O edifício da FAU USP constitui uma consolidação das proposições realizadas pelo arquiteto Vilanova Artigas ao longo de toda sua carreira de experimentações e pesquisas. Estas buscas de linguagem e organização de espaços de uso caracterizaram-se pela socialização dos ambientes realizada por meio de uma generosidade espacial e de uma “moral construtiva” que ampliaram as possibilidades de convivência, de encontros e de comunicação.
Em 1968, vários de nós, alunos do primeiro ano da FAUUSP ainda utilizando o prédio da FAU Maranhão, solicitamos uma conversa com Vilanova Artigas, para saber como seria o prédio da Cidade Universitária, para o qual nos mudaríamos no início do ano seguinte.
Artigas nos recebeu em seu escritório e relatou, por meio de um desenho, algumas das características que imaginou para a nossa Faculdade.
Não era a primeira vez que nos atendia. Antes de tudo, esta atitude do arquiteto em receber alunos caracterizava muito seus procedimentos e sua preocupação com a nossa formação. Disposto a auxiliar a esclarecer nossas dúvidas e discutir proposições, sempre que o perguntávamos sobre alguma questão, arrumava um jeito de nos auxiliar a compreender o debate para que, de forma livre, tomássemos nossas próprias posições. Lembro que em outras ocasiões já havíamos tido conversas com ele, como por exemplo, sobre o vestibular da FAU USP ou a respeito das propostas de ensino que ocorriam no “Fórum de 1968”.
Com clareza e síntese realizou um croqui à nossa frente por meio do qual expôs, ao mesmo tempo em que traçava generosas linhas, as características espaciais do novo edifício. Algumas delas merecem ser destacadas por manifestarem muitas de suas proposições para espaços para educação.
Iniciou a explanação por meio de um corte no qual destacou a entrada e a distribuição dos ambientes, assim previstas para que os usuários compreendessem o edifício logo ao ingressar . Desenhou o percurso visual e a promenade idealizadas para que se explorasse o interior. A circulação se daria pela sucessão de rampas que atingiriam vários meio pisos que, por sua vez, abrigariam os ambientes do programa.
Nesse primeiro momento, fez-nos atentar para uma entrada (sem portas!) e para o fluxo convidativo por meio de rampas as quais conduziriam aos ambientes dispostos nos vários níveis, a saber: o dos estudantes, museu e restaurante, o da biblioteca, o dos departamentos e ateliê interdepartamental (AI), o dos estúdios e, finalmente mais acima, o dos espaços disponíveis para as aulas.
O programa, assim distribuído, articularia os espaços pelo percurso e amplas visuais observáveis ao circular pelo edifício. Os ambientes, além de conectados ao acesso, estariam em sua maioria voltados a um grande saguão central que propiciaria a interlocução constante entre os usuários e a arquitetura.
Num segundo momento, registrou graficamente seu entendimento sobre o que seria a formação do “sujeito” na escola.
Na mesma folha de papel, ao lado do corte, esboçou por um arranjo dominante na composição arquitetônica funcionalista moderna a qual entendia o edifício como um conjunto formado por meio de blocos correspondentes a funções específicas: galpão de recreio, salas de aula, biblioteca, bloco dos serviços administrativos, bloco dos estúdios, etc. Neste arranjo de genérico de edificação escolar funcionalista, explicou que nesta concepção, o ”sujeito” acabaria por aprender, pensar ou “construir-se”, ora como quem está estudando (por ex. na biblioteca), ora como quem está recebendo informações (por ex. nas salas de aula), ora como quem está projetando (por ex. nos estúdios).
Assim, este “sujeito” acabaria por entender o projeto como uma adição de fragmentos e conhecimentos, coletados por meio de disciplinas ou informações disponibilizadas em separado. Segundo o próprio Artigas, com esta organização espacial, a escola não se disporia para habilitá-lo para a síntese requerida para a compreensão e complexidade da projetação da arquitetura e do urbanismo.
