Este artigo propõe refletir sobre o fenômeno das migrações internacionais contemporâneas, com ênfase para duas características que marcam o processo de territorialização atual de grupos humanos (1), a saber: a provisoriedade e a translocalidade. Tais aspectos imprimem uma diferença importante em relação aos movimentos migratórios mundiais ocorridos em períodos anteriores.
O termo migração, segundo a Organização Internacional de Migrações — OIM (2), refere-se a uma grande variedade de movimentos de pessoas para fora de seu local de residência habitual, seja através de uma fronteira internacional, seja dentro de um estado. Desde o início do século 21, tem-se notado o incremento do fenômeno migratório, o qual tem recebido cada vez mais atenção nos meios acadêmicos e nos diferentes modais informativos. A estimativa atual é de que 3,6% da população mundial seja composta de migrantes internacionais, o que corresponde a 281 milhões de pessoas que se moveram do seu local de origem em busca de trabalho, refúgio e/ou residência (3). Apesar dessa quantidade ser pequena em relação à população global, o número de migrantes cresceu consideravelmente nas últimas décadas, reverberando nos padrões de apropriação do espaço, os quais ganharam novos contornos e características no cenário mundial globalizado e marcado pela economia informal.
Nesse campo, os dados disponibilizados nos Relatórios sobre Migrações Mundiais (4) indicam que a chegada de pessoas a um país com diferentes grupos sociais, raciais e étnicos traz repercussões tanto para as sociedades emissoras, quanto para as receptoras. Não por acaso, o tema migrações internacionais tem se destacado nos assuntos políticos, de estado e nos meios de comunicação, em razão dos impactos observados na vida cotidiana das cidades e de seus habitantes.
De fato, migrar não é um processo simples, limitado a um indivíduo decidir se mudar, deixando para trás sua história, suas raízes e seu lugar de origem em busca de uma nova realidade, a qual pode facilmente se adaptar. Ao contrário, a migração e a fixação em um novo local se configuram como um processo complexo que pode perdurar por toda a vida do migrante e impactar nas gerações subsequentes, bem como na sociedade receptora (5), com inquestionável repercussão na vida das cidades.
Contudo, diferentemente de outros momentos históricos, os fluxos migratórios se revestem de características distintas dos ocorridos no final do século 21 e início do século 20, tornando-se ainda mais complexos e de difícil manejo. Hoje, são mais numerosos, mais rápidos, mais diversificados do que no passado, atingindo todos os continentes, gêneros, classes sociais, gerações e vários domínios da vida pública. Segundo Maria João Vieira de Almeida Mortágua (6), as migrações do século 21 são marcadas por: 1. um maior número de pessoas envolvidas nos fluxos migratórios, especialmente mulheres; 2. pela reconfiguração dos países de origem e de destino e a distribuição das pessoas nos mesmos; 3. novas causas e consequências; 4. novas práticas transnacionais e relacionamentos diários através de redes sociais e 5. pela flexibilização das fronteiras geográficas.
Em tempos de globalização neoliberal acelerada, os motivos para migrar ganharam novos contornos. As assimetrias e as desigualdades entre nações, continentes, classes sociais, gêneros, dentre outros aspectos, estão cada vez mais evidentes, os quais promovem o surgimento de correntes migratórias que intencionam escapar da violência, da pobreza e da marginalização. Neste artigo, nos propomos a refletir sobre o migrante internacional que atualmente ocupa as cidades, condição que não pode ser compreendida de maneira descolada desse conjunto de determinações macropolíticas. Ademais, a provisoriedade e a translocalidade — características que marcam o fenômeno migratório mundial contemporâneo — organizam e condicionam os modos de viver no espaço urbano.
Para tanto, discutimos inicialmente sobre o processo de globalização, seu impacto nos fluxos migratórios mundiais e a formação de territorialidades migrantes. Na sequência, analisamos como se configura o perfil do migrante internacional inserido no contexto globalizado e neoliberal atual, com características distintas de décadas passadas, mostrando as novas formas de territorialização no espaço. Ilustrando o argumento a partir de uma situação concreta, apresentamos o caso das Chinatowns, em suas versões antiga e atual, que complementamos com breve comentário sobre a situação de migrantes chineses e venezuelanos em João Pessoa, Paraíba.
