Desenvolvimento urbano e construção habitacional
A partir de meados do século XIX, o desenvolvimento urbanístico de Berlim pode ser classificado em quatro períodos, que se relacionam com as principais iniciativas de construção habitacional em massa promovidas na cidade.
O primeiro período é o Kaiserzeit, quando foram construídos os Mietkasernen nas regiões centrais – blocos de apartamentos, em torno de 5 pavimentos, organizados em torno de escassas áreas internas aos quarteirões, formando pátios internos – e as Villas nos subúrbios. O segundo período é o do entre guerras, caracterizado pela construção das Siedlungen e seu consequente papel como propulsores da arquitetura moderna; o terceiro é o período do pós-guerra, marcado pela divisão de Berlim e pela concorrência entre os sistemas capitalista e socialista, que tem nas iniciativas do Hansaviertel e da Stalinallee seu ponto marcante; e por fim temos também o recente período iniciado com a queda do muro e a reunificação das Alemanhas, marcado principalmente por iniciativas de reconstrução de vazios urbanos antes ocupados pelo muro e áreas adjacentes (1).
Modelo de configuração de Mietkasernen, Hansaviertel, Berlim, anos 1930. [Fonte: WAGNER-CONZELMANN, Sandra. (2007) Die Interbau 1957 in Berlin. Stadt von Heute – Stadt Von Morgen. Städtebau und Gesellschaftskritik der 50er Jahre. Petersberg: Michael Imhof Verlag GmBH, pág. 29]
Focaremos no terceiro período, ou seja, a arquitetura e o urbanismo produzidos em meio à concorrência entre os sistemas capitalista e socialista na Berlim dividida do pós-guerra, sob a ótica da mais significativa iniciativa de reconstrução habitacional realizada na Berlim Ocidental, materializada sob a forma de uma exposição de arquitetura: a Interbau 1957. Esta foi a primeira Exposição Internacional de Arquitetura (2) ocorrida após a II Guerra Mundial e exemplificou o que de melhor a arquitetura e o urbanismo modernos ofereciam em termos de habitação social.
A iniciativa, que reconstruiu o Hansaviertel, bairro oitocentista enormemente destruído pela II Guerra, produziu uma grande variedade de tipologias habitacionais, que acabaram por expressar uma gama de diferentes possibilidades de habitar na cidade moderna. Abordaremos o projeto urbanístico vencedor do concurso para reconstrução do Hansaviertel e as modificações pelas quais passou até chegar à versão final e efetivamente construída.
Cabe também lembrar que a Interbau é contemporânea à construção de Brasília, e assim o pavilhão brasileiro na Interbau abrigou a exposição “Brasilien baut Brasília” (Brasil constrói Brasília), ocasião em que os projetos para a nova capital brasileira são pela primeira vez apresentados ao público europeu.
Porém, antes de vermos como se deu o desenvolvimento de cada fase de seu projeto, é importante entendermos o contexto de concorrência política em que a Interbau foi planejada e executada.
Oposição: o Hansaviertel como réplica ocidental à Stalinallee
No ponto alto da guerra fria, a reconstrução do Hansaviertel foi pensada, antes mesmo da ideia de vinculá-la com a realização de uma Exposição Internacional de Arquitetura, como a resposta de Berlim Ocidental ao “Programa de Reconstrução Nacional” da cidade promovido por Berlim Oriental. O moderno Hansaviertel seria visto então como réplica ocidental para a construção da Stalinallee, antiga Frankfurter Straße e hoje Karl-Marx-Allee, e como pêndulo à mesma. Porém, apesar da deliberada concorrência, Stalinallee e Hansaviertel possuem um importante ponto em comum: ambas são reconstruções do pós-guerra localizadas em meio a zonas centrais de Berlim Oriental e Ocidental, respectivamente.
Stalinallee, com sua proporção monumental e sua arquitetura eclético-acadêmica, foi executada entre 1952 e 1954. Sua construção foi anunciada logo após a separação das Alemanhas em 1949, e seu projeto foi objeto de concurso realizado em 1951. O plano definitivo mesclou ideias da proposta colocada em primeiro lugar, de autoria de Egon Hartmann, com os demais quatro premiados.
A avenida, também planejada para marchas e paradas, acomodaria, ao longo de 1.800m de extensão e 80m de largura, lojas, cafés, restaurantes, hotel e um cinema, além de edifícios residenciais de seis a treze andares muito distanciados entre si. Seus 2.700 apartamentos eram espaçosos e bem equipados para os padrões da época, os aluguéis eram extremamente baratos e as fachadas eram ricas em ornamentos e detalhes. O caráter nacional se expressa através dos detalhes que evocam Schinkel e seus contemporâneos, o que indicava o lema político-cultural de Stalin: “nacionalista na forma, socialista no conteúdo” (3).
Entretanto, a reconstrução no pós-guerra de cidades alemãs ocidentais seguiu padrões distintos dos utilizados pelas cidades do leste, e, assim, a reconstrução do Hansaviertel não se estabelece apenas como oposição arquitetônica e urbanística à Stalinallee, mas também como espelhamento para os diferentes sistemas políticos, através da expressão de uma sociedade livre e democrática.
