Localizados nas proximidades da avenida 23 de Maio, na região central da cidade de São Paulo, estão os Arcos do Bixiga, ou Arcos do Jânio, ou Arcos da rua Jandaia, ou ainda Arcos dos Calabreses. Hoje em dia eles são considerados um importante monumento paulistano, tombados desde 2002 pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo – Conpresp e associados à memória da imigração em uma região da cidade – o bairro do Bixiga – culturalmente conhecido pela forte presença da comunidade italiana.
Contudo, originalmente os arcos não foram edificados com intenção monumental. Autorizada pelo poder público municipal em 1908, e realizada em sua maior parte entre os anos de 1911 e 1913 (com exceção do parapeito, concluído provavelmente em 1921, como veremos mais adiante) a construção ocorreu em função da necessidade de um muro de arrimo que contivesse o desnível entre as atuais ruas Jandaia e da Assembleia.
Em poucos anos, o muro, uma estrutura arquitetônica de cerca de 220m, formada por 21 módulos em arcos separados por pilastras, acabou coberto por uma fileira de sobrados e outras edificações que ocuparam toda sua extensão e tornaram impossível sua observação a partir da rua. Embora não seja possível estabelecer com precisão a data de construção destes prédios, é possível supor que pouco depois de 1930 a fileira já estava erguida, pois nessa época começam a surgir de forma sistemática anúncios de aluguel desses imóveis nos jornais da cidade. A partir daí os Arcos ficariam ocultos por cerca de sessenta anos, até que o arrasamento das construções pela Prefeitura, em 1987, durante a gestão do prefeito Jânio Quadros (1986-1988), os trouxe de volta à luz.
A história dos Arcos do Bixiga, contudo, bem como das construções que por seis décadas os esconderam, é repleta de vazios, falsas crenças e imprecisões. No imaginário urbano e na memória coletiva da cidade, a versão que mais circula é a de que os Arcos seriam representativos de técnica construtiva tradicional trazida a São Paulo no século 19 por artesãos calabreses, que teriam sido responsáveis, inclusive, pela produção artesanal dos tijolos, o que justificaria seu status de patrimônio cultural paulistano. Tal versão é reforçada pelo próprio nome com que, em 1992, foi batizado oficialmente o logradouro onde eles se encontram: “Praça dos Artesãos Calabreses”, em homenagem àqueles que os teriam construído.
O propósito deste artigo é reconstituir, até onde possível, a história dos Arcos ao longo das cerca de oito décadas que se passaram desde seu projeto e construção até a sua “redescoberta” e monumentalização. O artigo se baseia em pesquisa em fontes documentais, que incluíram a legislação municipal da cidade de São Paulo, arquivos públicos e arquivos digitalizados de jornais da cidade. Os dados obtidos dessas fontes permitiram organizar um relato histórico que em grande medida desmente as versões do imaginário urbano, e que para efeitos expositivos se encontra dividido em três períodos: o do projeto e construção dos arcos (1908-1921), o de seu “esquecimento” (1930-1987) e o da “redescoberta” e monumentalização (1987-2002).
1908-1921: projeto e construção
Então conhecido pelo nome de Travessa da Assembleia, nos últimos anos do século 19 o local dos atuais Arcos do Bixiga era alvo de constantes reclamações, que podem ser encontradas em uma busca simples nos arquivos de jornais da cidade (1), relacionadas a más condições de limpeza, bem como problemas de iluminação e conservação da via.
Na “Planta Geral da Cidade de São Paulo”, elaborada em 1905 pelos engenheiros Alexandre Mariano Cococci e Luiz Fructuoso Costa para a Prefeitura, nota-se a presença da então travessa e a inexistência da atual rua Jandaia, que hoje corre paralela, em nível mais elevado e apoiada nos Arcos. Datam dessa mesma época, mais especificamente de 1904 e 1907, os primeiros melhoramentos no local, implicando a desapropriação e demolição de algumas edificações para o alargamento (2) e prolongamento (3) da rua.
Em 1908, a Prefeitura, chefiada por Antônio da Silva Prado, solicitou à Câmara Municipal o aval da Comissão de Obras e de Finanças para uma despesa de 17:210$420 (dezessete contos, duzentos e dez mil e quatrocentos e vinte réis) destinada à construção de um “muro de revestimento” na travessa da Assembleia (4). Um ano depois, era aberta concorrência pública para a execução do serviço (5). Embora muito seja dito hoje a respeito de os arcos terem sido construídos com técnicas tradicionais por imigrantes calabreses instalados na região, não foi possível encontrar qualquer informação a respeito da origem ou nacionalidade dos operários que realizaram a obra.
O arquiteto e professor da Faculdade de arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo – FAU USP, Carlos Lemos, em declaração dada em 1987, atribuiu à “redescoberta” dos arcos, nos anos 1980, a confusão criada acerca de sua construção, que foi nesse momento associada à comunidade italiana. Ainda que os pedreiros e demais trabalhadores empregados na construção do muro tenham eventualmente nascido na Itália, o muro não foi feito com alguma técnica especificamente italiana ou calabresa, e sim em concreto armado, com revestimento de tijolos sílico-calcários (6).
