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architexts ISSN 1809-6298

abstracts

português
Comparando os palácios do Itamaraty do Rio de Janeiro e de Brasília nas escalas, urbana, do lote e do edifício buscamos entender como alguns princípios de composição, simetria e proporção foram reinterpretados por Oscar Niemeyer.

english
Comparing the palaces of Itamaraty in Rio de Janeiro and Brasilia in the urban, the block and the building scales, we try to understadn how some principles os composition, symmetry and proportion were reinterpreted by Oscar Niemeyer.

español
Comparando los palacios del Itamaraty de Rio de Janeiro y de Brasília en las escalas, urbana, del lote y del edificio tentamos entender como algunos principios de composición, simetría y proporción fueran reinterpretados por Oscar Niemeyer.


how to quote

BRANDÃO, Claudio Roberto Comas; AMORA, Ana Albano. Dois palácios, uma função em dois tempos. O Itamaraty no Rio de Janeiro e em Brasília. Arquitextos, São Paulo, ano 20, n. 240.01, Vitruvius, maio 2020 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/20.240/7743>.

Palácio do Itamaraty, Rio de Janeiro, 1894
Foto Juan Gutierrez [Biblioteca Nacional]

Em 1947, Collin Rowe publica o ensaio The mathematics of the ideal villa (1), onde analisa algumas obras de Le Corbusier e de Andrea Palladio. Assim, comparando a Ville Savoye e Ville Garches, do final da década de 1920, com a Villa Malcontenta e a Villa Rotonda, da segunda metade do século 16, ele desmonta a ideia difundida por alguns modernistas de que este movimento rejeitava a arquitetura do passado. Por exemplo, Le Corbusier, afirmava que:

“Enquanto que a história da arquitetura evolui lentamente através dos séculos, sobre modalidades de estruturas e decoração, em cinquenta anos, o ferro e o cimento contribuíram com aquisições que são o índice de uma arquitetura cujo código foi subvertido. Se nos colocamos em face do passado, veremos que os ‘estilos’ não existem mais para nós e que um estilo de época foi elaborado; houve revolução” (2).

Com efeito, no início do século 20, a afirmação de uma nova estética se apoiou na evolução tecnológica e a ruptura com a tradição se seguiu a um longo declínio da adesão às regras de proporção, harmonia e ordem, que regeram a arquitetura durante séculos. Rowe entende que a partir do século 18, tais regras passariam a ser questão de sensibilidade individual e de inspiração privada (3). Essa observação se apoia nos estudos que também serão abordados neste artigo, publicados por Rudolf Wittkower, a quem Rowe expressa sua “profunda dívida” nas notas do ensaio. Ele conclui que os mesmos princípios de beleza podem ser observados nas obras de Palladio e de Le Corbusier, contestando portanto a afirmação do arquiteto suíço de que teria havido uma subversão do código. Sua análise original incentivou diversos estudos semelhantes e pode servir de ferramenta para ampliar o conhecimento da nossa arquitetura moderna, especialmente a da escola carioca, de forte herança neoclássica.

Inspirados na investigação de Rowe, nossa proposta neste artigo é mostrar conexões entre o Palácio Itamaraty em Brasília e o Palácio do Itamaraty no Rio de Janeiro (4), na tentativa de entender em que medida este serviu de referência projetual para o outro. Para tanto, nos basearemos em comparações formais entre os palácios realizadas na escala urbana, na escala do lote e na escala do edifício. Este estudo se apoia nas pesquisas realizadas durante o mestrado no Programa de Pós-graduação em arquitetura na Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ e que estão sendo continuadas em fase de doutorado na mesma instituição (5).

O Palácio do Rio de Janeiro foi construído como residência para a família Itamaraty entre 1851 e 1854 (6). Seu projeto foi concluído por José Maria Jacinto Rebelo, discípulo de Auguste Henri Victor Grandjean de Montigny. Posteriormente, o imóvel foi adquirido pelo governo republicano em 1889 e dez anos mais tarde passou para o domínio do Ministério das Relações Exteriores. A sede do ministério em Brasília, cujos primeiros estudos de Oscar Niemeyer são de 1959, teve seus primeiros dois blocos, palácio e anexo, construídos entre 1963 e 1970. O segundo anexo é de meados dos anos 1970.

Além das ferramentas de análises formais, outro aspecto que nos aproxima ao texto de Rowe é o paralelismo entre Le Corbusier/Palladio, de um lado, e Niemeyer/Rebelo, do outro. Se, por um lado, é amplamente conhecida a ligação entre Niemeyer e o arquiteto suíço, menos notória é a filiação das ideias de José Maria Jacinto Rebelo às de Andrea Palladio. No livro A História do Itamaraty, Gustavo Barroso sugere que:

“O Palácio [do] Itamaraty, com sua harmoniosa e graciosa composição neo-clássica francesa de fundo italiano, participando da influência da Restauração e da era de Luiz Filipe, representa entre nós a linha artística que vai ter de Grandjean de Montigny, através de Percier e Fontaine, ao inesgotável manancial de Palladio” (7).

Nossa análise contemplará os edifícios em três escalas. Na escala urbana observaremos a posição dos palácios em relação aos eixos estruturantes da cidade e sua inserção na malha urbana. Na escala do lote veremos as estratégias de composição dos blocos que formam os complexos ministeriais. Por fim compararemos a organização espacial e as proporções dos dois palácios na escala edilícia.