O concurso urbanístico para reconstrução do Hansaviertel
A área do Hansaviertel é de excepcional localização na cidade – entre o parque Tiergarten e o rio Spree, a meio caminho do Mitte, núcleo histórico e então centro da Berlim comunista, e de Charlottenburg, centro da Berlim capitalista. O bairro e sua conformação oitocentista original foram quase totalmente destruídos pelos bombardeios de 22 e 23 de novembro de 1943.
Em novembro de 1951, foi aberto o “Concurso de Ideias para a Reconstrução do Hansaviertel em Berlim”. Divulgado porém somente em junho de 1953, o concurso tinha como objetivo reconstruir o bairro como área residencial moderna a partir da negação da cidade tardo-oitocentista e de sua estrutura de parcelamento em pequenos lotes.
Acima, mapa com a estrutura de parcelamento do antigo Hansaviertel e, abaixo, mapa indicando os únicos 21 edifícios ainda habitáveis após os bombardeios. Os demais foram total ou parcialmente destruídos. [Fonte: PETER, Frank-Manuel (2007). Das Berliner Hansaviertel und die Interbau 1957. Erfurt: Sutton Verlag GmbH, pág. 6]
As soluções não deveriam criar densos quarteirões edificados, mas sim grandes áreas livres que correspondessem aos ideais de redução da densidade populacional e de ajardinamento das cidades. Assim, o concurso buscava a criação de um plano urbanístico independente da antiga estrutura de parcelamento do bairro, bem como contribuições com relação à nova estrutura de parcelamento e de consolidação dos lotes. Os lotes deveriam ser redivididos e reparcelados em grandes áreas.
A reconstrução do Hansaviertel foi financiada por fundos disponibilizados pelos Estados Unidos através do Plano Marshall para a reconstrução europeia e foi viabilizada através da fundação de uma Sociedade Anônima, cujo capital foi trazido de habitações e sociedades habitacionais de interesse público. Ao reparcelar os lotes existentes, a Hansa AG, empresa que assumiu o papel de construtora, fez com que os 162 terrenos originais da antiga estrutura de parcelamento da área gerassem aproximadamente 20 terrenos para grandes edifícios e 50 terrenos para edifícios menores e residências unifamiliares. A única exigência que consta no regulamento do concurso é a manutenção da largura da Altonaer Straβe; a partir daí um novo traçado de ruas à oeste do viaduto do S-Bahn poderia configurar-se. Todas as demais ruas e caminhos poderiam ser modificados ou redefinidos.
O projeto vencedor
A comissão organizadora do concurso – cujo júri contou com a colaboração de dois membros do Kollektivplan (4) de 1946, Hans Scharoun e Wils Ebert – foi dirigida por Otto Bartning. Entre os 98 trabalhos enviados, o primeiro lugar coube ao projeto urbanístico da equipe dos arquitetos Gerhard Jobst e Willy Kreuer, ambos professores atuantes na Technische Universität Berlin, e Wilhelm Schlieβer, responsável pela concepção do planejamento de tráfego. O projeto do arquiteto Herta Hammerbacher foi premiado com o primeiro lugar na área de paisagismo (5).
Implantação do plano urbanístico vencedor do concurso de 1953, de autoria de Gerhard Jobst e Willy Kreuer. [Fonte: WAGNER-CONZELMANN, Sandra. (2007) Die Interbau 1957 in Berlin. Stadt von Heute – Stadt Von Morgen. Städtebau und Gesellschaftskritik der 50er Janhre. Petersberg: Michael Imhof Verlag GmBH, pág. 36]
Foto da maquete do plano urbanístico vencedor do concurso de 1953, de autoria de Gerhard Jobst e Willy Kreuer. [Fonte: SCHULZ, Stefanie; SCHULZ, Carl-Georg (2008). Das Hansaviertel. Ikone der Moderne. Berlim: Braun Verlag, pág. 15]
O plano de Jobst e Kreuer é uma mescla de diversos princípios claramente distintos, com o auxílio dos quais as tipologias escolhidas para os edifícios são colocadas em cena. De um modo geral, as barras de menor altura acompanham as ruas, mesmo que de forma desalinhada. Entre o viaduto do S-Bahn e o rio Spree, lâminas de cinco andares implantadas sobre a antiga estrutura viária estão organizadas formando uma série de quarteirões erodidos; nesta série, algumas barras acompanham a avenida que se desenvolve a oeste, junto ao arco do trem, resultando em conjuntos semifechados para a mesma, enquanto as outras estão colocadas perpendicularmente ao rio, formando conjuntos abertos para o Spree. Já à leste da linha do trem, lâminas também de menor altura acompanham o arco do viaduto, porém desalinhadas em relação a ele e à rua interna gerada, formando uma linha quebrada. Uma outra linha quebrada de lâminas de quatro andares se implanta sobre a estrutura viária existente da Händelallee, acompanhando-a e fazendo o limite com o parque. E as barras mais altas, que estruturam o núcleo e a figura urbana dominante da composição, estão colocadas grosso modo simétricas em relação ao eixo formado pela Altonaerstraβe e insinuam dois semicírculos abertos em direção ao Tiergarten (6).