Globalização, fluxos migratórios e territorialização
Em seus estudos sobre cidades, David Harvey (7) ressalta que o final do século 20 e o início do século 21 foram marcados por uma reestruturação produtiva conduzida pelo capital financeiro. A saturação dos modos de produção capitalista no chamado primeiro mundo, caracterizada pela falta de espaço econômico e territorial para se expandir, tem feito com que nações europeias e os Estados Unidos procurem países emergentes para instalar indústrias e instituições financeiras, a fim de gerar novas formas de crescimento econômico. Esse movimento não só tem proporcionado o surgimento de novos mercados consumidores, como também explorado a força de trabalho local, alterações que não se refletem em boa qualidade de vida para a população.
Conforme Rodrigues (8), “esses meios de produção oferecem condições para aumentar a empregabilidade, embora, muitas vezes, em condições quase escravistas e muito diferentes das condições trabalhistas dos países ricos”. Nos países mais pobres, a superexploração do trabalhador impulsiona a migração em busca de salários mais altos e melhores condições de vida. Paralelamente, a nova organização do capital também gera desemprego nos países de origem dessas empresas, o que obriga os trabalhadores a buscarem novos trabalhos, inclusive, por meio da migração.
Em outras palavras, o modo como o capital é organizado a fim de produzir mais e mais concentração de riquezas, a despeito da expansão da pobreza, do acirramento das contradições sociais e da formação de uma grande massa de excluídos sob condições de vida precarizadas em nível mundial, é um elemento decisivo para os atuais fluxos migratórios internacionais. Isso posto, nota-se que a migração está relacionada intimamente com a globalização e com a exclusão social, logo, é impossível compreender suas características sem levar isso em consideração.
Cruzar fronteiras não implica somente se deslocar entre países, mas, abrange enfrentar uma série de desafios associados ao sistema global e à necessidade de lidar com realidades, hábitos, comportamentos, cenários de trabalho e de estudo muito diversos dos que se conhece e decodifica. Isso significa fazer parte da vida cotidiana de outro local e conviver com culturas, valores e identidades particulares. Sob essa perspectiva, a presença de migrantes nas cidades impacta na experiência urbana contemporânea, seja em razão das novas características assumidas pelo fenômeno migratório, seja pelo modo como as cidades vêm sendo modeladas e produzidas.
Portanto, ao tratar da produção das cidades, entendemos que o contexto de globalização da economia mundial produz cada vez mais desigualdades e repercussões, dentre as quais, a geração de paisagens genéricas e culturalmente homogêneas. As consequências imediatas desse urbanismo neoliberal, voltado à mercantilização das cidades, ao incremento do padrão de gestão empresarial e ao enfraquecimento das políticas de interesse público e social, é a evidente privatização do acesso aos novos empreendimentos, o abandono das áreas periféricas pobres, a verticalização desenfreada, a gentrificação dos bairros centrais, a geração de espaços urbanos de embelezamento e competitividade turística e a degradação ambiental, dentre outros problemas. É nessa cidade-mercado em que se descortinam as profundas desigualdades e os altos índices de segregação socioespacial e de exclusão urbana que caracterizam a realidade mundial. Em outras palavras, é na cidade, mais fortemente em seu espaço público, que encontramos contradições que demarcam seu caráter de território multifacetado e arena de disputas cotidianas entre diversos atores e projetos políticos.
Segundo Maura Pardini Bicudo Véras (9), tal situação encerra várias contradições, as quais em geral derivam de uma dicotomia: de um lado, quanto mais o mundo se articula em uma comunicação planetária, mais fortes são os fluxos contínuos de pessoas e de ondas migratórias; por outro lado, o modelo hegemônico de cidade notabiliza exclusões de diversos segmentos das populações, seja pela mobilidade e pelos deslocamentos, seja por razões sociais, econômicas, políticas ou culturais, gerando constantes movimentos de (des/re)territorialização.
“Tais manifestações têm tornado as cidades espetáculos de desigualdade social, pois, além dos efeitos perversos trazidos pela competição econômica no acesso ao solo urbano, revelam formas diversas de elitização, degradação de áreas e de pessoas, segregação e fragmentação e, sobretudo, discriminação, preconceito, dificuldades de reconhecer os direitos perante políticas sociais” (10).