Dois palácios em dois tempos

Rio de Janeiro, março de 1889

Dez anos após o fim do império, o Ministério das Relações Exteriores se transferiu para o imóvel comprado pelo governo republicano da família Itamaraty na Via Larga de São Joaquim, atual rua Marechal Floriano, onde se instalou o governo republicano entre 1889 e 1897. De 1899 até a definitiva mudança do ministério para Brasília, em 1970, várias reformas e ampliações foram realizadas para atender às demandas espaciais da instituição.

Em 1893 a ala das antigas cavalariças já havia sido adaptada para alojar o arquivo e outros serviços da Secretaria de Estado (8). Em 1908, durante o mandato do Barão de Rio Branco, foi construída a ala esquerda, a leste, para abrigar a secretaria. Em 1930 os arquitetos Robert Prentice e Anton Floderer concluíram o novo edifício para a biblioteca, vencedores do concurso de arquitetura que previa a substituição da antiga e precária biblioteca, de 1906 (9).

Nessa época o complexo assumiu o aspecto atual, um quadrilátero composto por quatro edifícios interligados: na extremidade sul o palacete neo-clássico original, ao norte a biblioteca projetada por Prentice e Floderer, a leste a ala nova e a oeste as cavalariças, todos circundando o majestoso jardim com um lago no centro. Fora deste quadrilátero construído, mas dentro do mesmo lote, encontram-se edifícios de menor relevância destinados a serviços e à sede do Instituto Rio Branco. Esta composição em blocos distintos reflete o crescimento orgânico do complexo para se adaptar às crescentes demandas do ministério durante os setenta anos de atividade no Rio de Janeiro. Por sua relevância arquitetônica, o Palácio do Itamaraty abre o catálogo das obras selecionadas para a mostra Brazil Builds: Architecture New and Old 1652-1942, realizada no Museu de Arte Moderna – MoMA de Nova York em 1943, que foi uma das responsáveis pela projeção mundial da arquitetura brasileira.

Brasília, 20 de abril de 1970

Na véspera da comemoração de dez anos de fundação da cidade, o Ministério das Relações Exteriores se mudou definitivamente para Brasília. Em uma sexta-feira as portas foram fechadas no Rio e na segunda-feira seguinte o Itamaraty reabriu na nova sede. Foi "Uma coisa extraordinária. Não houve hiato, não houve solução de continuidade" (10), explicou Wladimir Murtinho, diplomata que esteve à frente da comissão para a mudança do ministério e participou do projeto desde o início.

Ao contrário do que muitos podem imaginar, o processo de transferência para a capital levou anos para se concluir e, apesar de Brasília ter sido inaugurada em abril 1960, os ministérios continuaram a funcionar no Rio de Janeiro por vários anos. O longo desenvolvimento do projeto, que teve início em 1959, até a inauguração oficial do Palácio em 1970, foi o reflexo, em parte, da atribulada situação política após a mudança da capital, com drástica redução no ritmo das construções, assim como das revisões impostas ao projeto pelo Ministério das Relações Exteriores (11).

Planta de locação de estradas, Eixo Monumental, Brasília, 1959
Imagem divulgaçãoImagem divulgação [Arquivo Público do Distrito Federal, com destaque realizado pelo autor]

Os palácios na escala da cidade

O Palácio Itamaraty de Brasília está disposto na extremidade leste da Esplanada dos Ministérios e ocupa uma posição privilegiada no conjunto monumental, junto à praça dos Três Poderes. Em posição simétrica, do outro lado da Esplanada, está o Palácio da Justiça, e segundo Eduardo Rossetti se trata "de uma solução estratégica na disposição dos palácios junto da praça dos Três Poderes" (12). Isto porque, ao ser escolhido este lugar de destaque na Esplanada, se evidencia a relação simbólica do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) e do Ministério da Justiça e Negócios Interiores (Palácio da Justiça), junto aos três poderes da República.

O valor simbólico destes dois ministérios é exaltado tanto pela localização quanto pela forma diferente que assumem. Se, por um lado, os demais ministérios ocupam edifícios de caráter administrativo, com planta retangular, forma em paralelepípedo e fachadas envidraçadas, o Ministério das Relações Exteriores e o da Justiça ocupam palácios, que são edifícios singulares na arquitetura da cidade. Cabe ressaltar que a localização, assim como a forma em planta destes palácios, estavam previstas no Plano Piloto de Lúcio Costa, vencedor do concurso para a nova capital em 1957, o que se expressa na citação abaixo e nos primeiros desenhos técnicos de urbanismo. Diz Costa:

“Ao longo dessa esplanada −o mall dos ingleses− extenso gramado dedicado aos pedestres, a paradas e a desfiles, foram dispostos os ministérios e autarquias. Os das Relações Exteriores e Justiça ocupando os cantos inferiores, contíguos ao edifício do Congresso e com enquadramento condigno” (13).

