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architexts ISSN 1809-6298


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O artigo de Alcilia Alfonso de A. Costa pretende divulgar a produção arquitetônica moderna realizada pelos primeiros discípulos dos arquitetos professores do curso de arquitetura da antiga Escola de Belas Artes de Pernambuco


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COSTA, Alcilia Afonso de Albuquerque. A produção arquitetônica moderna dos primeiros discípulos de uma Escola. Arquitextos, São Paulo, ano 09, n. 098.05, Vitruvius, jul. 2008 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/09.098/128>.

O processo de consolidação da arquitetura moderna em Recife nos anos 50 foi objeto de minha tese doutoral apresentada para a ETSAB/ UPC em 2006(1), e que através de uma profunda pesquisa, concluiu sobre a existência de um conjunto de recursos ou princípios projetuais adotados pelos primeiros professores arquitetos do curso de arquitetura da Escola de Belas Artes de Pernambuco/ EBAP, destacando-se entre eles, Mário Russo, Acácio Gil Borsoi, Delfim Amorim, Heitor Maia Neto, que durante anos vêm sendo adotados por gerações de profissionais que ali estudaram.

Após a análise do material coletado e trabalhado, foi possível contrapor o conjunto da produção destes profissionais, buscando identificar as soluções projetuais e construtivas adotadas, concluindo sobre os pontos comuns existentes na mesma: os recursos ou principios da modernidade empregados por tais profissionais.

Entre estes principios, destacam-se: a estruturação e ordenação das plantas no que diz respeito ao controle da modulação, tramas ordenadoras e à resolução de programas; as possibilidades estruturais empregadas pelas mesmas; a atenção dada ao detalhe de escadas e rampas; as soluções climáticas adotadas em planta, na implantação e uso de blocos, no uso de pátios e terraços; as investigações climáticas que interferiram na volumetria, podendo-se aqui destacar pontos resultantes desta busca, que se converteram em constantes projetuais, tais como a elevação da casa do solo, os arremates em concreto envolvendo e protegendo as esquadrias externas; o uso de revestimentos cerâmicos nas fachadas, protegendo-as das intempéries; os fechamentos de paredes através de esquadrias detalhadas em madeiras vazadas, ou de elementos fixos, como brises, combogós, buzinotes, e parapeitos ventilados. As diversas soluções empregadas nas cobertas dos edifícios analisados foram outro ponto estudado nesta pesquisa, despertando interesse as distintas propostas apresentadas.

É inegável a importância do pensamento e atuação prática dos professores Mario Russo, Acácio Gil Borsoi, Delfim Amorim e Heitor Maia Neto neste processo, que deu continuidade ao trabalho iniciado nos anos 30, pelo arquiteto carioca Luiz Nunes e sua equipe no Estado de Pernambuco.

Este texto pretende divulgar a produção arquitetônica moderna realizada pelos primeiros discípulos destes arquitetos professores do curso de arquitetura da antiga Escola de Belas Artes de Pernambuco, posteriormente transformada em Faculdade de Arquitetura: Heitor Maia Neto, Mauricio de Castro, Reginaldo Esteves, Waldeci Pinto, Paulo Vaz, Marcos Domingues, Carlos Correia Lima, Edison Lima, Augusto Reynaldo, Dílson Mota, Hélio Moreira e Ana Regina Moreira. É um trabalho inédito, uma vez que resgata e confronta pela primeira vez a atuação destes profissionais, que vêm sendo objetos de estudos, mesmo após o término da pesquisa realizada para a elaboração da tese doutoral (2).

Entre estes seguidores, que podem ser considerados “discípulos”, pois seguiram e deram segmento às aprendizagens recebidas através de seus mestres/ professores, possuem alguns que, além de haverem sido alunos dos mesmos, tiveram a oportunidade de conviver com estes, tanto como colaboradores no desenvolvimento de projetos modernos realizados no Estado de Pernambuco, como também, trabalhando como monitores e futuros professores da Escola na qual estudaram, levando dessa forma, tal experiência para as suas práticas individuais.

A pesquisa sobre estes profissionais foi possível a partir de uma coleta de dados realizada para a elaboração de um capitulo de tese doutoral na área de projetos arquitetônicos, conforme foi citado anteriormente, utilizando uma metodologia que trabalhou com pesquisa de campo, realizando entrevistas com profissionais que atuaram nos anos 50 e 60 na cidade de Recife, visitando as obras ainda existentes e as fotografando, procurando pistas dos projetos em arquivos públicos e privados, a fim de identificar a influência dos recursos da modernidade empregados nestas propostas. A investigação realizada no arquivo do CREA/ PE (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Pernambuco), forneceu também, importante material que possibilitou dados fundamentais para este trabalho.

