Num Brasil com quase 13 milhões de desempregados e 27 milhões de trabalhadores com emprego precário, o presidente se expõe mais uma vez ao ridículo. Já elogiou Pinochet e Stroessner, dois dos maiores ditadores/assassinos desta América.
Sua visita subserviente a Israel pode incluir o Brasil num conflito do Oriente Médio, contrariando a política externa equilibrada de governos anteriores. Não menos insidioso é o ministro das relações exteriores, influenciado por um astrólogo sinistro e oportunista. Afirmar que o nazismo foi um movimento de esquerda é uma cretinice sem tamanho, uma forma nada sutil de delinquência intelectual.
Nenhum gesto ou atitude equilibrada pode vir de um ex-capitão punido pelo próprio Exército, um deputado muito abaixo do medíocre.
A Argentina, o Chile e o Uruguai puniram (e ainda punem) os algozes de suas respectivas ditaduras. Aqui, esses criminosos foram anistiados, e o capitão ainda elogia e celebra o golpe de 64, que interrompeu brutalmente a democracia e implantou uma ditadura que durou mais de duas décadas. É um insulto à memória dos que foram assassinados, aos milhares que foram presos e torturados. E a todos os familiares dos que tombaram na luta contra um governo ilegal e facinoroso.
Não se pode distorcer a História, tampouco esquecê-la. E essa será a tarefa árdua de professores, jornalistas, intelectuais, artistas, escritores e de todas as pessoas que têm algum compromisso com a democracia, a verdade e a dignidade.
sobre o autor
Milton Hatoum, arquiteto formado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo – FAU USP, é escritor, autor de um Relato de um certo Oriente, Dois Irmãos, Cinzas do Norte e Órfãos do Eldorado e diversos outros livros, ganhadores do Jabuti e outros prêmios importantes.