A perspectiva de Milton Santos (11) acerca da ideia de território é essencial para a compreensão desse fenômeno. O geógrafo associa o território ao uso e à apropriação do espaço social por diversos agentes, entendendo-o não apenas como um fundamento do Estado-Nação, mas também como sinônimo de espaço humano e habitado. Sua concepção de território é marcada, ainda, pelos diferentes tipos de intercâmbio entre pessoas gerados pela globalização financeira e pela transnacionalização dos lugares em rede. De fato, vivemos nos tempos atuais em um contexto fluido e sem barreiras físicas, de modo que a territorialização de um grupo no espaço (por meio de suas manifestações culturais e do sentimento de pertencimento e identidade) fica cada vez mais diluída na ordem mundial. O autor alerta ainda que o território não é, de forma alguma, neutro, podendo opor-se aos modelos hegemônicos ao produzir dissensos que são reproduzidos pelas redes internas de solidariedade.
Por sua vez, Eduardo Marandola Jr. e Priscila Marchiori Dal Gallo (12) comentam que, ao sair do seu local de origem, o migrante inicia um processo de desenraizamento que não apenas altera a territorialidade que lhe era anteriormente assegurada, mas também promove um novo arranjo em lugares com os quais até então tem pouca familiaridade e que estão fora do seu controle. Maria Geralda de Almeida (13) considera que a migração proporciona uma reelaboração do espaço, a qual pode vir acompanhada por uma desorientação (do migrante) no país de acolhimento, ou seja, de uma desterritorialização. Assim, mantém-se a necessidade de estabelecer vínculos com o lugar natal, ao mesmo tempo em que se busca estabelecer vínculos com o local de destino (14), abrindo possibilidades para um novo enraizamento, o qual pode culminar em sua reterritorialização.
Tal processo de des/reterritorialização não ocorre de maneira simples, nem socialmente, nem espacialmente, pois há uma série de fatores de atração e repulsão envolvidos. Neste sentido, a identificação com o local e a sensação de pertencimento se atrelam à história e ao contexto do indivíduo que migra, o qual tende a se reafirmar territorialmente (15). Observam-se movimentos em rede e “o deslocamento de indivíduos motivados por uma série de arranjos e informações fornecidas por parentes e conterrâneos já instalados no local de destino” (16), formando concentrações voluntárias de grupos específicos em determinada área.
No entanto, embora facilmente observadas nos grupos migrantes de décadas passadas, na contemporaneidade essas características se modificam em função das alterações nos padrões tradicionais de migração internacional. No atual contexto de globalização acelerada, as migrações são marcadas por novas características como: o número maior de pessoas envolvidas; a reconfiguração dos países de origem e de destino; novos motivos para migrar; novas tecnologias para o deslocamento e a criação de novas redes e padrões de sociabilidades.
Os deslocamentos internacionais contemporâneos têm sido impulsionados pela ampliação das redes de conexões entre países, pela diminuição das distâncias, com a inserção de novas tecnologias no cotidiano, pela cultura da virtualidade, pela internacionalização do capital financeiro e por mudanças no modo de produzir e de flexibilizar o trabalho. Esses elementos constituem o pano de fundo dos movimentos migratórios contemporâneos, tornando-os mais complexos do que os de períodos anteriores.
De fato, no cenário neoliberal e de integração mundial, as assimetrias e as desigualdades sociais estão cada vez mais evidenciadas e ampliadas, forçando correntes migratórias para escaparem da pobreza e da marginalização. O perfil migratório predominante nos dias atuais está sendo delineado por essas características, sendo significativamente constituído por pessoas submetidas às iniquidades e às desvantagens sociais (17).
Taynara de Carvalho Neves, Priscila Batista Vasconcelos e Norma Lacerda (18) indicam que os movimentos migratórios mais recentes não podem ser confundidos com os ocorridos em momentos sócio-históricos anteriores que geraram modelos de territorialização muito presentes no imaginário social, como o caso das Chinatowns, Little Italies e Barrios latinos, presentes em cidades como Nova York, São Francisco, Sydney, dentre outras. No Brasil, além da existência de cidades inteiras marcadas pela forte influência da colonização alemã, italiana, japonesa e outras, é famosa a subdivisão de São Paulo em setores/bairros com forte características étnicas, como os conhecidos bairros da Liberdade (população de origem oriental), Bexiga (italianos), Paraíso (árabes), entre outras.