Esta afirmação projetual, observada por Kamita é interpretada como “uma recusa em pensar o edifício como um agregado aleatório e precário de blocos independentes (salas, administração, serviços e pátio) para se decidir por um partido que favoreça a integração orgânica entre os setores” (1). Para nós, entretanto, não se configurava apenas como recusa, mas como afirmação de outras propostas de já visualizadas pelo próprio Artigas e, mesmo anteriormente, incipientemente estruturadas e vislumbradas nos projetos de Reidy (Colégio Brasil-Paraguai, Assunção, 1952) e de Niemeyer (Escola Julia Kubitschek, Diamantina, 1951).
Para afirmar esta proposição, desenhou ao abaixo um edifício (esquematicamente o prédio da FAU) como um bloco único, pelo qual todos os espaços educativos eram integrados, comungando uma mesma espacialidade. Explicou que esta configuração integrada propiciaria à formação dos futuros arquitetos a vivência de uma aprendizagem, enquanto construção de conhecimentos e capacitações para a compreensão das fusões entre arte, técnica, história e sociedade. Assim, continuou Artigas, poder-se-ia habilitar os formandos a realizar sínteses entre saberes e desígnios que ocorrem nos processos de projeto, no ensino e aprendizagem da arquitetura, vivenciar as interlocuções entre ciências e poesia, arte e técnica, entre o real e o utópico, ou seja, a história como ação e projeto humano.
Lembremo-nos dos dizeres de Artigas em seu texto “O desenho”:
"O fazer histórico para o homem comporta dois aspectos. De um lado este fazer é dominar a natureza, descobrir os seus segredos, fruir de sua generosidade e interpretar as suas frequentes demonstrações de hostilidade. Dominar a natureza foi e é criar uma técnica capaz de obrigá-la a dobrar-se às nossas necessidades e desejos. De outro lado, fazer a história é também, como se diz hoje, um dom de amor. É fazer as relações entre os homens, a história como iniciativa humana" (2).
Em seus croquis, também ressaltou as características não miméticas ou figurativas do edifício, fazendo uma referência à pré-existências já ocorrentes na escola como o “laguinho” (a fonte da mansão Penteado), onde, por tradição, eram recebidos os calouros. Revelou o modo pelo qual o transplantou para o prédio da Cidade Universitária. Para isto, desenhou uma super elipse que formatando o “laguinho”, não mais como um local de referências miméticas a espécies da natureza (como “peixinhos”, “aguapés” etc.), concebendo-o como uma “poça d’água“ inserida, como fato urbano no piso de asfalto, bem frente ao acesso principal da Faculdade.
O novo “laguinho” como elemento da arquitetura, embora se referisse à “tradição de um costume”, era concebido em novos sentidos expressivos, como representação de manifestação hodierna para a vida social e urbana, não de fonte como representação mimética da natureza.
Nos croquis destacou a cobertura transluzente, proposta para todos os espaços como se fosse um “céu”, para trazer a luz e “ventilar” nossa formação. Um “cosmos” educativo ao alcance de todos e para todos iluminar.
A proposição poética de entendimento da formação do “sujeito” se realizaria por aprendermos juntos, sob uma mesma luz que banharia percursos e ambientes, todos ascensionalmente atingidos através dos trajetos socioeducativos definido pelas rampas. Trajetos que iluminam o convívio mútuo e a compreensão da arquitetura são observáveis em vívidas experiências de continuidades espaciais realizadas ao longo das obras de Artigas, como caracterizou Rabelo (2005) em seu artigo “Entre o chão e o céu: as rampas de Artigas“ (3) e interpretou João Kamita como relações entre o telúrico e o transcendente (4). Todavia nunca devem ser esquecidas as próprias palavras de Artigas sobre o projeto de arquitetura na cidade:
"Deve haver no projeto urbanístico, no sonho da cidade ideal, a inclusão de alguns parâmetros que talvez não saibamos organizar em termos de modelo para a sociedade. Mas enquanto projeto de um sonho, enquanto gerada pela angústia que exprime o desejo de um céu na terra, a cidade incorporou-se de belíssimos exemplos arquitetônicos" (5).