Embora o projeto original do muro – datado de 15 de julho de 1908 e assinado pelo engenheiro Adolpho Graziani, da Diretoria de Obras Municipais, por encomenda da Prefeitura – previsse a construção de um “muro de alvenaria de pedra com argamassa de cal hidráulica e areia”, dividido em cinco seções separadas por colunas, sem arcos (7), a obra acabou executada com outra técnica, outro material e outros aspectos estéticos, indicando drásticas alterações no projeto inicial ou a existência de um segundo projeto.
Estudo do arquiteto Nestor Goulart Reis Filho, também professor da FAU USP, levantou a hipótese de que os arcos tenham sido projetados por Hyppolito Gustavo Pujol Júnior, por ser este um dos pioneiros da técnica do concreto armado no Brasil, atuante no mesmo período (8). Entretanto, em nossa pesquisa foi possível identificar outro nome: entre 1912 e 1913, o jornal Correio Paulistano noticiou autorizações de pagamento de quantias de 1:190$000, 21:131$223, 3:742$082 e 31:362$400 (9), ao engenheiro Christiano Machado, da firma Haupt e Comp., pelo serviço de movimentação de terras e execução das obras de construção do muro de arrimo durante o segundo semestre daquele ano. Machado era um conhecido engenheiro, envolvido tanto na elaboração de projetos (10) quanto na execução de grandes obras públicas (11), principalmente no interior de São Paulo, fato que sugere a possibilidade de a obra ter sido projetada e executada por ele. Além disto, o Relatorio de 1911 Apresentado á Camara Municipal de São Paulo, assinado pelo prefeito Raymundo Duprat, confirma os nomes dos engenheiros Christiano Machado, responsável pela obra de construção do muro, e Mauricio Rosa, engenheiro da Diretoria de Obras Municipais, responsável pela fiscalização (12).
Quanto ao material utilizado na construção, apesar da crença, bastante disseminada no imaginário popular (13), de que os tijolos utilizados na obra foram fabricados pelos próprios mestres italianos que teriam atuado na construção dos arcos, é possível identificar pela análise de documentos oficiais e jornais da época que, na verdade, a Companhia Paulista de Tijolos Calcareos (14), a Companhia Materiaes (15) e a Haupt e Comp. (16) foram as empresas responsáveis pelo fornecimento dos materiais para a construção dos arcos. Segundo a publicação Melhoramentos da Capital 1911-1913, editada pela Prefeitura, o muro é constituído por concreto de cimento e tijolo sílico-calcário, que “simultaneamente, serviu de cofragem ao concreto e de paramento, dispensando trabalhos de reboco, que não teria melhor aspecto e seria, seguramente, de conservação precária” (17).
Longe de serem produzidos artesanalmente pelo engenho de mestres calabreses segundo sua cultura tradicional, os tijolos sílico-calcários eram uma inovação na São Paulo das primeiras décadas do século 20, surgindo como concorrentes aos tijolos de argila, comumente utilizados até então. A origem desse material não se deu na Itália, mas sim na Alemanha, como se lê em artigo publicado à época em revista especializada:
“Não há muitos anos, surgiu para os tijolos de argila um concorrente poderoso na do sílico-calcário, que se propagou rapidamente nos Estados Unidos e principalmente na Alemanha, onde se originou. No Brasil será muito rendosa nos lugares em que o preço da cal e da areia forem pouco elevados, e além disso, em centros de certa importância que possam dar escoamento a uma produção mínima de 6 mil tijolos diariamente. É uma indústria que oferece reais vantagens” (18).
Ainda segundo a publicação Melhoramentos da Capital 1911-1913, já mencionada, a conclusão dos arcos estaria prevista para o ano de 1913. Contudo, diversas reclamações de cidadãos em jornais indicam a ocorrência de uma série de atrasos quanto ao cumprimento dos prazos, a partir de 1914 (19). O calçamento da obra só foi concluído em 1915 (20) e o parapeito provavelmente em algum momento de 1921, visto que a última concorrência pública aberta para sua conclusão é datada de janeiro daquele ano (21).
1930-1987: seis décadas de esquecimento
Com base em fotografias e anúncios de jornais, é possível inferir que, ao final da primeira metade da década de 1930, o terreno existente entre o muro e a rua da Assembleia já estava quase completamente ocupado por sobrados que, com seus fundos voltados para os arcos, acabaram encobrindo-os. Datam de 1930 os primeiros anúncios publicados de forma sistemática em jornais da capital, oferecendo “na rua da Assemblea” casas de três e quatro dormitórios, novas e limpas, “perto do centro” para aluguel, aparentemente voltadas a famílias de classe média (22).
Depois da construção das casas e do consequente desaparecimento dos arcos, somente em 1965 e 1967 a região volta a chamar a atenção. O que desencadeia este retorno ao debate público é um novo projeto elaborado pelo Departamento do Urbanismo da Prefeitura, enviado à Câmara Municipal pelo prefeito José Vicente de Faria Lima (1965-1969). O projeto propõe uma modificação parcial do plano original de abertura da avenida 23 de Maio, incluindo a construção de uma alça de ligação com a futura ligação Leste-Oeste e a formação de uma praça no leito das ruas Jandaia e Assembleia (23).
