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drops ISSN 2175-6716

abstracts

português
Olívia de Oliveira comenta as últimas obras do artista Pierre Mariétan, conhecido pela obras no Parque de La Villette em Paris

english
Olivia de Oliveira comments on the latest works of artist Pierre Mariétan, known for works in the Parc de la Villette in Paris

español
Olívia de Oliveira comenta las últimas obras del artista Pierre Mariétan, conocido por las obras en el Parque de la Villette en París

how to quote

OLIVEIRA, Olivia de. Aproximar o ouvido às cidades. Instalações sonoras de Pierre Mariétan. Drops, São Paulo, ano 03, n. 005.05, Vitruvius, ago. 2002 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/03.005/1597>.


Le Son d'Hanoi, este é o nome da composição que Pierre Mariétan apresentou esta semana no LATER – Laboratório de arquiteturas territoriais do departamento de arquitetura da universidade de Lausanne.

Durante 1h:40min e na penumbra, fomos levados a conhecer e passear pela capital vietnamita através da escuta. Ler uma cidade através do ouvido, descobrir sua geografia, sua configuração, seus volumes em cheio e em vazio, os materiais com que está construida, suas atividades e suas falas, através da escuta de uma montagem sequencial de sons captados in situ.

Nesta "experiência clinica", como a define o autor, rapidamente somos emergidos em um mundo mágico, onde podemos intuir odores, cores, dimensões e, após algum tempo de escuta, até mesmo reconhecer os personagens, os lugares, o horario, enfim, a completa cenografia deste verdadeiro filme sonoro.

Para quem tenha disponibilidade e interesse, Pierre Marietán organiza em agosto próximo o 5° encontro AME - arquitetura musica ecologia na cidade de Sion, Suíça.

Além disto, ele tem planos de vir ao Brasil ainda este ano, primeiramente em Londrina e depois, quem sabe, em outras cidades do pais…

Valorização dos sons e ruidos cotidianos

A referência ao conceito de ambiente sonoro é recente.

Até o aparecimento de uma motorização omnipresente e contínua o meio de vida autorizava, com rara excessões, a escuta de todos os sons da natureza e das atividades humanas que se situavam no campo auditivo de um indivíduo. O sinal sonoro guardava intacta sua capacidade funcional de localização espacial e de revelador social.

A máscara provocada pela motorização (aquela dos veículos como aquela das máquinas fixas e qual seja a sua amplitude acústica) apaga, para o ouvido, uma grande parte da riqueza sonora do meio e do cotidiano.

A primeira reação foi a de se proteger, de eliminar o "demasiado barulho" ambiental, depois de preservar aquilo que poderia ser considerado como bons espaços acústicos. As duas tentativas, baseadas sobre a riqueza exclusiva do silêncio, chegaram a uma revelação exacerbada da origem do som, sem trazer uma resposta positiva.

O "demasiado silêncio" não é mais aceitável que o "demasiado barulho". Uma esperança parece emergir com a busca do equilíbrio em um universo onde paradoxalmente"necessidade de silêncio" se manifesta por uma "necessidade de som".

Pierre Mariétan

notas

[publicação: maio 2002]

sobre o autor

Pierre Mariétan é compositor, fundador e diretor do LAMU -  laboratório de acústica e música urbana da Escola de Arquitetura de Paris-La-Villette, onde atualmente ensina. Nasceu na Suiça, estudou nos conservatórios de Genebra, Veneza, Colônia e na Academia de Música da Basiléia com Pierre Boulez et Karlheinz Stockhausen.

Simultaneamente à composição, ele desenvolve um trabalho inusitado que toma em conta a estética do som no ambiente. Sua obra extrapola o espaço-tempo do concerto,  enquanto instalações permanentes ou temporárias no âmbito da arquitetura monumental ou do habitat público e privado.

Fundador  em 1966 do GERM (Grupo de Estudos de Realisações Musicais), que organiza quase 150 concertos diretor do conservatório de Garges. Desde 1969 ele é o produtor do Atelier de Création Radiophonique  de France Culture.

Suas composições foram apresentadas na maioria dos festivais europeus de "musicas novas" e em diversas cidades européias, americanas e asiáticas.

Ele é autor de Ecrits de Musique III : la musique du lieu, Berne, 1997, obra que reune textos teóricos  ("o som da arquitetura, a arquitetura do som", "musicalização de um espaço arquitetural", "Para uma concepção paisagistica da musica", etc), e diversos projetos (criação do parque de La Villette e la cité de La Musique, Expo de Sevilha 92, entre outros) e realizações musicais aplicadas, resultado do seu trabalho de pesquisa de qualificação do espaço sonoro urbano cotidiano.

Olívia de Oliveira, Lausanne Suíça

Aquaphone – pensado como um túnel, para as crianças atravessarem na entrada de uma escola. Legenda: A - fonte de chuva artificial; B - goteira, C - teto sonoro transparente, D - ressonadores harmonizados

A grande orelha – escultura sonora, aço inoxidável, 1993

 

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