As informações gráficas dos projetos investigados destes discípulos foram “descobertas” em jornais locais da época, principalmente, a Folha da Manhã (3), que publicava aos domingos um caderno cultural que dedicava uma página à arquitetura. Durante quase três anos foi produzido pelo IAB/ PE (Instituto de Arquitetos do Brasil, seção Pernambuco) um rico material que constantemente divulgava a produção destes arquitetos, que além de fazerem parte da diretoria do IAB/PE, também eram os que mais encomendas recebiam, sendo reconhecidos por suas atuações, obtendo de uma forma justa, um espaço na imprensa para a divulgação de suas obras.

A intenção é divulgar a riqueza deste conjunto de projetos e obras inéditas, a fim de proporcionar aos pesquisadores da área, o conhecimento do trabalho de uma série de profissionais de grande importância para a boa qualidade da arquitetura moderna produzida no nordeste brasileiro.

1. Mauricio do Passo Castro

O primeiro arquiteto a ser exposto, trata-se de Mauricio do Passo Castro (4) nascido em Recife em 1930, que começou a cursar arquitetura em 1949, juntamente com Heitor Maia Neto e Everaldo Gadelha, graduando-se em 1952. Ainda estudante foi convidado por Mario Russo para trabalhar no Escritório Técnico da Cidade Universitária de Recife/ ETCUR, mantendo uma estreita relação com seu professor italiano, construindo uma sólida amizade pessoal e profissional, que foi mantida mesmo após a volta de Russo para Nápoles.

Castro sempre foi muito criativo e atento aos problemas locais, possuindo na arquitetura, na fotografia e nos barcos à vela, suas predileções, que juntas colaboraram para o desenvolvimento de seu processo projetual, segundo depoimento dado à autora em entrevista. A observação atenta aos detalhes, através da observação fotográfica, o estudo dos ventos dominantes aplicados à navegação solar, que guiavam seu barco à vela, ademais do amor pelo desenho, realizando belos esboços a mão, formaram um profissional que se converteu em um dos principais nomes no cenário da arquitetura recifense, atuando até os nossos dias. Em seu depoimento (5) disse que “quando estudante costumava ter acesso a livros de arquitetura escritos por Papadaki, Goodwin, Le Corbusier, e a revistas internacionais, como L” Architecture d’ Aujoud’ Hui, e nacionais, como a revista paulista Acrópole”. Admirador do pensamento de Lúcio Costa e da arquitetura de Niemeyer, disse que este era importante para “que se mantivera livre o espírito da arquitetura, mas que não se podia ter dois Niemeyer em um só país”.

Sua vocação para o desenho à mão livre e técnico, além de seus conhecimentos matemáticos, contribuiu para que fosse convidado para ser professor da disciplina de perspectiva e sombras do curso de arquitetura da Faculdade de arquitetura durante vários anos.Como arquiteto, começou a trabalhar no ETCUR, além de ter um escritório em parceria com Heitor Maia Neto e Hélio Maia, seus primos, se associando mais tarde ao Reginaldo Esteves, outro ex-aluno da EBAP, que será posteriormente exposto. Os seus primeiros projetos começaram a ser produzidos a partir de 1952, quando se graduou, sendo muitos deles, publicados no jornal “A Folha da Manhã”.

A maior parte desses projetos era residencial, e pôde aplicar neles as soluções herdadas dos seus ex-professores, especificamente, de Mario Russo, de quem Castro afirmou ter recebido a mais importante influência. Atuou como professor durante 39 anos, e como arquiteto da UFPE/Universidade Federal de Pernambuco, especializando-se em campos universitários, tendo durante 28 anos, trabalhado na área, desenvolvendo importantes projetos.

Foi também um dos precursores no uso da informática na arquitetura, havendo utilizado programas gráficos para o desenvolvimento de sua obra mais contemporânea, onde também pode ser observada a busca constante de soluções climáticas, presentes em todas as fases de seu trabalho, tendo nos projetos conjuntos com Reginaldo Esteves, as fábricas da Willys Norte-nordeste, de 1964, e da Pirelli, de 1966, adotado soluções climáticas, como por exemplo, paredes inteiras fechadas com elementos vazados especialmente desenhados para estes projetos e o uso de telhado com aberturas para a circulação de ar, que foram bem reconhecidas e premiadas pelo IAB/ PE na época.