Trecho da planta de locação com destaque para o Palácio Itamaraty, Brasília
Arquivo Público do Distrito Federal, com destaque realizado pelo autor

Em depoimento ao Arquivo Público do Distrito Federal, o diplomata Wladimir Murtinho, explicou a necessidade de se construir um grande palácio, maior do que a previsão de Lúcio Costa, com suas dimensões contidas. Murtinho vislumbrou, com a mudança do ministério para Brasília, a oportunidade de modernizar e ampliar o Itamaraty. Isto fica claro ao compararmos o tamanho destinado ao palácio nas primeiras plantas da Esplanada dos Ministérios, na qual o palácio tinha aproximadamente 60m x 60m, em relação às dimensões atuais de 86m x86m. A necessidade de espaços maiores se deve à função representativa da Presidência da República que o Ministério das Relações Exteriores assume no Brasil, à diferença do que acontece em outros países. Segundo Murtinho, essa tradição brasileira remonta aos primórdios da República, quando o novo governo, de maioria militar e com pouca habilidade nas complicações cerimoniais da tradição cortesã, delegou essa responsabilidade. Com a mudança da capital, decidiu-se manter essa tradição, como Murtinho explica:

“O Itamaraty, até a vinda para Brasília era responsável por isso. Bom, aí era saber se íamos, ou não, continuar a ser assim. Eu mostrei o assunto, discuti com o Lúcio Costa e mostramos ao Oscar Niemeyer que ficou muito interessado, evidentemente, a idéia de fazer um palácio. [...] Nós discutimos os problemas, eu consegui convencer o Lúcio Costa de que era lógico que o prédio, o palácio fosse muito grande... Esse palácio porque, eu dizia que se íamos continuar... a ter essa parte de representação era necessário que fosse muito grande (14).

Comparando a localização do palácio em Brasília com o do Rio, observamos a mesma condição de destaque na cidade. Como símbolo da aristocracia carioca, o palacete da família Itamaraty é fruto, nas palavras de Gustavo Barroso, do "surto de bom gosto arquitetônico" (15) devido à influência da Missão Artística Francesa de 1816. No entanto a sua monumentalização ocorreria somente décadas mais tarde. Na relação com a cidade, tanto o Palácio do Rio quanto o de Brasília estão situados junto à importantes eixos urbanos. O de Brasília, como já observamos, ocupa posição de realce no Eixo Monumental e no Rio acontece uma situação análoga em relação à avenida Presidente Vargas. A avenida, porém, não existia até a década de 1940. Além disso, até poucos anos antes de sua abertura "velhos e pesados sobradões aprisionavam o Itamaraty" dos dois lados. Foi a abertura da avenida Presidente Vargas e a demolição dos edifícios vizinhos, além de sua qualidade arquitetônica, que conferiram o caráter monumental ao palacete.

Planta de situação do Palácio Itamaraty, Brasília, 1988
MRE, com destaques realizado pelo autor

Além desses paralelos simbólicos e representativos, também cabe uma análise formal dos palácios em relação aos eixos urbanos. Ambos situam-se em áreas de transição entre um tecido urbano mais denso para uma área de menor densidade, que em Brasília culmina na praça dos Três Poderes e no Rio, na praça da República. Se essa percepção inspirou Lúcio Costa para definir a localização do palácio não podemos afirmar com certeza, mas cabe lembrar que Costa integrava os quadros do Ministério das Relações Exteriores na virada dos anos 1920 e 1930, antes de se tornar diretor da Escola Nacional de Belas Artes (16).

Mapas Figura Fundo do Eixo Monumental em Brasília e da avenida Presidente Vargas no Rio de Janeiro com a área do Itamaraty em destaque
Elaboração Claudio Roberto Comas Brandão

A implantação no lote

O Ministério das Relações Exteriores em Brasília consiste em um conjunto de três blocos autônomos, projetados para abrigar funções distintas, interligados por passarelas no nível do primeiro andar. Na antiga sede do Rio de Janeiro uma divisão análoga das funções em blocos distintos resultou da adequação aos edifícios existentes e das ampliações realizadas ao longo do tempo. Em Brasília, Niemeyer adota uma estratégia compositiva recorrente em seus projetos,

“Na qual a forma racional é abrigo do programa de uso cotidiano, identificado por ambientes repetidos (apartamentos, escritórios), ao passo que a forma expressiva contém o elemento do programa que abriga funções de uso esporádico e coletivo (espaços expositivos e auditórios)” (17).

Implantação do conjunto do Ministério das Relações Exteriores, Rio de Janeiro
Elaboração Claudio Roberto Comas Brandão sobre base do Ererio

Assim, de acordo com essa lógica de divisão de funções, foram definidas as formas dos edifícios. O Palácio Itamaraty, caracterizado pelos arcos e o Anexo I, destinado às funções burocráticas, em forma de barra horizontal. O Anexo II, projetado posteriormente, em 1974, deveria receber a biblioteca e o setor de comunicações. Sua função especial também reforça a teoria da adoção de uma forma expressiva, neste caso um cilindro sem aberturas para o exterior. Hoje, porém, abriga departamentos que não puderam ser contemplados no Anexo I, enquanto os livros e mapas históricos permaneceram no Rio de Janeiro.

Diagrama de composição dos volumes dos palácios em Brasília, à esquerda, e Rio de Janeiro, à direita
Elaboração Claudio Roberto Comas Brandão

Comparando a implantação no terrenos dos conjuntos de Brasília e do Rio observamos um comportamento diferente no que diz respeito à composição dos volumes. A disposição dos blocos em Brasília configura um eixo compositivo perpendicular ao Eixo Monumental sobre o qual se dispõem de maneira assimétrica, o Anexo I é deslocado na direção leste em relação ao centro do Palácio Itamaraty. Ao projetar o Anexo II, dez anos mais tarde, Niemeyer reafirmaria esse eixo da composição, que se materializa na passarela de ligação com o Anexo I e equilibra as massas ao aumentar a largura da passarela na direção oposta ao deslocamento do Anexo I. A disposição dos edifícios no Rio de Janeiro, por sua vez, parte da ocupação perimetral do lote englobando em seu interior o jardim e o espelho d'água. Construídos ao longo de décadas, os edifícios mantiveram como referência o jardim e a simetria em torno dele. Assim aconteceu com a construção, nos anos 1910, da ala nova simétrica às cavalariças e, em 1930, com a nova biblioteca, simétrica ao palacete. Ainda assim, pode-se observar um claro eixo compositivo perpendicular à rua que cruza o lote no sentido norte/sul passando pelo palacete e pela biblioteca. A diferença em relação ao conjunto de Brasília é que a simetria do complexo carioca configura um ponto central, no espelho d’água, em torno do qual os elementos se equilibram de modo estático, ao passo que naquele, o equilíbrio dinâmico e a composição, regida por uma linha ao invés de um ponto, é aberta. Se no Rio a composição está centrada no vazio, em Brasília baseia-se nas massas. Esse comportamento complementar aparece em alguns elementos, como no espelho d’água, que em um caso está no centro e no outro, na periferia.