A proposta vencedora apresenta lâminas de diferentes alturas dispostas de forma não ortogonal. Com o deslocamento das barras, o desalinhamento dos edifícios frente às ruas é uma constante. Não se veem linhas paralelas ou ângulos retos. Desaparecem todas as tramas pré-existentes ortogonais, qualquer que fosse a sua orientação (7). Isto permite sugerir que a presença temporária de Hans Scharoun no júri tenha influenciado a escolha por um projeto que privilegiasse composições geométricas de traçado não ortogonal, com uma estrutura de parcelamento implícita (8).
Apesar de no projeto inicial para o Hansaviertel as lâminas apresentarem-se aparentemente todas deslocadas entre si, existem princípios claros que regulam a composição. A proposta vencedora mantém o viaduto do S-Bahn e a Altonaerstraβe como elementos estruturadores do bairro, e acrescenta uma avenida a oeste ao longo do viaduto. Os quarteirões formados entre esta avenida e o rio Spree reconfiguram, de modo implícito, a trama viária existente nesta área antes da destruição. A Altonaerstraβe, única via que teve seu traçado inteiramente conservado, foi duplicada e é o eixo da composição grosso modo simétrica, e ao longo dela foram implantadas barras de 4 a 9 pavimentos (9). A Klopstockstraβe, no trecho hoje denominado de Bartingallee, teve sua parte norte dissipada em direção ao leste e se torna uma rua local; a Händelallee teve seu arco prolongado, enquanto que a Lessingstraβe e a Brückenstraβe, localizada na margem do Tiergarten, desaparecem.
O arranjo arquitetônico de geometria não ortogonal foi esclarecido por Jobst e Kreuer no memorial descritivo do concurso: “Os edifícios estão planejados para serem colocados naturalmente livres em uma baia que se abre para o Tiergarten, e devem se apresentar, através dessa ‘falta de obrigação’, como uma expressão de claro contraste contra os edifícios construídos ditatorialmente” (10). O projeto e o memorial descritivo constituem um manifesto moderno – e ocidental – de ambições de liberdade no plano do urbanismo e no plano da oposição política às construções de Hitler e às socialistas.
Ao relacionar seus edifícios Zeilenbau com o espírito de paisagem identificada com Hans Scharoun e não com uma organização ortogonal, Jobst e Kreuer estavam integrando não só a base derivada das figuras de Gropius e Breuer, como também o modelo dos edifícios de Grindel e a teoria e a estética do racionalismo exposto por Gropius e Corbusier ao modelo de paisagem urbana de Scharoun. Este modelo de Scharoun tem especial consideração pela ordem urbana e espacial, e compreende o significado da metáfora política – plenamente enquadrada na discussão ocidental contemporânea – entre o racionalismo e a paisagem urbana: racionalismo responde por progresso, enquanto que paisagem urbana responde por liberdade. Em termos tipológicos, esta relação contrapõe-se à herança nazista e à vizinhança comunista. Em termos metafóricos, a liberdade de implantação dos edifícios numa paisagem urbana equacionada como parque coletivo se equipara à liberdade individual numa sociedade aberta, em harmonia com a natureza (11).
As modificações no projeto vencedor e o plano final
A decisão tomada pelo Senado de Berlim em 1953 de conectar a reconstrução do Hansaviertel com uma Exposição Internacional de Arquitetura conduziu a modificações no projeto premiado, já que o plano de Jobst e Kreuer não permitia uma real demonstração do cenário da arquitetura habitacional moderna; faltavam tipologias essenciais, como torres, barras baixas e conjuntos de casas-pátio. Assim, foi reivindicada uma diversificação tipológica que demonstrasse as diferentes possibilidades de habitar em uma cidade moderna, bem como permitisse a acomodação de uma maior variedade funcional a partir da implantação de equipamentos urbanos, como comércio, escola, biblioteca, igrejas e jardim de infância.
O projeto premiado no concurso não atendia a todos estes condicionantes; assim sofreu, inicialmente, com o consentimento e participação de Gerhard Jobst, diversas modificações antes de sua execução. Em uma segunda etapa, o plano foi reformulado sob a coordenação de Otto Bartning.
A primeira versão apresentada por Gerhard Jobst após o concurso, em abril de 1954, mantém uma configuração semelhante com a versão premiada; porém, aqui, a área de intervenção havia sido reduzida e limitada pela área compreendida entre o parque e a elevada – a área entre a elevada e o rio foi suprimida. Já no plano seguinte, apresentado ainda em 1954, mesmo não renunciando à ideia de que as barras configuram dois semicírculos abertos em direção ao Tiergarten, Jobst planeja agora uma clara mistura de diferentes tipologias, agregando conceitos utilizados pelos autores das propostas classificadas em 2º e 3º lugar no concurso de 1953: de Kurt Kurfiss foi agregada a série de torres, que ecoa a experiência de Roehampton; de Ruegenberg e van Möllendorf as ideias para um centro comercial na Hansaplatz; e de Thiele e Wittig o tapete de casas – que, por outro lado, revelou algo do projeto de Hans Scharoun para as células habitacionais de Friedrichshain.