Outro bom exemplo de sua arquitetura tropical foi o projeto desenvolvido para a sede da antiga SUDENE (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) em 1968, onde adotou a forma serpenteada, implantado no eixo norte-sul, sendo as fachadas laterais completamente cegas, a Leste, trabalhada com grandes painéis de janelas em alumínio com vidro, e a oeste, tratada com grandes panos de combogós, permitindo assim, a circulação constante de ar em todos os ambientes do edifício. Foi autor dos projetos da Biblioteca Central da UFPE (1960), do Banco Econômico da Bahia (1964), Fábrica Moura (com Esteves, 1965), do edifício sede da CHESF/Companhia Hidro elétrica do São Francisco (1975), do edifício sede do DETRAN/ PE (Departamento estadual de trânsito de Pernambuco), de 1978, e de várias agências do Banco do Brasil, onde pode experimentar diversas soluções para uma arquitetura bioclimática.

Em toda a sua produção arquitetônica se observa a adoção dos critérios da modernidade, somados à busca de adaptações climáticas a tal linguagem, herdadas de seu mestre italiano Mario Russo e da admiração que possuía pelo arquiteto Le Corbusier. No projeto da Biblioteca Pública de Pernambuco (1968/1970), que realizou em parceria com Reginaldo Esteves, adotou os princípios teóricos e o processo projetual de Le Corbusier, propondo uma trama ordenadora, que facilitou a solução em planta, além da criação de uma modulação estrutural para pilares em concreto armado, que liberava as paredes e esquadrias, criando uma grande transparência e leveza espacial. O que despertou interesse neste projeto foi o tratamento dado à volumetria, definida como uma caixa e envolvida em “brises soleil”, deixando à mostra os painéis de vidro no pavimento térreo, protegidos por uma marquise, onde o resultado volumétrico pode ser visto como uma arquitetura caracterizada por um jogo de volumes e planos, predominando a regularidade que substituí a simetria axial acadêmica.

Indagado sobre a existência de uma suposta escola de Recife na arquitetura moderna nacional, ele afirmou que não se pode dizer que existiu tal “Escola”, já que segundo ele, para existir uma escola, seria necessário que tivera havido uma comunicação de pensamentos e idéias, além de certa união profissional, fato que segundo ele, nunca houve no meio local.

2. Reginaldo Luiz Esteves

O segundo personagem a ser exposto trata-se do arquiteto e artista plástico, Reginaldo Luiz Esteves (6), que também teve a oportunidade de conviver diretamente com Borsoi, Russo, Amorim e Heitor Maia Neto. Nascido em 1930, no município de Amaraji, interior de Pernambuco, conviveu durante sua infância com artesãos de madeira, que o influenciaram bastante na elaboração de detalhes arquitetônicos.

Quando jovem foi morar em Recife, onde começou a trabalhar com o projetista Hélio Coelho Correia, que produzia casas em estilo eclético. Posteriormente vai trabalhar na empresa Júlio Maranhão, construtora que fazia grandes obras de infra-estrutura, como pontes, estradas, possibilitando o contato direto de Esteves com a engenharia, com o concreto armado, recebendo orientações profissionais do engenheiro Arlindo Pontual.

Estudou arquitetura no período de 1950 a 1954 na EBAP, havendo sido aluno de Russo e posteriormente de Acácio Gil Borsoi, dizendo em seu depoimento à autora (7), que a todos os seus colegas encantava o traço do arquiteto carioca, mas que didaticamente, foi o professor italiano Mario Russo, quem mais marcou, pois passava através da metodologia aplicada na disciplina de composições arquitetônicas, um processo projetual que foi seguido por vários ex-alunos do mestre italiano, tais como o uso de tramas ordenadoras para o estudo de plantas e fachadas, estudo de circulações horizontais e verticais, soluções climáticas para cobertura e fechamento de paredes.

Observa-se que Esteves, desde cedo sempre trabalhou, aliando o estudo de arquitetura à sua prática profissional: durante as manhãs, trabalhava no ETCUR, juntamente com uma equipe coordenada por Russo e composta dos alunos Everaldo Gadelha, Mauricio Castro, Heitor Maia Neto; pela tarde, cursava arquitetura na EBAP/ Escola de Belas Artes de Pernambuco, e nas horas vagas, mantinha um escritório com Mauricio Castro, que a partir de 1964, se consolidou como a empresa Castro & Esteves, desenvolvendo projetos institucionais e industriais, entre eles a Fábrica de carros Willys que lhes deu o prêmio do IAB/ PE (Instituto de Arquitetos do Brasil, seção Pernambuco), despertando interesse neste projeto, as soluções da coberta em “shed” que melhorava bastante o clima, além das paredes compostas de grandes panos de combogós desenhados exclusivamente para esta obra.

Esteves trabalhou também em sociedade com outros arquitetos, entre eles, Vital Pessoa de Melo, projetando o edifício da CELPE (Companhia elétrica de Pernambuco).