Nesse contexto amplo, este artigo exemplifica estas formas de territorialização no espaço por meio do caso das antigas e atuais Chinatowns, apresentado no próximo item. E ainda, com base na compreensão da coexistencia de vários modelos de territorialização na contemporaneidade, o estudo é complementado por breve comentário sobre a situação de migrantes chineses e venezuelanos em João Pessoa, Paraíba.
Territorializações migrantes em transformação: o caso das Chinatowns
As Chinatowns são comunidades que agregam várias gerações de migrantes, de origem oriental, notadamente chinesa. Em geral, a maioria dos seus membros se dedicou a exercer atividades comerciais associadas à venda de comidas e de produtos típicos para turistas, principalmente alimentos preparados a partir de receitas e modos de fazer específicos, vinculados à tradição étnica.
A denominação surgiu nos Estados Unidos, no início do século 20, quando grandes contingentes de pessoas se estabeleceram em algumas cidades em busca de trabalho. Segundo Ien Ang (19), habitados por personagens que tentavam se manter vinculados às tradições, esses agrupamentos se caracterizaram por uma dupla percepção: 1. para os migrantes eram considerados uma “casa fora de casa”; 2. para os antigos habitantes eram encarados como locais do outro.
Angreforça quetais migrantes chegavam em condições de extrema vulnerabilidade, com dívidas a serem pagas e remessas de dinheiro a serem enviadas para as famílias de origem. Além disso, enfrentavam bloqueios governamentais que dificultavam sua chegada ao novo país. Ainda aponta que a pobreza e as precárias condições de vida também faziam parte dos territórios recém-ocupados. A estética existente no final do século 19 e nos primeiros anos do século 20 se diferencia em muito do que encontramos hoje: comunidades com as mesmas características de qualquer bairro pobre, periférico e com pouca infraestrutura.
Antes, o território ia ganhando certas marcas identitárias através da própria população, fenotipicamente diferente em seu jeito de se vestir e se comportar, como também pela decoração das edificações, pela escrita, alimentos, produtos e hábitos culturais que passaram a fazer parte da paisagem cotidiana. Esse cenário faz parte da história de formação de diversas Chinatowns ao redor do mundo como as de São Francisco, Nova York, Los Angeles, Melbourne, Sydney, Tóquio, Vancouver, dentre outras.
Porém, no início do século 20, o esforço de comerciantes chineses e estadunidenses bem-sucedidos para redefinir o espaço na imaginação popular gerou as primeiras investidas de mudança. Os bairros estavam associados a atividades ilícitas como os jogos de azar, prostituição, à venda de álcool e drogas, à criminalidade e, dessa maneira, eram alvos de muitos preconceitos. No ano de 1906, a World Columbian Exposition difundia um novo modelo de Chinese Village desenhado por uma firma de Chicago, com uma arquitetura de acordo com o imaginário exotizado em torno dos bairros chineses: presença do arco ornamentado onipresente (paifang) para marcar os limites, lanternas vermelhas, pagodas, telhados verdes inclinados, jardins chineses, assim como pelos festivais de Ano Novo, com performances de dragões e leões tradicionais (20).
William Gow (21) explica que tal qual acontece no planejamento de um parque temático, essa arquitetura foi construída no “típico estilo chinês”, atendendo às expectativas do mercado do turismo de proporcionar uma autêntica experiência em uma cidade chinesa. Esse modelo foi bastante utilizado na recriação de muitas Chinatowns na América do Norte, atendendo aos interesses econômicos de corporações gerenciadas por um seleto grupo de empresários em ascensão.
Segundo Jane Chi Hyun Park (22), essa nova concepção de Chinatown modificou a imagem desses territórios, que deixaram de ser alvos de preconceitos e passaram a ser considerados locais atrativos e importantes para a economia das cidades. Na continuidade, tais áreas começaram a receber investimentos governamentais, visando promover seu potencial “exótico” e estimular revitalizações urbanas através de uma “atmosfera chinesa” para o consumo e destinação turística.
Contudo, a rápida ascensão industrial dos países asiáticos, o aumento da transnacionalização da migração e o avanço da tecnologia nas últimas décadas impactaram na configuração do território migrante chinês. No século 21, a China se transformou em uma das maiores potências econômicas globais e, diferentemente dos séculos passados, provocou uma inversão nas relações de forças e hierarquias de poderes. Desse modo, a ideia de “estranho” se diluiu, assim como a imagem de lugar remoto, isolado e exótico. Kiyomi Yamashita (23) destaca que o migrante chinês dos dias de hoje não é o mesmo do passado e que as territorializações produzidas atualmente são também bastante diferentes daquelas de épocas anteriores. Isso demarca a existência de antigas e de novas Chinatowns.