Como novos elementos urbanos, Jobst introduz, além de barras de alturas variadas, duas torres – uma junto ao acesso sudoeste, nas proximidades da futura Straβe des 17. Juni, e a outra junto à Hansaplatz. Além disso, na Hansaplatz foi criado um centro comercial conectado com uma estação de metrô, e foi planejada uma passarela de pedestres sobre a Altonaerstraβe. Com isso, Jobst alcançou um maior número de unidades residenciais e uma maior diferenciação tipológica entre os edifícios.
O plano desenvolvido por Jobst serviu de base para todas as considerações e reflexões posteriores. Contudo, entre o final de 1954 e fevereiro de 1955, o plano toma outro caminho, sendo então desenvolvido sob a direção de Otto Bartning. O resultado da intervenção de Bartning foi apresentado na primeira conferência de arquitetos, realizada em dezembro de 1954, quando foram definidos os novos conceitos do concurso e as reformulações a serem implantadas no projeto de Jobst. A redução da área de abrangência da exposição, já indicada por Jobst em 1954 ao eliminar a área compreendida entre o viaduto do S-Bahn e o rio Spree, foi mantida, e assim a área de intervenção confirmou-se limitada à parte sul da elevada. A partir de sugestão do arquiteto holandês J. B. Bakema foi realizada uma reorganização espacial dos edifícios que, originalmente concebidos a partir de uma composição não ortogonal, passaram a encontrar-se organizados ortogonalmente. No lugar da até então prevista variedade de inclinações e angulações entre os edifícios, passou a dominar uma rigidez fundamentada no ângulo reto. E enquanto elementos como o traçado das ruas, as duas baias voltadas para o Tiergarten, a graduação de alturas com as construções mais baixas implantadas junto ao Tiergarten, as duas torres e o centro comercial junto a Hansaplatz foram mantidos, a articulação não ortogonal do agrupamento central de barras de oito a dez pavimentos foi abandonada em favor de uma composição com predomínio do ângulo reto.
Entre 10 e 12 de fevereiro de 1955, é realizada a última conferência, também dirigida por Otto Bartning, entre a comissão diretora do projeto e os arquitetos participantes, e é apresentada uma maquete com a proposta final. Entre os principais elementos estruturadores, observa-se a sequência encadeada de torres, os dois tapetes de casas, o fortalecimento da articulação ortogonal entre as barras, e um traçado viário baseado no modelo da antiga malha urbana do bairro. Além disso, abdicou-se da predominância das barras, marcante nos planos iniciais.
Foto da maquete da versão apresentada por Otto Bartning em fevereiro de 1955. Nesta versão, a variedade tipológica e a articulação ortogonal já são implantadas; porém, o tapete de casas ainda aparece pouco definido, como mancha, assim como a atual área de barras baixas ao longo do Hanseatenweg. [Fonte: WAGNER-CONZELMANN, Sandra. (2007) Die Interbau 1957 in Berlin. Stadt von Heute – Stadt Von Morgen. Städtebau und Gesellschaftskritik der 50er Janhre. Petersberg: Michael Imhof Verlag GmBH, pág. 48]
Para acolher a contribuição de Kurfiss, 3º colocado no concurso, de implantar uma série de torres acentuando o arco do viaduto S-Bahn ao norte do terreno, a sequência de barras de doze pavimentos foi perdida. Cinco torres de dezesseis pavimentos cada foram projetadas, enquanto que as barras no entorno da Hansaplatz tiveram o gabarito reduzido de doze para oito pavimentos. Estas barras modificaram a configuração da Hansaplatz, agora salientada pelo espaço contínuo resultante do novo traçado da Klopstockstraße.
A maquete de fevereiro de 1955 mostra que, mesmo que o novo traçado viário tenha sido baseado na trama original, parte do tecido histórico das ruas tornou-se irreconhecível. A Lessingstraße e a Brückenstraße foram suprimidas; próximo ao Tiergarten, o percurso da Händelallee foi modificado e a rua recebeu um formato arqueado; e a Klopstockstraße, no trecho onde hoje é conhecida como Bartingallee, teve sua parte norte dissipada em direção ao leste. De acordo com o projeto de 1953, somente a Altonaerstraße teve seu traçado mantido, bem como sua secção duplicada. Ela divide o bairro nas partes norte e sul, e o trânsito de automóveis – cada vez mais frequente e intenso – reforça a divisão da área em dois lados e domina o espaço então concebido como área verde. As ruas residenciais e os caminhos semipúblicos conformam áreas livres de trânsito.
Além disso, apreende-se da maquete que a Klopstockstraβe volta a ser um elemento estruturador, embora o seu traçado tenha sido modificado a norte do cruzamento com a Altonaerstraβe, seguindo então aproximadamente paralela à elevada com o nome de Bartningallee. A Hansaplatz se define com duas barras altas de cada lado da Altonaerstraβe (12) e com duas torres – entre as quais somente a localizada a norte da Hansaplatz, junto ao centro comercial, foi construída.