É um profissional altamente qualificado, havendo feito durante sua formação profissional, práticas em escritórios franceses, localizados em Paris, como os de M. Patrix, J. Vienot , e em Zurique, com Max Bill. Na área industrial, esteve como visitante nas fábricas Frigidaire, Renault em Paris e na fábrica Olivetti em Milão. Foi também professor visitante na Escola da Forma em Neu- Ulm, na Alemanha.

Esteves sempre foi um exímio desenhista, artista plástico nato, apaixonado pela pintura, homem de grande sensibilidade artística, que se destaca até os nossos dias no meio profissional, devido às suas obras que apresentam soluções plásticas e funcionais respaldadas em critérios modernos, mas buscando adaptações à realidade local.

A preocupação pela estrutura é uma constante em suas obras, sendo um dos principais elementos de vários projetos realizados ou de forma isolada, ou em parceria com Mauricio Castro, seu sócio durante anos, havendo projetado juntos os edifícios da Biblioteca Pública, da CHESF, DETRAN, entre outros.

Durante os anos 50, teve a oportunidade de projetar várias residências e principalmente, vários edifícios industriais e institucionais, conforme foi constatado na investigação realizada no jornal “A Folha da Manhã”.

Ao contrário de Mauricio Castro, ao ser indagado pela autora, sobre a existência de uma Escola de Recife, ele afirma que acredita sim na existência desta Escola, baseada segundo ele, nas propostas regionalistas do discurso de Gilberto Freyre, resgatando a tropicalidade e apoiada na prática iniciada por Luiz Nunes, empregando elementos construtivos buscando soluções climáticas como os combogós, desenvolvida nos anos posteriores através do trabalho de resgate das tradições arquitetônicas do professor e engenheiro Airton Carvalho, juntamente com as propostas precursoras de Russo, Borsoi, Amorim e Heitor Maia Neto.

3. Marcos Domingues e Carlos Correia Lima

O terceiro discípulo da Escola de Recife a ser exposto trata-se do arquiteto Marcos Domingues (8), que juntamente com seu colega de Faculdade, Carlos Correia Lima, foram vencedores de um importante concurso em 1956 para o edifício do IEP/ Instituto de Educação de Pernambuco, obra de grande importância no cenário local, e que contribuiu na afirmação profissional dos jovens arquitetos.

Marcos Domingues nasceu em 1930, e começou a cursar arquitetura em 1950, terminando seu curso em 1954, afirmando que "aprendeu a fazer arquitetura com o professor Mario Russo, apoiado na teoria de Evaldo Coutinho". Tendo sido aluno tanto de Russo, como de Borsoi, demonstrou uma grande admiração também pelo arquiteto carioca, dizendo que este possuía uma arquitetura muito leve, livre, muito brasileira e carioca e que impressionava a todos os alunos com a leveza de seu traço.

Referente à Russo, recorda em entrevista concedida (9), que este era um excelente professor, com uma didática metodológica de projetos que influenciou a toda uma geração, com sua forma racionalista e precisa de projetar. Mesmo havendo recebido esta formação racionalista através de seus professores na EBAP, Domingues afirmou admirar a obra organicista de Frank L. Wrigt e as teorias filosóficas, citando uma frase de Pascal dita no século XVII: “Não se pode conhecer as partes sem conhecer o todo, nem conhecer o todo sem conhecer as partes”, como uma das mais marcantes em sua formação profissional.

Sobre seu processo projetual, comentou que aprendeu a "projetar com os materiais", empregando desde o principio da concepção as dimensões dos materiais eleitos para definição do projeto, dedicando especial atenção à estrutura, e às esquadrias.

Domingues além de arquiteto foi professor do curso de arquitetura da Faculdade de Arquitetura (1960/1987) na disciplina de Teoria da arquitetura, e nas horas vagas, desenvolvia seu dom de artista plástico, produzindo um importante acervo pictórico.

Sobre a existência de uma Escola de Recife (10), disse acreditar que exista, chamando a atenção sobre algumas das soluções funcionais das plantas projetadas na arquitetura recifense, tais como terraços, importantes espaços de transição entre o exterior e o interior responsáveis pela criação de áreas sombreadas que substituem os antigos alpendres das tradicionais casas do nordeste brasileiro. Aponta, além disso, como característica desta escola, a utilização de materiais de revestimento como a retomada dos azulejos, e atenção dedicada aos telhados, com cobertas inovadoras ao propor telhados com beirais generosos para a proteção climática.

Há vários anos mantém sociedade em escritório de arquitetura com o arquiteto Carlos Correia Lima, desenvolvendo uma série de trabalhos em Recife, sempre tratando de adotar a modernidade arquitetônica à realidade local, com materiais e soluções construtivas próprias.