Para a execução deste projeto, iniciou-se um processo de desapropriação de vários dos imóveis localizados entre em ambas as ruas, processo este que, por volta 1970, já estava completo. Porém, apesar da desapropriação dos imóveis, o projeto não chegou a ser executado. O acesso à ligação Leste-Oeste acabou sendo feito na altura da avenida Brigadeiro Luiz Antônio, e o projeto da gestão Faria Lima foi abandonado pelas gestões municipais subsequentes. Em consequência das desapropriações, no entanto, em pouco tempo novos moradores começaram a ocupar ilegalmente os sobrados que haviam se tornado propriedade municipal e permaneciam sem uso (24).
No início da década de 1980, estimava-se que pelo menos de 120 famílias residiam nos imóveis, transformados em cortiços ao longo da década de 1970. Isto incluía os imóveis que haviam sido desapropriados pela Prefeitura, e também outros, cujos moradores originais passaram a se mudar devido à nova configuração da vizinhança. Em 1981, na gestão de Antônio Salim Curiati à frente da Prefeitura (1979-1982), a Empresa Municipal de Urbanismo – Emurb iniciava um estudo sobre a situação dos imóveis e das famílias ali instaladas (25).
O noticiário da época permite inferir que havia uma grande desinformação da Prefeitura sobre os próprios imóveis desapropriados: o então secretário municipal de Vias Públicas, Otávio Camilo de Almeida, demonstrou desconhecimento quanto à existência dos antigos arcos, afirmando em entrevista (26) que os imóveis não poderiam ser demolidos pois suas fundações serviam de arrimo para a rua Jandaia, sendo necessária a construção de um “custoso muro de arrimo” para que se pudesse executar o projeto de urbanização da região. Doze meses depois desta declaração do Secretário, já na gestão Reynaldo de Barros (1982-1983), representantes da Emurb informaram que jamais receberam qualquer solicitação de estudo e que não haviam quaisquer planos para a área das ruas Jandaia e Assembleia (27), o que mostra a inconstância e descontinuidade das políticas para a região.
Dois anos depois, a área dos imóveis da rua da Assembleia volta a ser objeto de interesse político. Pela Lei Municipal 9.725, de 1984, assinada pelo prefeito Mario Covas (1983-1985), toda a área, incluindo os imóveis municipais e aqueles que não haviam sido desapropriados – nesta altura, já quase todos ocupados por cortiços –, passou a ser considerada Zona de Uso Especial (Z8-200), portanto sujeita a preservação. A medida garantiria a preservação dos sobrados das ruas Assembleia e Jandaia, tanto por seu interesse como patrimônio cultural e arquitetônico, como por seu interesse social para políticas de habitação, dado que o local se tornara habitado por grande número de famílias de baixa renda.
Apesar disso, em março de 1986, o prefeito Jânio Quadros (1985-1988), em conjunto com seu secretário de planejamento, Marco Antonio Mastrobuono, apresenta novo projeto de urbanização vertical, que prevê a remoção dos ocupantes dos imóveis, seguida da abertura de licitação para demolição e construção de novos prédios que aproveitariam de forma mais racional a área, “ainda pouco adensada” (28). Em questão de meses, porém, o projeto é abandonado e substituído por um novo, que também prevê a demolição dos imóveis, mas agora com a finalidade de construir um anel viário de ligação entre as avenidas 23 de Maio e a Ligação Leste-Oeste. Retomava-se assim, a destinação originalmente proposta na gestão Faria Lima, na década de 1960.
No entanto, para a realização da obra, o prefeito teria que submeter um projeto de lei à aprovação da Câmara Municipal, a fim de tornar sem efeito a conversão da área em Zona de Uso Especial, promovida pela acima referida Lei nº 9.725/84, do prefeito antecessor, Mario Covas.
A intenção de remoção dos moradores e demolição dos imóveis gerou manifestações tanto favoráveis ao projeto, como contrárias. O projeto ia em sentido oposto ao de estudos elaborados pelo Departamento do Patrimônio Histórico do Município – DPH, que previam a recuperação dos prédios para habitação de interesse social, em sintonia com a lei municipal assinada por Covas. Além do DPH, o Movimento Pró Mulher, liderado pela então vereadora oposicionista Irede Cardoso, em conjunto com a comunidade e a igreja de Nossa Senhora Achiropita, propunha um projeto que previa a transformação das construções em “moradias populares, autoadministradas por seus moradores, após reforma e melhoria das condições das casas” (29).
Por outro lado, proprietários de imóveis no entorno, bem como “especialistas” do setor imobiliário consultados pela imprensa, viam o novo projeto da gestão Quadros com bons olhos, diante da possibilidade de valorização imobiliária na área, após o despejo dos moradores e a demolição dos imóveis transformados em cortiços (30). Os proprietários dos imóveis não desapropriados nas ruas Assembleia e Jandaia também celebraram a determinação da prefeitura (31).
