Afora a tribo dos terraplanistas, é um consenso universal que o papel de cada país na economia internacional das próximas décadas será determinado pelo seu investimento em educação, ciência, tecnologia e inovação.
Mas os novos governantes parecem acreditar no contrário. Para as “otoridades” brasileiras que, como se tem visto, mal podem ser consideradas alfabetizadas, a educação e a pesquisa são inimigas a combater.
O caso do Ministério de Educação pareceria uma novela mexicana, com brigas, xingamentos e traições entre militares, discípulos de malucos e simples incompetentes, se não fosse um programa intencional de destruição.
O bolsonarismo já nem tenta esconder que seu objetivo é destruir as universidades públicas para entregar de vez o ensino superior aos grandes grupos internacionais que já dominam o ensino privado no país.
Para isso, promove cortes de orçamento, escolha ideológica de reitores, ameaças policiais às atividades universitárias e todo o espectro de truculência em que o Brasil vai se convertendo.
Agora os paulistas trouxeram sua notável contribuição ao concurso de bizarrice nacional. Para evitar uma Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI que deveria apurar como, por que e para quem Paulo Preto juntou 130 milhões de dólares de propinas em contas na Suíça, os nobres deputados criaram outra para investigar ... as universidades estaduais paulistas!
Como nunca se soube que que alguma delas tivesse contas em bancos suíços ou paraísos fiscais, fica a suspeita de que, além de tirar o foco do operador financeiro do tucanato, busca-se algum pretexto para romper o acordo de autonomia financeira das universidades, estabelecido desde a década de oitenta.
Entre as estaduais paulistas e as universidades federais, estamos falando de 85% da produção científica do país. É isso que está em acelerado processo de destruição.
E a pergunta que não se pode mais calar é: por quê?
sobre o autor
Carlos A. Ferreira Martins é professor titular do IAU USP São Carlos e não tem conta na Suíça.