As alterações implementadas pela equipe de Bartning (13), modificaram significativamente a organização básica das edificações; contudo, o novo plano para o Hansaviertel vai mostrar que o bairro moderno comporta uma maior variedade de tipologias habitacionais – porém agora dispostas numa clara ordem ortogonal, alinhadas com os pontos cardeais e bem mais razoável do ponto de vista da orientação solar. O plano urbanístico, compreendido em 177 hectares de área bruta e 22 hectares de ruas públicas, abriga agora aproximadamente 1.300 unidades habitacionais. A grande diversidade e a proporção de áreas verdes livres resultam em uma baixíssima densidade habitacional, oposta à antiga configuração do bairro, bastante denso. A relação entre áreas edificadas e não edificadas passa de 1:1,5 no antigo Hansaviertel para 1:5,5 na conformação atual.
A construção do empreendimento se conclui somente por volta de 1960. Porém, entre a última intervenção de Otto Bartning e o plano urbanístico efetivamente construído também existem modificações, mesmo que de menor monta. A empresa construtora eliminou um dos dois tapetes de casas, o localizado junto ao Hanseatenweg e, em seu lugar, ao sul da série de cinco torres e junto à Bartingalle, foram construídos um conjunto de quatro pequenos edifícios – três barras e um edifício de planta central – e a Akademie der Künste, pronta somente em 1960. Ao redor do cruzamento central da Altonaerstraße com a Klopstockstraße, na Hansaplatz, a torre de Klaus Müller-Rehm e Gerhard Siegmann, localizada nas proximidades do pavilhão de exposições na Straße des 17. Juni, o Berlin-Pavillon, hoje ocupado por uma rede de lanchonetes, também desaparece, e o local da torre prevista para ocupar a área ao sul da extremidade oeste da Altonaerstraβe foi destinado exclusivamente à igreja Saint Ansgar. A torre junto ao centro comercial foi mantida, porém teve sua altura reduzida. O centro comercial com edificações com um ou dois pavimentos para lojas, cinema, restaurante, estação de metrô e biblioteca foi estendido para que fossem agregadas funções urbanas adicionais através da implantação da igreja e de um jardim de infância.
Implantação oficial (com algumas pequenas diferenças com relação à versão efetivamente construída). [Fonte: WAGNER-CONZELMANN, Sandra. (2007) Die Interbau 1957 in Berlin. Stadt von Heute – Stadt Von Morgen. Städtebau und Gesellschaftskritik der 50er Janhre. Petersberg: Michael Imhof Verlag GmBH, pág. 50]
Foto da maquete com a versão final do projeto. [Fonte: PETER, Frank-Manuel (2007). Das Berliner Hansaviertel und die Interbau 1957. Erfurt: Sutton Verlag GmbH, pág. 4]
Foto da maquete com a versão final do projeto. [Fonte: WAGNER-CONZELMANN, Sandra. (2007) Die Interbau 1957 in Berlin. Stadt von Heute – Stadt Von Morgen. Städtebau und Gesellschaftskritik der 50er Janhre. Petersberg: Michael Imhof Verlag GmBH, pág. 51]
No entanto, a maior parte do plano urbanístico efetivamente construído já estava presente na concepção de Bartning. A Girafa, localizada próximo à estação de metrô Tiergarten, anuncia a entrada do conjunto pela Klopstockstraβe e conforma a paisagem urbanística dominante na margem sul do bairro. À oeste da Klopstockstraβe localiza-se a série de barras de quatro andares (que foi reduzida de cinco para quatro barras, já que a barra mais próxima ao Berlin-Pavillon, com projeto de Alexander Klein, de Israel, não foi construída) que acompanham o viaduto do S-Bahn, e tem projetos de Hans Christian Müller, Günther Gottwald, Wassili Luckhardt e Hubert Hoffmann, e Paul Schneider-Esleben. Já na área compreendida à leste da Klopstockstraβe e ao sul da Altonaerstraβe localiza-se a Händelallee, alça maior que compreende um largo triangular e duas barras altas – com projetos de Walter Gropius e Pierra Vago – ocupando os catetos do triângulo, todos voltados para a progressão ritmada das quatro barras do outro lado da Klopstockstraβe.
A ideia de Jobst e Kreuer de configuração de dois semicírculos abertos para o Tiergarten, conformados por barras de oito a dez pavimentos – com projetos de Egon Eiermann, Oscar Niemeyer, Frtiz Jaenecke e Sten Samuelson, Werner Düttmann, Alvar Aalto, Walter Gropius e Pierre Vago – organizados com ângulos retos e deslocados entre si se mantém, porém somente como vestígio; a situação de portão que a relação dos edifícios de Niemeyer e Jaenecke-Samuelson conforma com a Altonaerstraβe também é conservada. Mais em direção ao oeste, resguardados por três destas barras – as de Vago, Aalto e Jaenecke-Samuelson –, se sucedem três grupos de casas térreas, sendo dois – um com projetos de Günther Hönow, Sergius Ruegenberg e Wolff von Möllendorf e Sep Ruf, e o outro com projetos de Joahannes Krahn, Alois Giefer e Hermann Mäckler, Gerhard Weber e Arne Jacobsen – acessíveis por caminhos semipúblicos sem saída, e o terceiro – com projeto de Eduard Ludwig – acessível pela própria alça maior.