As explicações do arquiteto, realizadas após sete anos da elaboração do projeto, são aqui trazidas para entender o edifício da FAU USP, como motor central destas conversas sobre “a formação dos espaços de formação”. O edifício, quer por suas qualidades, quer pelo continuado usufruto das gerações que nele se tem formado colocou-se como o mais exemplar dentre os projetos do mestre para escolas, de fato, também reconhecido por Frampton (5) como obra mestra da carreira do arquiteto. Carreira que em termos de projetos de escola incluiu desde a concepção do Ginásio de Itanhaém (1959) e se prolongou até o projeto da EEPG Vila Menk (1978).
No entanto, ainda podemos prolongar esta conversa com outros desenhos que podem completar os dos croquis com que nos explicou o novo edifício da faculdade.
Em “Homenzinhos que se olham” (7), Maria Luiza Correa nos recorda que Jorge Coli citou Viollet Le Duc como uma referência inaugural da utilização da figura humana em tratados de arquitetura, no sentido de expor a compreensão e finalidade dos espaços. Um exemplo deste uso é verificável numa ilustração do “Dictionnaire” (8) levando a entender a relação entre habitante e cidade em uma casa urbana francesa. Este uso da figura humana, povoando os espaços projetados, transformou-se em uma tradição cuja herança é encontrada em muitos desenhos, como nos de Corbusier, Niemeyer, Lucio Costa. Desenhos nos quais, além da relação entre as figuras e os ambientes, habitam outros objetos de uso que retratam o cotidiano: hábitos, automóveis, móveis, livros etc.
No “Caderno de croquis do projeto da FAUUSP” (9), alguns esboços manifestam esta função cognitiva e vivencial do olhar, fazendo-nos perceber como seres sociais, partícipes do mundo, no espaço proposto pela arquitetura e na troca mútua de vivências. A visão dos “homenzinhos que se olham” fica nítida em alguns dos esboços de Artigas, fazendo com que compreendamos intenções de projeto de integração espacial entre homens em si e entre eles e a arquitetura.
Verificamos os mesmos intuitos em outros desenhos de ”espaços de formação”. As relações expressas no croqui do espaço interno da FAU USP. Também nas escolas de Itanhaém (set. 1958) e de Guarulhos (jan. 1961), as perspectivas de apresentação são indicativas destes desígnios . Em ambas, os vãos dos pórticos são elementos convidativos e generosos em relação aos acessos. Em Itanhém, o espaço coberto interno é atingido diretamente e sem portas pelo amplo caminho registrado no piso, assim as pessoas são incitadas a entrar e conversar entre si. Em Guarulhos, as aberturas dos pórticos também realizam estes chamamentos ao diálogo e a conversa entre pessoas, ambientes, percursos. Observamos também nos dois projetos a eliminação da noção de corredores como elementos de circulação, dispondo os trajetos como espaços de sociabilização.
Não se trata de uma aplicação de desenvolvimento linear, mas de projetos de espaços gerados por preocupações que visaram introduzir novas interpretações e proposições. Como considera Julio Katinsky, no caso de transferências de elementos concepção de Itanhaém para Guarulhos:
"Dificilmente alguém poderá deduzir do Ginásio de Itanhaém com seu espaço único, o Ginásio de Guarulhos, no qual, no mesmo espaço, acomoda-se a estrutura, em patamares, suavemente ao terreno, surgindo mais de um piso artificial (laje de serviços) e pés direitos duplos (10).
No edifício da FAU USP estas preocupações se multiplicam. Primeiro, pela possibilidade de formulação do programa e, depois, pela ampliação da complexidade arquitetônica contida em múltiplos agenciamentos e vários tipos de ambientes, pés direitos simples, duplos ou triplos.
Um olhar atento para o “Caderno de croquis” nos conduz a reflexões pelas quais se podem entender as tentativas e ensaios percorridos para o encontro de uma solução. São muitas buscas de agenciamentos, soluções estruturais, formas de acolhimento, implantações, níveis etc. Lições sobre a formação do projeto que não transcorreram de modo direto das proposições anteriores, mas as lançaram em novas configurações.
