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drops ISSN 2175-6716

abstracts

português
Neste artigo, Décio Pignatari fala sobre os objetos desenvolvidos por Almandrade, criações e criaturas sígnicas que hesitam entre a bi e a tridimensionalidade, em duas ou três cores, em duas ou três texturas

english
In this article, Pignatari talks about objects developed by Almandrade, creations and creatures of signs that hesitate between the bi-dimensionality and, in two or three colors, two or three textures

español
En este artículo, Décio Pignatari habla sobre los objetos desarrollados por Almandrade, creaciones y criaturas que vacilan entre la bidimensionalidad y la tridimensionalidad, en dos o tres colores, en dos o tres texturas

how to quote

PIGNATARI, Décio. A persistência do nudismo abstrato. Os objetos franciscanamente contundentes de Almandrade. Drops, São Paulo, ano 07, n. 017.04, Vitruvius, dez. 2006 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/07.017/1704>.


Pensei em elementarismo, despojamento, abecedarismo geométricos mas acabei por optar pela idéia do nudismo abstrato, para tentar caracterizar a postura e a impostação de Almandrade ante suas criações e criaturas sígnicas que hesitam entre a bi e a tridimensionalidade, em duas ou três cores, em duas ou três texturas.

A parcimônia desses objetos franciscanamente contundentes, desenhados, signados (designed), compostos segundo uma grafia de cartilha, porém enganosamente sig-nificada e simplista, posto que metafísica.

Criam um campo significante que parece rechaçar instruções extratexto, mesmo quando inclui algum elemento metafórico in memorian Dadá.

Meteoritos geométricos do pensamento, taquigrafia precisa de uma claríssima visão cuja totalidade se ofuscou, indício e impressão minimal de um evento artístico-mental; ocorrido no panorama ecológico da arte do século XX,   como   um   pássaro em extinção, aparição de  ordem   inegavelmente metafísica, essência e forma divinas (diria Baudelaire) do pássaro nu da poesia e de seus amores descompostos.

Um nudismo Proun (El Lissitsky) nos trópicos, lembranças metonímica do paraíso, graciosas construções-instalações não habitáveis, amostras quase-duchampescas, quase-vandoesburguesas de um ex-Éden artístico, onde a provável ironia embutida não passa de meio-sorriso.

Esses seres correta e rigorosamente nus, o olho os colhe por inteiros, como objetos cabíveis no bolso. E há música neles, mas não é sequer de câmara – é de cela, nicho e escrínio: são microtonais, minideogramas sólidos à Scelsi.

O Almandrade capricha nas miniaturas de suas criaturas, cuja nudez implica mudez, límpido limpamento do olho artístico, já cansado da fantástica história da arte deste século interminável, deste milênio infinito.

notas

[publicação: fevereiro 2007]

Décio Pignatari, São Paulo SP Brasil

Objeto / ferro, vidro, bola de gude (20x11x07cm)

Objeto / borracha, madeira, plástico (25x17x03cm)

Maquete

Maquete

Pintura / acrílico sobre tela (50x50cm)

 

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