Em abril de 1987, finalmente, após uma série de polêmicas e manifestações na Câmara Municipal, o prefeito Jânio Quadros consegue a aprovação de projeto de lei que retirava os imóveis da área de preservação, podendo enfim dar continuidade ao seu projeto de reurbanização (32). A partir da aprovação do projeto, as desapropriações daqueles imóveis que não haviam sido desapropriados em 1965-67, e que já haviam sido feitas parcialmente no início do ano, avançaram (33). Iniciou-se processo de remoção das famílias, transferindo-as para conjuntos habitacionais nas regiões de Guaianases, no extremo leste da cidade (34) e Campo Limpo, na região sudoeste (35).
Apesar de não haver registros de que tenham oferecido resistência à remoção, muitos moradores declararam sua inconformidade com o processo. Alguns, uma vez instalados em suas novas moradias na periferia paulistana, protestaram pelo fato de terem sido transferidos para zonas com pouca infraestrutura urbana e muito distantes do centro. Eram comuns reclamações a respeito de moradias inacabadas, sem água, luz e esgotamento sanitário (36). Alguns moradores transferidos para a região do Campo Limpo reclamaram que, devido a 7)problemas no fornecimento de água (37), eram formadas longas filas de pessoas, inclusive crianças, em um galpão próximo, carregando baldes para enchê-los na única caixa d’agua operante da região. Além disso, as ruas não eram asfaltadas, causando grandes transtornos em dias de chuvas, e não havia vagas nas escolas públicas para as crianças transferidas (38).
1987-2002: redescoberta e monumentalização
Paralelamente ao processo de desocupação, iniciou-se a demolição dos imóveis das ruas da Assembleia e Jandaia, que durou de maio e dezembro, contando, inclusive, com a implosão de alguns dos casarões (39) e de um edifício de seis andares (40). Fotografias publicadas pela imprensa mostram que desocupação e demolição se deram de forma simultânea, com algumas casas sendo demolidas enquanto outras, suas vizinhas, ainda estavam ocupadas.
Com o decorrer do processo de demolição, os arcos do muro de arrimo, construído durante os primeiros anos da década de 1910, foram aos poucos sendo revelados. A descoberta dos arcos despertou a atenção dos responsáveis pelas obras, o que geraria uma reformulação no projeto de reurbanização da área, por conta da presença dos arcos (41).
Ao tentarem identificar a origem da estrutura, as autoridades novamente demonstraram desconhecimento e incapacidade de levantamento de dados acerca da construção. O secretário de Vias Públicas, Walter Bodini, em entrevista (42), afirmou que se tratava provavelmente de uma construção de alvenaria do século 19, feita com tijolos importados da Europa, por empreiteiros estrangeiros, com a finalidade de um muro de arrimo. A mesma matéria indicava que “um exame mais cuidadoso mostrou que os tijolos haviam sido cozidos na Itália”. Com a exceção da finalidade, todas as informações estavam incorretas. Tamanha era a imprecisão dos dados divulgados pela Prefeitura e pelos veículos de comunicação da época, que os arcos chegaram a ser chamados até mesmo de aqueduto (43).
Apenas posteriormente, em estudo a respeito da origem dos arcos solicitado pelo secretário municipal dos Negócios Jurídicos, Cláudio Lembo, foi confirmada sua construção entre 1911 e 1913, e sua estrutura de concreto armado e tijolos sílico-calcários (44).
A respeito da relação entre os arcos e a comunidade italiana, o arquiteto Carlos Lemos, da FAU USP, afirmou que embora os romanos tenham sido os primeiros a utilizar tijolos no lugar de pedra na construção de arcos, não significava que aquele conjunto redescoberto havia sido necessariamente construído com estilo ou técnica italianos, conforme divulgado na imprensa à época. Lemos concluía seu comentário dizendo que “isso até causa uma certa confusão. Talvez os pedreiros que construíram o muro tenham nascido na Itália. Mas não existe uma técnica italiana de confecção de arcos” (45).
Mesmo com a suposta existência do estudo feito a pedido de Cláudio Lembro, e após os comentários do arquiteto Carlos Lemos, ao final de julho de 1987, uma matéria publicada no Estado de S. Paulo, assinada por Luiz Roberto de Souza Queiroz, apresentou uma versão da história dos arcos que, embora sem embasamento, até hoje é difundida por diversos portais de notícias e páginas de memória. Segundo a matéria, os arcos “de alvenaria” teriam sido construídos no final do século 19, em parte com tijolos importados (46).
De acordo com a mesma matéria, “quando se comprovou que os tijolos usados na obra haviam sido fabricados na Itália, o historiador [Emanuel] Massarani foi chamado a opinar”. Não se sabe ao certo quais informações fornecidas na publicação foram, de fato, apresentadas pelo historiador mencionado. Massarani lista alguns fatos a respeito da nomeação da rua, que se mesclam com informações a respeito de enchentes no século 19, córregos inundados, a presença de um matadouro na região, entre outras.
Embora ingênuo e muito conveniente (principalmente para a comunidade italiana), o conto promovido pela imprensa da época se perpetuou ao longo das décadas, e esta versão romantizada da origem dos arcos está presente no imaginário e na memória da cidade até os dias atuais.
