1. Fique em casa
“Fique em casa”. Essa é a expressão concisa que tem marcado o novo ano, mundialmente recomendada à sociedade para inibir a propagação do SARS-CoV-2. Um vírus de alcance pandêmico que teve seu foco inicial reconhecido em dezembro de 2019 na China e, em três meses, ultrapassou a Ásia e atingiu fatalmente 184 países situados em cinco continentes, incluindo a América (1). O Covid-19, doença causada pelo Coronavírus – nome mais popular do novo vírus –, afeta o sistema respiratório com propriedade de ampla disseminação através de seu contato com o corpo humano. Todo sólido pode ser o seu alojamento e todo gesto que o leve ao rosto, o seu veículo. Sem medicamento específico para tratamento ou prevenção, o “Fique em casa” se coloca como mais que um slogan de campanha de saúde e conscientização, representa um ato de lidar com o imprevisível quando tosses e espirros podem vir de qualquer lado e disseminar o vírus em qualquer superfície, significando uma possibilidade catastrófica.
Poucas são as medidas gerais para sua contenção eficaz recomendadas pelos especialistas. Dentre elas estão a promoção de medidas de higiene, o isolamento de infectados e o distanciamento social (2). Acompanhando as advertências, estão também as inevitáveis decisões do Estado e seus impactos no comportamento social e na dinâmica econômica, no sentido de efetivar a contenção do vírus sem, contudo, conter a vida. Se os sistemas de educação e de serviços encontram algum suporte para continuarem através da virtualização das atividades, outros, como os de comércio e produção, não têm alternativa senão a suspensão de todo ou parte do seu trabalho. Então, os posicionamentos que os diversos meios de comunicação e linguagens de divulgação têm registrado oscilam entre um avanço tecnológico forçado e a eminência de um caos, provocado pelo aparente despreparo social para encarar o surto epidêmico (3).
Quando o “Fique em casa” é imposto, traz à tona a realidade do morar no Brasil. Pesquisas do Instıtuto de Pesquısa Econômıca Aplıcada – IPEA - estimam que mais de 100 mil pessoas no país vivem nas ruas, sobretudo nas de grandes centros urbanos (4). E como o conceito de moradia adequada não se limita a um invólucro composto por paredes sob uma coberta, mas incorpora questões de salubridade e infraestrutura, calcula-se, de acordo com dados publicados em 2018 pela Fundação João Pinheiro (5), que o déficit habitacional seja em torno de 6,355 milhões de domicílios no Brasil, país onde “as favelas ou moradias ilegais, de um modo geral, são parte estrutural de nossas cidades, não consistem em exceção, mas em regra” (6).
É dentro dessa realidade que cerca de 11,5 milhões de brasileiros moram em habitações superlotadas, que abrigam mais de três pessoas por dormitório. E se a ideia é evitar concentração de pessoas nas ruas, o “Fique em casa” as submetem a uma aglomeração permanente em suas residências, situadas em áreas densamente ocupadas, frustrando, assim, o distanciamento social proposto pela Organização Mundial da Saúde – OMS (7). Além disso, esses adensamentos humanos carecem de atendimento de saneamento básico, mesmo consistindo em um direito já legislado (Lei 11.445/07), o que compromete diretamente os seus aspectos de higiene ambiental. Portanto, estando reféns das características da disseminação viral, o contágio desses moradores provavelmente estabeleceria um cenário desastroso.
Sabe-se que as questões que compreendem as moradias inadequadas no Brasil são históricas e obviamente não surgiram a partir da declaração da pandemia pela OMS em março de 2020, quando se intensificaram as medidas de isolamento social por praticamente todos os estados federativos. Mas, a restrição do uso e permanência nos espaços públicos e coletivos impactou funções urbanas clássicas e, ao diminuir a Circulação e, por consequência, o Trabalho e o Lazer, os problemas relativos ao Habitar tornaram-se mais evidentes.