Do outro lado da Händelallee, a sul, dentro do parque, a igreja se implanta articulada com a passagem de pedestres que se localiza entre os dois primeiros grupos de casas citados, e se encerra em largo junto à estação de metrô e à biblioteca. Este largo é limitado também pelos edifícios de Aalto e Janecke-Samuelson. Em direção ao leste, acessível pela Altonaerstraβe, encontra-se a Eternit Haus, edifício de três pavimentos com sete casas conjugadas e projeto de Paul Baumgarten.
Ao norte da Altonaerstraβe encontra-se o Hanseatenweg, alça menor ao longo da qual estão implantados, no lado sul da Bartningallee, o conjunto de quatro pequenos edifícios de três andares cada sem elevador – com projetos de Otto H. Senn, Kay Fisker, Max Taut e Franz Schuster –, a Akademie der Künste – com projeto de Werner Düttmann – e duas barras de eixo norte sul – com projetos de Oscar Niemeyer e Egon Eiermann –, uma junto à Altonaerstraβe, a outra junto à Klopstockstraβe, mais avançada em relação ao cruzamento das duas avenidas; ambas limitam um grande largo gramado na esquina leste do cruzamento que dá forma à Hansaplatz. Ao norte da Bartningallee está a progressão ritmada de cinco torres de quinze a dezesseis pavimentos – com projetos de Luciano Baldessari, J. H. van den Broek e J. B. Bakema, Gustav Hassenpflug, Raymond Lopez e Eugène Beaudouin, e Hans Schwippertt. Esta série, que acompanha a curva do viaduto do trem, foi igualmente mantida do projeto de Bartning. A unidade de habitação de Le Corbusier, construída por ocasião da exposição, é implantada em área afastada ao Tiergarten, junto ao Estádio Olímpico e à floresta de Grünewald.
A Hansaplatz se reforça como centro do empreendimento, com os edifícios limítrofes circundando em duas camadas a cruz configurada pelas duas avenidas. A camada interna comporta edificações baixas de um só andar em três quadrantes: a igreja/ jardim de infância a oeste e o centro comercial/ estação de metrô a norte e a biblioteca/estação de metrô a sul. A camada externa compreende as barras altas e a primeira torre. A praça é uma figura composta. Em planta, equivale à associação de um quadrilátero rotado com fragmento do quadrilátero maior em que se inscreve, com vértice sobre a Altonaerstraβe a leste. Volumetricamente, a praça se demarca desde a trama viária como uma série de portais, o principal dos quais constituído pelas duas barras altas junto à Altonaerstraβe, dispostas ortogonalmente entre si e a 45º em relação à avenida. Aquela a sul se adjudica aos sócios Fritz Jaenecke (alemão) e a Sten Samuelson (sueco), aquela a norte se adjudica a Niemeyer. Aalto ganha a barra que forma portal com a igreja da Hansaplatz e se opõe à dos suecos. O alemão Egon Eiermann ganha a barra que forma portal com a primeira torre, vizinha à de Niemeyer. O outro par de barras altas, interno a Händelallee, é adjudicado a Gropius e TAC e a Pierre Vago, esta perpendicular à alça e a outra paralela (14).
Com isso, as maiores margens junto ao Tiergarten foram ocupadas com edificações baixas, que, além de permitirem uma maior ligação visual com o parque, são responsáveis pela transição entre as áreas construídas do bairro e as áreas verdes do parque. Além disso, tanto as barras de quatro pavimentos que acompanham o viaduto do S-Bahn ao longo da Klopstockstraße, quanto as cinco torres que seguem a curva do viaduto até a estação Bellevue formam sequências que dão ritmo à composição. Com a introdução das barras e torres, a densidade desejada seria alcançada ao mesmo tempo em que uma maior quantidade de áreas verdes seria liberada.
O plano final para o Hansaviertel é uma composição sofisticada, que utiliza de maneira inteligente a articulação axial, a simetria, a série, a inversão e a erosão da geometria elementar (15). À variedade dos tipos de habitação, que acabou por exemplificar as alternativas que se apresentam para habitar em uma cidade moderna, se soma uma variedade de espaços definidos por esses tipos – a praça composta, os largos fechados de três ou dois lados gramados e/ou pavimentados, as ruas sem saída, os caminhos.
Legenda: Edifícios projetados por ocasião da Interbau.