Diagrama de disposição dos gabinetes nos palácios do Rio e de Brasília
Elaboração Claudio Roberto Comas Brandão

Análise dos palácios

Deixando a composição do conjunto e partindo para a análise dos palácios, vamos comparar a disposição dos ambientes, os traçados ordenadores das plantas e fachadas e suas proporções. Nosso objetivo é entender quais referências do palacete carioca podem ter influenciado no projeto para o palácio em Brasília. Wladimir Murtinho considerava que o diálogo que estabeleceu com Niemeyer possibilitou um entendimento das necessidades de utilização do antigo edifício do Rio como referência, como nos fala a seguir:

“Nós conseguimos então, pouco a pouco, um diálogo perfeito com o Oscar e eu, me parece que foi em 59, não tenho certeza, fiquei junto da prancheta do Oscar Niemeyer, conversando com ele, como era esta interligação e para mim foi muito fácil porque nós na realidade, repetimos a solução que havia sido adotada no Rio de Janeiro, para o palácio propriamente dito. O palácio no Rio de Janeiro é um quadrilátero a semelhança deste, e tem duas alas: em uma está o secretário-geral, com todo o seu secretariado, e do outro está o ministro de Estado, com o gabinete, e isso foi o que nós fizemos aqui” (18).

Assim, a disposição dos espaços do Palácio Itamaraty em Brasília é basicamente a seguinte: duas alas laterais comportam os gabinetes ministeriais de um lado e o secretariado do outro do eixo de simetria acima descrito. Entre as duas alas, na faixa central, estão situados os ambientes de caráter público, no térreo temos o vestíbulo de entrada, voltado para o Eixo Monumental com ao fundo o jardim tropical projetado por Burle Marx. No primeiro andar, sempre na faixa central do edifício, conectado ao vestíbulo por uma majestosa escada helicoidal, encontram-se a Sala dos Atos e Sala dos Tratados, separadas por uma treliça em madeira e ferro desenhada por Athos Bulcão. Outras duas entradas duas entradas no térreo conduzem, à oeste para o centro de congressos no subsolo e, à leste, para o gabinete do Ministro de Estado. A fachada posterior possui ainda duas entradas de serviço no térreo, situadas sob as duas passarelas que ligam o Palácio ao Anexo I. O segundo andar é dedicado às recepções, com salas para banquetes, cozinha e uma enorme varanda com vista privilegiada para o Eixo Monumental e a praça dos Três Poderes.

A organização espacial do palácio carioca é muito semelhante, apesar das proporções diferenciadas. A planta do palacete é cruciforme e não quadrada, como a do palácio de Brasília, mas foi mantida neste último a disposição dos gabinetes do Secretário de Estado e do Ministro das Relações Exteriores simétrica em relação aos ambientes centrais. No Rio, assim como em Brasília, temos de um lado a sala do Ministro e do outro a do Secretário, separados por uma série da ambientes para para cerimônias: o salão de honra, o salão de baile e a sala de jantar. Essa organização espacial foi implementada após a reforma administrativa realizada por Maurício Nabuco, o mesmo que convidou Lucio Costa para trabalhar no Setor de Patrimônio do ministério na década de 1930. Segundo Wladimir Murtinho, trata-se “de uma velha tradição que dizem que o secretário-geral, não deve ficar demasiado perto do ministro, para [ter] tempo de pensar, quando é chamado, como é que ele vai explicar o assunto” (19).

Plantas esquematizadas de onze villas palladianas
Elaboração Rudolf Wittkower, 1949

Examinando os traçados reguladores da planta, entendemos que a simetria absoluta no palácio no Rio de Janeiro é um sinal da adesão de José Maria Jacinto Rebelo aos mesmos preceitos defendidos por Andrea Palladio no século 16 e da forte influência do classicismo no ensino de arquitetura no Rio de Janeiro no século 19. Tais normas são explicitadas na obra de Rudolf Wittkower, Architectural principles in the age of Humanism (20), publicado em 1949, da qual extraímos a citação abaixo:

“Projetando mansões e palácios, Palladio seguiu algumas normas precisas das quais nunca se distanciou. Exigia uma sala situada no eixo central do edifício e uma absoluta simetria entre os ambientes menores aos seus lados. "E se deve advertir, que aquelas salas da parte direita correspondam, e sejam iguais às da esquerda: de modo que a construção seja igual em uma parte como na outra" (21).

O conhecido diagrama das Villas de Palladio feito por Wittkower demonstraria como o arquiteto italiano adotava um padrão simétrico que podia ser sintetizado por um quadrado cortado por duas linhas em um sentido e quatro no outro. Analisando as plantas dos palácios aqui apresentados, observamos que, embora a simetria espacial no projeto de Niemeyer não seja dogmática como em Rebelo, o palácio de Brasília é, entre os dois, o que mais se aproxima do esquema palladiano.