Nesse sentido, o “Fique em casa” leva-nos também a refletir acerca de princípios que nasceram com a própria ideia de cidade e sua relação de interdependência. Em 1728, Rafael Bluteau a define como sendo uma “multidão de casas distribuídas em ruas”. Essas, por sua vez, são os espaços “que há entre as casas de uma cidade, para a passagem de gente, [...] pelas ruas corre a água da chuva que cai dos telhados, como também a dos poços e das fontes que se derrama nas ruas. Também corre a gente a rua, e cada uma delas é uma corrente do povo, que vai ao seu negócio” (8).
Nas palavras do lexicógrafo, dois elementos fixos significam a cidade: casa e rua, então, os espaços privado e público. O primeiro garante o sentido da permanência e o último indicado como necessário para possibilitar “os negócios”, efetivar as trocas e, assim, criar a multidão que confere à cidade o seu estatuto. Essa definição obviamente considerou as feições urbanas pré-revolucionárias, mas o conceito pode ser facilmente estendido para o século seguinte que logo tomou a rua como elemento determinante das transformações da cidade. Sob a influência de médicos higienistas europeus, que denunciavam as epidemias de cólera e febre amarela durante as primeiras décadas de 1800, a demolição de casas e a criação de passagens, como as intervenções paradigmáticas em Barcelona e Paris, foram vistas pelos urbanistas como a única saída para superar a incompatibilidade entre a dinâmica pós-industrial e a velha estrutura da cidade, mesmo que, para tanto, fosse preciso também lidar com o inevitável caos próprio do processo de construção urbanística que, naquele contexto, requereu destruição em larga escala.
Aquelas ruas de Bluteau “por onde corria gente” foram sendo remodeladas e ocupadas por transportes para as carregarem, e pouco a pouco, essa passagem foi ficando cada vez mais apertada pelo aumento de seu fluxo, sobretudo pelo número de veículos motorizados. Algumas vezes conseguem ser alargadas para atender às pressões do congestionamento, mas, na maioria dos casos, o limite dos lotes, das leis, dos recursos e das vontades não se dispõe a expandi-las, bem diferente da ousadia moderna quando as avenidas aparentemente não encontravam barreiras para tomarem o lugar de edifícios, caminhos, rios e morros (9).
Agora, o “Fique em casa” suspende, por tempo indeterminado, o sistema de circulação, ou seja, aquilo que equacionou “os movimentos humanos de apropriação e territorialização” (10). Parar o vírus significa parar a rua, tirando o “privilégio” dos carros e dos carnavais e invertendo o sentido popular da expressão “ninguém na rua” que passa a configurar sinônimo de proteção. Implica, também em deter trocas globais que necessariamente envolvem longos percursos (terrestres, aquáticos e aéreos) inibindo um movimento conquistado pelas viagens expansionistas, no século 15, culturalistas, no século 19, e excursionistas, no século 20 (11). Sabendo como o vírus da China alcançou e tem atingido, por exemplo, a Itália (12), os apelos aos deslocamentos, cuja maioria provoca e destina-se a aglomerações, dão lugar ao permanecer distante. Assim, contrariando as forças do Turismo, da Globalização e dos próprios Direitos Humanos, as consequências do vírus exigem deixarmos de ser viajantes e transeuntes, evitar e adiar encontros, mesmo que, nesse mundo das multidões, raramente eles aconteçam.
2. Ninguém na rua
O “Fique em casa” paralisa o direito de ir e vir. Contraria a velocidade conquistada pela cidade moderna (13). Sugere-nos estacionar os nossos corpos. Implica no vazio e no silêncio que caracterizam condomínios de luxo, núcleos interioranos, ilhas desertas, o deserto... Aproxima-nos de realidades cinematográficas como cidades fantasmas, do faroeste ou pós-apocalípticas. A pandemia nos inclina a pensar sobre o que pode ser uma cidade sem ninguém, no caso, as ruas sem circulação...