1 – Hans Christian Müller
2 – Günther Gottwald
3 – Wassili Luckhardt e Hubert Hoffmann
4 – Paul Schneider Esleben
5 – Bezriksamt Tiergarten, Amt Für Hochbau
6 – Willy Kreuer
7 – Ernst Zinsser e Hansrudolf Plarre
8 – Luciano Baldessari
9 – Joahannes Hendrik Van Den Broek e Jacob Berend Bakema
10 – Gustav Hassenpflug
11 – Raymond Lopez e Eugène Beaudouin
12 – Hans Schwippert
13 – Werner Düttmann
14 – Otto H. Senn
15 – Kay Fisker
16 – Max Taut
17 – Franz Schuster
18 – Egon Eiermann
19 – Oscar Niemeyer
20 – Fritz Jaenecke e Sten Samuelson
21 – Werner Düttmann
22 – Alvar Aalto
23 – Pierre Vago
24 – Walter Gropius, Tac e Wils Ebert
25 – Klaus Müller-Rehm e Gerhard Siegmann
26 – Ludwig Lemmer
27 – Paul G. R. Baumgarten
28 – Eduard Ludwig
29 – Arne Jacobsen
30 – Gerhard Weber
31 – Alois Giefer e Hermann Mäckler
32 – Johannes Krahn
33 – Sergius Ruegenberg e Wolff Von Möllendorf
34 – Sep Ruf
35 – Günther Hönow
Edifícios projetados após a Interbau:
36 – Klaus Kirsten
37 – Klaus Kirsten
38 – Bodamer E Berndt
No entanto, o arranjo espacial da construção deixa de ser "orgânico". Além da disposição dos edifícios numa trama ortogonal justificada pela orientação solar – fato que demonstra influência da doutrina que ganhou força nos anos 20, que sugere como adequado implantar os edifícios com seu comprimento maior no sentido norte-sul, de modo a garantir que todos os apartamentos estejam orientados para o leste e/ ou para o oeste –, o seu desalinhamento em relação à trama viária não é uma regra. A liberdade de sua implantação é relativa, ainda mais quando considerada a trama de parcelamento implícita definida pelo desenho dos caminhos e vias veiculares internas. Não há homologia entre configuração da rua e da edificação, a regra no quarteirão tradicional edificado perimetralmente, mas sobra coordenação entre o projeto dos edifícios e o projeto dos espaços abertos. Apesar da inexistência de cercas, caminhos, vias veiculares internas e plantio garantem a distinção entre espaços abertos públicos e semipúblicos ou semiprivados. A coletivização do parque não é a mesma em qualquer de seus pontos (16).
Vista aérea do Hansaviertel em 1962. [Fonte: Berlin Landesdenkmalamt. Senatsverwaltung für Stadtentwicklung. (2007) Das Hansaviertel in Berlin. Bedeutung, Rezeption, Sanierung. Beiträge zur Denkmalpflege in Berlin. Band 26. Berlin: Michael Imhof Verlag, pág. 29]
Diferentes formas de habitar na cidade moderna
De um modo geral, as propostas residenciais modernas apresentaram-se inicialmente como soluções globalizadoras e excludentes entre si, pois ordinariamente não aceitavam a variedade tipológica como base para o seu desenvolvimento conceitual. No entanto, o certo é que nenhuma das propostas de cidade moderna se difundiu de um modo puro e incontaminado, uma vez que admitiam em seus planejamentos uma variedade, tanto tipológica quanto funcional, e, segundo Martí Arís, “(...) esse sentido de hibridização e mestiçagem é hoje a única perspectiva intelectual que adquire sentido e recobra valor operativo“ (17). Assim, é possível afirmar que as materializações das propostas residenciais modernas – que foram, à exceção de Brasília, de um modo geral, extremamente fragmentárias – diferem-se do zoneamento monofuncional da cidade ideal pretendida pela Carta de Atenas.
Desenvolvimento semelhante ocorre com a cidade moderna, livre e democrática pretendida pela Interbau, onde a investigação desenvolvida pelos arquitetos participantes sobre o tema da residência centrou seu foco na diversidade do tipo arquitetônico, vindo esta forma de atuar a tornar-se uma explícita demonstração das diferentes possibilidades de habitar neste modelo de cidade. A proposta para o Hansaviertel, mesmo insistindo na primazia do tipo como elemento fundamental para sua construção urbana, acabou por diferenciar-se da cidade ideal da arquitetura moderna no sentido em que incorpora, em seu plano urbanístico, uma significativa variedade destes tipos arquitetônicos, e não a hegemonia de uma única tipologia. Assim, acaba por explorar a capacidade de uma combinação destes diferentes tipos habitacionais estruturarem a forma urbana.
Assim, a variedade, a heterogeneidade e a riqueza da vida urbana encontraram no Hansaviertel seu ideal de representação. Aqui, ao contrário de um planejamento mais radicalmente baseado na Carta de Atenas, residências unifamiliares de 1 a 2 pavimentos, torres de até 17 pavimentos, barras de 3 a 4 pavimentos e barras de 8 a 10 pavimentos foram colocados lado a lado com comércio, escola, teatro, museu, estação de metrô, biblioteca e igrejas, adquirindo um sentido de conjunto e estando aptas a expressar tanto a multiplicidade da cultura urbana quanto as diferentes possibilidades de se habitar em uma cidade moderna.
notas
[Este artigo tem origem na dissertação de mestrado intitulada “A Interbau 1957 em Berlim: diferentes formas de habitar na cidade moderna”, de autoria de Mara Oliveira Eskinazi, desenvolvida sob orientação da profª. Dra. Claúdia Piantá Costa Cabral e defendida em 2008 junto ao PROPAR/ UFRGS, Porto Alegre, e também no artigo “Niemeyer em Berlim”, de autoria de Mara Oliveira Eskinazi e Carlos Eduardo Dias Comas, publicado na Revista Arqtexto 10/11, 2007, págs. 120-161, PROPAR/ UFRGS, Porto Alegre.]
1
BRAUM, Michael. Berliner Wohnquartiere. Ein Führer durch 70 Siedlungen. Berlim, Dietrich Reimer Verlag GmbH, 2003, p. 9-13.
