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drops ISSN 2175-6716

abstracts

português
No país do futebol, Carlos Martins explica a atual situação do país com metáforas pouco sutis saqueadas do universo simbólico de nosso esporte preferido.

how to quote

MARTINS, Carlos A. Ferreira. Desejos e torcidas. No país do tapetão. Drops, São Paulo, ano 19, n. 135.07, Vitruvius, dez. 2018 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/19.135/7207>.


Série do Futebol I, 1966, José Roberto Aguilar, esmalte sintético a aerosol sobre tela, 113.80cm x 146.50cm
Imagem divulgação


Como a política está inegavelmente muito chata e ameaçando dividir as famílias, vamos tentar entender com ajuda do futebol.

Há quem considere falta de fair-play não torcer a favor. Também há quem diga que o fair-play passou longe desde o início. Afinal, a promessa de metralhar os adversários não está prevista nas regras da Fifa.

Para uns o melhor jogador de um time expulso por acusação de doping é a prova de que as regras valem.  E se aquela acusação específica não ficou inequivocamente provada, isso não importa. Afinal, todo mundo sabe que alguma ele deve ter aprontado. Há até os que se lembram que em quinhentos anos ninguém aprontou tanto.

Para outros, não há prova do doping; não se permitiu a contraprova prevista na legislação internacional e tudo isso cheira a manobra para tirar o craque do campo quando as todas as casas de aposta diziam que ele ganharia, talvez no primeiro tempo.

E ainda há os que insistem em lembrar de tantos adversários com os olhos vermelhos e a língua enrolada, além das maletas pesadas voando de cá pra lá, que todo mundo viu mas ninguém está interessado em ver.

E tudo isso foi só no torneio classificatório. Agora é que o juiz (aquele que tem um general como assessor) vai apitar o começo dos noventa minutos.

Se o leitor aceitou até aqui a brincadeira de tratar a vida pela metáfora do futebol, então concordará que não dá para, antes do apito inicial, o locutor do estádio pedir a todos que torçam para um dos times.

Se o resultado tivesse sido ao contrario, os mesmos locutores estariam dizendo que estamos todos no mesmo barco? Ou estariam pedindo recontagem de votos “só para encher o saco”?

Tem locutor dizendo que se deve respeitar uma eleição democrática. Mas não foi o time vencedor que passou a pré-temporada toda desconfiando do juiz e dizendo que só aceitaria o resultado se ganhasse?

Então vamos combinar assim: cada um torce pro seu time. Resultado bom para a democracia é quando nenhum dos times consegue metralhar toda a torcida do adversário.

Bom campeonato 2019!

sobre o autor

Carlos Alberto Ferreira Martins é professor titular de uma universidade bem situada (ainda) nos campeonatos internacionais.

 

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