Para nossa profissão de arquitetos representa uma grande perda a nível nacional e internacional, já que foi un profissional talentoso, criativo e pragmático, possuidor de uma vasta cultura em todos os sentidos, e que lhe permitiu ser sempre receptivo à mudanças da sociedade. Em seu primeiro período de produção, se destacam os edifícios de Departamentos e Residências nas Colônias Hipódromo e Condessa, zonas residenciais próximas ao centro da cidade do México.  No segundo período, em sociedade com o arquiteto Teodoro González de León, se destacam conjuntos de residências, como Torres de Mixcoac e La Cantera, assim como edifícios institucionais de presença definitiva em nossa cidade, que se converteram em marcos e pontos de referência, como é o caso do Infonavit, do Colégio do México e da Universidade Pedagógica. No último período, seus teatros e conjuntos culturais se converteram em pontos de reunião e referência de muitas cidades de nosso país, como é o caso do teatro em Aguascalientes, o Teatro na montanha em Guanajuato e o Centro de Convenções de Tuxtla Gutiérrez.

Deixa uma obra inacabada, o Teatro e Centro Cultural de Coatzacoalcos, em Veracruz, que as autoridades decidiram terminar, de acordo com seus planos e con asessoria de seus colaboradores. 

Na obra de Zabludovsky, a concepção formal se deriva da solução estrutural, como suporte da proposta criativa. Uma preocupação permanente em suas obras foi a definição dos materiais, cujas características deveriam garantir sua permanência epropiciar a durabilidade do edifício, com a menor manutenção possível. Conceito que permitiu uma presença de grande dignidade em todas as suas propostas.

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O arquiteto Abraham Zabludovsky nasceu em 1924 e se graduou com menção honrosa na Escola Nacional de Arquitetura da Universidade Nacional Autônoma do México, em 1949. Abraham Zabludovsky projetou e realizou mais de duzentas obras no México e no exterior. Foi aluno de importantes arquitetos durante sua estada na Universidade, como Francisco Serrano, Mario Pani, Enrique do Moral, que o introduziram nas novas tendências da arquitetura que surgia em uma época de mudanças e esplendor.

É uma característica de sua obra a busca de materiais que dêem permanência ao projeto, pois, como ele afirma, “a arquitetura que não perdura não é válida, não se pode fazer arquitetura passageira”. Por este motivo utilizou o concreto aparente em diversas modalidades, o que permitiu conservar a integridade de muitos dos edifícios que produziu ao longo de sua atividade profissional.

Sua obra se caracteriza pelo uso de alguns elementos que têm definido a arquitetura mexicana, como é o caso do pátio, dos pórticos e do talude. Os jogos de formas se interceptam e se integram ao sítio, estabelecendo um diálogo harmonioso com o tecido urbano, complementando e contribuindo com a presença dos volumes.

Sua obra se estende a todos os programas, incluindo casas unifamiliares, conjuntos residenciais, edifícios de escritórios e apartamentos, centros culturais e educativos, inclusive museus, para mencionar alguns. Em sociedade com Teodoro González de León e outros destacados arquitetos realizou importantes obras que identificam as cidades onde estão, como a remodelação do Auditório Nacional, o INFONAVIT, o Colégio de México, a Embaixada de México no Brasil em Brasília e o Museu Rufino Tamayo.

Abraham Zabludovsky mereceu as seguintes distinções: sócio do CAM-SAM, acadêmico emérito, sócio do Colégio de Arquitetos de Israel, membro honorário do Instituto de Arquitetos Americanos, Prêmio Nacional de Ciências e Artes em Belas Artes, Criador Emérito de Artes, CNCA (1), Medalha de Ouro na Bienal de Arquitetura em Sofía, Bulgária (1991), Medalha de Ouro na Bienal do México (1992), Prêmio Vitrubio em Buenos Aires, Argentina (2002).

Entre seus projetos se destacam: o Colégio do México (1975); Teatro da Cidade Emilio Rabasa, Tuxtla Gutiérrez, Chiapas (1979); Universidade Pedagógica Nacional (1979); Edifício do Fundo de Cultura Econômica (1979); Museu de Arte Contemporânea Internacional Rufino Tamayo (1981); Auditório Nacional: Ampliação e Remodelação (1990); Sala de Usos Múltiplos Celaya, Guanajuato (1990); Teatro da Cidade Aguascalientes, Aguascalientes (1990); Centro de Convenções Tuxtla Gutiérrez, Chiapas (1995); Parque México em Jerusalém, Israel (1996); Edifício de Departamentos na Fazenda de las Palmas (1996); Edifício de Departamentos em Hacienda da Antigua (1996); Conjunto Cultural – Museu de Sitio em San Bernabé (1996); Centro Recreativo e Desportivo San Bernabé (1997); Embaixada do México em Berlim (1997).

Abraham Zabludovsky morreu no dia 10 de abril passado, aos 78 anos, vítima de um infarte.

nota

1
Abraham Zabludovsky – cincuenta años de arquitetura, 7 de janeiro de 1996. Museu Rufino Tamayo – INBA.

sobre o autor

Sara Topelson de Grinberg, arquiteta, diretora de Arquitetura e Conservação do Patrimônio Artístico Imóvel – INBAINBA