Vários são os estudos que indicam a eficiência do movimento no espaço público relativamente ao bem-estar social, como os que envolvem os temas da segurança, da iluminação, da fachada ativa, dentre outros. Contudo, normalmente são tratados considerando o percurso ou a permanência momentânea daqueles que, mesmo entre várias paragens, têm a casa como o destino final. Viver a rua é, portanto, bem diferente de nela viver, como é o caso dos sem-teto que passam os seus dias à mercê da sorte. Diante da recomendação mundial, qual seria a alternativa desses que não contam com uma casa, mas com a cidade como abrigo? (14)
Para os que têm onde ficar, o confinamento “espontâneo” reconfigura a casa. Ele anula o uso de determinadas aquisições motivadas pela exposição social, transformando muitos lares em verdadeiros depósitos. Ela, a casa, que comumente é tomada como um refúgio, também se transforma em uma prisão, fazendo emergir um senso ainda maior de injustiça quando o vírus relativiza as restrições entre crianças, jovens, velhos e portadores de doenças crônicas (15). Esses dois últimos ficam a imaginar o dia em que poderão novamente sentir o que talvez tenham sentido Mujica ao sair do presídio (16), e Françoise ao derrubarem as muralhas medievais de Paris (17): o sol em suas peles. Livres das multas (18), no Brasil, aos que estão fora dos grupos de risco e aos envolvidos com os ditos “serviços essenciais” ainda é “dada” a possibilidade de serem solidários aos “prisioneiros” (ficando em suas casas quando puderem), de usarem os seus pertences e de aproveitarem a calmaria do trânsito e o canto dos passarinhos resultantes da drástica diminuição da circulação.
Se, no cenário pandêmico, não circular é essencial para salvaguardar vidas (19), questiona-se também a situação daqueles que trabalham nas ruas, estando sujeitos a uma batalha diária pela subsistência em suas atividades informais. Mas, assim como nos aspectos relacionados à moradia inadequada, a origem dessa questão não surge com o avanço da propagação do Coronavírus. Embora fique em evidência nesse momento, trata-se de uma realidade que já vem sendo discutida no que diz respeito à precarização dos direitos trabalhistas.
Pensemos também que a maioria dos trabalhadores urbanos brasileiros, morando em periferias, encara longos percursos e depende do transporte público coletivo para conseguir exercer o seu ofício. As medidas que inibem a circulação de pessoas hoje, mesmo com os prováveis impactos na dinâmica econômica, significam resguardá-las da ameaça das aglomerações a que são diariamente submetidas, no sentido de evitar que um cotidiano já conturbado contribua para a construção de um cenário ainda mais caótico.
As situações aqui rapidamente apresentadas consistem apenas em uma amostra das inúmeras condições de fragilidade a que o vírus e a vida urbana podem nos submeter, revelando que, apesar da crise pandêmica nos inclinar para um panorama de extensões globais, é preciso também observar que cada indivíduo está sujeito a sua própria crise...
Por outro lado, a suspensão do acesso à rua demostra que a vida não acontece apenas nos espaços públicos, na medida em que intensifica o mundo privado e permite-nos “redescobrir o labor cotidiano, o espaço da casa, as atividades caseiras, a sociabilidade familiar” (20). O “ficar em casa” nos desperta para a própria noção de tempo e, com isso, permite-nos revisar outras circunstâncias naturalizadas e perceber, por exemplo, o quanto a rotina do deslocamento pode ser desgastante, mesmo para os que desfrutam do urbanismo social e da circulação inclusiva como a configurada na cidade colombiana de Medellin, resultantes de uma “união de todas as forças sociais e políticas atrás do objetivo comum e supremo da convivência e da civilidade” (21).