Com estas breves observações, podemos estabelecer, de forma cuidadosa e não limitada, algumas configurações da arquitetura de Vilanova Artigas em relação à "formação da dos espaços de formação". Notamos:
- articulações entre as generosas circulações, níveis, pátios, ambientes e promenades. Tudo variando e se arranjando, eliminando-se a noção específica de circulação por corredores que são trocados por amplos acessos vistos como varandas internas, voltadas para ambientes comuns, os pátios ou galerias;
- o protagonismo da estrutura na definição da arquitetura, sobretudo pela utilização de pórticos e caráter de exoesqueleto;
- scessos diretos em relação à cidade ou ao entorno observáveis pelos vãos protagonizados pela estrutura (nunca devemos esquecer que o grande pátio central (conhecido como Salão Caramelo) se ligaria pelo “corredor das humanas“ ao prédio das faculdades das humanidades no campus culminado no prédio da História e Geografia;
- continuidade espacial assegurada pela cobertura única, dentro da qual o terreno também se movimenta para acolher os ambientes, os percursos.
- cobertura com claraboias permitindo a entrada da luz externa: Guarulhos (jan. 1961), FAU USP (jun. 1961), Utinga(1962), Doze de Outubro(jun. 1962) e Santos (jul. 1968);
- constituição de grandes pátios (ou salão central) pelos quais se promove a integração visual entre os ambientes e usuários.
Poderíamos adicionar outras características, como os desenhos dos apoios (colunas) sempre cuidados no sentido de expressarem como as cargas são recebidas e suportadas além se sofrerem transformações em função dos níveis do terreno e dos elementos que sustentam. Essas características se complementariam com as elencadas por Fábio Valentim em Casas para o ensino: as escolas de Vilanova Artigas (11) e no texto O programa escolar e a “escola paulista” (12), de Guilherme Wisnick.
O quadro de relações se expandiria também se verificássemos como estas espacialidades também se realizam por meio de transferências de experimentações, realizadas por Artigas nos seus projetos. Vários autores discorrem sobre isso, como os extensos trabalhos de Thomaz (13) sobre os projetos construídos e no trabalho de Tagliari sobre os projetos residenciais não construídos (1941 a 1981). Neste último, a autora ao observar várias proposições, no decorrer do longo percurso do arquiteto, verificou a construção de uma linguagem a partir de vários experimentos (embora analisando sua obra residencial) ressalta, em uma das suas considerações finais:
"O que notamos são experimentações constantes, em vários períodos, criação de novos partidos ou retomadas de partidos anteriores, mas num percurso de realização de projetos norteado pelo conceito de criar ambientes que propiciem relações humanas, a harmonia , respeito, comprometimento e a socialização dos indivíduos" (14).
Interessa-nos notar a “erudição” verificável no desenvolvimento e nas soluções marcantes definidas pela cognominada “caixa paulista”. Nela a “formação dos espaços“ de formação com os ambientes internos dispostos num aparentemente volume delimitador que sugeriria um conjunto de espaços uniformes ou simétricos, não se configura pela uniformidade e se afirma pela diversidade.
Artigas declarou que não realizou sozinho esta trajetória, acompanharam-no vários colegas, suas obras sobre os espaços de formação registraram vários desdobramentos. Devemos recordar o que afirmou André Alves em sua tese sobre as escolas projetadas em São Paulo, entre 1959 e 1962:
"Os impactos dos projetos de Vilanova Artigas junto aos setores de jovens arquitetos , alguns dos quais já haviam projetado prédios escolares em fins de 1959, se faz sentir já na primeira metade de 1960. O segundo projeto elaborado por Maurício Tuck Schneider para o IPESP... para o 2º Grupo Escolar de Taquarituba é um dos primeiros, senão no primeiro, em que esta influência se faz presente" (15).