As antigas Chinatowns eram formadas em áreas centrais das cidades e ocupadas por uma população oriunda da região Norte da China, falante de cantonês. Esses migrantes enfrentaram muitas dificuldades para se integrar à sociedade local. Nesses territórios havia uma variedade de lojas, escritórios, fábricas, restaurantes, serviços variados destinados à população da região. Já as novas Chinatowns são erguidas em distintas áreas da cidade de acordo com os interesses econômicos dos investidores chineses. São ocupadas por uma população oriunda do sudeste asiático, falante de mandarim, que está abrindo comércios para a venda de produtos baratos e para oferta de serviços destinados a outros chineses.
Esses migrantes transnacionais (24) criam novas formas de se inserir e se enraizar nos países de acolhimento sintonizadas com o contexto da globalização, conforme comentado por Joana Stelzer e por Carla Piffer e Paulo Marcio Cruz:
“A atribuição da característica da transnacionalidade às migrações se dá por entender que aquela é um fenômeno reflexivo da globalização, que se evidencia pela desterritorialização dos relacionamentos político-sociais e corresponde aos vínculos que atravessam os limites do Estado (Stelzer, 2009, p. 24–25). Tem-se, portanto, o surgimento de algo novo, de um espaço transpassante, que já não se encaixa nas velhas categorias modernas ligadas à limitação geográfica dos Estados” (25).
Dessa maneira, em relação aos novos migrantes chineses, estes não se encontram segregados, mas mesclados à população local. Ocupam espaços onde se nota a presença de distintos grupos étnicos, de diferentes nacionalidades e origens, configurando uma mestiçagem cultural. A literatura indica haver inclusive uma desconexão entre as antigas gerações que tentavam se integrar à população e as novas gerações de migrantes que têm orientações transnacionais, centradas no seu país de origem e que desenvolvem estratégias provisórias de pertencer ao lugar de acolhimento.
Nesse contexto, a provisoriedade é uma condição física e subjetiva que caracteriza a vida do migrante e se reflete em várias dimensões da vida, nas suas relações de trabalho, na moradia, nos deslocamentos e nas formas de lazer. Essa característica será discutida a seguir.
Territorialidades provisórias e translocais do migrante do século 21
Na nova realidade dos movimentos migratórios internacionais, as redes sociais exercem um papel decisivo na definição dos deslocamentos espaciais do migrante. Os fluxos, as motivações, os locais de destino estão ligados às relações de parentesco, vizinhança e amizade (26). Essas redes sociais são um suporte importante, principalmente para os recém-chegados, na medida em que: 1. amortecem o impacto dos deslocamentos; 2. aliviam os estranhamentos; 3. favorecem o reconhecimento e a reciprocidade; 4. garantem trocas de capital entre os seus membros e 5. facilitam sua inserção na cidade. Yamashita ressalta que, alicerçados em uma rede de confiança de origem comum, os migrantes têm lugares construídos por e para eles, os quais são pouco frequentados por quem não faz parte do grupo social.
Angelina Peralva (27) ressalta que, anteriormente, as discussões sobre o fenômeno migratório internacional giravam em torno da integração desse personagem à sociedade que o acolhia. Apesar desse debate ainda ser pertinente, as discussões sobre integração perderam força diante do cenário transnacional das trocas populacionais mais recentes. As fronteiras estão abertas ao fluxo de capitais e de mercadorias, entretanto, estão cada vez mais restritivas para os migrantes. Em razão disso, tem-se um migrante flexível, que não precisa fazer parte do país receptor e que mantém suas conexões translocais com o país de origem. De acordo com Liton Lanes Pilau Sobrinho, Guido Sirianni e Carla Piffer,
“A imigração é abordada sob a vertente da transnacionalidade, pois denota a construção de elementos de ligação ou do estabelecimento de redes tanto com o país de origem quanto com o país de destino, com a característica peculiar de não haver necessariamente um único local de origem e um único local de destino. Denota-se que tais redes migratórias são também as responsáveis pelas ligações interpessoais que conectam imigrantes e não imigrantes em locais comuns, embora ambos possuam características culturais únicas, as quais devem coexistir sob a bandeira do multiculturalismo” (28).
