Paulo Mendes da Rocha se formou em 1954 pela Faculdade Arquitetura e Urbanismo da Universidade Mackenzie de São Paulo. Em 1959, juntou-se a Vilanova Artigas para ensinar na Universidade de São Paulo, de onde foram expulsos pelo regime militar, em 1969. Somente em 1986 ele retornaria à docência.
Mendes da Rocha começou sua carreira ao vencer os concursos para o Palácio da Câmara dos Deputados do Estado de Santa Catarina (1957) e para o Ginásio do Clube Atlético Paulistano (1958), que lhe valeu o Grande Prêmio “Presidência da República” na IV Bienal de São Paulo em 1961. Essa realização aparece imediatamente como uma das suas obras de destaque. Hoje muito modificado, o ginásio é composto por uma plataforma retangular volumosa que acolhe atividades anexas, sob a qual repousa a sala de esportes composta por um anel circular de concreto armado apoiado por seis pilares. Eles se estendem no espaço como velas triangulares, e deles se protendem os cabos que suportam a estrutura metálica suspensa do telhado. A luz natural penetra pela fresta deixada entre as paredes inclinadas da arquibancada e a cobertura suspensa. Nos anos seguintes o arquiteto se confronta com vários programas, o que conferirá uma variedade a uma obra rica em projetos diversificados por conta de seus tipos e escalas.
O arquiteto brasileiro ganhou também o concurso para a sede do clube de hóquei do Estado de Goiás (1962) e para o Pavilhão Brasileiro na Exposição de Osaka (1970). Sua proposta para o projeto do Centro Pompidou (1971) faz parte da lista dos 30 premiados e o seu projeto para o Museu Brasileiro da Escultura (1986), além de vencer o concurso, lhe valeu uma nomeação para o Prêmio Mies van der Rohe da Arquitetura Latino-Americana (1986). Ele recebe este mesmo prêmio em 2000 pelo seu projeto de restauração da Pinacoteca do Estado São Paulo. Os anos 1970 – anos difíceis por causa do regime militar – são caracterizados pela produção de habitações unifamiliares e a participação em concursos.
A residência Junqueira (1976) ilustra algumas constantes do arquiteto: a atenção dada ao uso e às características do lugar; a sinergia entre forma, estrutura e materiais; a atenção dada aos detalhes, como partes fundamentais do projeto. Aqui, è encomenda tradicional de uma casa unifamiliar, se soma o de uma biblioteca para uma coleção privada de 10.000 volumes. A força do projeto reside na construção de uma estrutura em pórtico de concreto bruto, à qual a “caixa” da biblioteca é suspensa obliquamente de modo a proteger os livros da luz solar direta. Abaixo e do lado oposto, a sala de estar; na parte de trás os dormitórios. A transformação do telhado-jardim com espelho d’água, já utilizada em 1970 na residência Millán, permite, além de um frescor à residência e uma área plantada num lote exíguo, a proteção do concreto usado na cobertura.
O projeto de renovação urbana na Praça do Patriarca (1992) oferece a oportunidade ao arquiteto de reorganizar um espaço chave da estrutura urbana de São Paulo. Esta pequena praça, muito frequentada e sufocada por fachadas imponentes, liga a parte alta da cidade – nova e de serviços – à parte baixa e histórica através de uma galeria. O pórtico em aço branco e sua marquise dá sentido a um espaço anteriormente caótico.
Com o projeto do Cais das Artes (2006), atualmente em realização, Paulo Mendes da Rocha assina para a sua cidade natal um teatro e um museu que acompanham uma nova praça à margem da água. Ambos os edifícios levantados do solo permitem que os novos espaços públicos (praça e passeio) se abram à embocadura do canal que conduz ao porto, protegendo os pedestres do sol e tirando partido das vistas espetaculares a partir dos andares. As paredes laterais do museu são constituídas por duas gigantescas empenas protendidas suportadas cada uma por três apoios. As salas do museu são iluminadas por luz natural, sendo esta refletida pelo solo. No volume cúbico do teatro, de um lado os pés se postam dentro d’água, do outro se ancoram no solo. Para limpar o perímetro do volume, o arquiteto concentra no seu centro as circulações de acesso aos andares (platéia, foyer,áreas técnicas e salas de ensaios) e o restaurante à margem da água.
Durante sua carreira, Paulo Mendes da Rocha esteve envolvido em várias exposições internacionais, incluindo diversas Bienais Internacionais de São Paulo, a V Bienal de Havana, a Documenta de Kassel, Bienal Iberoamericana de Arquitectura e a Bienal de Veneza. A Fundação Hyatt, em 2006, lhe concedeu o Prêmio Pritzker.
exposição
Sala 27, “Atualidades arquitetônicas”
Sala monográfica Paulo Mendes da Rocha – Prêmio Pritzker 2006
De 06/04/2011 a 06/07/2011
Filme “Visite chez Paulo Mendes da Rocha”, 2011, realizado por Helena Guerra por ocasião da seleção 2011 das coleções do Musée National d’Art Moderne.
Centre Georges Pompidou – Beaubourg
Place Georges Pompidou 75191
Paris França
+33 (0)144781233
http://www.centrepompidou.fr/
créditos das imagens
Coleção arquitetura do Musée national d’art moderne/Centre de création industrielle
Centre Pompidou, MNAM-CCI / Georges Meguerditchian / Dist. RMN-GP
© Paulo Archias Mendes da Rocha
sobre a autora
Valentina Moimas é arquiteta, mestre em história da arquitetura moderna e contemporânea. Atualmente ensina projeto urbano na Ecole Nationale Supérieure d’Architecture de Paris La Villete e é responsável, na Espanha, Portugal, América Latina e Central, da prospecção de novas coleções arquitetura do Musée National d’Art Moderne – Centre Création Industrielle do Centro Pompidou.
tradução para o português
Paulo Roberto Gaia Dizioli