E na continuidade de sua análise:
"Como se verá a frente, alguns projetos retomarão ao final da produção promovida pelo IPESP não somente a forma prismática dos prédios de Vilanova Artigas, como também principalmente dados meramente formais como o formato trapezoidal de seus pilares. Antes, porém, arquitetos como Alfredo Paesani, Maurício Tuck Schneider, Fábio Penteado, Luis Forte Neto e José Maria Gandolfi, partindo das propostas iniciais de Artigas, as desenvolvem em diferentes aspectos que merecem ser mais profundamente conhecidos" (16).
No edifício da FAU USP, os ambientes contidos comparecem de tal forma articulados e sem nenhuma simetria especular, cada qual expondo sua peculiaridade. Tudo ocorre como se uma expansão centrífuga fosse habilmente contida numa estrutura de simetria. Imaginar como esta configuração ocorreu como se a distribuição centrifugante da casinha (1942) e da residência Rio Branco Paranhos (1943) fossem reorientadas para serem contidas num volume de estrutura geométrica bem definida. Como se esta rigidez intimista se abrisse, em seus pórticos e exoesqueletos, para o coletivo e o urbano como já declarado no Edifício Louveira (1946).
As expressões arquitetônicas são muitas, mas daqueles desenhos podem ser extraídas várias considerações sobre as concepções propostas e realizadas na trajetória dos espaços projetados por Artigas para educação, ou melhor, para a formação. Ao tratar do tema, pensamos como arquitetos, nas qualidades dos ambientes destinados à construção e transmissão dos saberes e capacitações, atuais e futuras de uma determinada sociedade.
Coloquemos dois posicionamentos: ao projetar espaços para a formação pode-se entendê-los esquematicamente de modo diferenciado, ora como instrumentos disponíveis, propiciadores de transformações, mudanças e em alterações nas relações sociais, ora como meramente destinados a ações voltadas ao crescimento da reprodução da sociedade.
Os espaços de formação podem ser apenas ambientes de reprodução das relações sociais, pois “formação” pode se entender como cita Houaiss: “por (-se) em ordem determinada ordem” (17) como na expressão: “Formações Romanas eram colunas de forma retangular com os legionários. Cada coluna possuía certo número de linhas que se diferenciavam por estarem mais próximas do inimigo, na vanguarda, ou mais distantes destes, na retaguarda” (18).
Em certa oposição a este entendimento de formação “como um treinamento correspondente a determinada “ordem”, outras interpretações podem se manifestar entendendo-a enquanto ato de “criar” alguma coisa por meio de um processo, quando dizemos, por exemplo: “a formação do Universo”. Ou ainda na acepção mais direta de “formação” como: maneira pela qual a pessoa é criada, tudo que lhe configura o caráter, sua criação, sua educação, como observável na frase: “uma pessoa de boa formação”.
Educação por sua vez advém do latim educare, educere, que significa literalmente “conduzir para fora” ou “direcionar para fora”, educare é composto pela união do prefixo ex, que significa “fora”, educere, que quer dizer “conduzir” ou “levar”. Direcionar para fora se emprega no sentido de preparar as pessoas para o mundo e viver em sociedade, ou seja, conduzi-las para fora de si mesmas, posicionando-as para construir socialmente.
A noção de modelar espaços para a formação intrinsicamente se constitui num ato de criação (formação) de espaços para “educar“ para a vida em sociedade, ou seja, proporcionar espaços para a humanização do mundo.
Visitar Vilanova Artigas, receber seus croquis, entender os espaços de nossa formação é perceber a extensão e possibilidades de multiplicá-los. É constatar a maturidade com que construiu sua linguagem, formou sua interpretação dos espaços para nossa formação.
Formar para criar, lição que aprendemos no cotidiano do prédio da FAU.
Incentivar nossas indagações para desenhar a humanização das nossas sociedades.