Correia Lima nasceu em Recife, tendo iniciado o curso de arquitetura em 1949, graduando-se em 1954. Foi aluno de Russo, Borsoi, Amorim e destes três, afirmou que com quem mais se identificava, era com o professor português Delfim Amorim (11), devido à sua habilidade técnica com os detalhes arquitetônicos.

O arquiteto disse em entrevista concedida, que naquela época, havia bastante dificuldade para um jovem profissional introduzir-se no mercado, mas que graças ao concurso ganho para o edifício do IEP, em parceria com Marcos Domingues, teve a oportunidade para lançar suas idéias no mercado.

Este edifício, projetado em 1956, é um dos mais importantes exemplares da arquitetura moderna recifense, apresentando solução baseada em princípios modernos, utilizando plantas e fachadas livres, pilotis, janelas horizontais, estrutura sistemática com módulos de 4.5m x 9m, com cada elemento arquitetônico possuindo autonomia. A utilização de pilotis foi adotada como forma de integrar o edifício ao meio, optando pela horizontalidade, como uma forma de se harmonizar com a paisagem circundante do parque 13 de Maio, onde a obra está implantada. O volume final foi resultante do uso da adoção de pilotis mais dois pavimentos, contrapondo a forma em “V” e retangular para os pilares em concreto com um volume prismático elegante e muito bem proporcionado.

Neste edifício, mais uma vez despertou interesse as soluções climáticas adotadas para as esquadrias e fechamentos de fachadas, que empregou na fachada leste, um sistema de esquadrias com bandeiras em venezianas e madeira, com folhas de correr em madeira e vidro, protegido por um brise contínuo horizontal; e na fachada oeste, empregou brises verticais em concreto, formando um rico pano construtivo. Este projeto alcançou uma boa repercussão nos meios locais, nacionais e internacionais, havendo sido matéria de capa da revista panamenha ”Ingeniaria/ Arquitectura”(12), havendo escrito LIMA (13) sobre a obra: “Fazia muito tempo que não aparecia no Recife, algo que tenha alcançado tanta repercussão como o novo edifício do IEP... constrói-se na cidade a mais moderna escola do Brasil”.

O arquiteto Carlos Correia Lima, quando indagado sobre a importância de seus ex-professores para a formação de uma Escola de Recife no cenário nacional, afirmou que concordava com a existência desta escola, apontando Delfim Amorim, como um dos mais importantes personagens deste processo, uma vez que aplicavam em sua prática os recursos da modernidade universal, além de retomar elementos da cultura luso-brasileira, como o emprego de azulejos, então empregados em revestimentos de grandes panos de fachadas nos edifícios modernos recifenses das décadas de 50 e 60.

4. Edison Rodrigues de Lima

Não houve em Recife, nos anos 50, um profissional que tenha se empenhado tanto em afirmar a profissão de arquiteto e divulgar a arquitetura na cidade, quanto Edison Rodrigues de Lima. Diplomado em 1954 pela Escola de Belas Artes da antiga Universidade de Recife, atual Universidade Federal de Pernambuco/ UFPE, foi professor da mesma escola onde estudou e da Escola Técnica Federal de Pernambuco, havendo sido vice-presidente e presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil/ Departamento de Pernambuco no período de 1956 a 1959, quando organizou o V Congresso Brasileiro de Arquitetos, realizado em Recife. (14)

Participou em várias comissões de concursos públicos de anteprojetos de arquitetura, entre eles se destaca a do Instituto de Educação de Pernambuco, IEP; o da Biblioteca Pública de Pernambuco e o da Escola Técnica Federal de São Paulo.

Participou em vários congressos, encontros, seminários e conferências, tanto no Brasil, como no exterior, em alguns dos quais, como convidado especial, tais como o VII Congresso Pan-americano de Arquitetura no México, em 1952; o I Encontro Internacional de Arquitetos para o estudo das novas cidades, promovido pelo Itamaraty em 1959; o IV Congresso Internacional da U. I. A (Union of International Associations) em Londres no ano 1951 e o Congresso da "International Federation for Housing and Planning" em Berlin, em 1957.

Escreveu vários trabalhos didáticos, técnicos e literários, e durante quase seis anos, manteve nos suplementos dominicais dos jornais "Folha da Manhã" e "Jornal do Comércio", uma página de arquitetura, cujos textos foram reunidos no livro intitulado "Modulando. Notas e Comentários. Arquitetura e Urbanismo" (15) que aportou informações de grande valor para a compreensão dos fatos arquitetônicos ocorridos nos anos 50 em Recife.

