nossa educação, seus construtores, e o patrimônio cultural em toda sua dimensão, a Venezuela abre as portas ao mundo para que milhares de turistas desfrutem da magia telúrica dos rios, paisagens da planície, montanhas e os quatro mil quilômetros de praias paradisíacas, onde o mar nos conecta com o resto do mundo.

Para isso desenhamos uma imensa flor mutante que tem a particularidade de se abrir e fechar de acordo com o clima, formando uma grande estufa, um nicho ecológico.

Essa grande estrutura circular tem em seu centro a circulação por uma escada circundante, ao redor de um mastro de estrutura tubular de 18 metros de altura que suporta uma flor de 16 pétalas brancas e violetas de tela plastificada translúcida que tem a particularidade de se abrir e fechar de acordo com o clima: sol, chuva ou vento, sendo a única estrutura mutante da Expo.

A cobertura móvel imita um grande "tepuy", com nossa flora exótica, de três metros e meio de altura. De forma circular com um diâmetro de trinta e seis metros.

Uma grande bandeja circular de vinte e seis metros de diâmetro que serve de teto às áreas de exposição ao nível térreo é feita com perfis tubulares de aço com piso de vidro temperado, sobre a qual pousa um anel aquático com a presença de nossa fauna e flora de nossos rios em bandejas de acrílico transparente que permitem ver os peixes por baixo.

O "tepuy" permite a entrada permanente do ar que em forma de convecção sobe até a grande árvore por um buraco central de oito metros de diâmetro, onde localiza a escada de subida até a árvore com um elevador de plataforma circular ao redor de um mastro.

Acima do prato de água há quatro terraços em diferentes alturas com acesso por rampas e elevador com a presença ao seu redor de todos os extratos da nossa biodiversidade incluindo a fauna em cativeiro.

Cada terraço derrama uma queda d'água que envolve todo o espaço interior com uma cortina de vidro para facilitar a exposição de sistemas interativos com a presença audiovisual do homem venezuelano, sua paisagem e sua cultura.

Na periferia do "tepuy" sob as plantas acontecem todos os serviços necessários tais como cozinha- restaurantes, sanitários, áreas de manutenção, escritórios com um pequeno auditório interativo (um simulador) para quarenta pessoas. As áreas livres da planta baixa são para instalações itinerantes, de arte, artesanato, dança, teatro aberto, etc.

Dispõe-se de uma entrada coberta principal, uma entrada de serviço, que serve de saída de emergência e uma conexão externa com um toldo de cem metros quadrados para dispor um espaço para apresentações musicais, restaurante, etc. usado também como saída de emergência. Localiza-se lateralmente a rampa que dá saída à rua Oeste a partir dos terraços e que termina nas áreas públicas, com venda de artesanato e artigos nacionais.

O grande mastro se abre num capitel de seis metros de diâmetro que abriga a sala de máquinas da flor móvel e na sua cobertura todos os painéis solares que compensam parcialmente o consumo de energia.

Todos os elementos tubulares serão hidro-estruturais, estarão cheios de água que pode ser reciclada em caso de incêndio refrigerando toda a estrutura, inclusive o mastro central que será de dupla espessura.

A água da chuva cai sobre o prato de vidro, derramando e regando toda a flora do "tepuy" e de novo é recolhida e volta às cascatas despejando somente o excesso de chuva.

Todas as espécies estão bioclimatizadas de acordo com o clima de Hannover e está incluído um viveiro de repovoamento para as espécies de curta duração.

Queremos realmente que esse pavilhão seja uma flor da Venezuela para Hannover nesse terceiro milênio que começa.

notas

1
Artigo publicado originalmente na Revista Trama, Equador. Tradução de Flávio Arancibia Coddou.

2
NT: nome dado aos maciços de rochas muito altos com o topo plano, típicos da Venezuela e norte do Brasil, chamados assim no idioma dos índios Pemone.

ficha técnica características do edifício
Superfície coberta 1500 m2 (pavilhão central sem edifícios anexos). Leve, peso próprio da cobertura e sua estrutura inferior a 20 kp/m2. Arquitetura Mutante adaptável às condições ambientais mediante o movimento de abertura ou fechamento das pétalas individuais da cobertura. Iluminação Natural através da membrana translúcida. Ventilação e Refrigeração pelo efeito de convecção do ar que circula através das jardineiras escalonadas em direção ao capitel em posição aberta da cobertura. Construção Desmontável Leve a Seco com materiais recuperáveis sem produção de resíduos.

Concreto
Laje de concreto armado

Estrutura
Perfis tubulares de aço soldados na oficina com preparação de bordas sem rebarbas e parafusados na obra. Mecanismo: cilindros hidráulicos acionados por óleo a pressão (até 280 bars)

Cobertura
Tecido Ferrari de fibra de poliester revestido com cloruro de polivinilo

Promotor
República Bolivariana da Venezuela, Fundação EXPO 2000 Hannover. Presidente: Gustavo Márquez. Comissários: Saturno Rojas, Gonzalo Morales. Engenheiro: Silvano González

Arquiteto
Fruto Vivas. Colaborador: S. Monteagudo, Caracas

Planejamento e Organização
A. Neuenfeld, E. Clauss de Haack, Krüger & Partner GmbH, Hannover

Coordenação da Cobertura Móvel e Projeto da Cafeteria
Ch. García-Diego, J. de Llotens, H. Pöpponghaus de Arqintegral, Barcelona

Projeto e Execução da Cobertura Móvel
J. Bradatsch, N. Rasch, Gawenat, T. Elser de S.L. Rasch com Frei Otto de Atelier Warmbronn, Stuttgart e J. Young de Buro Happold, Londres

Execução da Cafeteria
Behrend Spannbau, Ronnenberg

Construtores
Arge Venezolamischer Pavillon Expo 2000 Hannnover: Empreiteiros Casais S.A., (A. Araújo e P. Ramos). Braga e Philipp Holzmann A.G. (Seifer, Otto e Geppert), Halle.

sobre o autor

Fruto Vivas é arquiteto formado na Universidade Central da Venezuela em 1955. Membro Fundador do Conselho Científico e Humanístico da Universidade Central da Venezuela e da Escola de Arquitetura da Universidade Católica Andres Bello, Caracas-Venezuela. Professor Honorário da Universidad de los Andes, Mérida, Venezuela, da Universidade Autônoma de Santo Domingo, República Dominicana, da Universidade de Veracruz, México, da Universidade de Cuzco, Peru e da Universidade Centro Occidental Lisandro Alvarado, Barquisimeto, Venezuela. Professor da Universidade Central da Venezuela, desde 1955

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