Em meio à crescente circulação e aceitação da versão calabresa, em março de 1988, após meses de polêmicas, remoção de inúmeras famílias, demolição dos imóveis e reurbanização da área dos Arcos, finalmente era inaugurado o novo acesso à avenida 23 de Maio, tornando os Arcos passagem obrigatória para os motoristas que vinham da Radial Leste-Oeste e se dirigiam à 23 de Maio no sentido do Aeroporto de Congonhas, e para aqueles que, vindos da região do Ibirapuera, se dirigissem ao centro ou à zona oeste (47).
A demolição dos imóveis das ruas Jandaia e da Assembleia chamou a atenção de diversos atores sociais, entre especialistas, professores, ativistas, políticos e representantes da sociedade civil, que se manifestaram a respeito do processo. As críticas foram duras, classificando a ação da prefeitura como um retrocesso que, além de destruir patrimônio histórico e arquitetônico da cidade, também contribuiu para a marginalização dos ex-moradores daqueles prédios.
Modesto Carvalhosa, então consultor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Sphan, atual Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan, considerou a demolição dos prédios e a transferência das pessoas uma “eliminação da pobreza através da eliminação dos moradores” (48). As arquitetas Suzanna Cruz Sampaio e Regina Meyer (49), ambas ex-diretoras do DPH, consideraram a ação um “vandalismo da memória histórica”, lamentando a inércia da diretoria do DPH no período, e o “desconhecimento demonstrado no que se refere a questões urbanas”. Para o ex-secretário estadual da Cultura, Jorge Cunha Lima, a demolição do conjunto contrariava “uma tendência mundial de reaproveitamento dos imóveis históricos nos centros metropolitanos”. Segundo ele, o conjunto “poderia ser restaurado e negociado com os moradores, para uso habitacional e para atividades artesanais e pequenos ofícios” (50).
O arquiteto e urbanista Nabil Bonduki também se manifestou a respeito do caso, afirmando na época que a ação da administração municipal visava “destruir a memória da cidade, expulsar os moradores pobres para a periferia e ‘entregar o ouro’ para os bandidos da especulação imobiliária” (51). Ex-presidente do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo – Condephaat na época, o geógrafo e professor da USP Aziz Ab’Saber, lamentou a demolição do conjunto e criticou a falta de iniciativa da então secretária estadual da Cultura, Bete Mendes. Segundo ele, “o Condephaat poderia ter tornado os imóveis intocáveis”, evitando sua demolição (52). No mesmo sentido da opinião de Ab’Saber, o arquiteto Cândido Malta Campos Filho, ex-secretário municipal do Planejamento (Gestão Reynaldo de Barros), afirmou que a demolição dos imóveis não tinha sentido diante da profunda crise habitacional que o país passava. Para ele, “a questão habitacional deveria ter preferência sobre as obras viárias” (53).
Em respostas às críticas feitas ao Condephaat, o então presidente do órgão, Paulo de Mello Bastos, afirmou que não houvera tombamento dos imóveis pois os mesmos estavam sob proteção da lei de zoneamento municipal – modificada, no entanto, pelo prefeito Jânio Quadros. Para Bastos, “existe um conflito porque se exige do Condephaat tombar tudo e ele não tem estrutura para isso”. Ainda segundo ele, “na verdade, por função, o Condephaat deveria preservar imóveis ou conjuntos com interesse para o Estado, como algo que represente o ciclo do café. Mas acaba atuando como verdadeiro pronto-socorro de preservação” (54).
Também defendendo-se das críticas recebidas, a então secretária estadual da Cultura, Bete Mendes, afirmou que houve divergência em estudos feitos pelo Condephaat quanto à preservação do conjunto, “existindo, inclusive, pareceres contrários ao tombamento”. Apesar disso, Mendes disse concordar que o conjunto deveria ser preservado, mas não pelo seu valor histórico, e sim por questão de moradia. Mendes também argumentou que “tombar não é sinônimo de preservação”, e que além do tombamento deveriam existir leis e mecanismos como em outros países, para dar financiamento para restauração ou isenção de impostos (55). A socióloga Eva Blay discordou da maneira com a qual as ações da prefeitura colocavam a população moradora de cortiços para “fora da cidade”, destacando que este é um problema que afeta a cidade como um todo (56).
Para o então deputado federal Fábio Feldman, em pleno final do século 20, a administração municipal estava ressuscitando projetos urbanísticos superados “com a intenção de demolir esses valiosos bens culturais, utilizando argumentos […] totalmente ultrapassados nos dias atuais, até mesmo em países de administração marcadamente conservadora como a Inglaterra” (57).
Por outro lado, apesar da grande quantidade de críticas negativas quanto à demolição dos imóveis, alguns setores se manifestaram a favor da ação da prefeitura, como é o exemplo de Joaquim Guedes, arquiteto e especialista em planejamento urbano. Uma nota do jornal O Estado de S. Paulo em maio 1987, expressando a opinião oficial do jornal, elogiava a ação da prefeitura, classificando-a como “corajosa” merecedora do aplauso até mesmo das famílias “invasoras”, que “enfim, receberam a oportunidade de ter algo seu, por ele pagando aquilo que podem” (58).