Para Rosana Pinheiro-Machado (29), esse novo personagem não vivencia fortemente processos de desterritorialização e reterritorialização, visto que o seu país de origem se mantém como norteador e organizador das relações pessoais e sociais, as quais ocorrem por meio de relacionamentos virtuais com parentes e amigos, pela produção e consumo de filmes étnicos, de programas de televisão e músicas populares, dentre outras estratégias.
Nessa perspectiva, as formas de territorialização produzidas pelo migrante transnacional mostram-se desvinculadas dos padrões anteriores que proporcionaram refúgio da marginalização, do isolamento e da pobreza. Atualmente, são mais fluidas, transitórias e estão incorporadas à lógica neoliberal, capitalizando-se como mercadorias a serem consumidas por seus atrativos turísticos. Essa ideia é ilustrada por alguns enclaves étnicos urbanos que evidenciam a mercantilização do espaço e dos elementos étnicos tal como Little India, em Singapura; Koreatown, em Tóquio; Little Bangladesh, em Los Angeles e de muitas Chinatowns.
Autores como Milton Santos (30), Ana Fani Carlos (31), Zygmunt Bauman (32) e David Harvey (33) demonstram preocupações acerca da ascensão de espaços de consumo ligados ao plano econômico que consolidam a cidade como mercadoria. O contexto global em que essas cidades estão inseridas cria um visual genérico que segue um modelo internacional extremamente homogeneizador, imposto por seus financiadores multinacionais, cujo efeito é gerar na sociedade intolerância à diferença e ao estranho.
Esse caráter homogeneizador que vai condicionando a vida nas cidades se articula à ideia de provisoriedade trazida por Abdelmalek Sayad, sociólogo argelino e estudioso das migrações internacionais. O autor ressalta que a experiência da migração é marcada pela condição de provisoriedade e pela cumplicidade partilhada entre a sociedade de emissão, a sociedade de recepção e o migrante, dentro da “verdade contraditória do exílio” (34). Ou seja, o migrante atual está em permanente conflito com o país receptor (local onde deposita suas ilusões) e o seu país de origem (para o qual almeja um possível retorno), situação que dificulta o estabelecimento de relações afetivas e de apego, colocando-os em uma condição de estranhamento contínuo.
A sua análise trata do migrante argelino na França como personagem central de uma sociedade capitalista com relações coloniais profundamente desiguais. Nesse contexto, a presença estrangeira é vista como uma força de trabalho provisória, destinada aos migrantes, o que os submete a uma condição subalterna, hierarquizada, precária e excludente. Ao estudar a obra de Sayad, Áurea Dias (35) reconhece a centralidade do trabalho na experiência das migrações contemporâneas e afirma que o migrante desejável é aquele que é provisório, que está continuamente em trânsito. Por sua vez, Gustavo Dias (36) assevera que uma ilusão coletiva em relação às sociedades originária e receptora é produzida e compartilhada pelo migrante, o que impede que esse personagem desenvolva relações afetivas sólidas em qualquer local, colocando-o em uma condição de estranhamento contínuo.
Tal condição é, muitas vezes, utilizada como justificativa para o frágil compromisso político/trabalhista em relação a esse trabalhador, que é sempre visto, segundo a lógica econômica, como um elemento que deve trazer vantagens para o país receptor. Já o trabalhador, que está sempre pensando em retornar ao seu país de origem, fica muito mais tolerante às fragilidades e não cumprimento das regras oficiais de certo país.
Para exemplificar esse fenômeno no contexto brasileiro, e extrapolando os grandes centros urbanos, apresentaremos de forma bastante sucinta algumas situações que foram discutidas por Dimensteinem seu estudo sobre experiências urbanas da migração em João Pessoa/PB com chineses e refugiados venezuelanos.
Apesar das imensas diferenças existentes entre os dois grupos étnicos, percebemos que suas trajetórias e vivências se aproximam em diversos pontos, os quais estão fortemente relacionados às transformações geopolíticas das últimas décadas e às novas tendências de distribuição de migrantes no mundo. Nesse sentido, compartilham de práticas transnacionais e de relacionamentos diários através de redes sociais, da diluição da alteridade entre migrantes e a população local e da naturalização de diversos hábitos e costumes que se mostram mais globais e homogêneos.