Lima, sem dúvida foi um dos mais destacados profissionais dos anos 50 na cidade, desenvolvendo um brilhante trabalho a frente do IAB/ PE, contribuindo na afirmação da profissão de arquiteto numa sociedade ainda desacostumada a contratar esta classe profissional.

Desenvolveu durante o período aqui estudado, uma série de projetos residenciais publicados no jornal "Folha da Manhã", nitidamente influenciados pela arquitetura moderna produzida por seus mestres na EBAP.

5. Waldeci Fernandes Pinto

Waldeci Fernandes Pinto é outro importante discípulo. Nascido em Palmares, Pernambuco, em 1931, se graduou em arquitetura pela EBAP, em 1954, havendo sido aluno de Russo, Borsoi e Amorim, e se especializou posteriormente em Urbanismo pelo Ministério do Urbanismo e Equipamentos da França entre 1965 e 1966, ocupando vários cargos diretivos em instituições públicas como a prefeitura de Recife, sendo coordenador de projetos e planos urbanísticos da cidade nos períodos de 1968 a 1969, e de 1975 a 1979. (16)

Começou a estudar arquitetura em 1949, graduando-se juntamente com Reginaldo Esteves e Edison Lima, e recorda que entre seus professores, o que mais admirava era a Mario Russo, que para ele, possuía uma excelente didática. Como referência nacional citou os nomes dos irmãos MM Roberto, Sergio Bernardes, Niemeyer e Lúcio Costa.

A partir de 1954, trabalhou no ETCUR, juntamente com Mario Russo, ficando como funcionário da Universidade durante trinta anos, na pro - reitoria de planejamento. Paralelamente ao trabalho no ETCUR, montou um escritório juntamente com o engenheiro Emerson Pinheiro, começando a desenvolver uma série de projetos residenciais, principalmente no bairro do Rosarinho, onde concentrou muitas de suas obras.

Entre suas obras nos anos 50, se destaca o edifício Valfrido Antunes (1957), um grande empreendimento imobiliário, construído no bairro da Boa Vista. Este edifício, de uso misto, destinou o pavimento térreo e a sobreloja para o comércio, sendo os outros treze pisos destinados a residências. São dois volumes, interligados por um pátio que é responsável pela iluminação e ventilação dos blocos.

O partido arquitetônico adotado segue a linha trabalhada por Borsoi no edifício União (1953) e no edifício Caetés (1955), já que possui uma planta retangular, modulada, servida por uma única torre, responsável pela circulação vertical, que abriga a escada e os elevadores, adotando na fachada oeste grandes painéis de combogós alternando com paredes cegas, vazadas com vazios de ventilação e iluminação, e na fachada leste, janelas corridas horizontais moduladas em persianas e cristal. As fachadas laterais foram tratadas predominando os cheios sobre os vazios, possuindo somente as aberturas necessárias para os banheiros da planta tipo usada em cada piso.

O resultado volumétrico é bastante harmonioso, devido ao jogo de planos trabalhado com variados e poucos materiais: os painéis cerâmicos de combogós, os painéis de janelas e a paredes limpas de alvenaria.

Desperta interesse na obra o tratamento dado aos fechamentos de janelas, que adotaram painéis modulados de persianas corrediças nos sentidos tanto verticais como horizontal, usando o vidro somente em dois trechos para permitir uma melhor iluminação dos ambientes. Observa-se nesta grande obra, a preocupação do arquiteto pela busca de soluções climáticas que vinham sendo utilizadas anteriormente pelos professores do curso de arquitetura da EBAP.

Outra obra importante projetada por Waldeci Pinto foi o edifício do DNOCS/ Departamento Nacional de Obras Contra a Seca, de 1958, realizada em sociedade com os arquitetos Didier e Renato Torres, resultado de um concurso. O edifício está localizado na zona norte da cidade de Recife, em um grande terreno de esquina, possuindo dois blocos idênticos, mas implantados de forma distinta, formando entre eles um "T".

O bloco tipo foi trabalhado com uma planta em esquema retangular, modulada, com estrutura independente, propondo um pilotis que suporta os outros quatro pavimentos. A volumetria denota a influência do "Hospital Sul América" do Rio de Janeiro, projetado por Niemeyer, ao trabalhar com um pilotis estruturado em pilares em "V", fachadas cegas laterais, e tratamento em janelas horizontais corridas para a fachada nascente e paredes com aberturas mínimas para a fachada oeste.

O edifício possui uma boa solução arquitetônica, tanto no que é referente ao pavimento térreo, quanto a sua volumetria, despertando interesse, os materiais que foram adotados como revestimentos de fachadas, paredes internas e pavimentos, que até nossos dias se mantém muito bem conservados, possibilitando uma leitura dos materiais e suas texturas, que foram adotados nos anos 50.