Diagramas analíticos dos palácios do Rio e de Brasília
Elaboração Claudio Roberto Comas Brandão

No texto Contradição na arquitetura, escrito na época do desenvolvimento do projeto, e logo após sua viagem à Europa, onde esteve pôde visitar grande obras do passado, Niemeyer observa que "a arquitetura se baseia em razões permanentes, em leis eternas de equilíbrio, proporção e harmonia, que lhe permitem, quando conduzida com talento e espírito criador, constituir-se em obra de arte” (22). Esse espírito criador é, na visão de Wittkower, fruto de um longo processo de conversão das regras clássicas em sensibilidade individual a partir do final do século 17 (23).

O autor entende que o processo de transformação social movido pela revolução científica teve grande impacto na maneira de se perceber e conceber a arte. Com isso, as proporções harmônicas adotadas na arquitetura renascentista e, especialmente na obra de Andrea Palladio, teriam sido colocadas em cheque. Wittkower destaca alguns eventos que promoveram essa mudança na arquitetura européia a partir do século 17, entre eles: a contestação de que houvesse uma matemática reguladora do universo a ser aplicada em todas as artes, a relatividade do ponto de vista do observador e a subjetividade da percepção de beleza.

Essas transformações foram lentas e graduais. Wittkower observa que já em 1683, na França, Claude Perrault defenderia que as proporções baseadas nas harmonias musicais, que regiam as medidas de largura, comprimento e altura dos ambientes, poderiam ser agradáveis aos olhos mas não eram uma garantia de beleza a priori (24). Perrault estaria no centro da querela entre antigos e modernos na Academia Francesa (25). No mesmo período, na Itália, Gaurino Guarini argumentaria que “o olho de quem percebe é o único juiz em matéria de proporções” (26) e, oitenta anos mais tarde, Tommaso Temanza notaria que o olho não seria capaz de perceber simultaneamente as relações entre largura, comprimento e altura de um ambiente e que portanto as proporções arquitetônicas não poderiam ser absolutas (27).

Por fim, Wittkower afirma que foi na Inglaterra que a “estrutura da estética clássica foi derrubada das fundações” (28). Em Análise da Beleza, de 1753, William Hogarth rejeitava qualquer paralelismo entre matemática e beleza e, de acordo com o empirismo estético de David Hume, o belo ou o feio pertencem inteiramente à sensibilidade individual (29). A beleza das proporções passaria a ser um fato de sensibilidade subjetiva e, nesse sentido, o arquiteto se libertaria dos vínculos das relações matemáticas. Wittkower entende que essa nova concepção de mundo e libertação das regras compositivas rígidas explicaria a postura moderna dos arquitetos, que pode ser resumida na frase “le proportions, c'est l’infini”, extraída do manual Eléments et théorie de larchitecture, escrito por Julien Gaudet no início do século 20 (30).

Mas Wittkower nos informa ainda que a lenta degradação da concepção estética clássica não aconteceu sem reação. A obra de Andrea Palladio continuaria a permanecer como cânone, sobretudo entre os arquitetos acadêmicos franceses. François Blondel, primeiro diretor da Académie Royale de l’Architecture, dedicou quase um livro inteiro do seu Cours d’architecture, de 1685, às proporções musicais na arquitetura. Charles-Étienne Briseux, oitenta anos mais tarde, reafirmaria as ideias de Blondel, em contraposição a Perrault (31). No fim do século 18, o conservadorismo nas artes e arquitetura ganharia novos ares na França, com a refundação da Academia de Belas Artes sob o patrocínio de Napoleão Bonaparte. A estética neoclássica, fundada nos princípios da arte e da arquitetura antiga grega e romana, se beneficiaria das descobertas arqueológicas de Pompéia e se afirmaria como estilo dominante do período napoleônico (32). No campo da arquitetura, os arquitetos Charles Percier e Pierre Fontaine eram os maiores expoentes do neoclassicismo francês. Aqui no Brasil, seria Grandjean de Montigny, aluno de Percier e Fontaine, o grande responsável, nas palavras de Yves Bruand, pela introdução do verdadeiro estilo neoclássico. Por meio da construção de edifícios de qualidade e da formação rígida que deu a seus alunos, a atuação de Grandjean de Montigny fez com que o período neoclássico no Brasil se prolongasse até a segunda metade do século 19, por muito mais tempo do que no resto do mundo (33). Ainda assim, de acordo com Wittkower, uma concepção inteiramente nova do mundo derrubaria toda a estrutura estética clássica. A ideia de ordem e harmonia universal e a síntese que ligava o microcosmo ao macrocosmo, na qual os pensadores até o século 17 acreditavam, se desintegrara (34).

Planta baixa térreo e fachada do Palácio Itamaraty de Brasília com malha estrutural em destaque
Elaboração Claudio Roberto Comas Brandão

No caso dos palácio analisados, um ligado às raízes neoclássicas e o outro ao movimento moderno, veremos como se comportam em relação à doutrina clássica. Um dos aspectos analisados é a simetria. Ainda que exista um claro eixo de composição dos ambientes no palácio de Brasília, normal ao Eixo Monumental, sua disposição não é simétrica como no palacete carioca. Uma pista de automóveis que cruza o edifício no sentido norte-sul ocupa uma faixa de 6m de um dos lados dos ambientes centrais do palácio. Desse modo os ambientes centrais e metade das salas do térreo e do primeiro andar são deslocadas em relação ao eixo central. No Palácio Itamaraty de Brasília, o eixo de simetria não passa pelo arco de entrada nem pelo centro do vestíbulo, como acontece no Rio de Janeiro, mas pelo pilar. Se, por um lado, não há simetria nos ambientes, a estrutura, por sua vez, é absolutamente simétrica. Com efeito, nessa época a estrutura ganha protagonismo na arquitetura de Niemeyer. Segundo o arquiteto, as obras de Brasilia marcaram uma nova etapa do seu trabalho, com uma busca por "concisão e pureza" quando, passaram a lhe interessar:

“As soluções compactas, simples e geométricas; os problemas de hierarquia e de caráter arquitetônico; as conveniências da unidade e harmonia entre os edifícios e, ainda, que estes não mais se exprimam por seus elementos secundários, mas pela própria estrutura, devidamente integrada na concepção plástica original” (35).