Um dos aspectos que os aproximam como migrantes transnacionais e provisórios, refere-se à precarização das condições de trabalho e de moradia, bem como o acentuado uso das redes de sociabilidades. Evidenciando estes pontos, a pesquisa realizada detectou entre os chineses: vigilância excessiva sobre os funcionários; as lojas de maior porte apresentam uma estética padrão de lojas de departamento e as lojas de menor porte parecem não seguir lógica de organização e apresentação dos produtos; sobrecarga de trabalho sem hora para descanso; moradias precárias nos andares superiores dos edifícios onde trabalham, mesmo não sendo adequadas ao uso residencial, por fim, é possível vê-lôs escutando músicas ou assistindo programas na sua língua nativa, além de terem interação quase que exclusiva com outros chineses (sejam familiares, conhecidos ou patrões).
Entre os venezuelanos, assim como outros povos latino-americanos, a condição de refúgio implica em uma situação de grande vulnerabilidade, sendo afetados pelos efeitos da concentração de renda, da desigualdade social, da falta de acesso às políticas públicas, as quais motivam o deslocamento de grande parte dos migrantes.
Enfrentam inúmeras dificuldades e barreiras de acesso e permanência no mercado de trabalho, como a realização de atividades informais e precarizadas. O grupo estudado vive em habitações inadequadas, em barracos provisórios, inclusive em áreas de preservação ambiental, como se vê na Comunidade Dubai no bairro de Mangabeira. Os participantes demonstraram se manter intensamente conectados às suas famílias e amigos que ficaram na Venezuela ou exilados em outros países, assim como estabeleceram redes de solidariedade e convivência entre si. Manifestam o desejo de regressarem ao país natal, considerando sua situação provisória.
Estes exemplos sinalizam que há similaridades que atravessam a presença de migrantes chineses e venezuelanos na cidade, as quais só podem ser compreendidas ao evidenciar que tais migrantes fazem parte de um conjunto mais amplo de determinações ligadas à globalização, à flexibilização de fronteiras, à construção de processos e espaços transnacionais na contemporaneidade.
Apontando caminhos para se pensar essa questão, Maura Véras e Patrícia Villen (37) comentam que o migrante contemporâneo vive um enraizamento desenraizado, marcado pela constante transitoriedade. A falta de integração com o país receptor e a possibilidade de se manter conectado ao país de origem por meio de relações translocais e coétnicas favorecem o pouco envolvimento e a falta de interesse em estreitar vínculos com o local. Trata-se, portanto, de um perfil migrante que dispensa fronteiras. Esse migrante transnacional vive em um mundo globalizado, de redes comunitárias, de fluxos de informação e de conhecimento, que resultam no desenvolvimento de estilos de vida e de territorializações sintonizados com as cidades globalizadas em processos de homogeneização cultural. Consequentemente, as diferenças com a população receptora estão ficando cada vez mais diluídas, e a experiência da alteridade, que anteriormente era mais evidente, está mais e mais naturalizada, mostrando-se homogênea e global.
Considerações finais
Neste artigo, ressaltamos a importância de articular as ideias de provisoriedade, translocalidade e globalização para o adequado entendimento dos fenômenos migratórios contemporâneos. O mundo assiste, atualmente, a ocorrência de migrações transnacionais por meio de relações translocais, processo através do qual os migrantes constroem elementos de ligação tanto com seu país de origem quanto com seu país de destino, estimulados pelo desenvolvimento das tecnologias de informação, pelo uso intensivo dos meios de comunicação e pelas facilidades de se deslocarem em um curto espaço de tempo. Assim, eles se articulam em redes de solidariedade e de apoio, “responsáveis pela manutenção e pelo avivamento do processo de desenvolvimento de relações múltiplas de origem familiar, econômica, política e religiosa” (38).
Como parte da globalização neoliberal, o fenômeno migratório contemporâneo é condicionado pelos processos que tornam o mundo cada vez mais homogêneo, genérico, fluido, conectado por redes que se desfazem e refazem velozmente, sem fronteiras e desterritorializado, isto é, pela “crescente transnacionalização da vida social” (39). Não à toa, há uma tendência à concentração de migrantes e ao deslocamento de pessoas para as chamadas cidades globais, apropriadas pelo capital, facilmente acessíveis de qualquer parte do mundo, cujas paisagens sofrem efeitos de um urbanismo padronizado, como acontece, por exemplo, em São Paulo, Brasil; em Los Angeles, Estados Unidos; e em inúmeros outros grandes centros urbanos. Nesses cenários, o multiculturalismo e a alteridade — que “contribuem não só para questionar identidades, percursos biográficos e expectativas, como também para fomentar desejos de alteração de cotidianos e estilos de vida” (40) —, parecem estar cada vez mais diluídos e indesejados.