Por fim, a escolha da Prefeitura de demolir os imóveis das ruas Jandaia e Assembleia, apesar de duramente criticada por especialistas, rapidamente deixou de ser o centro das atenções, graças à conveniente “redescoberta” dos Arcos (59). A disputa pela manutenção do conjunto de imóveis, que para muitos possuía valor histórico e/ou social, acabou cedendo lugar ao novo monumento. A associação aos Arcos da imagem trabalhadora da comunidade italiana em São Paulo, elemento importante do espírito e da identidade paulistanos, além de convencer sobre sua importância, justificou de vez, perante a opinião pública, a demolição dos imóveis que ocupavam o local.
Dada a importância histórica e urbanística do bairro da Bela Vista, em dezembro de 2002 o Conpresp tombou os “Arcos da rua Jandaia, juntamente com outros equipamentos urbanos localizados na área, destacando seu inegável valor histórico, arquitetônico, ambiental e afetivo”. Dez anos antes, em 1992, por decreto da Prefeita Luiza Erundina de Sousa (1989-1992), a logradouro público à sua frente, formado na área antes ocupada pelas construções demolidas em 1987, recebeu a denominação oficial de “Praça dos Artesãos Calabreses” (60), contribuindo para essa vocação monumental.
Consolidado o processo de monumentalização dos Arcos, hoje eles desempenham um importante papel como cartão postal do bairro do Bixiga, além de estarem incorporados ao imaginário urbano da cidade de São Paulo, sendo alvo de disputas políticas e polêmicas até os dias atuais (61).
Com a finalidade de sintetizar o histórico relatado no artigo, elaboramos no quadro abaixo uma linha do tempo que permite a visualização e comparação dos principais eventos relacionados à história dos Arcos do Bixiga.
Considerações finais
O relato apresentado nas seções anteriores não tem a pretensão de ser uma história exaustiva dos Arcos do Bixiga. A história do monumento, como dito anteriormente, é cheia de vazios, falsas crenças e imprecisões, que não seria possível enfrentar apenas com este artigo. Por outro lado, acreditamos termos reunido aqui alguns elementos relevantes que podem ser úteis para uma historiografia dos Arcos a ser ainda melhor desenvolvida.
O relato também contribui para a discussão do mito urbano dos Arcos como representativos de técnicas construtivas tradicionais trazidas a São Paulo por imigrantes italianos, mito este cuja origem pode ser atribuída a declarações imprecisas emitidas na década de 1980 por representantes do poder público municipal, com ampla cobertura da imprensa. Essas declarações oficiais acabaram fazendo com que se cristalizasse, na memória urbana, uma versão romanceada do passado dos Arcos, mais comprometida com os interesses políticos daquele momento do que com qualquer critério de acuracidade dos fatos ou compromisso histórico.
A monumentalização dos Arcos, se de um lado baseou-se em argumentos relacionados à preservação da memória e do patrimônio arquitetônico paulistano, de outro ocorreu no contexto – e esteve a serviço – de uma política urbana de caráter higienista e excludente/ gentrificador, sendo instrumentalizada por esta última. Como toda política de memória, ela promoveu uma reconstrução presentista do passado, isto é, resultou numa versão do passado que atendeu a interesses presentes. As informações levantadas neste artigo permitem identificar quais eram os principais grupos sociais em disputa, e quais memórias foram silenciadas como resultado do processo. O passado construído e valorizado nesse local, e inscrito na memória coletiva da cidade, é o dos imigrantes italianos e artesãos calabreses. Não é o dos primeiros habitantes dos sobrados, nem o da população de baixa renda que os habitou por cerca de duas décadas. As memórias desses grupos foram silenciadas.
Naturalmente a pesquisa não se encerra aqui, podendo ainda ser estendida a outros acervos que poderão trazer novas evidências para complementar as aqui apresentadas. Além disso, uma importante fonte ainda não explorada seriam aqueles atores sociais mencionados no relato que, três décadas após os fatos, ainda estejam disponíveis para fornecer entrevistas.
Uma última consideração é de natureza metodológica. O que acabamos de apresentar pode também ser visto como um exemplo de como o pesquisador pode beneficiar-se do acesso cada vez mais facilitado a extensos acervos históricos digitalizados, como os de jornais de grande circulação, revistas e outros em formato eletrônico. Esses recursos ainda são relativamente pouco aproveitados pela comunidade de pesquisa, mas a sua exploração pode resultar em achados interessantes de análise documental, como acreditamos terem sido os apresentados aqui.
notas
1
Exemplos destas reclamações estão disponíveis em: O Estado de S.Paulo, 18 out. 1889, p. 2; O Estado de S.Paulo, 12 abr. 1900, p. 2; Correio Paulistano, 20 mar. 1890, p. 4.
2
Notas e informações. O Estado de S. Paulo, 26 fev. 1904, p. 1; Notas e informações. O Estado de S.Paulo, 4 mar. 1904, p. 1.
3
Atos Oficiais. O Estado de S.Paulo, 15 ago. 1907, p. 2.
4
Câmara Municipal. Correio Paulistano, 27 ago. 1908, p. 4.
5
Câmara Municipal. Correio Paulistano, 10 mar. 1909, p. 4.
6
Agora Prefeitura quer manter arcos na Rua da Assembléia. Folha de S. Paulo, 2 jul. 1987, p. A-10.