Eduardo Rossetti, em uma comparação similar entre os dos dois palácios, nota que apesar do deslocamento do eixo nos primeiros andares, a razão “no novo Palácio, esta proporção é re-estabelecida pelo sistema estrutural das colunas internas que perpassam a laje e se solidarizam com a super-estrutura da arcada [no último andar], definindo espaçamentos na razão de 3:6:3 arcos, ou seja, a mesma razão 1:2:1 do velho palácio neoclássico” (36). Rossetti se refere às seis janelas do primeiro andar do palacete que são distribuídas em três faixas, duas em cada faixa lateral e quatro na central. Verificamos esta razão através de um diagrama e vimos que as medidas não correspondem exatamente à razão 1:2:1, mas isso não invalida a análise. Rossetti observa ainda que, apesar dessa semelhança, a característica predominante na fachada do palácio de Brasília não é marcada por essa razão, mas sim pela sucessão de dezesseis arcos ordenados de acordo com a modulação estrutural de 6m x 6m.

Planta esquematizada do primeiro andar dos dois palácios
Elaboração Claudio Roberto Comas Brandão

A dimensão da malha estrutural adotada por Niemeyer no Itamaraty não é observada em projetos anteriores do arquiteto para Brasília ou nas versões anteriores elaboradas para o próprio Itamaraty (37). É possível que a relação com a equipe do ministério tenha influído nas decisões de projeto. A versão final, baseada em uma uma malha estrutural de 6m x 6m, que ordena toda a divisão espacial interna, proporcionou salas de 12m x 12m ao ministro e secretário de Estado. Estas salas, segundo Wladimir Murtinho, teriam desagradado o presidente Castello Branco por serem mais espaçosas que o gabinete do presidente da República (38). O caráter simbólico e monumental foi preponderante à funcionalidade, como podemos entender pela explicação de Murtinho:

“Fizemos um prédio que se tornou palacial porque as galerias são muito grandes. Uma das grandes alegrias que teve o Oscar, eu me lembro dele dizendo: ‘Mas posso fazer seis metros?’ […] Na realidade, o que dá a grandeza e a elegância do Palácio do Itamaraty, que tem espaços mesmo, que servem para a encenação. Ou seja, a pessoa quando vai negociar um tratado com o secretário-geral, o faz numa sala de tal luxo, tal elegancia” (39).

No palacete carioca, assim como no novo palácio, os ambientes cerimoniais estão localizados na faixa central do térreo e primeiro andar, com 10,4m de largura no primeiro e 30m no segundo. No palacete, outras duas faixas com 6m de largura abrigam salas que servem de apoio aos salões de festa ou como ante-sala dos gabinetes. Em Brasília essa fileira de salas não existe, mas um largo corredor, também com 6m de largura, funciona de filtro entre os ambientes cerimoniais e os gabinetes. As faixas extremas, por fim, abrigam os gabinetes, tanto em um palácio quanto no outro. Essas têm 9,7m de largura no Rio e 12m em Brasília. No primeiro, as salas do ministro e do secretário têm 9,7m x 10,2m e no outro, 12m x 12m. Podemos assim concluir que a adoção da malha estrutural de 6m x 6m permitiu uma reprodução mais próxima dos tamanhos de ambientes presentes na antiga sede do Itamaraty. A diferença notável está no tamanho faixa central. Os 30m de vão no palácio de Brasília, em confronto com os 10,4m no Rio, se justificam pelas novas possibilidades tecnológicas, pela disponibilidade de espaço e pela exaltação das funções representativas.

Proporções áureas observadas na planta do Palácio do Itamaraty, Rio de Janeiro
Elaboração Claudio Roberto Comas Brandão

Por fim, vamos comparar as proporções dos dois palácios. Essa tarefa pode parecer, a princípio, um trabalho em vão. Quando Collin Rowe relacionou os desenhos da Vila Savoye com os da Vila Malcontenta não deixou de observar que tratavam-se "de dois edifícios que, em suas formas e evocações, têm superficialmente tão poucos pontos de semelhança que parece grotesco compará-los”, mas, no entanto, "esta diferença de temperamento não nos deve impedir examiná-los detidamente” (40).

Proporções áureas observadas na fachada do Palácio do Itamaraty, Rio de Janeiro
Elaboração Claudio Roberto Comas Brandão

As relações entre largura e comprimento em planta, nos ambientes do palacete carioca, são baseadas em proporções áureas, princípio também adotado no desenho da fachada. Niemeyer não segue a mesma regra e os condicionantes das proporções do edifício são de ordem estrutural, ou de atendimento às exigências do programa ou ainda fruto da sensibilidade do arquiteto. Ainda assim, ao sobrepor as plantas dos dois palácios, notamos que a proporção do volume principal do palacete carioca corresponde à proporção interna do vestíbulo.

Sobreposição das plantas dos palácios na mesma escala
Elaboração Claudio Roberto Comas Brandão

Considerações finais

A partir da comparação entre os dois palácios, podemos chegar a algumas conclusões que enriquecem nosso entendimento sobre o projeto realizado para o Ministério das Relações Exteriores em Brasília. As análise propostas neste artigo confirmam nossa tese de que a antiga sede do ministério serviu de exemplo e referência para o projeto do palácio em Brasília. Tais referências extrapolaram a organização espacial e reverberaram na implantação do edifício, na composição dos volumes e dos ambientes e no dimensionamento da malha estrutural.

A posição dos dois edifícios na escala urbana reflete sua importância simbólica e mostram estratégias semelhantes de monumentalização dos edifícios: ambos situados na extremidades de eixos urbanos e destacados dos blocos vizinhos por distanciamento ou diferenciação formal. Na escala do lote, vimos algumas similaridades e complementaridades na composição dos volumes, observada na comparação dos diagramas de figura e fundo.

Sobreposição das plantas dos palácios em escalas diferentes
Elaboração Claudio Roberto Comas Brandão

Aproximando a análise à escala dos edifícios, comparamos a organização dos ambientes nos dois palácios, onde concluímos que a tradição no uso dos espaços serviu de referência para o projeto do novo palácio, como por exemplo na disposição dos gabinetes do secretário de e do ministro em relação aos ambientes cerimoniais. Essa mesma referência foi observada no dimensionamento dos ambientes e consequente dimensionamento da malha estrutural. É o que concluímos no caso da mudança, no curso do projeto, da malha estrutural de 8x8m para 6x6m, o que exaltou a característica palaciana dos ambientes internos.

Analisamos o respeito à simetria nos dois edifícios, procurando entender sua adoção à luz de uma sensibilidade estética neoclássica e moderna e, por fim, as proporções em planta. Neste caso observamos uma coincidência de proporções entre volume vazio no palácio em Brasília e o volume construído do palacete carioca. Sobre esta relação, não há indícios nas pesquisas que nos permitam afirmar que essa coincidência fosse consciente. No entanto, quando Murtinho diz que, "embora não pareça, o ministério é extremamente inspirado no palácio que nós temos no Rio de Janeiro" (41) concluímos que as conexões entre os dois nem sempre são óbvias e que o resultado de tais conexões explica porque "Quando a pessoa encontra e acha aquilo muito natural, é porque nós já tínhamos testado este sistema, durante sessenta anos” (42).

A análise comparativa das obras neste artigo reafirma a tese de Collin Rowe de que a busca da beleza por Le Corbusier consistia na observação de regras clássicas que por séculos fundamentaram a arquitetura. Vemos no projeto de Niemeyer, ainda que com maior liberdade e menor rigor geométrico do que em Le Corbusier, uma atitude semelhante. A comparação entre os dois palácios confirma não somente a influência da tradição do Itamaraty durante a concepção arquitetônica, mas mostra também, em alguma medida, um modo de se fazer Arquitetura baseado em princípios clássicos que se afirmou no Brasil com a vinda de Grandjean de Montigny e pelo legado deixado por ele e seus discípulos, tanto na arquitetura quanto no ensino (43).

notas

NA – O título deste artigo é uma clara referência ao artigo de Heitor Granafei: “Dois palácios em três tempos”, no qual é analisado o investimento do Itamaraty no design como ferramenta de representação diplomática.

1
ROWE, Collin. Las matematicas de la villa ideal. In Manierismo y arquitectura moderna y otros ensayos. Barcelona, Gustavo Gili, 1981.

2
LE CORBUSIER. Por uma arquitetura. Coleção Estudos, n. 27. São Paulo, Perspectiva, 2002, p. XXXIII.

3
ROWE, Collin. Op. cit., p. 15.

4
Palácio Itamaraty é o nome da sede representativa do Ministério das Relações Exteriores em Brasília. O edifício herdou o nome da antiga sede do ministério no Rio de Janeiro, pelo qual já era conhecido mundialmente. É importante evidenciar a sutil diferença de nomenclatura adotada pela instituição para distinguir o palácio de Brasília de seu precedente carioca. Quando nos referimos ao "Palácio Itamaraty" é o de Brasília, já com o uso da contração "do" designamos o "Palácio do Itamaraty" no Rio de Janeiro.

5
Ver: BRANDÃO, Claudio R. Comas. O Palácio Itamaraty em Brasília: Reflexões sobre a concepção arquitetônica. Dissertação de mestrado. Rio de Janeiro, Proarq UFRJ, 2019.

6
O edifício foi construído entre 1851 e 1854 para o conde de Itamaraty, Francisco José da Rocha Leão, filho do primeiro barão do Itamaraty. José Maria Jacinto Rebelo deu continuidade à obra já iniciada por autor desconhecido. Ver: BARROSO, Gustavo. História do Palácio Itamaraty. Rio de Janeiro, Museu Histórico e Diplomático do Itamaraty/Ministério das Relações Exteriores, 1956. p. 27.

7
Idem, ibidem, p. 24.

8
De acordo com a "Planta Geral do Palácio do Governo e suas dependências Levantada e desenhada" de 16 de janeiro de 1893 de autoria do Major de Engenheiros Nicolau Alexandre Muniz Freire consultada na Seção de Arquivo Histórico do Escritório de Representação no Rio de Janeiro – Ererio.

9
O edital do concurso público de ante-projetos foi publicado no Diário Oficial em 23 de outubro de 1927. O concurso foi organizado pelo Instituto Central de Architectos do Rio de Janeiro, a pedido do Ministério das Relações Exteriores. O júri era composto por Nereu Samapaio, Presidente do Instituto Central de Architectos, Francisco de Oliveira Passos, membro do conselho consultivo do Clube de Engenharia do Rio de Janeiro e Mauricio Nabuco, funcionário do ministério designado pelo ministro de Relações Exteriores. Participaram do concurso oito projetos, o primeiro prêmio foi concedido ao projeto dos arquitetos Prentice e Floderer e o segundo prêmio aos arquitetos J. Gire e Elisiario Bahiana.

10
MURTINHO, Wladimir do Amaral. Depoimento – Programa de História Oral. Brasília, Arquivo Público do Distrito Federal, 1981, p. 23.

11
ROSSETTI, Eduardo Pierrotti. Palácio do Itamaraty: questões de história, projeto e documentação (1959-70). Arquitextos, São Paulo, ano 09, n. 106.02, Vitruvius, mar. 2009 <https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/09.106/65>.

12
ROSSETTI, Eduardo Pierrotti; RAMOS, Graça. Palácio Itamaraty: a arquitetura da diplomacia. Brasília, ITS, 2017, p. 26.

13
COSTA, Lúcio. Registro de uma vivência. São Paulo, Empresa das Artes, 1995, p. 289.

14
MURTINHO, Wladimir do Amaral. Op. cit., p. 2.

15
BARROSO, Gustavo. Op. cit., p. 20.

16
COSTA, Lúcio. Op. cit., p. 67

17
QUEIROZ, Rodrigo. A revisão crítica de Oscar Niemeyer. In BRUNA, Paulo; GUERRERO, Ingrid Quintana (Org.). Quatro ensaios sobre Oscar Niemeyer. Cotia, Ateliê Editorial, 2017, p. 205.

18
MURTINHO, Wladimir do Amaral. Op. cit., p. 3.

19
Idem, ibidem, p. 3.

20
WITTKOWER, Rudolf. Principî architettonici nell’età dell’Umanesimo. Turim, Giulio Einaudi Editore, 1964.

21
"Progettando le ville e i pallazzi Palladio seguí alcune norme precise, dalle qualli non si allontanò mai. Esigeva una sala posta sull'asse centrale dell'edificio, e un'assoluta simmetria tra gli ambienti minori ai suoi lati. 'E si deve avertire, che quelle stanze della parte destra rispondino, e siano uguali à quelle dalla sinistra: accioche la fabrica sia così in una parte come nell'altra'". Idem, ibidem, p. 72. Tradução dos autores.

22
NIEMEYER, Oscar. Contradição na arquitetura. Módulo, n. 31, Rio de Janeiro, dez. 1962, p. 17.

23
WITTKOWER, Rudolf. Op. cit., p. 142.

24
Idem, ibidem, p. 136.

25
Querela dos Antigos e Modernos. Wikipedia, São Francisco <https://bit.ly/3bZdfKG>.

26
WITTKOWER, Rudolf. Op. cit., p. 142.

27
Idem, ibidem, p. 139.

28
Idem, ibidem, p. 142. Tradução dos autores.

29
Idem, ibidem, p. 142.

30
Idem, ibidem, p. 146.

31
Idem, ibidem, p. 137.

32
Academicismo. Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras, São Paulo, Itaú Cultural, 2020 <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo349/academicisme>.

33
BRUAND, Yves. Arquitetura contemporânea no Brasil. São Paulo, Perspectiva, 1981, p. 33-34.

34
WITTKOWER, Rudolf. Op. cit., p. 136; 145.

35
NIEMEYER, Oscar. Apud FICHER, Sylvia; MACEDO, Danilo. Op. cit., p. 11-12.

36
ROSSETTI, Eduardo Pierrotti. Palácio do Itamaraty: questões de história, projeto e documentação (1959-70) (op. cit.).

37
Ver: BRANDÃO, Claudio R. Comas. O Palácio Itamaraty em Brasília: Reflexões sobre a concepção arquitetônica (op. cit.).

38
MURTINHO, Wladimir do Amaral. Op. cit., p. 16.

39
Idem, ibidem, p. 16.

40
ROWE, Collin. Op. cit., p. 11. Tradução dos autores.

41
MURTINHO, Wladimir do Amaral. Op. cit., p. 1.

42
Idem, ibidem, p. 3.

43
A respeito da influência de Grandjean de Montigny na arquitetura carioca, ver: FILHO, Adolpho Morales de los Rios. Grandjean de Montigny e a evolução da arte brasileira. Rio de Janeiro, A Noite, 1941.

sobre os autores

Claudio Roberto Comas Brandão é mestrando de arquitetura (Proarq UFRJ) e bolsista da Capes. Graduado em arquitetura e urbanismo (UnB, 1997) e especialista em Desenho Industrial (Scuola Politecnica di Design de Milão, 1999). Foi professor substituto (FAU UFRJ, 2014-2016) da disciplina Projeto de Interiores. Atua profissionalmente como arquiteto e designer de produtos.

Ana Amora é doutora (IPPUR UFRJ, 2006) e professora adjunta (Proarq FAU UFRJ, 2008), onde atua no grupo de pesquisa Pensamento História e Crítica. Foi professora da UFSC. Coordenou em Santa Catarina o Inventário de Patrimônio Cultural da Saúde (COC Fiocruz), que resultou na organização do livro História da Saúde em Santa Catarina: Instituições e patrimônio arquitetônico.

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