Apesar das enormes diferenças que podem existir entre os diversos migrantes contemporâneos, há similaridades que atravessam sua presença na cidade, as quais só podem ser compreendidas ao observarmos que tais migrantes fazem parte de um conjunto mais amplo de determinações ligadas à globalização, à integração mundial e ao projeto neoliberal em desenvolvimento no mundo atual. Nesse contexto, muitos dos problemas vivenciados pelos migrantes estão presentes no cotidiano da parcela mais desfavorecida dos brasileiros.
Por fim, diferentemente de outros momentos históricos, as migrações contemporâneas se revestem de características distintas das ocorridas no final do século 19 e no século 20. Em seu conjunto, elas aparentam ter se tornado mais complexas e difíceis de manejar, mostram marcas de uma condição de provisoriedade, que se reflete diretamente nas condições de vida dos migrantes e que, em muitas situações, são reproduzidas através de conexões translocais fortemente vinculadas ao país de origem.
Em outras palavras, o migrante contemporâneo transnacional, flexível, que dispensa fronteiras, que interage pouco com a cidade por estar centrado no seu país de origem, ancorado em redes de solidariedade que se refazem velozmente, que intenciona retornar ao país natal, que passa por processos de homogeneização cultural nas cidades globalizadas, tem um modo muito particular de habitar e circular na cidade. As características do fenômeno migratório mundial e globalizado, como a provisoriedade e a translocalidade, organizam os modos de trabalho, moradia, deslocamentos e lazer no espaço do migrante, ou seja, a experiência urbana contemporânea.
notas
1
DIMENSTEIN, Marcela. Experiências urbanas da migração: reflexões sobre chineses e venezuelanos na cidade de João Pessoa/PB. Tese de doutorado. Natal, CT UFRN, 2021.
2
ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DAS MIGRAÇÕES. Glossário das migrações. Genebra, OIM, 2009.
3
DEPARTAMENTO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA ASSUNTOS ECONÔMICOS E SOCIAIS. International Migration Report 2020 Highlights. Nova York, Undesa, 2020.
4
ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DAS MIGRAÇÕES. World Migration Report 2020. Genebra, OIM, 2020.
5
CASTLES, Stephen; DE HAAS, Haas; MILLER, Mark J. The age of migration: international population movements in the modern world. 5ª edição. Londres, Palgrave Macmillan, 2014.
6
MORTÁGUA, Maria João Vieira de Almeida. Migration flows in the XXI century: new caracteristics, new ways of incorporation, and new roles. Researchgate, out. 2015 <https://bit.ly/474HH2z>.
7
HARVEY, David. Cidades rebeldes: do direito à cidade à revolução urbana. São Paulo, Martins Fontes, 2014.
8
RODRIGUES, Leda Maria de Oliveira. Migrações do século 21: novas perspectivas. Cadernos Ceru, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2019, p. 8 <https://bit.ly/46M9Vzn>.
9
VÉRAS, Maura Pardini Bicudo. Estrangeiro na metrópole: território e fronteiras da alteridade em São Paulo. Revista USP, São Paulo, 2017 <https://bit.ly/46KOTkM>.
10
Idem, ibidem, p. 48.
11
SANTOS. Mtlton. O retorno do território. In SANTOS, Milton; SOUZA, Maria Adélia de; SILVEIRA, Maria Laura. Território: globalização e fragmentação. São Paulo, Hucitec, 1998.
12
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13
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sobre as autoras
Marcela Dimenstein é doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFRN (2021); mestra pelo Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFPB (2014); graduada em Arquitetura e Urbanismo pela UFPB (2011). Atualmente é professora assistente do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Unipê e do Uniesp.
Gleice Azambuja Elali é arquiteta-urbanista e psicóloga pela UFRN; mestra e doutora em Estruturas Ambientais Urbanas pela USP e pós-doutora em Arquitetura pela Universidade de Lisboa. Atualmente é professora titular na UFRN e mantém atividade didática e de pesquisa nos campos de projeto arquitetônico e psicologia ambiental.