7
GRAZIANI, Adolpho. Projecto de um muro de revestimento na travessa da Assembléa (esquina Jaceguay). São Paulo, Directoria de Obras da Prefeitura de São Paulo, 1908. Acervo Arquivo Municipal.
8
BERGAMIN JR., Giba. 'Arcos da discórdia' vão retomar cinza original de artistas italianos. Folha de S. Paulo, 30 jan. 2017, p. B-4.
9
Prefeitura Municipal. Correio Paulistano, 12 jul. 1912, p. 7; Prefeitura Municipal. Correio Paulistano, 12 out. 1912, p. 7; Prefeitura Municipal. Correio Paulistano, 19 dez. 1912, p. 9; Prefeitura Municipal. Correio Paulistano, 23 abr. 1913, p.6.
10
Notas. Correio Paulistano, 11 nov. 1913, p. 1.
11
Notas. Correio Paulistano, 15 jan. 1903, p. 1; Mala do Interior. Correio Paulistano, 15 mai. 1904, p. 3; Telegrammas. Correio Paulistano, 7 fev. 1911, p. 1; Telegrammas. Correio Paulistano, 17 mai. 1912, p. 2.
12
DUPRAT, Raymundo. Relatorio de 1911 apresentado á Camara Municipal de São Paulo. São Paulo, Vanorden, 1912.
13
A versão circula na internet, por exemplo no Portal do Bixiga, onde se lê que “os tijolos da obra foram fabricados por artesãos vindos da região da Calábria” e também nos verbetes “Arcos do Bixiga” e “Praça dos Artesãos Calabreses” da enciclopédia colaborativa Wikipedia. Portal do Bixiga <http://www.portaldobixiga.com.br/arcos-do-bixiga/>; Bixiga. Wikipedia <https://en.wikipedia.org/wiki/Bixiga>.
14
“Determinaram-se os pagamentos: De setecentos e quarenta mil réis à Companhia Paulista de Tijolos Calcareos, pelo fornecimento de tijolos para as obras de construção do muro de arrimo da travessa da Assembléa, em abril findo”. Prefeitura do Município. Correio Paulistano, 12 jun. 1913, p. 6. “Fundada pelo sr. Luiz Prado, em 1911, a Companhia Paulista de Tijolos Calcareos, localizada na Rua Porto Seguro, às margens do Rio Tietê, teve todo o seu maquinário importado da Inglaterra, tornando-se a pioneira no Estado a fabricar este tipo de material. O maquinário do fabricante Sutcliffe Speckman & Co. e a caldeira Babcock & Wilcox, equipados ao forno, garantiam à fábrica uma capacidade de produção de 14 mil tijolos diários”. FELDWICK, Walter. Impressões do Brazil no Século Vinte, Sua historia, seo povo, commercio, industrias e recursos. Londres, Lloyd’s Greater Publishing Company Ltd., 1913, p. 686.
15
“Determinaram-se os seguintes pagamentos: [...] de 1:786$000 á Companhia Materiaes para construcções, pelo fornecimento de materiaes á Directoria de Obras e Viação para as obras da travessa da Assembléa”. Prefeitura do Município. Correio Paulistano, 26 jul. 1913, p. 7.
16
“Determinaram-se os pagamentos: [...] de 4:590$ a Haupt e Comp., pelo fornecimento de cimento á Directoria de Obras e Viação, para os serviços da travessa da Assembléa”. Prefeitura do Município. Correio Paulistano, 2 ago. 1913, p. 7.
17
Melhoramentos da Capital 1911-1913. São Paulo, Prefeitura do Município de São Paulo, 1913.
18
Tijolos silico calcareos. Revista de Engenharia, v. 1, n. 10, São Paulo, mar. 1912, p. 19.
19
Correio Paulistano, 1 mar. 1914; p. 5, Câmara Municipal. Correio Paulistano, 30 set. 1914, p. 5; O Estado de S.Paulo, 17 jan.1915, p. 5, Câmara Municipal. Correio Paulistano, 6 abr. 1916, p. 6; Queixas e Reclamações. O Estado de S.Paulo, 17 mai. 1917, p. 5-6; Câmara Municipal. Correio Paulistano, 25 abr. 1920, p. 5.
20
Correio Paulistano, Câmara Municipal, 23 jun. 1915, p.6.
21
Prefeitura do Município. Correio Paulistano, 6 jan. 1921, p. 7.
22
O Estado de S.Paulo, 7 fev. 1930, p. 14, entre outros.
23
Novo Traçado para a avenida 23 de maio. O Estado de S.Paulo, 5 out. 1965, p. 20; Orçamento será de 600 milhões. O Estado de S.Paulo, 7 set. 1967, p. 15.
24
Casas desapropriadas no centro ainda sem futuro, 17 mar. 1981, p. 19.
25
Emurb estuda destino dos casarões da rua Assembleia. Folha de S. Paulo, 9 jun. 1981, p. 14.
26
Idem, ibidem, p. 14.
27
Casarões sem projeto. Folha de S. Paulo, 10 jun. 1982, p. 11.
28
Governo e Jânio disputam destino de bairros centrais. Folha de S. Paulo, 10 mar. 1986, p. 23.
29
Entidade tem plano para casas da r. da Assembleia. Folha de S. Paulo, 6 jan. 1987, p. A-13.