Nas obras iniciais de Pinto, desenvolvidas durante os anos 50, depois de sua graduação em 54, observa-se a um profissional que projeta adotando os critérios da modernidade, mas que tal como seus professores arquitetos, sempre dava atenção especial aos problemas climáticos locais, propondo soluções corretas de implantação no terreno buscando una melhor orientação solar, como também detalhes de fechamentos que permitisse uma ventilação constante dos ambientes, além de materiais construtivos e de revestimento "frios" que ajudassem na melhoria do conforto térmico.

Questionado sobre a existência ou não de uma "Escola de Recife" de Arquitetura, Waldeci Pinto afirmou acreditar que sim, houve uma Escola, citando o trabalho de Nunes como precursor deste processo, que somado à ida de Mario Russo, Borsoi e Amorim, contribuiu na consolidação da mesma.

6. Paulo Vaz

Outra descoberta da investigação realizada no suplemento do jornal "Folha da Manhã" (17) foi o trabalho desenvolvido pelo arquiteto Paulo Vaz, graduado na EBAP. Grande parte das casas publicadas é de sua autoria, abarcando obras projetadas tanto em Recife, como em outras cidades, como João Pessoa e Campina Grande, no Estado da Paraíba.

O arquiteto era reconhecido na época pelos seus projetos residenciais unifamiliares, que de certo modo, atendia a uma demanda da classe média emergente, que começava a adotar a modernidade em suas casas. Estas possuíam um programa arquitetônico simples, compostas de zona social, serviços e íntima, com três quartos e banheiro, distribuídas em plantas ordenadas de forma modulada, com pátios internos e bem delimitadas funcionalmente. Nas volumetrias destas casas, observa-se a adoção de formas trapezoidais usadas por Borsoi em Recife, provenientes da influência de Niemeyer em seus projetos destes anos: o paradigma plástico adotado pelos arquitetos locais.

Observa-se também a utilização de uma série de soluções que vinham sendo adotadas por seus professores no curso de arquitetura, como por exemplo, as paredes perfuradas com buzinotes empregados em vários projetos de Russo; a elevação da casa do solo, solução sempre trabalhada por Amorim em seus projetos residenciais, e o uso do bloco íntimo em lâmina horizontal abrigando os quartos de forma modulada no pavimento superior, solução típica tanto na obra de Borsoi, como na produção de Amorim e Russo.

Paulo Vaz, além de projetar residências, também trabalhou com projetos de Escolas, Hotéis, entre outros, atuando em alguns, em sociedade com o arquiteto Eduardo Burle Ferreira, havendo sido também um membro muito atuante no IAB/ PE, formando parte sempre da Diretoria do Instituto, contribuindo para a afirmação profissional da classe de arquiteto, juntamente com Edison Lima e outros atuantes colaboradores (18).

7. Outros discípulos

Além destes arquitetos é necessário fazer aqui referência ao trabalho desenvolvido nesta época por outros profissionais que se sobressaíram na produção local, contribuindo para a consolidação da modernidade arquitetônica em Recife: Augusto Reynaldo e Dílson Mota.

Augusto Reynaldo (1924-1958) antes de começar a cursar arquitetura, já trabalhava no mercado, projetando obras, e como aluno despertava interesse nos professores, como Borsoi, que em depoimento dado à autora (19) elogiou sua criatividade e dedicação à arquitetura. Sua carreira foi bruscamente interrompida, pois sofreu um acidente que acabou com sua vida, ainda muito jovem.

Foi possível visitar uma de suas obras realizadas nos anos 50, uma casa recentemente demolida em 2005, localizada na Avenida Caxangá, onde se pode observar a adoção dos critérios projetuais deste profissional, que desenvolveu neste projeto uma obra moderna, com uma forma limpa, espaços transparentes e integrados, valorizando o jogo de planos em planta e nas fachadas.

8. Conclusões

A constatação da importância da contribuição dos mestres Mario Russo, Acácio Gil Borsoi, Delfim Amorim e Heitor Maia Neto para a formação de seus discípulos é inquestionável, e pode ser comprovada através dos depoimentos dados por estes profissionais, bem como, através da observação atenta de suas obras, principalmente naquelas realizadas nas décadas de 50 a 60, o que nos faz concluir sobre a existência de uma Escola do Recife.

Escola que teve sua origem nos anos 30 com o trabalho precursor de Luiz Nunes e sua equipe, e que se consolidou nos anos 50, com o trabalho acadêmico e arquitetônico dos arquitetos Russo, Borsoi, Amorim e Heitor Maia Neto e que se difundiu nos anos posteriores das décadas de 60 e 70, graças à adoção dos princípios da modernidade pelos ex-alunos ou discípulos destes professores, que além de empregarem os recursos universais da arquitetura moderna, direcionaram seus trabalhos para o desenvolvimento de uma arquitetura bioclimática apoiada na realidade tropical nordestina, fortalecendo uma “linha” que já vinha sendo trabalhada pelos arquitetos cariocas.

Infelizmente, o que se observa é que o acervo arquitetônico resultante desta produção, não foi ainda devidamente inventariado, nem preservado legalmente pelas instituições de preservação do patrimônio arquitetônico e por isso, vem sendo rapidamente destruído ou descaracterizado, sem que nenhuma medida legal possa ser tomada.

Cabe a nós, pesquisadores tentar iniciar este processo, divulgando o valor de tal acervo, e buscar soluções junto às instituições municipais, estaduais e federais, para que algo seja realizado imediatamente, a fim, de poder deter tal fato, e se iniciar um trabalho prático de resgate do patrimônio arquitetônico moderno brasileiro.

notas

1
AFONSO, Alcília. La consolidación de la arquitectura moderna en Recife en los años 50. Barcelona: tese doutoral apresentada para o departamento de projetos arquitetônicos da ETSAB/ UPC. 2006.


2

Entrevista realizada com o arquiteto Mauricio Castro em fevereiro de 2005, em Recife.


3

O jornal publicado na década de 50, “A Folha da Manhã” possuía um caderno dominical que dedicava uma página inteira à arquitetura, e durante vários anos, ficou a cargo do IAB/PE fornecer material a ser publicado, divulgando o trabalho dos arquitetos locais e temas nacionais e internacionais relacionados com arquitetura e urbanismo.


4

O arquiteto Mauricio Castro forneceu seu currículo profissional para a realização desta pesquisa.


5

Mauricio Castro em entrevista concedida, narrou vários episódios daquela época, fornecendo dessa forma, um rico material inédito em publicações.


6

Currículo cedido pelo arquiteto Reginaldo Esteves em fevereiro de 2005.


7

Entrevista concedida pelo arquiteto em fevereiro de 2005.


8

Currículo cedido pelo arquiteto Marcos Domingues em fevereiro de 2005.


9

Entrevista concedida pelo arquiteto em fevereiro de 2005.


10

AMORIM, Luiz.”Recife: uma escola regional?” Revista Arquitetura e Urbanismo.São Paulo.No.94,p.71-79.


11

O livro “Delfim Amorim. Arquiteto” organizado por Djanira Oiticica reúne fichas de projetos que colaboraram para o inicio das pesquisas sobre o arquiteto.


12

A revista “Ingeniaria/ Arquitectura” editada no Panamá nos anos 50 dedicou matéria de capa ao projeto do IEP.


13

Pascal dizia, já no século XVII, e que ainda é válido: “Não se pode conhecer as partes sem conhecer o todo, nem conhecer o todo sem conhecer as partes”. LIMA, Edison. Modulando. Notas e Comentários. Arquitetura e Urbanismo. Recife: Fundação da Cultura do Recife. 1985. p: 100.


14

A biografia de Edison Lima pode ser encontrada em seu livro Modulando, citado anteriormente.


15

O livro escrito por Lima trata-se de uma recopilação de seus artigos publicados nos jornais durante as décadas de 50 e 60 na cidade de Recife.


16

As informações foram coletadas no currículo cedido pelo arquiteto Waldeci Pinto em fevereiro de 2005.


17

O trabalho desenvolvido pelo arquiteto Paulo Vaz foi “descoberto” no caderno dominical do jornal “A Folha da Manhã”, que publicou vários projetos, tanto em Recife, como em Campina Grande, Paraíba.


18

O IAB/PE desenvolveu um intenso trabalho de divulgação da produção arquitetônica dos profissionais locais, nos anos 50, servindo de canal para a consolidação profissional no mercado regional.


19

Acácio G. Borsoi em entrevista concedida em janeiro de 2005, falou sobre o potencial de Augusto Reynaldo, afirmando que este era um dos alunos que mais se sobressaiu devido a sua criatividade e traço,mas que infelizmente devido a sua morte prematura, não pode deixar uma produção relevante no cenário local.

sobre o autor

Alcilia Afonso de Albuquerque Costa é arquiteta graduada pela UFPE (1983), com doutorado em projetos arquitetônicos pela ETSAB/UPC (2006), mestre em história da arquitetura pela UFPE (2000), e professora associada do curso de arquitetura e urbanismo da UFPI. Possui também a titulação de investigadora européia.

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