Aprender que nossas buscas, como as de Vilanova Artigas, em seu conjunto de projetos, ocorrem por meio de vários ensaios, realizações e experimentos, proposições em relação à técnica, à compreensão das necessidades sociais, a proposições de novos desígnios, à busca de poéticas do construir e a afirmação das possibilidades comunicativas e educativas da arquitetura.
notas
NA – Este artigo originou-se de palestra realizada na FAU USP durante a semana. As datas dos projetos foram retiradas das pranchas de desenho existentes no acervo da Biblioteca da FAU USP conforme Fábio Rago Valentim.
1
KAMITA, João Massao. Vilanova Artigas. São Paulo, Cosac Naify, 2000, p. 27.
2
Trata-se de citação retirada do texto “O Desenho” que se originou de aula inaugural ministrada para a FAU USP em 1967- texto divulgado em muitas publicações e consolidado em ARTIGAS, João Batista Vilanova. Caminhos da arquitetura. São Paulo, LECH, 1981, p. 40-41.
3
Neste artigo Clevio Deivas Nobre Rabelo. Entre o chão e o céu: As rampas e o céu. Texto apresentado no 6º Seminário Docomomo, Moderno e Nacional - arquitetura e urbanismo (2005). Descreve a trajetória da rampa como elemento arquitetônico utilizado na arquitetura moderna brasileira e desenvolvido como elemento estruturador da circulação e poético na obra de Artigas.
4
João Kamita em seu livro traça uma significativa leitura das relações entre o chão e os percursos e espaços das obras de Artigas. Ver em KAMITA, João Masao. Op. cit.
5
ARTIGAS, João Batista Vilanova. Caminhos da arquitetura (op. cit.), p. 121.
6
FRAMPTON, Kenneth. Vilanova Artigas and the School of São Paulo. 2G, n. 54, Barcelona, Gustavo Gilli, 2010, p. 7.
7
CORRÊA, Maria Luiza. Homenzinhos que se olham. In ALBUQUERQUE, Roberto Portugal (org.). Cadernos de riscos originais: projeto do edifício da FAUUSP na Cidade Universitária. São Paulo, FAU USP, dez.1988, p. 19-32.
8
VIOLLET LE DUC, Eugène. Dictionnaire rasonné de l’architectura française du XIe au XVI siècle. Paris, Bance-Morel, 1854-1868.
9
ARTIGAS, João Batista Vilanova. Cadernos de riscos originais: projeto do edifício da FAUUSP na Cidade Universitária (op. cit.).
10
KATINSKY, Julio Roberto. Vilanova Artigas - invenção de uma arquitetura. In Catálogo da Exposição Vilanova Artigas. São Paulo, Instituto Thomie Ohtake, 2003, p. 71.
11
VALENTIM, Fábio Rago. Casas para o ensino: as escolas de Vilanova Artigas. Dissertação de mestrado. São Paulo, FAU USP, 2003.
12
WISNIK, Guilherme. O programa escolar e a formação da “escola paulista. In Arquitetura Escolar Paulista: anos 1950e 1960. (orgs.) FERREIRA, Avany de Francisco; MELLO, Mirela Geiger de. São Paulo, FDE/DOS, 2006, p. 59-68.
13
THOMAZ, Dalva Elias. Artigas: a liberdade na inversão do olhar; modernidade e arquitetura brasileira. Tese de doutorado. São Paulo, FAU USP, 2005.
14
TAGLIARI, Ana. Os projetos residenciais não-construídos de Vilanova Artigas em São Paulo. Tese de doutorado. São Paulo, FAU USP, 2012, p. 394.
15
ALVES, André Augusto de Almeida. Arquitetura escolar paulista 1959-1962: o Page, o IPESP e os arquitetos modernos paulistas. Tese de doutorado. São Paulo, FAU USP, 2008, p. 292.
16
ALVES, André Augusto de Almeida. Op. cit., p. 294.
17
HOUAISS, Antonio; VILAR, Mauro Salles. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Objetiva, 2001, p. 1373.
18
Verbete: "Formações romanas" <https://pt.wikipedia.org/wiki/Forma%C3%A7%C3%B5es_romanas>
sobre o autor
Rafael Antonio Cunha Perrone é livre docente pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo - FAU USP.