Atentemos, então, para uma outra esfera de circulação que intensifica o espaço domiciliar, dispensando a rua e criando outras formas de conexão social: a Internet. Há cinquenta anos seus mecanismos de informação têm transformado radicalmente a comunicação e, por extensão, as dimensões concretas do espaço (22). Ela permite, sem a necessidade de deslocamento físico, o acesso a escolas, escritórios, bibliotecas, academias, supermercados, lojas, restaurantes, cinemas, jogos, espaços siderais (23), namoros... Então, os ambientes virtuais tornam o mundo portátil e provocam um outro tipo de aproximação, de alcances inimagináveis, infinitos, incontroláveis, em todos os que conseguirem acessá-la.
Tantas possibilidades não disponibilizam, contudo, todo o complexo universo das sensações provocadas pelos sentidos e pela subjetividade, como aquelas ativadas pelo tato na circunstância de um abraço ou de um mergulho no mar, por exemplo. Também tendem a anular um conhecimento produzido pelo calor humano, o que fez Zygmunt Bauman (1925-2017) conceituar as ações em píxeis como resultado e consequência da falência social, na medida em que
“não ensinam a dialogar porque é muito fácil evitar a controvérsia… Muita gente as usa não para unir, não para ampliar seus horizontes, mas ao contrário, para se fechar no que eu chamo de zonas de conforto, onde o único som que escutam é o eco de suas próprias vozes, onde o único que veem são os reflexos de suas próprias caras. As redes são muito úteis, oferecem serviços muito prazerosos, mas são uma armadilha” (24).
A velocidade da cidade é vigorosamente transferida, pois, para vias de ambientes imateriais, cuja “facilidade” de acesso dá (e vende) espaço para a criação de outras multidões, circulações e congestionamentos, essencialmente construídos para a exposição. Por outro lado, essa artificialização das relações colocada por Bauman e que reforça a ideia do não encontro, talvez, por isso mesmo, ocupe um lugar ainda mais favorável na atual crise da sociedade que depende do distanciamento para se salvar. Diante da proibição do contato corpóreo, muitos têm se valido das vias virtuais como única alternativa de acessar o público e o privado e, assim, continuar com suas vidas, seja matando a saudade ou camuflando a solidão (25).
3. Lave as mãos
“Aqui estamos!”. Em 2017, Jean-Luc Mélenchon inicia seu discurso na cidade de Marselha na disputa pela presidência da França com palavras que se distanciam de um mero comício (26). É um apelo em prol dos Direitos Humanos. Aproxima-nos do mundo dos exilados que são expulsos de sua terra natal não por seus ideais políticos, como fazem ditadores com militantes, mas pela própria política que os mantém entre a guerra, a miséria e a discriminação racial. Fala da esperança e da coragem que permeiam o ato de se refugiar e como são recepcionados nas fronteiras com hostilidade e crueldade por parte daqueles que tiveram a sorte, o privilégio ou a felicidade de nascer do seu “lado certo”. Trata, pois, de processos migratórios forçados não por desastres da natureza ou fragilidades da vida do campo, mas pela injustiça social. Que imagens poderiam ser divulgadas para esses habitantes não se deslocarem? Que slogan os convenceriam a ficar em casa? As urgências de um surto epidêmico talvez não tenham tanto efeito em cotidianos onde a morte e o isolamento são a sua própria realidade que os fazem aceitar correr o risco de uma tragédia, como os naufrágios no Mediterrâneo, para escapar de outra. Encaram a possibilidade da opressão dos que lhe são “diferentes”, para fugir da praticada pelos seus “semelhantes”...
O vírus hoje fecha fronteiras e toma o poder do que sempre foi da natureza ou dos homens: impedir ou regular as fugas para uma vida melhor. Só os peregrinos são poupados desse desafio, vencendo caminhos que cortam países sem que seja preciso encarar cercas, muros e arames farpados. Ilusão seria pensar que o otimismo desses “viajantes-fugitivos” pudesse ser sempre recebido com as gangorras rosas instaladas entre os limites dos países do México e dos Estados Unidos que oferecem um momento de prazer lúdico, dando-se ou não conta de que o brinquedo representa “uma resposta para pensar em como a fronteira é um lugar onde há um grau de desigualdade, desequilíbrio – tanto laboral, do trabalho, como humanístico” (27).