2
Desde o século XIX a Alemanha faz diversas exposições de arquitetura e urbanismo, na maioria das vezes promovendo o pensamento e a forma de vanguarda, associados ao tema da habitação. Entre as mais brilhantes podemos citar as exposições do Deutsche Werkbund de 1914 em Colônia e a de 1927 em Stuttgart, e a Deutsche Bauausstellung de 1931 em Berlim.
3
DOLFF-BONEKÄMPER, Gabi; SCHMIDT, Franziska. Das Hansaviertel - Internationale Nachkriegsmoderne in Berlin. Berlin, Editora Bauwesen, 1999, p. 15. Tradução livre da autora.
4
O Kollektivplan, plano urbanístico para Berlim realizado por Hans Scharoun, sugeria que formações originais da cidade deveriam ser unidas em faixas ao longo do percurso do rio Spree.
5
O segundo lugar no concurso ficou com a equipe de Kurt Kurfiss. O projeto de Sergius Ruegenberg e Wolff von Möllendorf, o terceiro prêmio, sugere uma referência à linguagem de Hans Scharoun, enquanto que a proposta classificada em quarto lugar, de Richard Gall, de Munique, testemunha uma forte influência de Le Corbusier. Em: DOLFF-BONEKÄMPER, Gabi; SCHMIDT, Franziska, Op. Cit., p. 19.
6
Aqui se pode traçar um paralelo entre os semicírculos que estruturam a composição do projeto urbanístico vencedor do concurso para o Hansaviertel com os crescents georgianos, ou ainda com o Parque Guinle, de Lucio Costa, que, de acordo com Comas, seria “uma surpreendente atualização” do modelo proposto no início do século XIX por George Smith. COMAS, Carlos Eduardo. “Moderna (1930 a 1960)”, In: MONTEZUMA, Roberto. Arquitetura Brasil 500 anos – uma invenção recíproca. Recife, Universidade Federal de Pernambuco, 2002, p. 217.
7
ESKINAZI, Mara Oliveira; COMAS, Carlos Eduardo Dias. “Niemeyer em Berlim”, Revista Arquitexto n. 10/11. Porto Alegre, PROPAR/ UFRGS, 2007, p. 125.
8
A articulação de distintas tramas geométricas na organização de barras residenciais foi experimentada em algumas ocasiões a partir de meados da década de 1920 em bairros habitacionais construídos nas periferias urbanas e é uma constante em boa parte destes projetos. Britz, de Taut e Wagner (1925-27), e Siemensstadt, de Scharoun (1929-31), se constroem com retas e curvas – assim como o Pedregulho de Reidy (1947-53). Linhas quebradas na organização das barras podem ser encontradas em Siemensstadt, em Aluminum City, de Gropius e Breuer (1941-44), ou mesmo no Parque Guinle de Lucio Costa (1943-51).
9
ESKINAZI, Mara Oliveira; COMAS, Carlos Eduardo Dias. Op. Cit., p. 125.
10
JOBST, Gerhard. “Memorial descritivo do projeto enviado para o concurso para a definição do novo arranjo urbanístico do Hansaviertel”, In: DOLFF-BONEKÄMPER, Gabi; SCHMIDT, Franziska, Op. Cit., p. 16-17.
11
ESKINAZI, Mara Oliveira; COMAS, Carlos Eduardo Dias. Op. Cit., p. 125.
12
Idem, p. 126.
13
Idem.
14
Idem.
15
Idem, p. 129.
16
Idem, p. 129-132.
17
MARTÍ ARÍS, Carlos. Las formas de la residência en la ciudad moderna. Vivienda y ciudad en la Europa de entreguerras. Barcelona, Edicions UPC, 2000, p. 48.
bibliografia complementar
Bezirksamt Tiergarten von Berlin (1995). Das Hansaviertel - 1957 - 1993. Konzepte, Bedeutung, Probleme. Berlin: Bezirksamt Tiergarten.
PETER, Frank-Manuel (2007). Das Berliner Hansaviertel und die Interbau 1957. Erfurt: Sutton Verlag GmbH.
SCHULZ, Stefanie; SCHULZ, Carl-Georg (2008). Das Hansaviertel. Ikone der Moderne. Berlim: Braun Verlag.
Senator für Bau- und Wohnungswesen (1957). Interbau Berlin 1957: Amtlicher Katalog der Internationalen Bauausstellung. Berlin: Senator für Bau- und Wohnungswesen.
WAGNER-CONZELMANN, Sandra. (2007) DieInterbau 1957 in Berlin. Stadt von Heute – Stadt Von Morgen. Städtebau und Gesellschaftskritik der 50er Janhre. Petersberg: Michael Imhof Verlag GmBH.
Wiederaufbau Hansaviertel – Sonderveröffentlichung zur Interbau Berlin 57. Volumes 1,2,3, e 4. Darmstadt: Verlag Das Beispiel, 1957.
sobre a autora
Mara Oliveira Eskinazi, arquiteta pela UFRGS (2003/02), mestre em arquitetura pelo PROPAR/ UFRGS (2008), doutoranda pelo PROURB/ UFRJ, e professora assistente na FAU/ UFRJ.