O discurso do capitão é monótono, infantil, enfadonho. Seus fantasmas e obsessões são os mesmos: a esquerda, o PT, o marxismo. Ele deu de presente aos seus seguidores mais fanáticos essa reflexão profunda, transformadora: “Uma das metas para tirarmos o Brasil das piores posições nos rankings de educação do mundo é combater o lixo marxista que se instalou nas instituições de ensino”.
Quando ele e seu ministro da educação “desinstalarem” o tal lixo, então nosso país será desenvolvido, educado, soberano. É verdade? Ou será mais uma mentira ou ilusão?
Mas antes de “combater” o lixo, ele deveria melhorar as condições de ensino na rede pública e aumentar o salário dos professores. Estes recebem um soldo vergonhoso, menor do que recebia aquela vendedora de açaí (funcionária fantasma do gabinete do ex-deputado).
Os 90 milhões de eleitores que não votaram no novo presidente talvez discordem de afirmações tão simplórias, tão rasas e inconsequentes. Alguns (senão muitos) dos que votaram nele, devem estar arrependidos.
Numa carta à grande romancista e dramaturga George Sand, Flaubert escreveu: “Que a estupidez seja eterna, eu até entendo. Mas que os mesmos brutos persistam em tudo, isso me espanta” (carta datada de 25/07/1871).
sobre o autor
Milton Hatoum, arquiteto formado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo – FAU USP, é escritor, autor de um Relato de um certo Oriente, Dois Irmãos, Cinzas do Norte e Órfãos do Eldorado e diversos outros livros, ganhadores do Jabuti e outros prêmios importantes.