Como vemos, os conflitos dependem de decisões humanas cujas motivações e consequências vêm demonstrando sintomas históricos de intolerância. A frágil educação para o convívio, para o consumo e para a política (em síntese, para o patrimônio) de uns tem rendido um estado mundial de calamidade, trazendo à tona discursos de familiares teores que, feliz ou infelizmente, encontram sempre espaço para serem retomados. Cita-se como exemplo aqueles relativos à cultura do lucro, que constrói o impasse de que para evitar um colapso no sistema de saúde, seria necessário criar um colapso financeiro, como se, para combater a pandemia, fosse preciso escolher entre duas fatalidades (sanitária ou econômica) quando essa dicotomia é, na verdade, raiz e fruto de uma calamidade social (28).
Nascido do extrativismo e das pressões da produção e do consumo, o vírus decreta morte à rua, mas essa suspensão da circulação de pessoas tem dado pistas do que seria necessário e suficiente para alcançarmos o bem-estar individual e coletivo. Uma pausa de três meses de duração tem causado efeitos visíveis na cidade: menos congestionamentos, menos lixo, mais estrelas e passarinhos (29), demonstrando que uma outra atitude urbana é possível, que não só os humanos têm direito à cidade, mas também os outros seres como os animais, as árvores e as águas como as mencionadas por Bluteau e como pensam os indígenas relativamente ao direito à terra (30). Contudo, a limpeza do chão e do céu das cidades acontece às custas de um confinamento que tem, ao mesmo tempo, contribuído para a potencialização de fragilidades sociais, como o aumento do desemprego, da depressão e da violência doméstica (31). Parados, sem circular, estamos indo e voltando.
A pandemia encontra, pois, seu reflexo na vulnerabilidade das relações sociais. Temos convivido com ela. Está diluída na história marcada por epidemias (32), guerras e miséria. Suas consequências não se limitam ao espaço onde ocorre, nem ao momento em que acontece. Como visto, seus efeitos resultam em diferentes desastres em outros territórios, em outros tempos. Poderíamos agora pensar em adiantar avanços tecnológicos que levariam décadas para acontecer, como os dos processos de educação, ou em esperar por reformas urbanísticas do porte das antigas ações higienistas em prol da saúde pública (obviamente incorporando os avanços e conquistas do Direito), mas, por enquanto, torcemos para que a maioria consiga alcançar um “simples” hábito de higiene...
Se colocarmos a imprevisibilidade entre parênteses e considerarmos a nossa própria trajetória coletiva, podemos afirmar com relativa segurança que venceremos o vírus da enfermidade e continuaremos apresentando sintomas de muitas outras (33).
O que se pode perceber é que a experiência da pandemia tem acentuado contradições em várias instâncias, sobretudo a relativa à desigualdade, colocando-nos diante de vários desafios para além da luta contra o Coronavírus. O “Fique em casa” – uma composição imperativa que soa como um apelo – pede que nos exilemos, abramos mão da liberdade, da rua e do calor humano para salvar uma sociedade que hoje depende da solidão e da solidariedade, principalmente, daqueles que têm onde ficar e que não podem mais, simplesmente, apenas “lavar as mãos”.
notas
NA – Esse artigo foi produzido com seus autores em isolamento social. Agradecimentos ao Prof. Dr. Geraldo Magela, do PPGAU-Ufal, pela revisão da argumentação.
1
“Muitos dos vírus que atacam o ser humano têm origem noutros animais”, como nos chimpanzés que causaram o HIV, e nos suínos, o H1N1. Estudos indicam a grande probabilidade do novo Coronavírus ser proveniente de um mercado chinês de animais vivos situado em Wuhan. Eles são ali amontoados para venda e abate no próprio local, sendo submetidos à troca de diversos fluidos; no caso desse vírus, entre morcegos e pangolins. A infecção de humanos acontece com a ingestão de animais doentes e sua transmissão pelo contato com infectados ou com qualquer superfície atingida pelo vírus. Chegou a outros países através de viajantes contaminados. Porque é que o coronavírus - Covid-19 - apareceu na China? Canal Qi News, 2020. Vídeo, 7 min <https://bit.ly/3aytrRT>.