30
Zoneamento pode valorizar área de cortiços no centro. Folha de S. Paulo, 13 fev. 1987, p. A-1.
31
Para proprietário, fim dos cortiços é presente de Natal. Folha de S. Paulo, 2 jan. 1987, p. A-9.
32
Sob vaias, decurso prevalece na Câmara. O Estado de S.Paulo, 8 abr. 1987, p. 8.
33
Despejadas 7 famílias dos casarões. O Estado de S.Paulo, 14 jan. 1987, p. 37.
34
Dia de mudança na Bela Vista. O Estado de S.Paulo, 6 mai. 1987, p. 34.
35
Mais famílias são removidas de cortiços. Folha de S. Paulo, 7 mai. 1987, p. A-19.
36
Praça rotatória substituirá sobrados da rua Jandaia. Folha de S. Paulo, 9 mai. 1987, p. A-9.
37
Após demolição, Assembleia ainda espera obras. Folha de S. Paulo, 16 jan. 1988, p. A-14; Contra favelas e cortiços, só dúvidas. O Estado de S.Paulo, 8 jan. 1987, p. 74.
38
Moradores transferidos não têm água. Folha de S. Paulo, 26 dez. 1987, p. A-11.
39
Prefeitura implodirá casarões. O Estado de S.Paulo, 15 dez. 1987, p. 14.
40
Cai hoje último prédio da rua da Assembléia. Folha de S. Paulo, 26 dez. 1987, p. A-11.
41
"Apesar de algumas autoridades afirmarem desconhecimento dos arcos antes da demolição dos arcos, o assessor do prefeito Jânio Quadros afirmou posteriormente que 'ele até poderia saber da existência dos arcos, mas não diria a ninguém'”. Prefeito é proclamado o maior publicitário do Brasil. Folha de S.Paulo, 1 mai. 1988, p. A-26.
42
Prefeitura muda projeto para preservar arcos. O Estado de S.Paulo, 25 jun. 1987, p. 7.
43
Beleza de volta. O Estado de S.Paulo, 21 jan. 1988, p. 1.
44
Agora Prefeitura quer manter arcos na rua da Assembléia. Folha de S. Paulo, 2 jul. 1987, p. A-10.
45
Idem, ibidem, p. A-10.
46
Arcos do Bexiga, proteção contra enchente. O Estado de S. Paulo, 30 jul. 1987, p. 58.
47
Inaugurado acesso à 23 de Maio para tráfego que vem da radial. Folha de S. Paulo, 8 mar. 1988, p. A-17.
48
Prefeitura é criticada por derrubar sobrados antigos. Folha de S. Paulo, 10 mai. 1987, p. A-24.
49
Rápida demolição de casarões na rua Jandaia inutiliza material. Folha de S. Paulo, 12 mai. 1987, p. A-12.
50
Tombamento não foi um “erro”, diz Cunha Lima. Folha de S.Paulo, 7 mai. 1987, p. A-19.
51
Os responsáveis pela demolição não são apenas picaretas de Jânio. Folha de S.Paulo, 10 mai. 1987, p. A-24.
52
Ab’Saber diz que Condephaat poderia ter impedido demolição de casas na Jandaia. Folha de S.Paulo, 13 mai. 1987, p. A-11.
53
Idem, ibidem, p. A-11.
54
Condephaat não deverá agir contra demolição na Jandaia. Folha de S.Paulo, 14 mai. 1987, p. A-14.
55
Idem, ibidem, p. A-14.
56
A Cidade é sua. Folha de S.Paulo, 28 mai. 1987, p. A-20.
57
Precisamos proteger os documentos vivos da nossa cultura. Folha de S.Paulo, 7 abr. 1988, p. A-14.
58
Rua da Assembleia e parque D. Pedro. O Estado de S. Paulo, 9 mai. 1987, p. 10.
59
“Jânio Quadros conseguiu brindar a cidade com mais um engarrafamento [...] A alça tem, porém uma vantagem: os transeuntes podem deleitar-se com os arcos da rua da Assembléia – antes escondidos pelos sobrados demolidos”. Novo Nó. O Estado de S. Paulo, 18 mar. 1988, Caderno 2, p. 7.
60
Decreto Municipal 31.502, de 4 mai. 1992.
61
Tombados desde 2002, Arcos do Bixiga ganham grafites. Veja São Paulo, São Paulo, 13 fev. 2015 <https://vejasp.abril.com.br/cidades/tarcos-do-bixiga-ganham-grafites>; JAYO, Martin; FONTAN KÖHLER, André. A batalha dos Arcos do Bixiga. Mais arte e mais cidade, mas menos arte na cidade! Minha Cidade, São Paulo, ano 15, n. 175.07, Vitruvius, fev. 2015 <https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/15.175/5439>; Sem grafites, gestão Doria reinaugura Arcos do Jânio. Veja São Paulo. São Paulo, 2 jul. 2017 <https://vejasp.abril.com.br/cidades/sem-grafites-gestao-doria-reinaugura-arcos-do-janio>.
sobre os autores
Diego Vasconcellos Vargas é doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Mudança Social e Participação Política da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo.
Martin Jayo é professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo.