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research

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architexts ISSN 1809-6298


abstracts

português
O concurso internacional para o Previ, no Peru, em 1969, foi um grande laboratório no campo da habitação na América Latina. Este artigo investiga as ideias norteadoras da proposta do arquiteto britânico James Stirling.

english
The international competition for Previ, in Peru, 1969, was a great laboratory in the housing field in Latin America. This article investigates the guiding ideas of the proposal by British architect James Stirling.

español
El concurso internacional para el Previ, en Perú, en 1969, fue un gran laboratorio en el campo de la vivienda en América Latina. Este artículo investiga las ideas conductoras de la propuesta del arquitecto británico James Stirling.


how to quote

GONSALES, Célia Helena Castro; LOPES, Gabriel Alvariz. Universal e local em projeto de habitação e de cidade. James Stirling e o concurso Previ no Peru. Arquitextos, São Paulo, ano 23, n. 268.05, Vitruvius, set. 2022 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/23.268/8600>.

A cidade proposta no começo do século 20 no contexto do chamado movimento moderno — a cidade-parque — buscava retomar o equilíbrio entre construção e espaço aberto perdido na conturbada e insalubre cidade oitocentista europeia (1). No entanto, essa proposta rompeu com as categorias fundamentais da cidade tradicional — rua, quarteirão, bairro —, deixando para trás conceitos urbanos importantes, que os arquitetos do segundo pós-guerra, de alguma maneira, tentaram resgatar: a transição gradativa entre os domínios público e privado, a dimensão cívica da cidade, enfim, o espaço público perceptível (2).

Nesse sentido, o ethos da arquitetura moderna de caráter universal — representante de um espírito da época das primeiras décadas do século 20 — vinha já desde os anos de 1930 sendo transmutado através do diálogo com o contexto histórico e cultural dos lugares em que se inseria. Entretanto, é especialmente a partir de meados do século que essas mudanças se tornam mais contundentes, como demonstram as inflexões no próprio debate dos Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna — Ciam (3).

A obra do arquiteto James Stirling — especialmente aquela referente à habitação —, que começa a se concretizar nos anos cinquenta, reflete bem as vicissitudes do pensamento moderno e a crítica que amadurecia nesse período em relação aos preceitos funcionalistas, por parte dos arquitetos de sua geração. O seu projeto para o concurso de habitação do Previ, realizado em Lima, Peru, é reflexo de sua trajetória nesse contexto de reflexão e uma oportunidade de experimentação e consolidação das questões acima colocadas.

Em 1968 o governo peruano, sob presidência do arquiteto Fernando Belaúnde Terry, firmava contrato de cooperação com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento — PNUD ONU para a implantação do Proyecto Experimental de Vivienda, ou Previ, composto de uma série de projetos que incorporavam desde propostas de habitação antissísmicas e autoconstruídas e de revitalização de zonas urbanas críticas da área metropolitana da capital peruana, até um concurso para um conjunto habitacional modelo, o PP1.

O Proyecto Piloto 1 — PP1, previa a construção de 1.500 unidades habitacionais em uma área de 40 hectares no extremo norte da zona metropolitana de Lima. Os resultados da investigação tecnológica e projetual — nos campos da arquitetura, urbanismo, estruturas e instalações — se aplicariam em futuros programas afins no contexto dos países em desenvolvimento e assentariam as bases para uma futura política nacional de habitação a ser implantada no país (4).

A partir das contribuições de profissionais do Peru e do exterior, a proposta tinha o objetivo de apontar um caminho estratégico aos planejadores no campo da habitação de interesse social, a partir das pautas de discussões desse momento: a proposição de uma alternativa aos enormes assentamentos informais presentes no Peru da época, que levasse em conta a própria lógica da cidade informal.

Para a implementação do PP1, foi realizado, em 1969, um concurso dividido em duas seções conduzidas simultaneamente: concurso internacional com treze candidatos convidados — escritórios que de alguma maneira estavam envolvidos no momento com o tema da habitação — e concurso nacional aberto aos profissionais peruanos. As equipes internacionais convidadas tinham, direta ou indiretamente, relação com o referido debate crítico, “pós-Ciam”, que ganhou corpo sobretudo na Europa a partir do segundo pós-guerra, sendo o Team 10 um dos seus principais pontos de apoio (5).

A lista completa dessas treze equipes internacionais ficou assim constituída: Kiyonori Kikutake, Fumihiko Maki, Kisho Kurokawa (Japão); Christopher Alexander (EUA); Toivo Konhonem (Finlândia); Rafael Esguerra García, Álvaro Sáenz Camacho, Germán Samper Gnecco e Rafael Urdaneta Holguín (Colômbia); Knud Svenssons (Dinamarca); Hansen and Hatloy (Polônia); Herbert Ohl (Alemanha); Atelier 5 (Suíça); Iñiguez de Onzoño e Vázquez de Castro (Espanha); Georges Candilis, Alexis Josic e Shadrack Woods (França); Charles Correa (Índia); Aldo Van Eyck (Holanda) e James Stirling (Reino Unido).

A apreciação e incorporação dessas experiências internacionais provindas dos grandes centros do capitalismo no contexto periférico latino-americano pode parecer, em uma perspectiva mais contemporânea, de certo modo contraditória, especialmente se tratando do tema da habitação social. Por outro lado, esse convite revela a intenção de configurar o Previ como um grande laboratório, colocando em contato o reconhecido debate irradiado desde os grandes centros com uma produção local — projetual e crítica — igualmente profícua, que vinha sendo desenvolvida paralelamente (6).

Assim, se o repertório trazido como bagagem pelas equipes internacionais aponta inicialmente para uma possível perpetuação da influência centro-periferia e seus matizes coloniais, por outro lado, como tentaremos demonstrar, as particularidades do contexto em que ocorreu o concurso — tratando do provimento de habitação para uma metrópole sul-americana em situação de inchaço e déficit habitacional, com proliferação de assentamentos precários — compunham um cenário e estabeleciam uma perspectiva projetual genuinamente latino-americana, da qual essas equipes precisariam se apropriar e à qual suas proposições deveriam corresponder. Falamos, portanto, menos de uma influência unilateral do que de um campo experimental de trocas mútuas. Nesse sentido, os projetos internacionais estavam balizados por um detalhado edital (7), que estabelecia critérios relacionados aos modos de habitar peruanos, e todas as equipes estiveram em Lima visitando famílias típicas de baixa renda, assentamentos precários (barriadas), projetos habitacionais do governo e conhecendo as possibilidades construtivas locais.

Os concorrentes deveriam apresentar, além do projeto detalhado da residência, um plano urbano geral para a área. O edital do concurso indicava uma série de requerimentos sob uma orientação de conformação urbana baseada em clusters ou agrupamentos: a proposição de um bairro com baixa altura e alta densidade — Baad, a ruptura em certo grau com o conceito de unidade de vizinhança, a adoção do tipo-pátio no projeto das unidades residenciais. Tais diretrizes constituíam-se como uma crítica às propostas progressistas e desenvolvimentistas para a habitação, baseadas em superquadras e edifícios em altura, apresentadas pelos governos da América Latina. A proposta Baad responderia às necessidades reais dos habitantes — de crescimento da moradia e de contato mais direto com a rua — sem romper com a estrutura da cidade a partir das baixas densidades próprias do modelo cidade-jardim.

As unidades habitacionais deveriam apresentar um plano de crescimento de até três pavimentos com flexibilidade para modificações ao longo do tempo, considerando os arranjos familiares comuns no Peru à época — a coabitação de distintos núcleos familiares era recorrente. A técnica construtiva proposta deveria ser suficientemente aberta e pragmática para contemplar essa possibilidade de ampliação progressiva realizada pelos próprios moradores.

O plano urbano deveria prever os serviços básicos e equipamentos urbanos como creches, escolas, mercados, centros comunitários, jardins e espaços abertos em geral, com restrição de circulação de carros. Propunha-se, também, que os clusters ou agrupamentos de habitações se organizassem ao redor de espaços coletivos, conformando de alguma maneira uma referência aos espaços públicos tradicionais do Peru como passeios, alamedas e pequenas praças.

Essas diretrizes estavam em consonância, de alguma forma, com os novos paradigmas do pensamento urbanístico que surgiram, ainda na década de 1950, na esteira da crítica ao modernismo. Tal reflexão foi potencializada a partir da década de 1960, com a publicação de obras emblemáticas que problematizavam os frutos da abordagem funcionalista na produção das cidades — por exemplo, Morte e vida de grandes cidades (1961), de Jane Jacobs, e o artigo “A cidade não é uma árvore” (1965), de Christopher Alexander. A biografia de James Stirling, integrante dessa geração, é uma ilustração clara desse período de transição em que, a partir das críticas ao modernismo, surgiam novos princípios ideológicos, formais e espaciais.

O presente trabalho tem como objetivo, portanto, investigar de que modo se apresentam e se traduzem, na proposta do arquiteto britânico para o Previ, tanto as suas experiências pregressas no campo da habitação — continuadas ou tensionadas pela atuação em um cenário tão diverso como o latino-americano —, quanto os próprios paradigmas éticos e estéticos desse momento geral de crítica, percebida no debate europeu, mas também em experiências locais. Para entender a obra pregressa de Stirling no campo da habitação, desvelando seus princípios gerais, recorremos à farta documentação de sua obra disponível, por exemplo, no acervo do Canadian Centre for Architecture (8), além de alguns textos do próprio arquiteto, citados no decorrer do trabalho. Para uma revisão bibliográfica mais geral sobre o contexto em que se deu o concurso e a aferição das propostas apresentadas, foram fundamentais os cadernos do Ministerio de la Vivienda del Peru e ININVI (9), em que estão publicados os projetos com seus memoriais, assim como a mais recente publicação “The Experimental Housing Project — Previ, Lima”, de autoria do próprio organizador do concurso, o arquiteto Peter Land (10).

Sir James Frazer Stirling (Glasgow, 1926 — Londres, 1992) foi um arquiteto de grande versatilidade projetual, característica que o tornou mundialmente reconhecido ainda nos primeiros anos de sua carreira. Sua produção desde 1950, quando foi graduado pela Universidade de Liverpool, até o seu falecimento, quatro décadas mais tarde, foi marcada por tamanha pluralidade que seria “difícil, para não dizer impossível, encontrar outro arquiteto cuja obra ilustre todo um ciclo da história recente da arquitetura com tanta eloquência” (11). Projetando diversos conjuntos habitacionais, edifícios universitários e museus, Stirling tanto se adaptou às novas vertentes que emergiam com a crítica ao funcionalismo moderno quanto ajudou a estabelecer, ele próprio, novos paradigmas.

Durante os anos iniciais de atuação, além de colaborar com o escritório Lyons, Israel and Ellis, Stirling realizou alguns projetos habitacionais independentes, como a proposta para o décimo Ciam (1956), organizado pelo Team 10. No projeto apresentado no congresso (12), observam-se características e experimentações importantes que se estabeleceram como base da obra de Stirling desse período, sobretudo uma aproximação a arquiteturas locais que se manifesta, por exemplo, na manipulação espacial através da seção transversal — estratégia que viria a ser muito utilizada pelo arquiteto. O projeto constituía-se de um conjunto de soluções para expansão de vilarejos rurais existentes no Reino Unido e apresentava múltiplas possibilidades de implantação e de arranjos tipológicos, adaptando-se a variadas situações e considerando a execução com “materiais locais, por trabalhadores locais e, se necessário, não qualificados” (13). Um dos desenhos apresentados demonstra a implantação paralela a uma estrada rural, cuja linearidade é resolvida com um conjunto de residências em fita — a tradicional terraced house inglesa, referida pelo arquiteto em alguns textos (14) e cuja referência viria a ser utilizada por ele em outros projetos. A variedade espacial é lograda através de planos de telhado em diversos níveis e volumes que poderiam ser adequados tanto a topografias planas ou acidentadas como a grupos de moradores diversificados.

Além disso, as soluções de implantação que o projeto previa — casas em fita, casas isoladas ou semi-isoladas, paralelas ou perpendiculares a uma estrada rural principal — também se relacionavam com a crítica daquele momento à cidade funcionalista, na medida em que retomavam formas urbanas tradicionais como paradigmas de projeto.

Na sequência dessa proposta, em 1956, Stirling firma com o arquiteto James Gowan (Glasgow, 1923 — Londres, 2015) uma sociedade que duraria sete anos e que renderia outros projetos de conjuntos habitacionais, como os apartamentos em Ham Common (1955–1959) e o conjunto em Preston (1957–1959). Essas experiências em habitação que antecederam o concurso do Previ compõem o que se poderia considerar como uma primeira fase da obra de Stirling — que se estenderia até meados dos anos 1960 —, marcada por um certo regionalismo, com valorização especial das arquiteturas vitoriana e industrial da região de Liverpool, onde cresceu.

No conjunto em Preston, região industrial do norte inglês, Stirling e Gowan tiveram como referência, por um lado, a alta qualidade do trabalho em tijolo das fábricas de algodão que marcavam a paisagem, e, por outro, algumas características arquitetônicas dos terraces da classe operária (15). Para além do uso do tijolo estrutural de coloração avermelhada, que era produzido na região, a reinterpretação da arquitetura vernacular fez referência principalmente às características de “expressão funcional”, depois descritas textualmente pelo próprio Stirling: nos fundos desses conjuntos vitorianos em fita, permanecia claramente legível a individualidade e a organização funcional de cada residência, com seus compartimentos de dimensões variadas e em diferentes níveis, seus telhados de duas águas e pequenas construções externas marcando os limites da propriedade (16).

Desse modo, no projeto em Preston se destaca a clareza com que cada unidade habitacional é expressa externamente e pode ser identificada nos três grandes blocos/terraces propostos na composição em “U” com um grande pátio central. Por outro lado, o acesso aos apartamentos por rampas e passarelas, que remetem, a seu modo, às streets-in-the-air em voga naqueles anos, mostra uma tentativa de dar aos espaços abertos uma caracterização que de maneira gradual fizesse a transição entre o mais público e o mais privado.

Experiências como as de Ham Common, de Preston e dos vilarejos rurais demonstram que o arquiteto estava, naquela época, buscando alternativas à hegemonia funcionalista da arquitetura moderna, apontando, por um lado, na direção de uma proposta mais relacionada com a cultura local e, por outro, das possibilidades de flexibilidade e crescimento tão importantes nesse momento de grande demanda habitacional tanto na Europa quanto na América Latina.

Dentre os projetos do arquiteto desse mesmo período, é importante destacar, ainda, dois que são precedentes inegáveis da unidade residencial proposta para o Previ: a precoce Stiff Dom-ino Housing (17), de 1951, e a Expandable House (18), de 1957, já com James Gowan, ambas com um desenvolvimento centralizado em uma planta de base quadrada.

A primeira, uma referência ao mestre Le Corbusier — apesar de apresentar uma moldura estrutural muito mais rígida do que seu famoso homônimo — articula seus espaços interiores ao redor de um centro contemplado com a circulação vertical. Na segunda, os serviços domésticos são abrigados por um volume central em cuja órbita a casa podia se expandir. Como veremos, no Previ Stirling aplica um esquema semelhante, mas lança mão de uma estrutura espacial mais aberta com um vazio central que se configura como um lugar social, e não uma área de serviço.

Assim, a maturidade projetual e teórica do arquiteto aliada aos exemplos concretos de suas experiências anteriores com habitação social justificam o convite para a participação no concurso do Previ. O projeto no Peru, como poderá ser observado, coincide com a transição para um novo momento, já não tão marcado pela manufatura artesanal do tijolo, mas caracterizado pelo uso de elementos construtivos industrializados. Essa nova estratégia, técnica e projetual, ensaiada já na Stiff Dom-ino Housing, pode ser observada no projeto de dormitórios de estudantes da Universidade de Saint Andrews (1964–1968), em que se revelam experimentos com a construção através de painéis pré-fabricados, erguidos por guindastes. No entanto, dentre os projetos dessa nova fase, fundamentalmente o projeto de baixo custo para o conjunto residencial Southgate, de 1967, será a experiência que precede a proposta do Previ, com seus painéis perfurados por janelas circulares.

Depois, em obras posteriores ao concurso do Previ, não cessariam os experimentos do arquiteto britânico com estratégias projetuais e tecnologias construtivas, aproximando projeto e reflexão teórica. No entanto, se essas obras, a partir dos anos 1970, ilustram a mudança geral de paradigma que renovou o olhar para as pré-existências e para a historicidade (culminando na fase pós-moderna pela qual Stirling é muitas vezes reconhecido), está claro que desde as obras iniciais de do arquiteto existe já uma preocupação imanente quanto à interpretação da arquitetura histórica e vernacular e, de modo geral, à relação entre arquitetura, cidade e idiossincrasias locais.

A proposta urbana para o Previ

O edital do concurso indicava, em relação ao plano geral, que a organização dos equipamentos deveria estar baseada na “hierarquia de associações”, com base nas atividades familiares diárias — acesso aos veículos, caminhadas, compras etc. —, demonstrando mais uma vez a coincidência de interesses com as propostas do Team 10, que assinalavam que “mais importante que a conformação de centros urbanos com edifícios públicos e representativos, era a construção do âmbito da própria vivenda, onde se podiam estabelecer relações mais imediatas entre o núcleo familiar e a comunidade” (19).

A proposta urbana e arquitetônica de Stirling, como as dos demais concorrentes, se estrutura a partir da apreciação dos direcionamentos do concurso que, além das reflexões teóricas sobre habitação e cidade naquele momento, apontavam também para as características ambientais da região e para as particularidades socioculturais peruanas. No entanto, é possível observar uma peculiar interpretação do contexto por parte do arquiteto britânico. Essa atitude vai se refletir na organização da vizinhança em agrupamentos ao redor de plazas; na complexa, mas clara, articulação de espaços mediadores entre a dimensão pública e privada e na possibilidade de expansão das unidades habitacionais no nível do térreo ao redor do pátio central, que, além de ter reflexos diretos na morfologia urbana, remonta à cultura e à arquitetura tradicional peruanas.

A ideia de núcleo — local de uso coletivo — presente nos vários níveis de agrupamentos demonstra a intenção de humanizar os espaços abertos urbanos, criando diversos locais de encontro que, em suas dimensões variadas, visavam diferentes sensações de acolhimento e de intimidade, fomentado, portanto, os vínculos comunitários.

Para dispor no terreno as unidades habitacionais e os edifícios públicos, Stirling lança mão de alguns eixos paralelos à via Pan-Americana, localizada na face leste da gleba, e à via já prevista que corta o terreno, gerando três largas faixas de áreas verdes onde estão implantados os equipamentos públicos. Essas faixas delimitam e unem as zonas residenciais e criam uma conexão com os bairros circundantes, tornando o conjunto habitacional bastante permeável.

Nos extremos das faixas públicas, tanques elevados de água marcam o ingresso de cada um desses parques. Arrematando os agrupamentos pelo lado sul e próximos a uma via veicular estão localizados os edifícios comerciais e centros comunitários, possibilitando a conexão do conjunto ao transporte público e, assim, às funções metropolitanas gerais da cidade.

Entre este grupo de edifícios comerciais e comunitários e a via há uma grande área livre que pode atender a atividades de recreação e esporte, feiras e até futuras expansões desses serviços urbanos (20). Com esse arranjo geral, o projeto acomoda 1.560 unidades, chegando a uma densidade de 230 habitantes por hectare.

Projeto urbano geral: domínio público e privado
Redesenho dos autores a partir de “Previ/Lima: Low Cost Housing Project” [Architectural Design, v. 40, n. 4, p. 203]

A proposta de Stirling, em termos de organização viária, reflete uma lógica de hierarquização na qual as ruas com maior fluxo, paralelas ao eixo dos edifícios públicos, conduzem a ruas perpendiculares de penetração sem saída — vias locais. A preferência do arquiteto pela utilização de cul-de-sacs em detrimento da conectividade viária parece ter relação, por um lado, com a tentativa de dar às pequenas espacialidades de acesso à habitação um caráter mais privativo e, por outro, priorizar o percurso a pé — preservando, por exemplo, um trajeto transversal ininterrupto ao pedestre, ao longo dos eixos de espaços abertos e equipamentos públicos.

Projeto urbano geral: hierarquia viária
Redesenho dos autores a partir de “Previ/Lima: Low Cost Housing Project” [Architectural Design, v. 40, n. 4, p. 203]

A hierarquia viária está relacionada com a criação de um gradiente de intimidade na escala do projeto urbano que vai dos espaços de uso mais público, passando por locais semipúblicos e semiprivados, até chegar ao ambiente privado da habitação. De um modo geral, o acesso das residências se volta para vias de pedestres e pequenas praças que, por serem espaços mais íntimos, poderiam ser mais facilmente apropriados pela população local.

Projeto urbano geral: gradiente de espaços públicos a privados
Redesenho dos autores a partir de “Previ/Lima: Low Cost Housing Project” [Architectural Design, v. 40, n. 4, p. 203]

A organização pautada em centros ou núcleos é marcante na proposta de Stirling, tanto na escala do edifício quanto na escala do projeto urbano, possibilitando a criação de uma variedade desses espaços coletivos, de caráter mais público ou mais privativo. A zona habitacional é configurada então por uma rede gerada a partir do encaixe das unidades residenciais em diversos níveis, em uma lógica fractal. Do mesmo modo que os compartimentos de cada casa estão agrupados em torno de um pátio ou jardim, os chamados agrupamentos primários — unidades urbanas intermediárias — são formados pela justaposição de quatro habitações ao redor dos pátios de serviço. Esses agrupamentos são então organizados ao redor de um espaço comunitário de caráter semiprivado, acessado por ruelas de pedestres, conformando a vizinhança imediata — ou cluster, segundo o arquiteto —, com vinte ou 21 unidades residenciais. Depois, esse arranjo se torna o agrupamento básico que gera vizinhanças maiores, associadas às vias de acesso e estacionamentos.

Agrupamentos em diferentes escalas
Redesenho dos autores a partir de “Previ/Lima: Low Cost Housing Project” [Architectural Design, v. 40, n. 4, p. 203]

Agrupamento geral: grupos primários de quatro unidades; clusters menores (vinte casas ao redor de um pátio); e clusters maiores (oitenta casas conformando uma plaza)
Elaboração dos autores a partir de dados do projeto

Os feixes conformados por essas redes de habitação, conectados pelos grandes espaços públicos lineares distribuídos em eixos de direção transversal ao terreno, distanciam o projeto da ideia de unidade de vizinhança — procedente da cidade-jardim e da cidade funcional —, formada por grupos de unidades habitacionais relativamente autônomas dispostas ao redor dos serviços básicos. Desse modo, no projeto de Stirling se dá um afrouxamento dos limites entre as diversas zonas habitacionais, que são conectadas pelos espaços públicos e por uma trama de caminhos de pedestres nos dois sentidos, leste-oeste e norte-sul.

O projeto da unidade habitacional

A presença de um pátio ou jardim, com o qual a área de estar da habitação estaria conectada, era mais um requisito do edital do concurso (21). James Stirling, em sua proposta para a unidade residencial, utilizou-se dessa demanda como característica elementar e primordial do projeto, fazendo do pátio o coração da moradia. Como resultado, observa-se uma das propostas mais literais em termos de interpretação do tipo-pátio — átrio, peristilo — entre aquelas apresentadas, na qual os compartimentos são dispostos ao redor de um pátio central descoberto.

A organização centralizada em torno de um pátio dominante permite ventilação e iluminação naturais, além de garantir a permeabilidade visual entre os compartimentos da residência. No projeto de Stirling, por ser hierarquicamente o espaço mais importante e concentrar a maior parte das aberturas voltadas para si, o pátio sugere introspecção e fechamento em relação ao exterior. A partir desse tipo tradicional, Stirling propõe uma habitação flexível e com possibilidade de expansão que, quando completa, conformaria uma planta quadrada de 11 x 11m, com um ou dois pavimentos (22).

Essa literalidade tipológica, aliada à necessidade de soluções que permitissem crescimento vertical, afastam o projeto no Peru de propostas anteriores de Stirling, baseadas em seções transversais complexas que geravam formas dinâmicas, como no vilarejo rural para o Ciam e no conjunto em Preston. Aqui, observa-se a primazia da planta na conformação de uma residência de fachadas austeras, sem reentrâncias, e cobertura plana.

O arranjo das unidades é regimentado por uma retícula que divide a forma quadrangular inicial em nove porções e que norteia as diversas possibilidades de expansão tanto ao redor da estrutura térrea pré-definida quanto no sentido vertical, oferecendo para isso uma estrutura central de apoio. Desse modo, o vazio central na volumetria, definido desde o princípio por quatro pilares, possibilita um certo controle da expansão, favorecendo que haja sempre, de algum modo, ventilação e iluminação naturais — ainda que, em virtude da justaposição das residências, em ambientes como o dormitório de casal térreo a abertura seja restringida ao interior, impossibilitando ventilação cruzada.

A residência principia com uma unidade mínima com área social integrada à cozinha, dois dormitórios, sanitário, lavatório e previsão para circulação vertical, configurando um “L”. A partir de então, o crescimento da habitação para seis, oito ou mais pessoas se dá prioritariamente no nível térreo, ao redor do pátio central, através de transformações aditivas na volumetria e obedecendo ao perímetro quadrangular sugerido pela estrutura externa de painéis pré-moldados de concreto (23).

Unidade habitacional com propostas de crescimento (quatro pessoas, seis pessoas, oito ou mais pessoas)
Redesenho dos autores a partir de “Previ/Lima: Low Cost Housing Project” [Architectural Design, v. 40, n. 4, p. 203]

Além da potencialidade de ampliação da habitação no segundo pavimento, a proposta apresentava outras possibilidades e arranjos: seria possível a coabitação de duas famílias a partir de um acesso independente para o segundo nível, e, ainda, o arquiteto indicava a viabilidade de instalação de comércio ou serviço em parte do térreo, possibilitando incremento de renda à família e dinamizando os espaços urbanos, com a diversificação de uso. Outras particularidades do projeto são os dois acessos por fachadas distintas e a possibilidade de expansão também do setor social, não apenas do número de dormitórios.

Unidade habitacional: potencialidades e possibilidades de usos
Redesenho dos autores a partir de “Previ/Lima: Low Cost Housing Project” [Architectural Design, v. 40, n. 4, p. 203]

Considerando os conceitos de racionalização e modulação previstos pelo concurso, Stirling propôs que a construção das unidades habitacionais se desse por meio de elementos produzidos em larga escala, haja vista sua maior velocidade de execução e menor custo. As paredes seriam compostas por módulos pré-fabricados de concreto, em sanduíche, que incorporavam as aberturas — as portas e as peculiares janelas circulares — e cuja instalação seria realizada através de guindastes. Através da técnica de caixão perdido, lajes de piso e cobertura mais leves permitiriam a autoconstrução posterior por parte dos moradores quando houvesse necessidade de ampliação da habitação.

Essas soluções, nesta e em outras obras de Stirling indicadas anteriormente, pautadas na pré-fabricação em concreto armado, dialogavam com uma série de pesquisas projetuais daquele momento, inclusive por parte de outras equipes participantes do concurso, que procuravam técnicas compatíveis com a grande demanda habitacional verificada desde o pós-guerra.

Considerações finais

As tentativas de conciliação entre as polaridades público e privado caracterizaram boa parte da produção prática e teórica sobre habitação e cidade a partir do segundo Pós-Guerra, em especial ao redor do Team 10. Nesse sentido, tratava-se de uma contraposição à homogeneidade da cidade funcional, uma vez que

“O planejamento de cidades modernistas destruiu a possibilidade de simbolizar o domínio público social e criou uma polaridade entre o espaço privado cada vez mais isolado e um domínio público que desafia qualquer tipo de representação espacial” (24).

Assim, a proposta de Stirling dialoga com as de outras equipes no mesmo concurso, no sentido de que há uma tentativa geral de criar uma gradação de espaços, sobretudo espaços externos, que vai da máxima privacidade — como pode ser a do pátio interno de uma casa (tipo-pátio) — ao máximo caráter público — como as grandes praças-eixo que, no projeto de Stirling, conectam o conjunto à cidade.

Não apenas em termos espaciais urbanos a homogeneidade era questionada nesse momento: a valorização e incorporação das diversas particularidades de cada local passava também por questões construtivas, modos de habitar, linguagem arquitetônica etc. Por outro lado, essa valorização do autóctone e das idiossincrasias do sítio — bem representada já nas obras de Stirling anteriores ao Previ — era tensionada pelo contexto de franco desenvolvimento tecnológico concomitante, em que se buscava a utilização de materiais pré-fabricados e/ou padronizados que dessem conta da grande demanda habitacional e que tinham, portanto, uma universalidade intrínseca.

Desse modo, o projeto de Stirling no Peru em fins da década de 1960 é uma demonstração, um registro das complexidades de um processo de mudança de paradigma em curso desde a década anterior. Propostas teóricas e projetuais desse momento inseriram no tema da habitação questões ainda fundamentais na contemporaneidade, como, por exemplo, a noção de temporalidade que perpassa uma arquitetura aberta à adaptação e à expansão.

Stirling busca, no Previ, conciliar a flexibilidade espaço-temporal da habitação, a padronização e racionalidade construtiva, a simbiose com a cultura local e a diferenciação espacial urbana através de uma lógica subjacente que seja capaz de estruturar formal e conceitualmente o projeto como um todo — uma lógica suficientemente forte para que se perceba unidade e coerência em escalas variadas, da habitação ao conjunto, mas que seja permeável a interferências.

No contexto de grande versatilidade que marcou a atuação de Stirling, a proposta para o Previ representa, em sua trajetória, a afirmação de questões elementares e balizadoras nas quais sua postura projetual estava pautada: a riqueza/particularidade compositiva, a adequação da arquitetura ao local em seus atributos físicos e imateriais e a busca por uma identidade do lugar, garantida em parte através do ambiente construído. Dessa forma, o arquiteto se distancia do indivíduo ideal para o qual os arquitetos modernistas projetavam, e olha mais atentamente para o indivíduo real e suas especificidades.

notas

NA — Este trabalho procede de uma pesquisa mais ampla, vinculada à Universidade Federal de Pelotas, que estuda projetos de habitação social ibero-americanos na segunda metade do século 20. Mais especificamente, este artigo faz parte do estudo sobre as propostas das treze equipes internacionais que participaram do concurso do Previ, no Peru, em 1969 e se constitui como uma versão ampliada de comunicação apresentada no 14º Seminário Docomomo Brasil, e publicada em seus anais. GONSALES, Celia Castro; LOPES, Gabriel Alvariz. Habitação e cidade modernas e contexto cultural. A proposta de James Stirling para o concurso Previ-Peru. Anais do 14º Seminário Docomomo Brasil, Belém, UFPA, 27 a 29 out. 2021 <https://bit.ly/3SfIpmO>.

1
MARTÍ ARÍS, Carlos. Las formas de la residencia en la ciudad moderna. Barcelona, Etsab, 1991.

2
COLQUHOUN, Alan. La arquitectura moderna: una historia desapasionada. Barcelona, Gustavo Gili, 2005.

3
MUMFORD, Eric. The Ciam discourse on urbanism: 1928–1960. Cambridge, MIT Press, 2000.

4
ININVI; MINISTERIO DE VIVIENDA. Proyecto experimental de vivienda: Previ. 27 volumes. Lima, Ministerio de Vivienda y Construcción del Perú, 1971.

5
Grupo dissidente responsável pela organização do 10º Ciam, a partir do qual o congresso se diluiu. Entre as equipes convidadas ao Previ, estavam figuras centrais no Team 10, como Aldo van Eyck e o trio Candilis, Josic e Woods.

6
Projetos desenvolvidos localmente naquele período, a exemplo do conjunto habitacional Palomino (1965–1967), em Lima, do arquiteto Luis Miró Quesada — depois participante da seção nacional do concurso do Previ —, traziam propostas de espaço urbano divergentes daquela preconizada pelo dogma moderno da Carta de Atenas (1933), que claramente norteara projetos anteriores em Lima, como a Unidad Vecinal 3 (1945–1949), de Fernando Belaunde Terry. O próprio Belaunde demonstra, com sua Carta del Hogar, redigida para o Ciam em 1949, essa inflexão crítica, ainda que incipiente: um olhar mais atento à realidade das famílias de baixa renda e à possibilidade de mudança nas composições e demandas familiares ao longo do tempo. Ver BELAUNDE TERRY, Fernando. Carta del Hogar. El Arquitecto Peruano, ano 13, n. 141, Lima, n.p., abr. 1949.

7
Parte do edital e do parecer dos jurados está reproduzido em: Previ/Lima: Low Cost Housing Project. Architectural Design, v. 40, n. 4, 1970, p. 187–205. Também se pode encontrar outras informações a respeito em ININVI; MINISTERIO DE VIVIENDA. Previ Introducción, p. 15; e em LAND, Peter. The Experimental Housing Project — Previ, Lima. Design and technology in a new neighborhood. Bogotá, Ediciones Uniandes, 2015.

8
James Stirling / Michael Wilford fonds. Canadian Centre for Architecture <https://bit.ly/3C4u1bg>.

9
ININVI; MINISTERIO DE VIVIENDA. Op. cit.

10
LAND, Peter. Op. cit.

11
MONEO, Rafael. Inquietação teórica e estratégia projetual na obra de oito arquitetos contemporâneos. São Paulo, Cosac Naify, 2008, p. 15.

12
Grande parte do texto da introdução trata de análises de obras arquitetônicas cujas imagens as normativas de direitos de imagem não nos permitem reproduzir. No entanto, o leitor poderá ter facilmente acesso à ampla informação gráfica e fotográfica dos projetos em sítios da web através dos buscadores usuais, por exemplo em James Stirling / Michael Wilford fonds. Canadian Centre for Architecture (op. cit.).

13
Pranchas com desenhos diversos e texto do arquiteto enviadas ao congresso disponíveis em Village housing for Ciam 10. Canadian Centre for Architecture <https://bit.ly/3DRzqUb>. Tradução dos autores.

14
Por exemplo, em STIRLING, James. The Functional Tradition and Expression. Perspecta, v. 6, 1960, p. 88–97.

15
Plantas, fotografias diversas e texto dos arquitetos sobre o projeto disponíveis em GOWAN, James; STIRLING, James. Housing redevelopment in Avenham, Preston. 1957–1963. Canadian Centre for Architecture <https://bit.ly/3BF1K9T>.

16
STIRLING, James. The Functional Tradition and Expression (op. cit.).

17
STIRLING, James. Stiff Dom-ino housing. Canadian Centre for Architecture <https://bit.ly/3RarvEH>.

18
GOWAN, James; STIRLING, James. Expandable house. Canadian Centre for Architecture <https://bit.ly/3SowByk>.

19
COLQUHOUN, Alan. Op. cit., p. 219. Tradução dos autores.

20
ININVI; MINISTERIO DE VIVIENDA. Op. cit., p. 7.

21
Previ/Lima: Low Cost Housing Project (op. cit.).

22
Embora o edital indicasse que deveria ser prevista a possibilidade de crescimento até três pavimentos, a proposta de Stirling consistia em uma residência que podia chegar até aproximadamente 95 m² de área construída no primeiro pavimento e quase 200 m² quando ampliada com o andar superior. Ver ININVI; MINISTERIO DE VIVIENDA. Op. cit., p. 11.

23
Previ/Lima: Low Cost Housing Project (op. cit.), p. 203.

24
COLQUHOUN, Alan. Conceitos de espaço urbano no século 20. In Modernidade e tradição clássica: ensaios sobre arquitetura 1980–1987. São Paulo, Cosac & Naify, 2004, p. 201.

sobre os autores

Celia Castro Gonsales é arquiteta e urbanista formada pela Universidade Federal de Pelotas, com doutorado em Arquitetura pela Universidad Politécnica de Cataluña. Realizou pós-doutorado na Universidad Politécnica de Madrid e atualmente é professora associada na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pelotas.

Gabriel Alvariz Lopes é graduando em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Pelotas e bolsista de iniciação científica (Fapergs).

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