2
LIMA, Lioman. Coronavírus: 5 estratégias de países que estão conseguindo conter o contágio. BBC News Mundo, 2020 <https://bbc.in/2UUAPCR>.
3
YOSHİDA, Ernesto; GRANATO, Luisa; LOUREİRO, Rodrigo; STEFANO, Fabiane. Vida à distância. Exame, São Paulo, 2020 <https://bit.ly/2yDiilC>.
4
IPEA. Estimativa da população em situação de rua no Brasil. Brasília, Instıtuto de Pesquısa Econômıca Aplıcada, 2016 <https://bit.ly/3bXzZL6>.
5
FJP. Déficit habitacional no Brasil: 2015. Belo Horizonte, Fundação João Pınheıro, 2018 <https://bit.ly/2RffD8j>.
6
MARICATO, Erminia. Para entender a crise urbana. São Paulo, Expressão Popular, 2017.
7
BARBON, Julia. Coronavírus: 11, 5 milhões de brasileiros moram em casas cheias em meio à pandemia de Covid-19. Folha de S.Paulo, São Paulo, 28 mar. 2020 <https://bit.ly/3bTApCa>.
8
BLUTEAU, Raphael. Vocabulario Portuguez e Latino, Aulico, Anatomico, Architectonico, Bellico, Botanico [...] offerecido a ElRei de Portugal, D. João V / pelo Padre D. Raphael Bluteau. Coimbra, Collegio das Artes da Companhia de Jesus, 1712-1728.
9
Sobre esse aspecto, ver as intervenções na cidade do Rio de Janeiro durante a primeira metade do século 20, quando ocorreu a destruição do Morro do Castelo. Ver: RODRIGUES, Antônio; MELLO, Juliana. As reformas urbanas na cidade do Rio de Janeiro: uma história de contrastes. Revista Acervo, v. 28, n. 1, Rio de Janeiro, jan./jun. 2015, p. 19-53.
10
Depoimento do Prof. Dr. Geraldo Magela registrado no documento de revisão do artigo.
11
“Guarde esse sonho. Visite depois” e “Não venha agora” integram mensagens das campanhas publicitárias do Turismo da Bahia e de Alagoas divulgadas em março de 2020.
12
“O país mais afetado pela Coronavírus. Se compararmos a quantidade de casos confirmados com os de mortos, a Itália é o país com o maior número de vítimas em termos proporcionais”. MOTA, Camilla Veras. Por que há tantos mortos por Coronavírus na Itália? Canal BBC News Brasil, 2020. Vídeo, 5 min <https://bit.ly/2wo9uPZ>.
13
GONSALES, Célia Helena Castro. Cidade moderna sobre cidade tradicional: movimento e expansão – parte 2. Arquitextos, ano 5, n. 059.04, São Paulo, Vitruvius, abr. 2005 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/05.059/473>.
14
Raquel Rolnik, arquiteta e urbanista, menciona a ideia de dispor as instalações de hotéis à população em fragilidade social, tendo em vista a suspensão das atividades do Turismo. BOULOS, Guilherme. Diálogo com Raquel Rolnik sobre o impacto do Coronavírus nas periferias urbanas. Página Facebook de Guilherme Boulos, 2020 (vídeo, 34 min.) <https://bit.ly/2JOJRuQ>.
15
“Treinada em solidão e liberdade, sem nenhuma vocação ao aprisionamento, cá estou em cárcere domiciliar, sem julgamento em nenhuma instância e sem a menor ideia de tempo e de quem vai me oferecer o alvará de soltura”. Depoimento de Maria Augusta Tavares, residente em Paços d’Arcos, Portugal, acerca da imposição do confinamento, divulgado em sua página do Facebook. Autodefine-se como “marxista, pesquisadora do trabalho. Cozinheira por prazer. Autosuficiente, generosa”.
16
Uma noite de 12 anos. Direção de Alvaro Brechner. Vitrine Filmes, 2018. DVD (122min).
17
A Revolução em Paris. Direção de Pierre Schoeller. Bonfilm, 2019. DVD (122min).
18
“Estamos vivendo um momento muito difícil. Para sairmos de casa, temos que fazer uma declaração assinada enviada pelo Ministério do Interior. Podemos levar multa de até 200 Euros (cerca de R$ 1 mil) se não há justificativa [para sair de casa]. As justificativas não são muitas: comprovadas exigências de trabalho, situação de necessidade, motivos de saúde e volta para o próprio domicílio”. MARİOTTO, William; ALMEİDA, Lucas. A quarentena na Itália: pessoas que vivem no país contam como tiveram as vidas afetadas pelo Coronavírus e as restrições impostas pelo governo. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 16 mar. 2020 <https://bit.ly/2UQkZsD>.
19
“Fique em casa. Salve vidas: Ajude a combater o Coronavírus”. Mensagem do doodle especial liberado pelo Google em 05 mar. 2020.
20
Depoimento do Prof. Dr. Geraldo Magela registrado no documento de revisão do artigo.
21
“A estratégia da transformação esteve baseada em três questões: implementação de um sistema de transporte público e de acessibilidade eficiente e qualificado, provisão de serviços públicos de qualidade para toda a população e planejamento urbano e territorial de longo prazo”. GHIONE, Roberto. Transformação social e urbanística de Medellín. Minha Cidade, ano 14, n. 166.07, São Paulo, Vitruvius, maio 2014 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/14.166/5177>.
22
DUARTE, Fábio. Arquitetura e tecnologias de ınformação: da Revolução Industrial à Revolução Digital. São Paulo, Fapesp, 1999.
23
Ver site da National Aeronautics and Space Administration <www.nasa.gov>.
24
Diz Zygmunt Bauma, em entrevista ao jornal El Pais: “A questão da identidade foi transformada de algo preestabelecido em uma tarefa: você tem que criar a sua própria comunidade. Mas não se cria uma comunidade, você tem uma ou não; o que as redes sociais podem gerar é um substituto. A diferença entre a comunidade e a rede é que você pertence à comunidade, mas a rede pertence a você. É possível adicionar e deletar amigos, e controlar as pessoas com quem você se relaciona. Isso faz com que os indivíduos se sintam um pouco melhor, porque a solidão é a grande ameaça nesses tempos individualistas. Mas, nas redes, é tão fácil adicionar e deletar amigos que as habilidades sociais não são necessárias. Elas são desenvolvidas na rua, ou no trabalho, ao encontrar gente com quem se precisa ter uma interação razoável. Aí você tem que enfrentar as dificuldades, se envolver em um diálogo”. QUEROL, Ricardo de. Zygmunt Bauman: as redes sociais são uma armadilha. El Pais, Burgos, 8 jan. 2016 <https://bit.ly/3c3KpsP>.
25
“A ideia de não ser capaz de dizer adeus me machuca mais do que a própria morte e existem outros locais com idosos, hospitais e asilos, onde não há mais a possibilidade de dizer adeus”; “Estou profundamente convencido da importância de máscaras, luvas, máquinas, mas o direito de dizer adeus não deve ser menos importante” – depoimentos de envolvidos com a campanha italiana “O direito de dizer adeus” que mobiliza a doação de tablets para hospitais no intuito de garantir aos pacientes do Coronavírus em estágio terminal a oportunidade de se despedirem. BBCNEWS. A campanha na Itália para que pacientes terminais com coronavírus possam dizer adeus a familiares. Uol, São Paulo, 23 mar. 2020 <https://bit.ly/2Xfe3XP>.
26
PINHEIRO, Manoel Carlos. Discurso de Melenchón candidato à presidência da França em 2017 (video, 5 min) <https://bit.ly/2x1RHhV>.
27
PINHEIRO, Lara. “Muito comovente”, diz arquiteto que montou gangorra na fronteira entre México e EUA. G1, Ciudad Juárez, 31 jul. 2019 <https://glo.bo/2Xu0Z11>.
28
“A total falência dos governos de direita e de extrema direita para salvar vidas [...] porque põem seus interesses econômicos acima dos interesses da vida. Exemplos: Inglaterra, Estados unidos, Índia e o Brasil. Mostram também outra coisa: independentemente do regime, os países menos atingidos pela lógica neoliberal do capitalismo bárbaro, disposto a sacrificar vidas para salvar os seus lucros, resolvem melhor os problemas da crise do que todos os outros: Singapura, Taiwan e China”. BOAVENTURA Sousa Santos: O mais urgente no Brasil é afastar Bolsonaro. TV247, 2020 (video, 3 min) <https://bit.ly/3c14q33>. Transcrição de Roseline Oliveira.
29
O artigo de Breno Castro Alves trata da redução da poluição na cidade São Paulo, mas segundo o jornalista, “o mesmo fenômeno foi observado em diversas cidades que atravessam quarentena. Lisboa reporta queda de 51% no dióxido de nitrogênio, enquanto Roma observou uma redução de 35%, e Barcelona, de 55%. Nos EUA, São Francisco e Nova Iorque reportam melhora, enquanto a China relata que a queda decorrente da quarentena terá impacto significativo em suas emissões totais deste ano”. ALVES, Breno Castro. O céu de SP está mais limpo. Uol, São Paulo, 29 mar. 2020 <https://bit.ly/2JL6bVR>.
30
CONTI, Mario Sergio. Manuela Carneıro da Cunha e a questão indígena no Brasil. Programa Diálogos com Mario Sergio Conti, 5 dez. 2019 (vídeo, 25 min) <https://bit.ly/3e1CYnC>.
31
BOULOS, Guilherme. Diálogo com Raquel Rolnik sobre o impacto do Coronavírus nas periferias urbanas (op. cit.).
32
“Entre 1918 e 1919, o mundo viveu uma pandemia que ficou conhecida como Gripe Espanhola. A doença se espalhou pelo planeta durante o fim e depois da Primeira Guerra Mundial. O curioso é que os informativos da época davam algumas das dicas que temos que praticar hoje em dia para evitar a propagação do Coronavírus: lavar bem a mãos e evitar aglomerações”. LUNENA, Felipe. História: recomendações para conter Coronavírus são as mesmas da Gripe Espanhola. Diário do Rio, Rio de Janeiro, 18 mar. 2020 <https://bit.ly/2URxIeX>.
33
“El virus actúa a nuestra imagen y semejanza, no hace más que replicar y extender a toda la población, las formas dominantes de gestión biopolítica y necropolítica que ya estaban trabajando sobre el territorio nacional”. PRECIADO, Paul B. Aprendiendo del vírus. El País, Madri, 28 mar. 2020 <https://bit.ly/2yAQZbA>.
sobre os autores
Roseline Vanessa Santos Oliveira é professora doutora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFAL desde 2008 e do seu Programa de Pós-Graduação, tendo realizado pós-doutoramento junto à Universidade de Évora em 2018. Compartilha a liderança do Grupo de Pesquisa Estudos da Paisagem (CNPq) com a profa. Dra. Maria Angélica da Silva, o qual adota a empiria e a iconografia histórica como principais referências para desenvolver trabalhos acerca do Patrimônio Paisagístico, com ênfase em História Urbanística e Design Social.
Andrej Alexander Barbosa Gudina é industriário, Bacharel em Administração e graduando da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Alagoas.